O BBB 24 acabou, mas as atitudes de Wanessa Camargo continuam a gerar debates nas redes. A última, foi o anúncio do seu processo de “afrobetização” e o lançamento de sua nova música “Caça likes“. As duas coisas foram anunciadas conjuntamente em uma postagem no perfil da cantora.

Analisando com a boa fé, de alguém que acredita no processo de transformação da ex-BBB, não consegui ver a relação entre ambos os assuntos. Mas olhando com os olhos cansados para uma situação tão repetitiva como um um episódio do Chaves, fui tomado pela preguiça. Acho bom deixar escuro que acho muito bom que uma pessoa branca queira aprender mais sobre questões raciais e sobre o lugar dela nesta dinâmica. Porém, não é o que vemos na nova publicação de Wanessa Camargo.

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A princípio, achei que a letra da música falaria sobre seu processo de letramento racial, mas não. A música é mais do mesmo, de péssimo gosto, e coloca a cantora como vítima de toda situação. Na música, ela se vitimiza dizendo que foi tão inocente a ponto de acreditar que teria sido a vilã do programa, e que todas as críticas feitas a ela vieram de haters.

O enredo da música segue com Camargo apresentada como injustiçada. Este é um típico comportamento enquadrado no conceito de atitude racial. Pessoas brancas que ao serem repreendidas por atitudes e falas racistas colocam a culpa no racismo estrutural. Neste sentido, o racismo estrutural aparece como um “monstro sem rosto e coração” que vitimou mais uma pessoa branca “inocente”.

A forma como a cantora anuncia seu processo de “afrobetização” é problemática, pois parece dizer “gente estou fazendo aulas de letramento racial, vocês já podem me descancelar e ouvir minha nova música onde relato o quanto fui injustiçada no programa”.

Wanessa contraria aquilo que acredito sobre letramento racial, que é um exercício diário e contínuo. Um exercício que não precisa ser anunciado com o intuito de limpar a imagem. As pessoas não precisam ver que você está estudando, aprendendo. Elas precisam notar a mudança nas suas ações do dia a dia, pois antirracismo é ação. Se não for assim, cai na velha frase de Florestan Fernandes de que o “brasileiro tem preconceito de ter preconceito”.

Não me considero um hater de Wanessa Camargo, pois para isso eu precisaria conhecer o trabalho da filha de Zezé e Zilu. Mas quero propor uma reflexão a partir de um trecho de sua nova música que diz “Nem todo hater, mas sempre um hater” e lembrar que  “Nem todo o branco, mas sempre um branco”. 

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