Por Debora Simões
Se você nasceu entre os últimos anos da década de 1980 e os primeiros da de 1990, entenderá, rapidamente, as questões que escreverei aqui. Se como eu você era uma criança ou adolescente que aguardava ansiosa ou ansioso para os lançamentos dos clipes do N’Sync, Backstreet Boys, Hanson, ou seja, foi adolescente nos anos 90. A geração boy band comprava CD, ouvia rádio e lotava casas de show e estádios de futebol para se emocionar com esses artistas. Nessa mesma época Britney Spears, Spice Girls, Shakira eram algumas das mulheres que também despontavam e faziam muito sucesso com o público brasileiro. Já em relação aos artistas nacionais, a dupla Sandy e Júnior foi um verdadeiro fenômeno. Mas a essa altura você já deve estar se perguntando: Estou no site certo? Se este texto foi mesmo publicado pelo Mundo Negro? Pois esses artistas estourados, num passado recente, têm em comum, serem, majoritariamente, brancos e brancas.
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FOTO 3X4: HUD BURK - Cantora
O cenário musical descrito até aqui, representou o que a maioria de nós ouvia e via como referências e talvez por isso fiquei tão impactada com a apresentação da Ludmilla em Salvador no último sábado. Jovens negros e negras cantaram, vibraram, se emocionaram no maior Numanice da história. Foram 30 mil pessoas celebrando a arte negra. Teve pagode, pagode baiano (também conhecido como pagodão), soul music e funk. Ao falar em funk, tudo isso começou com ele, Ludmilla (no início MC Beyoncé) é funkeira, preta, carioca, jovem e bissexual. A rainha da favela nasceu em 1995, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Cantora, instrumentista, compositora, empresária e atriz, influencia milhões de pessoas pelo mundo.
O sucesso do Numanice em Salvador foi grandioso, forte, potente e emocionante. Na capital mais negra do Brasil, nós, jovens negras e negros, nos vemos no palco. Ver aquela multidão cantar (ou melhor gritar) cada trecho de sucesso com a Lud é redentor. Estamos e somos representados e não aceitamos não sermos. Lutaremos para continuarmos a sermos representados. Ludmilla, a gente se encontra no Maracanã lotado, já está marcado!
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