Home Blog Page 883

Lil Nas X lança teaser do próximo single e provoca Nike e juiz conservador dos EUA

0
Foto: Reprodução.

Lil Nas X lançou um trailer do clipe  de seu novo single co-produzido por Kanye West, “Industry Baby” e se mostrou ferino ao abordar a polêmica com a Nike os famigerados “tênis satânicos”. O clipe aborda o processo judicial que o rapper enfrenta após participar da divulgação de uma   linha de tênis Nike modificada com gotas de sangue real em sua sola.

Lil Nas X encara o tribunal para anunciar novo single - POPline
Imagem: Reprodução

No novo trailer Nas desempenha vários papéis, como na  audiência no tribunal chamado de “Nike vs. Lil Nas X, Suprema Corte, 19 de julho de 2021 ”, vestindo roupas de prisão laranja, diante de um juiz claramente inspirado no conservador juiz da Suprema Corte, Clarence Thomas. Tudo começa com Thomas, que já foi acusado de má conduta sexual no passado, flertando no FaceTime com uma jovem atraente antes de dizer a ela que ele tem que lidar com um processo judicial relacionado a um “homenzinho gay”.  Para não deixar dúvidas sobre a referência ao juiz, o personagem é nomeado “Juiz Thomas” nos créditos do vídeo.

Enquanto os advogados de acusação e defesa (também interpretados por Nas) debatem, o júri observa um tênis, antes que o promotor diga que a questão é “muito mais do que sapatos” e sim se realmente a mãe de Nas sabe ou não que ele é gay .

“Sim”, diz ele, para consternação do júri, após o que o juiz o condena a cinco anos na “Prisão Estadual de Montero” (referência ao clipe mais famoso do artista), então entra o trecho do single a ser lançado na próxima sexta-feira.

No início de julho, Lil Nas anunciou seu álbum de estreia, “Montero”, que será lançado ainda este ano.

Segundo a Variety, os representantes da Nike não responderam às tentativas de contato para um pronunciamento sobre o clipe de Nas.

‘Space Jam – Um Novo Legado’: Os protagonistas são negros, mas brancos dominaram divulgação brasileira

0

Space Jam – Um Novo Legado” chegou aos cinemas, trazendo Lebron James como astro e um elenco majoritariamente negro, no entanto a Warner Pictures Brasil escolheu uma maioria de influenciadores brancos para fazer a divulgação do filme por aqui. Embora as peças de divulgação do longa tragam atores negros em destaque, como Don Cheadle (Al-G), Zendaya (Lola Bunny) e Ceyair J Wright (Lebron Jr), quem deu rosto para publicidade nas redes sociais da Warner Brasil foram Marcos Mion,Matheus Canella,Octavio Buzz e outras personalidades brancas.

Space Jam Um Novo Legado: Zendaya comenta polêmica envolvendo Lola Bunny
Imagem: Divulgação

Para o influenciador Gerson Saldanha, que sempre comenta as novidades do cinema em suas redes, nada surpreende no posicionamento da distribuidora. “Como uma pessoa que acompanha os filmes desde quando surgem os primeiros rumores, tem sido decepcionante ver, quando eles chegam no Brasil, os influenciadores que falam dos assuntos inerentes às produções sendo esquecidos quanto às ações promocionais”, escreveu. “Não estou querendo dizer que apenas negros devem falar de filmes negros, mas as distribuidoras precisam ter um pouco mais de senso, ou assistir os filmes que elas distribuem”, complementa Saldanha.

Algo parecido aconteceu quando a marca de maquiagem da cantora Rihanna, Fenty Beauty, chegou ao Brasil. Mulheres brancas capitanearam as divulgações feitas pela Sephora Brasil (originalmente  a cantora idealizou os produtos para peles negras, que são pouco visadas neste mercado).

Em entrevista para revista Meio&Mensagem, em 2020, Ricardo Silvestre, dono do projeto Black Influence observou a falta de visão das marcas ao invisibilizar influenciadores negros na hora da divulgação. “Infelizmente os influenciadores negros não são devidamente reconhecidos e valorizados pelas marcas. Essa é uma das vertentes pela qual eu luto muito muito no mercado, inclusive. Essas pessoas são procuradas geralmente em novembro, que é o Mês da Consciência Negra, que é quando as marcas decidem falar com a comunidade negra”, disse.

Gerson Saldanha comentou lembrou em seu perfil do Instagram que há perfis negros que falam sobre cultura pop com propriedade e poderiam ter participado da divulgação de “Space Jam – Um Novo Legado” no Brasil. Esse aspecto também foi ressaltado por Silvestre em entrevista. “Quase 100% das vezes eles são chamados para falar sobre racismo e pautas raciais. Aí também temos um outro super desafio que é mostrar que essas pessoas falam sobre diversos temas e com muita propriedade”, declarou.

Gerson Saldanha (Imagem: Instagram)

“Falta um pouco mais de interesse em se aprofundarem na questão que influenciadores negros falam sobre aquele assunto. Ficam sempre focados em pessoas que eles conhecem e não se aprofundam. Vamos pesquisar s etem algu micro, pequeno ou médio influenciador negro que fale sobre filme ou basquete. Se o filme não fala sobre questões raciais, mas o vilão é negro, o protagonista é negro, a dubladora  de maior destaque é negra, pessoal por trás das câmeras é negro,então precisa falar mais nada. Isso significa que rola um interesse por parte de quem começou com a ideia do filme de ter essa representatividade, aí chega no Brasil…”, diz Saldanha, que não concorda que a escolha seja feita baseada em números. “Já rolam vários estudos que falam que se a pessoa tem um número grande seguidores ela vai vender um produto com mais eficácia do que alguém que é daquele nicho mas  tem  número menor de seguidores”, conclui.

No longa, o super astro do basquete LeBron James se junta à gangue Looney Tunes para derrotar o Goon Squad e salvar seu filho dentro de uma dimensão paralela em que humanos interagem com desenhos animados.

O filme está em exibição nos cinemas.

Influenciadora e ciberativista Triscila Oliveira tem perfil desativado pelo Instagram

0

A influenciadora Triscila Oliveira teve seu perfil (@afemme) desativado pelo Instagram no último dia 13 de julho, sob a justificativa de ter “violado as regras da comunidade ao infringir os direitos de propriedade intelectual de terceiros”. O perfil da roteirista contava com mais de 300 mil seguidores e em torno de onze mil publicações sobre educação antirracista, empoderamento da mulher preta e autocuidado.

Imagem: Instagram

Em uma reclamação aberta contra a plataforma no site Reclame Aqui, a influenciadora questionou os critérios da plataforma para exclusão de seu perfil. “Cerca de 70% do meu conteúdo são repostagens de outros perfis onde tais conteúdos, (que a plataforma bloqueia ou remove do meu feed) permanecem”, postou.

Eu criei o @afemme1 (inicialmente @femmeholiks) em Agosto de 2015, e ao longo de 7 anos e pouco mais de 11 mil posts de criação e curadoria de conteúdo de caráter educacional, ciberativista, antirracista e feminista, levantei conscientização sobre justiça social e direitos humanos”, escreveu Triscila, que prossegue: “Meu perfil é monetizado e recebo contribuições para a realização deste trabalho, e nesse momento de pandemia tornou-se o único sustento da minha família. Eu preciso da restauração da minha conta”.

Recentemente, Triscila ganhou um notebook da Dell enviado pela Intel para que pudesse continuar produzindo conteúdo para as redes.

Após o ápice dos movimentos do Black Lives Matter no Brasil, alguns influenciadores pretos apontaram a perda de seguidores e o sumiço de postagens. “Interessantemente é que, como sabemos, qualquer pessoa pode anonimamente denunciar uma conta por infringir propriedade intelectual e o Instagram acata, fiz uns experimentos e denunciei uns conteúdos pedófilos, nazistas e pornográficos e…nada, continuam lá. Pedofilia, nazismo e pornografia tudo bem na plataforma, só não pode repostar um vídeo que está pela internet inteira”, desabafa Triscila.

Triscila Oliveira também é conhecida por co-escrever os roteiros dos quadrinhos ácidos “Os Santos” e da série “Confinada” junto com o ilustrador Leandro Assis.

Idris Elba defende verificação de identidade para usuários de redes sociais

0
Foto: Getty Images

Para tentear combater a propagação do racismo por meio da internet, o ator Idris Elba usou suas redes sociais para defender que as plataformas façam a verificação de identidade dos usuários.

O ator iniciou seu texto falando sobre a verificação que é realizada para figuras públicas, que contam com um selo de verificação de identidade, atestando que ali se trata de uma pessoa real e identificável. “O processo de verificação requer que a pessoa prove a sua identidade para que todos saibam quem está falando”, iniciou o ator.

“Atualmente, as redes sociais são como embarcar num avião sem apresentar a identidade. Isso nunca aconteceria […] Se os covardes estão sendo sustentados por um véu de privacidade e sigilo, então a mídia social não é um espaço seguro. Se querem jorrar retórica racial façam isso com o seu nome, não com um nome de usuário”, disse Elba.

A postagem do ator vem no esteio dos ataques racistas sofridos pelos jogadores Marcus Rashford, Bukayo Saka, e Jadon Sancho após perderem pênaltis na final da Eurocopa. Antes de postar este pedido sobre a verificação de identidade, Elba postou uma foto de Bukako Saka sem legenda, demonstrando seu apoio e solidariedade.

POLÊMICA — Apesar de muitos concordarem que seja importante garantir a segurança na internet para que não sejam cometidos crimes com o véu do anonimato, existe também a preocupação com a segurança de ativistas que usam a internet e as redes sociais para denunciar ações cometidas pelo próprio Estado, por exemplo.

Além disso, preocupações com a segurança dos dados na internet e até mesmo com a segurança física, fazem com que as pessoas optem por não usar seus nomes reais ou mesmo fotos em perfis de redes sociais, muito menos pensar em vincular documentos oficiais a estes perfis.

Deputados europeus pedem que Comitê Olímpico libere uso de toucas para cabelos crespos

0
Alice Dearing usa a touca soulcap e será a primeira mulher negra a representar a Grã-Bretanha em Jogos Olímpicos. Foto: Luke Hutson-Flynn.

Federação Internacional de Natação proibiu o item por “não se adequar ao formato natural da cabeça”

Após a proibição, pela Federação Internacional de Natação, do uso de toucas adequadas para cabelos crespos e volumosos, parlamentares da União Europeia enviaram uma carta para o Comitê Olímpico Internacional, solicitando a liberação do uso do item.

Em documento enviado a Thomas Bach e Sebastian Coe, presidentes do COI e do Atletismo Mundial, o Intergrupo Anti-Racismo e Diversidade do Parlamento Europeu disse que a proibição efetiva da Federação Internacional de Natação (FINA) da touca de natação da marca Soul Cap em torneios internacionais “reflete a estigmatização do cabelo negro e leva a desigualdades institucionais, especialmente visando mulheres negras”. A informação é da CNN.

Os deputados sugerem que os presidentes admitam que as regras são de “caráter excludente”, e solicitam também que “estabeleçam enquadramentos e políticas para prevenir casos semelhantes de exclusão”.

Explicando o seu particular interesse neste caso, os eurodeputados afirmaram que a União Europeia “se baseia nos valores da igualdade e da não discriminação” e que os tratados da UE incentivam o bloco a promover a lealdade e a abertura em todas as competições desportivas.

A FINA disse, em 2 de julho. que revisaria a proibição, mas nenhuma decisão sobre o assunto foi anunciada até o momento. Os jogos Olímpicos de Tóquio começam no próximo dia 23 de julho.

De acordo com a CNN, a carta também critica a comunidade esportiva internacional além da proibição do Soul Cap, acrescentando que a “estigmatização das mulheres negras e de seus corpos não é um fenômeno novo”.

O documento exemplifica a afirmação com o caso de duas velocistas cisgênero de 18 anos da Namíbia, Christine Mboma e Beatrice Masilingi, que foram banidas dos 400 metros rasos femininos devido aos seus níveis naturais de testosterona serem muito altos para os esportes femininos. “Mboma e Masilingi só podem entrar nas Olimpíadas se concordarem em tomar medicamentos para reduzir seus níveis naturais de testosterona”, diz a carta.

“Conquista enorme”: Ludmilla comemora inclusão do funk brasileiro no Grammy Latino

0

Ludmilla vibrou com a novidade nas redes sociais

O funk brasileiro agora está entre os estilos chamados de “música urbana” pelo Grammy Latino. A cantora Ludmilla comemorou a novidade nas redes sociais. “Isso é uma conquista enorme pro funk, é o reconhecimento de uma luta de anos dos funkeiros”, disse a cantora.

No site do Grammy, a sessão de música urbana passou a ser definida como: “gravações, vocais (apenas singles ou faixas) que foram gravadas por artistas solo, duetos ou grupos (individuais ou em colaboração) apresentando uma gravação de caráter urbano (incluindo subgêneros como rap, reggaeton, hip hop, R&B, funk brasileiro, trap, dancehall etc)”.

Na prática, agora mais artistas do funk brasileiro poderão ser indicados e concorrer ao Grammy. A cerimônia de premiação do Grammy Latino 2021 está prevista para o dia 18 de novembro, em Las Vegas. O anúncio dos indicados será feito em 28 de setembro.

Filme derivado da série ‘Luther’ trará Idris Elba de volta ao personagem que o consagrou

0

Segundo o site Collider, um filme derivado da série “Luther” está próximo de  acontecer. A série protagonizada por Idris Elba (‘Círculo de Fogo’) deve ganhar um longa-metragem produzido em conjunto com a Netflix e BBC, o diretor da quinta temporada, Jamie Payne, vai comandar a produção.

LUTHER: Season 2 | KPBS
Imagem: Reprodução

A série foi encerrada definitivamente em 2019 e não foi renovada pela BBC. Elba tem feito campanha para um filme do personagem que lhe deu projeção desde antes da última temporada ir ao ar. O próprio ator disse que as filmagens começarão em setembro, mas nem a Netflix e nem a BBC oficializaram nenhuma informação.

A série acompanha o detetive britânico John Luther (Idris Elba), um policial super brilhante mas que usa métodos pouco ortodoxos para desvendar os casos e uma lida com a vida de forma cínica.

“É fundamental aquilombar-se para ter musculatura emocional”, diz Adriana Barbosa CEO da PretaHub

0
Foto: Jef Delgado.

Por Rodolfo Gomes e Victória Gianlourenço

Adriana Barbosa nasceu no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Filha de pai contador, que trabalhou em emissoras de rádio por muitos anos, e uma mãe, que também trabalhou no ecossistema de rádio e TV, como contato comercial com agências de publicidade. Começou a trabalhar desde muito cedo, por volta dos 5 anos, com sua bisavó, fazendo salgados, doces, marmitex, entre outras coisas, sempre buscando uma forma de contribuir e complementar sua renda. Essa raiz empreendedora conduziu sua trajetória de vida.

Em casa, na infância e adolescência, seus pais não falavam sobre as questões raciais, exceto pelos clichês, como trabalhar duas vezes mais que os brancos, entre outros, mas sem teoria, sem letramento. Foi na rua que Adriana aprendeu, com o movimento negro, sua identidade, sua cor e o quanto tinha a se orgulhar. “As vivencias em relação ao racismo vieram de fato com a Feira Preta, e a descoberta enquanto mulher negra.”

“Eu era tímida crônica. Eu era periférica numa região de classe média. Apesar de estudar em escolas públicas, nas aulas quase não tinham crianças negras. E sentia o racismo pela forma que era chamada. Sempre preterida nos bailinhos, nos correios elegantes, com apenas mais um colega preto, o “Ben Johnson” (apelido racista, que se referia ao famoso velocista jamaicano, vencedor de medalhas na década de 80). Descobria o racismo de maneira subliminar, quando sempre a associavam a esse amigo. “Vai ser a Adriana e o Ben Johnson”.

Ainda na adolescência, começou a frequentar a cena de baladas de Black Music, da Vila Madalena, onde se identificava com tantos outros jovens negros, que se deslocavam até o local para se divertir. Só quando se envolveu nessas baladas, com jovens negros, que descobriu de fato o que era o racismo, de forma teórica. “Como frequentadora de baladas, isso me fazia ver os jovens negros, cultura negra, música negra.”

Lá, analisando as casas noturnas que frequentava, também tomou consciência de que havia muitos pretos na cadeia de produção como recepcionistas, garçons, equipe de apoio, mas os donos dos locais eram homens, majoritariamente brancos. Na juventude, cursava marketing, e sonhando trabalhar com música negra e começou a trabalhar em uma gravadora. Lá, também enfrentou o racismo, mas de forma mais amena. “Na gravadora, tinham muitos artistas negros. As questões eram mais sutis.”

Mas o mercado tradicional da música já dava sinais de deterioração, e quando perdeu seu emprego, se viu obrigada a trancar seu curso, e correr atrás de algo para se manter. Ciente de que não conseguiria se recolocar no mesmo mercado, começou em 2002 a vender roupas usadas nas feiras livres, juntamente com uma amiga, que vendia pastel e outros alimentos.

Esse foi o seu primeiro empreendimento, o “brechó da troca”, na região da Vila Madalena. Fazendo feiras de rua, certo dia perdeu boa parte do seu investimento, quando foi surpreendida por um arrastão. Daí, surgiu a ideia de criar uma feira sistematizada de fato, para atender o povo preto.

Ambas decidiram criar naquela região a Feira Preta, pra trazer pro centro, dessa vez sem intermediários, o potencial inventivo do povo negro, em contato direto com o consumidor. Feira é democrático. No primeiro ano, com baixo investimento, começaram a mobilizar 5.000 pessoas. E o modelo feira estava comprovado, podendo ser um negócio no futuro.

“Começamos com 40 expositores, com um público de 5.000 frequentadores. No segundo ano, esse público foi aumentando cada vez mais, até que fomos novamente surpreendidas por um processo de abaixo assinado, para retirar a feira da região. Não nos demos por vencidas, e a feira então virou itinerante, passando por vários espaços, levantando a questão do território (onde os pretos podem estar).”

Indo para o Anhembi surgiu a necessidade de transformar a feira num negócio de impacto social, sistematizado com várias frentes. Foi então que a Feira foi remodelada, se transformando num festival. Várias questões foram levantadas, desde quais seriam as atrações até quais artistas seriam convidados. Assim nasceu a plataforma de Afrofuturismo, PretaHub, para mitigar os gaps, com produção de dados, aceleração de empreendedores, inovação, artes e oficinas. A plataforma contempla o Afrolab, Afrohub, Festival Feira Preta, Festival Pretas Potências, e Conversando a Gente Se Aprende.

“A feira surgiu no auge das ações afirmativas no Brasil, quando muitas coisas começaram a acontecer de forma sistêmica. Na época os Racionais MCs estouraram no Brasil. Ilê, Olodum. Foi também a época do auge da Revista Raça. A feira começa olhando para esses movimentos de identidade negra, como parte de um movimento em processo de transformação que o Brasil estava passando na época. Mobilidade social, inserção nas universidades através de cotas e programa de bolsas, políticas raciais”.

Dentro do PretaHub, existem diversos processos sistêmicos, que buscam desenvolver a feira, e o mercado de consumo para a população negra, como um todo. Foi Adriana quem trouxe o tema racial para dentro de sua casa. E foi transformadora a diferença que conseguiu promover em sua família. “Meu avô ia pro metrô distribuir o flyer da Feira Preta. Foi transformador para minha família. Se reconhecer negro, e perceber o seu valor. Minha mãe passou pelo processo de transição capilar somente quando surgiu a Feira Preta”.

Aos 30 anos, Adriana retomou o curso universitário, na universidade Anhembi-Morumbi, em gestão de eventos, com especialização pelo SELAC (Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação). Em 2017, Adriana foi eleita pela ONU como uma das 51 pessoas negras mais influentes do mundo, pelo MIPAD (Most Influential People of African Descent ou “Os Maiores Influenciadores Afrodescendentes”, em tradução livre).

Atualmente, Adriana quer ampliar territorialmente a Feira Preta para outros países. Já fez edições na Bolívia, e o projeto é partir para a Colômbia e África do Sul. Durante um tempo, até que a Feira Preta tomasse corpo, voltou a atuar no Corporativo, como Coordenadora, e sentiu de fato o “racismo advanced”, como ela define, com piadinhas e brincadeiras.

Hoje, reconhece que foi um movimento emancipador se reconhecer como mulher negra, através da Feira Preta. Roupas, cabelo, identidade. Perceber o seu valor. E busca transferir, de forma teórica e letrada, seus ensinamentos para sua filha, Clara, de 8 anos, que além de reconhecidamente preta, é também uma multiplicadora.

“Minha filha de 8 anos é quem distribui hoje os flyers da feira! Ela sabe quem foi Zumbi dos Palmares. Já foi a um quilombo. É um serzinho que multiplica informação, sabe das questões LGBTPIAP+. Possui Identidade muito própria, muito segura. E isso foi trabalhado nela desde muito cedo, diariamente. Da escola aos livros. Das conversas aos desenhos. Eu me dediquei pra fazer esse processo acontecer, diferente da minha mãe e minha avó, que não tinham essa bagagem pra me transmitir na infância.”

Adriana considera que esse processo foi um salto quântico, transgeracional, e que gera frutos permanentes pra sua família e pra sociedade. A Feira Preta hoje é o maior evento de cultura negra da América Latina. “É fundamental aquilombar-se, para ter musculatura emocional”, finaliza.

Cabelos coloridos e com mechas são tendência entre crespas e cacheadas. Veja técnicas e cuidados

0
Foto: Salão Bruno Dantte.

Na hora de mudar o visual, a coloração está entre as opções mais atrativas para quem vive o conceito do “cabelo real”. Desmistificando o dito popular de que cabelos com curvaturas mais fechadas e naturalmente mais secos não “aguentam” tal procedimento, especialistas explicam que com os cuidados certos, antes e depois da tintura, é possível ousar em técnicas como mechas e até mesmo em “cores fantasia”.

Segundo Bruno Dantte, especialista em cabelos “reais” e precursor do movimento “adeus à ditadura da chapinha”, existem três técnicas de luzes e mechas em ascensão, sendo o “iluminada” o mais tradicional. O método consiste, literalmente, em iluminar um ou dois tons do castanho e dar uma ar de luz ao rosto e ao cabelo monocromático. Um cuidado especial a quem tem cabelo crespo é analisar junto a um profissional se a tintura com um loiro mais claro, por exemplo, não vai provocar perda de textura.

“Hoje em dia, as pessoas têm mais receio de tingir o cabelo e deixá-lo quebradiço e sem textura do que propriamente ficar loira. O cabelo crespo é o cabelo mais fino e sensível que existe, portanto, é preciso fazer uma análise da porosidade e o fundo de clareamento do cabelo para se ter noção do quanto a descoloração vai danificar. Apesar de haver sim um risco, negros e negras podem arriscar nas mais diversas cores, desde de que comprometam a tratar o cabelo”, afirma Bruno.

Foto: Salão Bruno Dantte.

As outras duas técnicas ressaltadas pelo especialista são “free hands” (mãos livres, em português) e ombré. A primeira consiste em escolher as mechas e aplicar o produto sem uma quantidade exata de fios. Já o ombré vem do francês e significa cabelo sombreado. Essa coloração mantém a raiz na cor original e clareia os fios a partir da orelha, de maneira sutil. “Crespas, cacheadas e onduladas ousam na técnica free hands, que dá a liberdade de escolha das partes do cabelo que se pretende clarear, sem deixar marcações. Ela não existe papel alumínio, o que dá mais naturalidade. Já na ombré, as mechas começam a ser puxadas da orelha para baixo, dando um ar bem mais natural que a californiana, por exemplo”, afirma o cabeleireiro.

Cabelos coloridos — Quando o assunto é cabelo colorido, as cores podem ser as mais diversas e feitas tanto no cabelo todo, quanto em mechas frontais ou laterais, ou até mesmo na nuca. A cabeleireira Tania Sara, especialista em coloração e corte no salão Bruno Dantte Conceito, defende que não há uma “cor fantasia” ideal para cada tom de pele, ao contrário, todas e todos podem ousar na tintura, tendo como base os cuidados que cada uma delas vai requerer.

“A cliente tem a liberdade de escolher a cor, a nossa função é apontar as opções de cores que o cabelo pode chegar. Para isso, é feito um teste de mechas, para descobrir o fundo de clareamento e a estrutura do fio. Depois, é responsabilidade do profissional optar apenas pela técnica menos agressiva. Para cabelos mais finos e mais crespos é possível não usar descolorante, e optar por tintas super clareadoras, que mantêm a saúde dos fios”, explica.

Segundo Tania, para não causar ressecamento excessivo dos fios, a descoloração deve ser feita na medida de dois dedos afastada da raiz. Em relação às cores que exigem mais cuidado, ela coloca os tons pastéis, como azul bebê e rosa claro. Já entre as que menos agridem estão magenta, vermelho, laranja e verde. A especialista ensina que para trocar de cor sem ter que descolorir sempre, basta seguir o círculo cromático com máscaras pigmentantes. Isso porque a tinta desbota, deixando uma base clara possível de ser tingida por cima.

Foto: Salão Bruno Dantte.

Cuidados pré e pós-coloração — As dicas dos cabeleireiros Bruno Dantte e Tania Sara para antes e depois da coloração é ter o hábito de cuidar dos fios com produtos para hidratação, nutrição e restauração toda semana. Sendo os cabelos crespos e cacheados naturalmente mais secos, é fundamental que haja um cuidado inclusive pré-coloração, para que o cabelo não perca textura e não fique quebradiço com a passagem da química.

Neste sentido, a proposta é repor massa capilar com queratina vegetal, solução que contém aminoácidos do arroz, soja e do trigo, capazes de revitalizar o cabelo e recompor os nutrientes em falta. Além disso, é indicado adicionar óleos vegetais na finalização, como azeite, óleo de argan, de semente de uva e abacate.

Em cabelos coloridos, a dica é abusar de produtos com composição mais natural, produzidos à base de óleos, queratinas e aminoácidos. Além disso, Tania ressalta que é ideal ter uma rotina de acidificação dos fios, que consiste em usar cremes de tratamento para fechar os poros do cabelo e segurar os nutrientes por mais tempo.

Quiabo é tudo de bom! Já dizia o provérbio africano “Quem come quiabo, não pega feitiço”

0
Imagem: Pixabay


Quiabo é um dos vegetais mais usado pelo povo do santo em sua alimentação e oferendada a alguns Orixás.
Sempre foi uma comida obrigatória dos faraós no Egito, hoje ocupa lugar de destaque na cozinha ritual dos terreiros de candomblé. Nas comunidades terreiros tal verdura recebe tratamento especial, constituindo-se como base de várias comidas rituais, as chamadas comidas votivas dedicadas aos orixás em ocasiões especiais que visam reforçar, estreitar ou reconstruir os laços dos fiéis com o Sagrado, usado cru, cozido, aferventado, com ou sem sementes, temperado de várias formas de acordo com a receita da sua dinastia tem efeitos diversos, quando oferecido a determinados Orixás.

O quiabo também é um bom aliado do sistema digestivo! Acredite se quiser, mas a baba do quiabo também é ótima para os cabelos, proporcionando brilho e atuando como condicionador.

Esse vegetal é cheio de substâncias antioxidantes que combatem os radicais livres e ajudam a prevenir doenças, como o câncer inclusive. A vitamina C é um desses antioxidantes, ela estimula a produção de leucócitos, nossas células de defesa, por isso é tão importante para fortalecer nosso sistema imunológico. Fonte de vitamina A, que ajuda a proteger os olhos de doenças como degeneração macular e catarata. Essa mesma vitamina também faz um bem danado para a pele, ajudando a ter uma cicatrização mais rápida e prevenindo rugas e acne.

Outra substância importante presente no quiabo é o potássio, que equilibra o sódio do organismo e ajuda a relaxar os vasos sanguíneos e artérias, reduzindo a pressão arterial.

Famoso em receitas típicas brasileiras, como o frango com quiabo, da culinária mineira, e o baiano caruru, o camarão com quiabo, este vegetal também fica ótimo como acompanhamento de carnes, podendo ser acrescentado em saladas e refogados.

Além de tudo isso, o quiabo ainda tem boas quantidades de ácido fólico, bom para gestantes, e vitamina K, boa para os ossos. Por isso, se você torce o nariz, mas nunca nem mesmo experimentou…dê uma chance a esse verdinho!


Hoje trago uma receita que representa a África no Sul dos EUA.

O Gumbo é a sopa de quiabo de Lousiana: Uma referência da autêntica cozinha ancestral africana pelas Américas.


Gumbo (em português, gombô) é dos pratos mais marcantes da culinária Cajun da Louisiana (sul dos Estados Unidos). É um guisado ou uma sopa grossa, geralmente com vários tipos de carnes ou mariscos, que se come com arroz, podendo constituir uma refeição completa.
A palavra “gumbo” é de origem incerta, a fonte provável é a palavra Bantu “(ki)ngombo”, que significa quiabo (um dos ingredientes utilizados para engrossar o molho).

O principal ingrediente do Gumbo é o Quiabo, uma planta da família da malva (Malvaceae). Possui origem Africana, precisamente na Etiopia. Seu fruto, conhecido como quiabo, quingombô, gombô, quibombô, quigombó, quibombó, quimbombô, quingobó, quingombó e quingombô.

Gumbo: Aline Chermoula



Ingredientes:

100 gramas de manteiga
1/2 quilo de coxa e sobrecoxa de frango, sem osso, em cubos
Tempero cajun
1/2 pimentão verde picado
1/2 pimentão amarelo picado
1/2 pimentão vermelho picado
2 talos de salsão picados
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
2 folhas de louro
200 gramas de chouriço
1 xícara de farinha de trigo
1 lata de tomate pelado
1/2 litro de caldo de galinha
Sal e pimenta do reino
4 quiabos lavados e picados
2 colheres (chá) de tomilho picado
Cebolinha picada para finalizar

Preparo

Em uma panela grande, aqueça metade da manteiga e refogue o frango. Junte o tempero cajun e mantenha no fogo, mexendo, até que o frango fique ligeiramente dourado. Retire e reserve. Na mesma panela, aqueça o restante da manteiga e refogue os pimentões, o salsão, a cebola, o alho e as folhas de louro. Junte o chouriço e misture. Adicione a farinha de trigo aos poucos, mexendo, até incorporá-la bem até incorporá-la bem. Deixe cozinhar por cerca de cinco minutos ou até começar a soltar do fundo da panela. Acrescente o tomate pelado e o caldo de galinha. Misture e deixe ferver. Junte o frango reservado, e tempere com sal e pimenta. Tampe e deixe cozinhar por cerca de 30 minutos. Adicione o quiabo e cozinhe por mais cinco minutos. Retire do fogo e finalize com o tomilho e cebolinha picada. Sirva acompanhado de arroz branco.

Tenho certeza que você vai amar está receita. Afinal, já dizia o provérbio africano: “quem come quiabo, não pega feitiço “

error: Content is protected !!