Movimento Negro organiza ato nacional pela morte de João Pedro

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Movimento Negro organiza ato nacional pela morte de João Pedro
Ato Nacional em memória de João Pedro, assassinado em 18/05.

Mobilização que lembra a morte de João Pedro e de milhares de jovens mortos nas favelas está marcado para 18 horas desta terça-feira (26)

 

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A Coalizão Negra por Direitos convocou um manifesto em homenagem ao sétimo dia da morte de João Pedro Mattos Pinto, 14 anos. João foi morto em casa, na segunda feira (18) durante uma operação policial Federal e Civil ordenada pelo Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo. O crime foi muito comentado por autoridades e celebridades brasileiras, já que logo depois de baleado na barriga, o menino foi levado para ser socorrido pelos mesmos policias do atentado e a família só teve noticia de seu paradeiro no dia seguinte, quando o corpo de João já estava no IML.

O manifesto conta com mais de 500 entidades e movimentos que saem em defesa dos Direitos Humanos, a rede organizadora do ato (@coalizaonegra) pede que os usuários usem nas redes sociais as hashtags #VidasNegrasImportam, #ParemDeNosMatar, #JustiçaPorJoãoPedro e #AlvosDoGenocídio.

Na mesma semana, policiais em operação balearam e mataram João Vitor, 18 anos, e Rodrigo Cerqueira, 19 anos, que estavam recebendo cestas básicas no Morro da Providência e na Comunidade de Deus, respectivamente. Foram três jovens mortos, três vidas seladas em apenas quatro dias e em comunidades diferentes do Rio de Janeiro, a única semelhança entre os casos são a cor de suas peles e a forma da morte. Os três foram mortos pelo o Estado do Rio de Janeiro.

João estava brincando dentro de sua casa, que recebeu 72 tiros, no mínimo, durante o confronto policial dentro da favela do Rio, um desses tiros acertou a barriga do menino, que não resistiu e se tornou mais um para contabilizar o número de mortes por “bala perdida” em crianças no Estado. Só ano passado, foram mais de cinco crianças mortas da mesma forma nas favelas do Rio de Janeiro e mais de 15 baleadas.

Aghata Félix, 8 anos, baleada dentro de uma Kombi.

Kauan Peixoto, 12 anos, saiu para comprar um lanche.

Kauan Rosário, 11 anos, atingindo no confronto Polícial X Bandido em Bangu (RJ).

Kauê Ribeiro, 12 anos, voltando para casa durante confronto policial.

Jenifer Cilene, 11 anos, em frente ao bar da mãe no conjunto Bairro Carioca.

Em entrevista para a revista Marie Claire, a professora e mãe de João Pedro, Rafaela Pinto (36), falou que sua filha mais nova de apenas 4 anos não para de perguntar onde está o irmão. “Senti e sinto algo que não desejo para ninguém. Já consolei muitas pessoas que perderam filhos, mas eu não conseguia imaginar como era essa dor. É algo que a gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Sempre tive muito, muito medo. Quando aconteciam essas operações policiais, ficávamos todos dentro de casa, porque é onde a gente se sente seguro. Como explicar, então, que uma criança, dentro de casa, pode ser alvejada pela polícia? É inaceitável. Saber que meu filho estava dentro de casa e levou um tiro… Está sendo muito difícil ficar aqui, pois estou cercada de lembranças, e não vejo mais João Pedro.”

João entra na estatística brasileira em que um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos. Um dado desumano, que faz lembrar a possibilidade dos jovens e crianças negras não concluírem seus sonhos, pois eles são tirados de forma cruel diante de confrontos que atingem uma população inteira. Depois das crianças serem mortas de maneira tão frívolas, vem o pedido de desculpa ou a decretação de luto pelo Estado. Um luto eterno, que mata três jovens em apenas quatro dias nas favelas do Rio.

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