Alice Rocha, uma criança negra de quatro anos foi baleada na cabeça no fim da tarde desta última quarta-feira (1), no bairro da Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com informações dos familiares, a menina estava voltando da escola junto com a mãe quando parou para comprar pipoca e acabou sendo atingida por uma bala.
Em estado grave, a criança foi levada até uma unidade de saúde do bairro e, em seguida, encaminhada para o Hospital Miguel Couto, na zona sul do Rio. “No momento que ela foi atingida ela estava saindo da escola, quando a mãe dela percebeu, ela estava baleada no chão. É complicado de acreditar”, disse Lucas Soares, o pai da menina. “É como se fosse um pesadelo que está sendo difícil de acordar, mas, graças a Deus, ela está estável. Logo, logo ela vai tá em casa com a gente. Eu só quero acordar desse pesadelo”. De acordo com os médicos, Alice passou por uma cirurgia para retirada da bala e seu quadro clínico segue em estabilidade, com reações positivas.
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Segundo informações, Alice foi ferida durante uma troca de tiros entre milicianos e policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). “Imagens de câmeras de segurança da região estão sendo solicitadas pela unidade. Diligências seguem em andamento para esclarecer a origem do disparo que atingiu a vítima”, disse a polícia em nota.
Para o jornal O Globo, Lucas denunciou que os policiais da Draco, após a criança ser baleada, teriam mandado que moradores e comerciantes apagassem imagens de câmeras de segurança que pudessem identificar de onde o tiro partiu. “No local, os moradores dizem que os policias mandaram apagar as imagens. Se eles não têm culpa, por que mandaram apagar as imagens? Quem não deve não teme“, contou o pai da menina. “A minha filha é uma criança abençoada. Está difícil de acreditar. Ela é a minha única filha. A última vez que eu vi foi no último final de semana. Ela ficava uma semana comigo e uma semana com a mãe. Foi ótimo o final de semana. Ela viu Tik Tok, ficou no computador. Ontem, eu até comentei com o meu irmão que iria buscá-la na escola. Mas não deu. Aconteceu isso com ela. Agora é só aguardar e esperar em Deus. Meu coração está doendo. Mas Deus conforta a gente e vamos sair dessa. Não tive noite. Foi só de angústia“.
Em entrevista, Thiago Neves, delegado da Draco, afirmou que a jovem Alice foi atingida em um ponto diferente do confronto, mas admitiu que o disparo possa ter ocorrido em decorrência da troca de tiros. “Somente depois que a criança foi socorrida é que os policiais souberam que ela havia sido baleada.” Policiais dizem que o confronto ocorreu entre dois suspeitos de integrar o Bando do Playboy de Curicica —milícia aliada a Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior organização criminosa do Rio.
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