Racismo e violência, tristemente, são pautas comuns para negras e negros em todo o planeta. No Brasil, o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco,38, do PSOL e seu motorista Anderson Pedro, no dia 14 de março, parece ter despertado nos afro-brasileiros a necessidade de dar um basta na banalização do genocídio negro, que faz parte do DNA do país, mas que nunca levou tantas pessoas às ruas como nos últimos dias.
É histórica a comoção, clamor por justiça vindos de vários setores da sociedade e pela primeira vez, celebridades negras do exterior se uniram as manifestações brasileiras nas redes sociais, aumentando a potência dos protestos que exigem uma investigação rigorosa no caso da vereadora além de destacar questões como racismo,abusos da polícia militar, falta de segurança dos ativistas, feminicídio e genocídio negro.
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Naomi Campbell cobrou um posicionamento da população poucas horas após a notícia da morte da vereadora. “Me entristece ouvir que Marielle Franco, que dedicou sua vida à luta contra o racismo, preconceito e violência policial, foi assassinada. Vamos, Brasil! Levante-se!”
https://twitter.com/NaomiCampbell/status/974426545941921792
O ator e drag queen RuPaul reconheceu que a morte de alguém como Mariella foi uma perda não só para o Brasil, mas para o mundo. “O assassinato da ativista dos direitos civis Marielle Franco foi uma grande perda para o Brasil e para o mundo”.
The assassination of human rights activist #MarielleFranco was a huge loss for Brazil — and the world @ShaunKing https://t.co/POeQR2bsgG pic.twitter.com/Ocrw1WwYoB
— RuPaul (@RuPaul) March 19, 2018
Jesse Willians ator conhecido por seu engajamento em relação a questões raciais, também usou sua influência para exaltar que Marielle era exatamente o que o Brasil precisa, mas que falta infelizmente – pessoas que entendem a situação da maioria dos brasileiros”.
https://instagram.com/p/BgbeLrlhmxB/
O perfil da atriz Thandie Newton também fez duas postagens relativas ao assassinato.
A vencedora do Oscar Viola Davis, também usou suas redes sociais para se solidarizar com os brasileiros e manifestar sua indignação em relação à morte da vereadora. “Eu estou lutando com você Brasil”, disse a atriz. Em seu Instagram, em sua biografia, ela substitui informações sobre o seu trabalho, com um link do site The Roots sobre o assassinato de Marielle.
https://instagram.com/p/BgbeLrlhmxB/
Vozes estrangeiras influenciam na opinião pública
Para jornalista Flávia Oliveira, especialista em economia e que tem usando suas redes sociais para divulgar textos e eventos relacionados ao caso de Marielle e Anderson, essas manifestações aumentam a rede de solidariedade entre pessoas negras.
“Essencial na solidariedade das celebridades, locais ou estrangeiras, é o efeito na opinião pública. As postagens mantêm o crime bárbaro contra Marielle Franco e Anderson Gomes em evidência. É nítida a pressão sobre autoridades policiais pela investigação rigorosa e rápida para encontrar autores, mandante e descobrir a motivação do ataque. No caso específico da Viola Davis, estrela de primeira grandeza do cinema e da TV dos EUA, ganhadora de Oscar, Globo de Ouro e Emmy, há o efeito adicional de alimentar a rede de solidariedade de mulheres negras da diáspora. Não é pouca coisa, não. A dor nos irmana. Essa percepção de fraternidade aquece o coração.”, explica a jornalista.
A diretora da Anistia Internacional no Brasil Jurema Werneck menciona a união dos negros da diáspora. ” Mulheres negras, não importa a posição que ocupam, entendem a dimensão do que significou termos alguém como Marielle. Sabemos que ela foi fruto dos esforços de outras mulheres negras e pobres. Nós lutamos, muitas vezes éramos só nós mesmas, não é?), por suas vidas, para que pudessem ir o mais longe possível. Como ela lutou, para que outras pudessem prosseguir. Essa luta continua até depois de sua morte. Marielle foi arrancada de nós, mas lutamos para que ela continue presente. A diáspora não tem muros, somos negras e estamos juntas. Essa é a mensagem. Por Marielle e por nós!”
Há exatamente uma semana Marielle foi assassinada. Não se sabe muito sobre o andamento do caso e previsão de quanto tempo durará as investigações, mas o cyberativismo, somada aos protestos nas ruas são fundamentais para que não haja impunidade.
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