A atriz e modelo Stephanie Durval, em entrevista exclusiva ao MUNDO NEGRO, relatou o constrangimento que passou no hotel Windsor Barra, no Rio de Janeiro, ao tentar gerar conteúdo para a marca de roupa, na semana passada (18).
“Eu já trabalho com a marca desde 2016. Eles geralmente contratam o hotel para gente poder gerar o conteúdo e já chegaram a gravar em outros hotéis”, resume Stephanie, que também já atuou na novela Cara e Coragem da TV Globo.
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Stephanie diz que ficou aguardando na recepção do hotel para subir ao quarto que a marca havia reservado. “Eu já senti um tratamento diferente comigo”.
Segundo a modelo, primeiro a recepção informou que ela não poderia subir porque não foram avisados que ela iria. Posteriormente, disse que talvez ela entraria como visitante porque já havia duas profissionais do marketing no quarto e não poderia ter três hóspedes no mesmo quarto. Mas Stephanie afirma que estava como hóspede e uma das colegas no quarto que estava como visitante. “Foi com um tom, umas insinuações, eu super constrangida, mas eu também mantive a minha postura”, diz.
“Fiquei lá esperando, ligava pra um, pra outro. Eles entraram numa salinha deles e eu estava ouvindo eles falando que não estava autorizado, sendo que tinha um e-mail que foi enviado pro hotel, foi pago pelo espaço. A pessoa responsável pelo marketing da marca disse que pagou R$ 1.500 pelo espaço e nunca teve nenhum problema”. E ressalta: “eu sou a única preta que gera conteúdo para eles, as outras influenciadoras são brancas, loiras, morenas. E aconteceu logo comigo?”.
“Eles começaram a me fazer perguntas, mas em nenhum momento eles foram diretos. ‘Mas qual é a marca? O que vocês vão fazer no quarto?'”, já indignada com o interrogatório. “Tomei um chá de cadeira na recepção. Fiquei tanto tempo lá, que eu tive que pedir para a pessoa do marketing, que já estava no quarto, descer para poder resolver a situação”.
Apenas desta forma, que a recepção disse que liberaria a subida dela para o quarto. “A pessoa do marketing também é uma mulher negra e ela ficou olhando pra mim com os olhos arregalados tipo ‘a gente sabe o que está acontecendo aqui'”, lembra.
Liberada para se juntar com a equipe no quarto do hotel, Stephanie foi se arrumar para começar a gerar conteúdo para a marca. “No elevador, nos corredores, e quando a gente desceu pro primeiro andar, veio um segurança, infelizmente preto, ele já ficou de cara e a gente com o equipamento, ele disse ‘vocês não podem, não está autorizado”’, conta. “Inventaram milhares de desculpas, sendo que estava autorizado, é um espaço que eles já utilizaram para gerar conteúdo com outros influenciadores.
A modelo desabafa: “Foi um destrato total comigo, nenhum ser humano merece ser tratado assim, da maneira que eles me trataram, parecia que eu ia fazer um programa ali e nenhuma prostituta também merece ser tratada assim. Eles estavam me tratando de uma maneira muito esquisita, uns olhares, uns cochichos e eles falaram que não poderia, nos convidaram a nos retirar”.
Stephanie pediu um carro por aplicativo para ir embora depois do ocorrido e continuou a conversar com a colega do marketing pelo celular. “Ficou muito claro o que estava acontecendo ali e ela relatou pros responsáveis da marca que estava acontecendo ali um caso de racismo, que eu não era bem-vinda. Parecia que eu estava pedindo um favor, me senti uma criminosa com todo mundo olhando e eu ali parada na recepção”.
“A minha ficha só caiu de fato quando eu estava voltando pra casa. Eu sou moradora de Madureira, nascida e criada, falei assim ‘caramba, eu acabei de sofrer racismo e aí eu fiquei sem saber o que fazer’. Refleti diversas vezes se eu falaria ou não sobre isso, mas é importante eu me posicionar como artista”, diz a modelo.
Stephanie informou que já está em contato com um advogado para abrir um boletim de ocorrência. Até o fechamento desta reportagem, a rede de hotel Windsor ainda não se posicionou sobre o caso.
Atualização às 18h45:
O hotel Windsor Barra retornou o contato com o pronunciamento sobre o caso. Leia a nota oficial na íntegra: “O hotel teve de pedir que Stephanie aguardasse na recepção porque já havia sido atingido o número de pessoas que a produtora de moda havia previsto no contrato de reserva do apartamento. Assim que a produtora retificou seu pedido, a modelo teve o acesso liberado. A produtora também não havia feito a opção por usar áreas comuns do hotel, que lhe foi oferecida. Daí, não ter sido possível fazer fotos ou outros registros senão no quarto. Lamentamos muito o desconforto que a situação causou a Stephanie, e asseguramos que a demora na liberação de seu acesso se deveu exclusivamente à questão contratual mencionada acima”.
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