Texto e imagens: Joe Andrade *
Estamos em uma pandemia mundial as recomendações da OMS é para que fiquemos em casa, mas o assassinato brutal de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos fez com que a população recifense saísse nas ruas para protestar contra a impunidade que é privilégio branco nesse país.
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Miguel foi morto na última terça-feira (02), após cair do 9º andar do condomínio de luxo Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torres Gêmeas, localizado no bairro de São José, no centro do Recife. A mãe do Miguel trabalhava como empregada doméstica para Sarí Gaspar Côrte Real e o atual prefeito de Tamandaré Sergio Hacker Corte Real que mesmo o país passando por uma pandemia não dispensaram suas empregadas.
Sari pediu para que Mirtes levasse sua cadela para passear, nesse intervalo de tempo a mãe do Miguel confiou em sua patroa para observar o seu filho, a próxima vez que Mirtes veria seu filho seria estirado no chão, morto. Sarí Gaspar Côrte Real foi autuada por homicídio culposo por ter deixado a criança sozinha no elevador, a primeira dama pagou 20 mil reais de fiança e responde em liberdade.
O ato contra essa impunidade foi organizado pela família do Miguel e recebeu um grande apoio do movimento negro local, faixas, gritos de revolta e uma tremenda dor tomou conta do ambiente.
Um pouco antes do protesto começar, carros passavam buzinando e ouvia-se gritos ‘’ ASSASSINA!’’. Nossas vidas valem 20 mil reais? E se fosse o contrário? Provavelmente o rosto de Mirtes estaria estampado nos principais jornais. A impunidade quando o assassino é um sujeito branco fica evidente nesse caso.
Estamos em isolamento social, quebramos uma recomendação importantíssima da OMS porém não dá para ficar em casa no meio de tanta impunidade. Mesmo dentro de casa estamos morrendo. O Miguel morreu duas vezes, quando caiu do nono andar e pela pela negligência desse Estado racista.
Existe um grande mito na internet onde acredita-se que o movimento negro brasileiro não se mobiliza quando trata-se de injustiças. Nesta sexta-feira (05/06/2020) um movimento negro e nordestino esteve nas ruas por Miguel e por tantas outras pessoas negras vítimas do nosso deste estado genocida. A mobilização acontece. Sem pandemia ou com pandemia nós não deixaremos que essas mortes passem em branco. deixamos passar em branco!
Fique em casa, mas se tiver que sair que seja para protestar contra o extermínio da população negra.
* Joe Andrade é estudante de Teatro na UFPE é criadora da página Desenrolando no Facebook.
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