Imagine uma criança que começa a se perceber no mundo e durante uma brincadeira sobre profissões, a professora lhe atribui um trabalho historicamente associado ao estereótipo de cor e contraria seu sonho de ser astronauta, como se a cor de sua pele fosse um atestado da predestinação ao subemprego. Essa é a delicada premissa da edição 18 Graphic MSP, “Jeremias – Pele”, lançada em 2019.
Jeremias é um personagem secundário pouco explorado no universo da Turma da Mônica. Nunca teve bem desenvolvida a sua personalidade como outros personagens que surgiram depois, mas isso foi sanado com uma das melhores HQs nacionais dos últimos anos.
Notícias Relacionadas
Animação biográfica de Pharrell Williams estreia no Brasil e revive trajetória do artista em Lego 3D
Filmes com protagonismo negro mais aguardados de 2025 nos cinemas
“Jeremias- Pele” foge do clichê de pintar o garoto preto favelado e coloca seu protagonista como membro de uma família de classe média, usando isso para mostrar, sem sutileza, que classe social não é barreira contra o racismo. Jeremias tem ciência do tipo de violência que sofre e isso ressoa também dentro de casa, no relacionamento da família.
O roteiro fica a cargo de Rafael Calça (“Crônicas da Terra da Garoa”, de 2016). Não foi a toa que o roteirista paulistano faturou por essa obra o Prêmio Jabuti de melhor roteirista, entre outra premiações. O texto é cuidadoso, não resvala em possíveis extrapolações para manipular a emoção do leitor.
As cores e traços são uma amostra do talento e cuidado de Jefferson Costa ( “Roseira, Medalha, Engenho e Outras História”).
“Jeremias- Pele” supera seus antecessores da coleção de Graphic Novels e merece ser lido por públicos de todas as idades. Com a mediação de um adulto pode ser o instrumento certo para abordar racismo com as crianças.
Notícias Recentes
Sueli Carneiro, Katiuscia Ribeiro e Helena Theodoro debatem papel das mulheres negras na política
Michelle Obama não comparecerá à posse de Trump; Barack Obama confirma presença