Todo mundo conhece a história de Sansão, o guerreiro que guardava sua extraordinária força nos cabelos. A história é bíblica, datada de antes de Cristo, mas a ideia de que cabelos simbolizam poder segue cada vez mais atual. Não só cantada nas marchinhas de carnaval, mas no inconsciente coletivo, viajando por séculos a fio, até chegarmos aqui.
Não faz muito tempo que assistíamos ao show da Xuxa na TV. Para as meninas daquela época, as paquitas eram símbolos de beleza, com suas belas madeixas louras e lisas. Os demais tipos de cabelo, que ouso dizer estavam na cabeça da maioria de nós, eram farinha do mesmo saco. E, neste saco, havia uma etiqueta bem grande, que não nos deixava esquecer, escrita: cabelo ruim.
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A gente cresceu ouvindo isto: fulana tem o cabelo bom, fulana tem o cabelo ruim. Era simples assim! Então, para fugir deste estigma, as mulheres passaram a alisar seus ondulados, cacheados e crespos. Por muito tempo, usamos produtos conhecidamente prejudiciais até chegarmos ao clímax dos alisantes, a maravilhosa e imbatível progressiva!
Passamos a nos oprimir avassaladoramente. Aquelas que resistiam ao procedimento, que seguravam a onda dos seus cachos, eram chamadas de loucas. Todas as bocas levavam à progressiva. Ou quase todas! E a indústria cosmética impulsionava o movimento dos lisos perfeitos.
Mais recentemente, vimos a história mudar. E começamos a fazer o caminho de volta, de entendimento e valorização da nossa beleza natural. Os cachos voltaram, dessa vez, sem a etiqueta de cabelo ruim.
Seria uma coisa linda de ser ver, não fosse a opressão que vem com o que a sociedade, impulsionada pela indústria da beleza, acredita ser o certo! Esse tal de “o certo” é o que destrói o movimento natural da autoestima feminina.
De repente, vimo-nos presas à obrigação de seguir os novos padrões, à busca dos cachos perfeitos que só existem nas revistas e novelas. Mas, espera aí, usar o cabelo natural não tinha como objetivo principal fugir das velhas normas impostas? Sim, mas a opressão nunca morre, ela só muda de lado. É preciso estar atento!
A verdade é que a nossa luta deve ser pelo pleno direito a ser quem a gente quiser, a sermos lisas naturais, alisadas, cacheadas, crespas, coloridas, grisalhas… Sem as etiquetas que nos trancam dentro de caixas abafadas, sem a etiqueta da culpa, uma velha conhecida de todas nós.
Deixemos que a indústria da beleza se digladie, mas nós, mulheres, não! Na briga entre cacho e chapinha, quem é livre para escolher o que quer, é rainha. Reinemos!
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