Quase 40% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos não  trabalham e  nem estudam. A dificuldade para arrumar emprego ou concluir os estudos no Brasil, pode afastar estas pessoas cada vez mais, do mercado de trabalho.

Nos últimos anos a economia desandou. O preço da gasolina subiu, tudo ficou mais caro nos mercados e o desemprego chegou a bater recordes históricos, com isso parte da população jovem foi atingida diretamente. 

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Segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado neste mês, os brasileiros com idades entre 18 e 24 anos correspondem a 35,9% daqueles que nem trabalham e nem estudam (ou os que não conseguiram concluir a graduação). A proporção brasileira é o dobro da média dos países membros da OCDE, que é de 16,6% de pessoas dessa faixa etária sem trabalhar e estudar. O relatório avaliou a situação do ensino superior e emprego dos 38 países membros da OCDE e dados da Argentina, China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita e África do Sul — o único país com maior proporção que o Brasil, com 46,2%. A Holanda é a que tem menos jovens nessa situação, apenas 4,6%.

Segundo os analistas, há uma tendência no crescimento dos “nem-nem” (os termos “jovens na condição de nem-nem” e “jovens inativos” referem-se aos jovens que não participam do mercado de trabalho e não estudam). Em agosto, por exemplo, o Brasil tinha 23% da população de 15 a 24 anos sem trabalhar e estudar,  a média mundial do desemprego juvenil é de 16,9%. 

Recortando este perfil, o cenário é ainda mais desafiador para jovens pretos, pardos e indígenas, estes foram os mais atingidos pelo coronavírus por residirem em áreas vulneráveis com menor cobertura de serviços de saúde, com menos acesso a computadores e internet, deixando assim de acompanhar  as aulas remotas e consequentemente não se tornando competitivos para o mercado de trabalho. Estes obstáculos devem agravar uma realidade que é anterior à pandemia: ao final da trajetória escolar, quando conseguem concluir o ensino médio, jovens pretos, pardos e indígenas, por diversas variáveis aprendem menos e se sentem menos motivados a ingressar no ensino superior.

A maioria deste percentual é formado por mulheres pretas, pardas e indígenas. Diferentes motivos explicam o abandono da educação formal e do mercado de trabalho por esse público. Entre elas, o casamento e a necessidade de começar a trabalhar cedo para sustentar a família,  a gravidez precoce é o principal motivo do abandono, uma vez que mais da metade das jovens nessa situação têm filhos.

Observando esses fatos, podemos fazer alguns questionamentos: o quanto o ensino e o emprego “tradicional” está frustrando os jovens nessa faixa? Que perspectiva eles têm? Ser avaliado por provas, abafando sua criatividade, sua autenticidade na escola é atrativo? 

É preciso criar condições para que os jovens tenham oportunidades de emprego e para, quando acessarem o ensino superior, consigam terminar a graduação, com êxito. Ou criamos políticas que abarque esses jovens em especial pretos, pardos e indígenas, ou os teremos cada vez mais distantes do mercado de trabalho.

Texto: Kelly Baptista.

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