
Texto: Rachel Maia
O mundo tecnológico nos propiciou muitos avanços, mas há uma reflexão necessária sobre os moldes atuais que precisa ser observada de perto para que as práticas de discriminação não se perpetuem nas redes.
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Equilibrar inovação com responsabilidade para garantir um impacto positivo em todas as áreas será fundamental para que todos sejam igualmente contemplados positivamente. Para que a evolução ocorra de forma ética e inclusiva, precisamos considerar fatores como inclusão e diversidade, garantindo que todas as mulheres se sintam representadas. Afinal, os algoritmos são desenvolvidos por pessoas e, inevitavelmente, carregam suas visões de mundo.
Relatórios da McKinsey & Company apontam que a Inteligência Artificial (IA) generativa, utilizada para criar imagens, textos, músicas, entre outros, poderá movimentar de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões na economia mundial anualmente, o que proporcionará novas oportunidades, mas também novos desafios, como mostra a pesquisa. Diante desses dados, é importante ressaltar que mulheres negras movimentam a economia ativamente e não podem ficar de fora quando o assunto é negócios e lucratividade.
Inteligência artificial: é preciso redefinir conceitos
Um tema recorrente nos debates sobre tecnologia e sociedade é a reprodução de desigualdades nos algoritmos. Por isso, as questões de raça e gênero são pautas relevantes nas minhas palestras e geram interesse do público pela narrativa inclusiva e educativa, pois estão alinhadas ao cenário real da sociedade, que precisa nos perceber para além da nossa cor.
Embora tenhamos avanços significativos, ainda enfrentamos desafios, como a falta de representatividade das mulheres negras na economia digital. Um exemplo disso é o impacto desigual da IA no mercado publicitário. Mesmo as pesquisas apontando as mulheres negras como consumidoras ativas, as profissionais negras, principalmente as retintas, ainda enfrentam barreiras para competir de maneira equitativa.
As mulheres ainda são julgadas e discriminadas por serem diferentes do padrão idealizado de maneira excludente, impossibilitando-as de competir organicamente no digital. Ao reforçar padrões discriminatórios, o algoritmo dificulta o alcance e, consequentemente, a monetização do conteúdo produzido por mulheres negras. Se, no passado, a publicidade em revistas e TV excluía determinados grupos, hoje, com o domínio das plataformas digitais, essa realidade persiste.
O futuro da IA e das mulheres negras no digital
A maneira como vivemos e trabalhamos já não é mais a mesma. Por isso, para garantir um impacto positivo, é essencial desenvolver mecanismos de segurança e uma legislação assertiva, promovendo a diversidade e protegendo os direitos de todos.
O debate sobre IA não pode se limitar ao campo tecnológico — deve incluir aspectos sociais, culturais e econômicos. Somente assim poderemos criar oportunidades e alcançar resultados conjuntos para um futuro mais justo, onde a inovação esteja alinhada com a diversidade que é característica marcante da sociedade brasileira.
A forma como a IA será usada — seja para automação de tarefas, personalização de serviços ou tomada de decisões — determinará seu impacto na sociedade. Portanto, cabe a nós definirmos como essa tecnologia será integrada ao nosso dia a dia, para que toda mulher tenha a possibilidade de ser, existir e pertencer, com suas características que são únicas.
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