O ano de fato começou. Mas é dia 13 de janeiro. Sim. Contudo, para os soteropolitanos e todos que vivem na primeira capital do Brasil o ano só tem início, de fato, depois da segunda quinta-feira de janeiro, dia da Lavagem do Bonfim. Uma festa negra na qual as convidadas de honra são as baianas, mulheres de traje de origem africana, levando ora na cabeça, ora na mão uma quartinha com flores e água de cheiro (água com flores e ervas aromáticas) para lavar o adro da igreja dedicada ao Nosso Senhor do Bonfim.
A celebração, que tem seu ápice na segunda quinta-feira do ano com a conhecida lavagem, conta com ritos de diferentes universos religiosos: do catolicismo e das religiões de matrizes afro-brasileiras.
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Oficialmente não é feriado na cidade, mas isso não impede que milhares de pessoas, de irem às ruas de branco para homenagear Jesus Crucificado e Oxalá em 2020, segundo dados da prefeitura, o público ultrapassou a marca de um milhão. Como vivemos num país de maioria católica, Jesus já é um antigo conhecido muito citado (como no Natal, quando falamos bastante dele, ainda como menino) e por isso vou me concentrar em, ao menos algumas linhas, Oxalá.
Ele é o orixá associado à criação do mundo e de nós, humanos. Representa a paz, é o pai maior no candomblé. É calmo, sereno, pacificador; é o criador e, portanto, é respeitado por todas as divindades. Apresenta-se de duas formas: jovem (Oxaguiã) e velho (Oxalufã). Oxaguiã carrega com sigo uma idá (espada), “mão de pilão” e um escudo, veste-se de branco um pouco mesclado com azul; já Oxalufã carrega opaxorô (uma espécie de cajado em metal) e usa apenas branco. O dia consagrado para eles é a sexta-feira.
Mas precisamos voltar um dia na semana. Junto com os primeiros raios de sol da segunda quinta-feira do ano, já é possível encontrar devotos na Cidade Baixa. É da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, que sai o cortejo até o alto da Colina Sagrada, morada do Nosso Senhor do Bonfim, onde ocorre a lavagem do adro da igreja dedicada a esse santo. É o maior cortejo religioso da cidade, são 8 quilômetros de percurso. Além das baianas, há um conjunto diversificado de manifestações culturais no decorrer da procissão, entre elas: blocos, bandas, grupos de capoeira, afoxés e protestos políticos.
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