Naruna Costa, primeira mulher negra a ganhar Prêmio APCA de Melhor Direção, diz: “representatividade importa muito”

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Naruna Costa, primeira mulher negra a ganhar Prêmio APCA de Melhor Direção, diz: “representatividade importa muito”
Foto: José de Holanda

A atriz e diretora Naruna Costa recebeu o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) de melhor diretora por seu trabalho na peça “Buraquinhos ou o Vento É Inimigo do Picumã“. Ela, que é de Taboão da Serra (SP), trabalha há mais de 15 anos com cultura.

Recentemente, em entrevista ao jornalista da UOL, Miguel Arcanjo, Naruna ressaltou a importância do prêmio em sua carreira e o fato das coisas estarem mudando, além de poder ver pessoas negras sendo representadas.

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É super importante esse prêmio no sentido de que além de reconhecer um trabalho fora dos padrões convencionais do teatro no Brasil, que nasce de corpos negros periféricos dirigido por uma mulher, ele vai na contramão do que a gente tem com maior visibilidade no teatro. Além de reconhecer o valor desse trabalho, o Prêmio APCA apresenta e revela um processo de luta que estamos vivendo. Acho que tudo isso é sinal de que estamos conseguindo avançar, ainda que minimamente, na conquista de alguns territórios. Essa disputa de territórios tem gerado resultados positivos tanto para a luta racial quanto a luta feminista. Então, é muito bom poder fazer parte disso“.

Em 61 anos de história do APCA, ela foi a primeira mulher negra a ganhar o prêmio de melhor direção. “Eu acho que sendo eu a pessoa que está inaugurando esse espaço me causa uma alegria muito grande e ao mesmo tempo uma responsabilidade por abrir esse caminho na expectativa de que muitas outras venham a partir disso. Mas, também tudo é muito frágil ainda e pode mudar a qualquer momento. Fica o alerta. O prêmio tem essas duas características: sim, ele reconhece isso, e isso é muito bom, mas ele também revela um processo de racismo estrutural e de machismo estrutural que nunca permitiu que mesmo sendo um prêmio tão tradicional com tantos anos de estrada, ele tenha colocado no palco mulheres, especialmente mulheres negras. Ano passado, se não me engano foi a primeira mulher a ganhar o prêmio [Bia Lessa, por “Grande Sertão: Veredas”] e, nesse ano, a primeira mulher negra“.

Naruna acredita que esse fato se devem as mudanças internas que estão acontecendo na organização do prêmio e também aos avanços. “Algo está mudando no miolo da comissão julgadora: a presença do crítico Miguel Arcanjo Prado, a presença de críticas mulheres [Kyra Piscitelli e Gabriela Mellão], tudo isso é bem significativo. Tudo isso revela um grande processo no Brasil, de luta, que é preciso ressaltar. Me sinto muito feliz e acredito, sim, que a representatividade importa muito. Então, é muito bom poder fazer parte disso“.

Atualmente e em comemoração ao recebimento do prêmio, o espetáculo “Buraquinhos ou O Vento É Inimigo do Picumã” faz sessões no Itaú Cultural (av. Paulista, 149), de 9 a 12 de julho, sempre às 19h, com entrada gratuita.

 

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