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“Dói na alma”: O crime de racismo no futebol

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Foto: Reprodução/Alexandre Durão

Os jornalistas esportivos, na sua maioria brancos, estão sendo obrigados a falar de racismo com uma frequência maior do que habitualmente se expressam. O caso mais recente aconteceu no dia 6 de março, na vitória do Palmeiras sobre o Cerro Porteño, por 3 a 0, pela Libertadores Sub-20, aos 36 minutos da segunda etapa. Luighi ao ser substituído, foi chamado de macaco pelos torcedores presentes. O jogador alertou, os policiais e a arbitragem da partida sobre o ocorrido, mas o árbitro Augusto Menendez ignorou e deixou o jogo seguir normalmente.

Luighi deu um dos mais importantes depoimentos sobre racismo que marcou o mundo de comunicações. “Dói na alma. E é a mesma dor que todos os pretos sentiram ao longo da história, porque as coisas evoluem, mas nunca são 100% resolvidas. O episódio de hoje deixa cicatrizes e precisa ser encarado como é de fato: crime. Até quando? É a pergunta que espero não ser necessária ser feita em algum momento. Por enquanto, seguimos lutando”, publicou o atleta palmeirense no Instagram.

Tenho acompanhado diariamente os programas esportivos e as manifestações dos jornalistas, que têm sido obrigados a se manifestarem sobre o episódios de racismo. O que impressiona é que são falas rápidas de indignação. Alguns mostram sua ignorância e despreparo em relação a complexidade do racismo, e outros sempre falantes se refugiam no silêncio ou na fala de obviedades.

O fato novo é o envolvimento da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), que é uma instituição esportiva internacional que organiza, desenvolve e controla competições de futebol como o torneio da Libertadores. Uma entidade que tem um histórico de inação e omissão em casos de racismo em torneios desportivos. E a última declaração do presidente da Conmebol dá uma ideia de como o racismo faz parte do cotidiano.

Após um discurso em português em que condenou o racismo, mas não anunciou nenhuma medida para combatê-lo, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, fez uma analogia envolvendo um macaco ao citar a possibilidade de a Libertadores não ter clubes brasileiros. Perguntado na segunda-feira à noite se imaginava como seria uma Libertadores sem os clubes brasileiros, Domínguez respondeu da seguinte forma ao site BolaVip: “Seria como o Tarzan sem a Chita”. E deu uma risada sarcástica.

É inconcebível a analogia com o chimpanzé que atuava nos filmes de Tarzan. Não há como ele ignorar que uma das manifestações racistas mais frequentes nos estádios são torcedores imitando macacos. Em vez de punir os racistas, Domínguez se uniu a eles. Os mais velhos vão se lembrar de que o clássico personagem das selvas africanas, Tarzan, era sempre acompanhado de sua fiel escudeira, a chimpanzé Chita, em uma jornada com claro viés colonialista e racista.

A forma sarcástica e racista que o dirigente se comunica dá uma nítida noção de desprezo pelas vítimas do racismo bem como aos dirigentes de clubes brasileiros. O racismo fere a dignidade humana, e não pode ser contemporizado com declarações de desculpas e alegadas brincadeiras.

A América do Sul está sendo levada a discutir ações contra o racismo, e rever como cada país trata do tema em suas legislações. O Brasil passa a ser a referência. Fruto de lutas do movimento negro e lideranças, que desde o século XIX lutam por direitos para a população negra. Estamos em um momento favorável a uma articulação dos negros na diáspora na América do Sul. O Brasil poderia financiar e promover um encontro dos negros na América do Sul para juntos promover uma ação coletiva contra o racismo.

Camila Pitanga escreveu cena final de sua personagem, Lola, de Beleza Fatal, em colaboração com o autor Raphael Montes

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Foto: Adriano Vizoni/Pivô Audiovisual, Maria de Médicis/Divulgação

O escritor Raphael Montes, responsável pelo sucesso da novela “Beleza Fatal”, primeira produção original da Max, revelou detalhes sobre o processo criativo do último capítulo da trama, que chega ao fim nesta sexta-feira (21), às 20h. Em entrevista recente ao podcast “Um Milk-Shake Chamado Wanda”, Montes contou que a atriz Camila Pitanga, intérprete da icônica vilã Lola, não apenas sugeriu mudanças no roteiro, mas também participou ativamente da construção da cena final em um encontro especial.

Segundo o autor, Pitanga entrou em contato com ele para falar sobre suas opiniões sobre o desfecho da personagem. “Ela me ligou e falou assim: ‘Rapha, cara, não acho que essa cena está do jeito que tem que ser’”, revelou Montes. A partir daí, os dois decidiram se encontrar pessoalmente para ajustar a cena. “Fomos juntos para a praia e escrevemos o final lá. Foi uma experiência incrível, de muita troca e criatividade”, contou o autor.

Montes destacou a importância da colaboração de Camila Pitanga no processo. “Construímos juntos a cena. E essa intimidade, essa troca, você só consegue tendo esse tipo de relação. Ela até comentou: ‘Cara, eu nunca tive isso com os autores’. Ou seja, foi uma construção coletiva, o mérito não é só meu”, afirmou.

O autor também elogiou a atuação de Pitanga, descrevendo Lola como uma “gênia absoluta” e ressaltando a capacidade da atriz de transitar entre a malícia da vilã e a doçura que demonstra fora das câmeras.

A novela, que estreou em janeiro, acompanha a jornada de Sofia (Camila Queiroz), uma jovem que vê sua vida virar de cabeça para baixo após a prisão injusta de sua mãe, causada pela prima Lola. Sem rumo, Sofia é acolhida pela família Paixão, liderada pela matriarca Elvira (Giovanna Antonelli), que enfrenta a tragédia de ter a filha Rebeca hospitalizada após uma cirurgia plástica malsucedida.

A trama explora temas como vingança, justiça e redenção, enquanto Sofia e a família Paixão buscam respostas e reparação pelos crimes cometidos contra eles. No entanto, o reencontro da protagonista com um amor de infância coloca tudo em perspectiva, levando-a a questionar suas escolhas e descobrir que a justiça pode ter um preço mais alto do que imaginava.

Sobre a possibilidade de uma continuação, Montes foi enfático: “A história acaba como tem que acabar. Não fiz pensando em continuar, não tem gancho, não tem nada, é lindo”.

Juíza é alvo de ataques racistas em petição escrita pelo advogado José Francisco Barbosa Abud: “resquícios de senzala”

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Foto: Reprodução

Um advogado do Rio de Janeiro está sendo acusado de racismo após enviar uma petição à juíza Helenice Rangel, da 3ª Vara Cível de Campos dos Goytacazes, contendo trechos considerados racistas e ofensivos. No documento, José Francisco Barbosa Abud se referiu à magistrada como “magistrada afrodescendente com resquícios de senzala e recalque ou memória celular dos açoites” e mencionou “decisões prevaricadoras proferidas por bonecas admoestadas das filhas das Sinhás das casas de engenho”.

De acordo com a juíza, o comportamento inadequado do advogado não é recente. Ela relata que ele já vinha enviando e-mails debochados, irônicos e desrespeitosos, além de utilizar palavras de baixo calão, principalmente dirigidas a magistradas e servidores. “Sua conduta é ameaçadora. Precisamos dar um basta a essa sensação de impunidade”, afirmou Helenice Rangel em despacho.

O caso foi remetido ao juiz Leonardo Cajueiro Azevedo após a magistrada se afastar do processo. Cajueiro encaminhou o caso ao Ministério Público, solicitando a instauração de um procedimento criminal para apurar possíveis crimes de racismo, injúria racial e apologia ao nazismo. O advogado José Francisco Barbosa Abud já é investigado internamente pela OAB.

A presidente da Seccional Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Ana Tereza Basilio, determinou a abertura imediata de uma investigação para apurar a conduta do advogado. “Racismo é crime e deve ser combatido por toda a sociedade”, afirmou a juíza Eunice Haddad, presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio (Amaerj), que classificou o caso como “inaceitável”.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) emitiu uma nota manifestando solidariedade à juíza Helenice Rangel e repudiando as manifestações racistas do advogado. “Tais condutas são incompatíveis com o respeito exigido nas relações institucionais e configuram evidente violação aos princípios éticos e legais que regem a atividade jurídica”, diz o comunicado.

O TJRJ afirmou ainda que o caso foi encaminhado ao Ministério Público e à OAB para apuração rigorosa das responsabilidades nas esferas criminal e disciplinar. “O comportamento do advogado, além de atingir diretamente a honra pessoal e profissional da magistrada, representa uma grave afronta à dignidade humana e ao exercício democrático da função jurisdicional”, concluiu a nota.

José Francisco Barbosa Abud pode enfrentar sanções tanto na esfera criminal quanto na ético-profissional, dependendo do resultado das apurações.

‘Racismo custa caro para os negócios’, CEO do MOVER ressalta impacto econômico da discriminação

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Foto: Divulgação

O Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado nesta sexta-feira (21), tem um significado ainda mais importante considerando a onda racista e conservadora que tem influenciado empresas a reverter programas que promovem a diversidade: “No Brasil, há um potencial significativo para liderar políticas inclusivas devido a fatores sociodemográficos, políticos, históricos e jurídicos favoráveis”, destacou Natália Paiva, diretora-executiva do MOVER (Movimento pela Equidade Racial), durante entrevista para o Mundo Negro.

Para a executiva, a diversidade e inclusão são importantes para além do ponto de vista moral, trazendo retornos financeiros positivos para os negócios: “Há cada vez mais evidência sobre o impacto positivo de times diversos em vetores como inovação e performance. Além disso, do ponto de vista de cultura, colaboradores valorizam cada vez mais ambientes diversos, inclusivos e plurais – principalmente os das novas gerações. Consumidores e clientes estão cada vez mais escrutinizando as práticas de diversidade das empresas – em muitos casos, exigindo padrões mínimos para a contratação de serviços –, colocando pressão sobre o negócio”, explica.

“Racismo custa caro para os negócios, e lideranças e empresas que percebem isso certamente estão mais bem preparadas para o sucesso”, pontua Natália Paiva. Ela também lembra que: “empresas que não adotam políticas de diversidade, equidade e inclusão correm o risco de se desconectar de uma parcela significativa do mercado e da sociedade, especialmente no Brasil, onde a população preta e parda representa 56%”.

O movimento, que atua para conscientizar e fomentar o desenvolvimento de carreira e negócio de pessoas negras, afirma ter apoiado a geração de mais de 2.000 cargos de liderança para profissionais negros apenas em 2024. Mesmo com bons resultados, o esforço de promover equidade racial no mercado de trabalho, sobretudo nos cargos de liderança, ainda é um desafio.

No ano passado, a pesquisa “Lideranças em construção: por que a trajetória de profissionais negros é tão solitária?”, realizado pela Indique uma Preta, consultoria especializada em Diversidade & Inclusão, e a Cloo, empresa de investigação e consultoria comportamental, mostrou que pessoas negras ocupam apenas 8% dos cargos de liderança.

Natália explica que alguns mitos sobre diversidade ainda impedem empresas de investir no tema. “O primeiro é de que se trata de algo simples, que pode ser tocado de maneira informal ou, quando há time dedicado, que se trata de uma obrigação apenas deste, em geral subdimensionado e com orçamento insuficiente. Pelo contrário, para colher resultados concretos é necessário o comprometimento das lideranças, uma correta alocação de recursos e o estabelecimento de planos e metas com responsabilidade compartilhada. Acima de tudo, é preciso reconhecer que esta é uma agenda complexa, que precisa ser transversal e multifuncional”.

Além disso, a executiva relembra que além do impacto social, a diversidade é “um vetor relevante para a sustentabilidade da organização e para o sucesso dos negócios”. “Outro mito relevante é de que não há talentos negros qualificados para posições de liderança. Sim, é crucial investir na capacitação e na formação de pessoas negras para superar as disparidades socioeducacionais históricas. Porém, há muitos talentos negros que seguem invisibilizados e subrepresentados no mercado de recrutamento, que depende excessivamente de redes de contatos. Precisamos diversificar também as fontes de busca, além de monitorar vieses e repensar nossos conceitos de liderança”.

“No Brasil, há um potencial significativo para liderar políticas inclusivas devido a fatores sociodemográficos, políticos, históricos e jurídicos favoráveis. O MOVER trabalha para garantir que a equidade racial continue no centro das decisões corporativas. Além disso, reforça a importância da consistência nas políticas de diversidade, garantindo que elas sejam vistas como estratégicas para inovação e competitividade, e não apenas como respostas a tendências globais”, finaliza.

Grupo de advogados negros aciona a Fifa para expulsar presidente da Conmebol por racismo

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Foto: Reprodução/CONMEBOL Libertadores

Juristas e advogados negros, membros da associação JusRacial, entraram na quarta-feira (19) com uma representação à Fifa pedindo a expulsão de Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).

O pedido tem como base uma fala de Domínguez durante o sorteio da Copa Libertadores da América, realizado na segunda-feira (17), no Paraguai. Na ocasião, ele afirmou que a ausência de times brasileiros na competição por questões relacionadas ao racismo “seria como Tarzan sem Chita”.

Para o advogado Hédio Silva Jr., fundador da JusRacial e ex-secretário de Justiça de São Paulo, a declaração é “inaceitável” e uma ofensa aos jogadores e clubes brasileiros. “Domínguez não apenas minimiza o racismo no futebol, mas naturaliza a ofensa racial como algo aceitável. Isso é inadmissível. Se a Fifa quer ser levada a sério no combate ao racismo, precisa bani-lo do futebol”, afirmou ao g1.

Na representação, os juristas citam os artigos 3º, 4º, 5º e 8º do estatuto da Fifa, que proíbem condutas discriminatórias e preveem punições severas para casos de racismo. Também mencionam os artigos 11 e 13 do Código Disciplinar da entidade, que vetam esse tipo de comportamento.

Além disso, o grupo alega que Domínguez é reincidente em declarações racistas, o que compromete a credibilidade da Conmebol e tornaria sua permanência no cargo “insustentável”.

O pedido protocolado exige que a Fifa adote uma postura firme e reforce o compromisso com um futebol baseado no respeito e na igualdade.

Procurada, a Conmebol divulgou nota nesta quinta-feira (20) informando que convocou representantes de governos e associações dos dez países-membros para uma reunião no dia 27 de março. O encontro discutirá manifestações de racismo, discriminação e violência no futebol sul-americano.

Entenda o caso

Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, foi questionado sobre a possibilidade de clubes brasileiros não jogarem na Copa Libertadores, após recentes situações de racismo, em especial o caso sofrido pelo jogador do Palmeiras, Luighi, durante a partida contra o Cerro Porteño, pela Libertadores Sub-20, no Paraguai, no início do mês.

Luighi relatou que um torcedor do time rival, com uma criança no colo, fez gestos imitando um macaco em sua direção, foi chamado de “macaco” e ainda recebeu uma cusparada. O jogador denunciou o ocorrido ao árbitro Augusto Menendez, mas a partida seguiu sem intervenção. Após o jogo, Luighi chorou em entrevista e desabafou: “Até quando a gente vai passar por isso? O que fizeram comigo foi um crime”. O caso ganhou grande repercussão midiática.

Em seguida, dr. Hédio Silva Júnior, por meio do JusRacial, enviou uma notificação extrajudicial à Conmebol exigindo explicações sobre o episódio. Ele também criticou o Palmeiras por negligenciar a defesa do jogador. “O Palmeiras não pleiteou a punição do juiz por não ter interrompido a partida, não questionou a súmula do jogo, uma prova essencial para sabermos inclusive se o juiz foi devidamente treinado para lidar com uma situação dessas. Afirmou publicamente que o Cerro Porteño é reincidente, mas não requereu certidão de reincidência de modo a agravar as punições ao clube”, afirmou em recente entrevista ao Mundo Negro.

‘Assassinato na Casa Branca’: série estrelada por Uzo Aduba estreia na Netflix

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Foto: Erin Simkin/Netflix © 2024

Depois de fazer a mansão presidencial ferver em ‘Scandal’, agora a Shonda Rhimes volta com a série ‘Assassinato na Casa Branca’ para resolver o mistério de um crime com muito humor. Estrelado por Uzo Aduba (Orange is The New Black), como Cordelia Cupp, uma investigadora sarcástica e afiada, a nova produção da Shondaland estreou hoje, 20, na Netflix. 

Para Aduba, liderar um elenco estelar como esse é motivo de comemoração. “Temos um grupo incrível de seres humanos fenomenalmente talentosos, bons, generosos, atenciosos, divertidos, talentosos, simplesmente incríveis… Era uma loucura todos os dias com nosso elenco. Adorávamos vir trabalhar todos os dias”, contou ao portal Tudum. 

O elenco também inclui outros grandes nomes da televisão, como: Randall Park (WandaVision), Giancarlo Esposito (Breaking Bad), Edwina Findley (The Wire), Al Mitchell (Stranger Things) e Susan Kelechi Watson (This is Us). 

A série usa como ponto de partida o livroThe Residence: Inside the Private World of the White House’, de Kate Andersen Brower, mas não se trata de uma adaptação fiel. O criador Paul William Davies (roteirista e produtor de Scandal) pegou a ideia central e criou um thriller original, misturando o universo secreto da Casa Branca com uma trama de investigação intensa.

Segundo a sinopse oficial: “Há 132 quartos, 157 suspeitos, um cadáver, um detetive muitíssimo excêntrico e um jantar de estado desastroso. ‘Assassinato na Casa Branca’ é uma divertida história de intenso mistério policial, do andar de cima ao andar de baixo e passando pelos fundos, em torno da eclética equipa da mansão mais famosa do mundo”.

Festival Ajeum Carioca celebra a culinária de matriz africana no Rio

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Fotos: Agência Globo e Divulgação

O Festival Ajeum Carioca, com o objetivo de celebrar a tradição da culinária de matriz africana, começou na semana passada e segue até 30 de março, reunindo bares e restaurantes das zonas Portuária e Norte do Rio de Janeiro.

A proposta vai além da gastronomia, o evento promovido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC), busca fortalecer a economia criativa e destacar a importância da segurança alimentar. “Além de estimular a criatividade e o desenvolvimento sustentável, queremos valorizar as heranças socioambientais e culturais que formam a base da culinária afro-brasileira”, explica Tainá de Paula, secretária de Meio Ambiente e Clima.

Os estabelecimentos foram escolhidos por sua conexão com essas raízes, priorizando o preparo artesanal e o uso sustentável dos ingredientes. Durante o festival, os visitantes podem avaliar os pratos, dando notas de 8,5 (regular) a 10 (excelente).

Todos os participantes recebem o “Selo Ajeum Carioca”, um reconhecimento pelo compromisso com a valorização da gastronomia afro-brasileira.

Confira os estabelecimentos para saborear e participar do Ajeum Carioca:

Agô Bar da Encruza: Rua Áurea, 30, Santa Teresa. De quarta a sexta, das 18h à 1h | Sábado e domingo, das 12h à 1h.

Boemia Carioca Samba Bar: Rua João Pinheiro, 174, Piedade. Quarta a domingo, das 17h às 2h.

Borogun Bar: Rua Barão de Cotegipe, 280A, Vila Isabel. Quarta e quinta, das 17h à meia-noite | sexta e sábado, das 17h à 1h30 | Domingo, das 12h às 22h.

Casa Omolokum: Rua Tia Ciata, 51, Saúde. De sexta a domingo, das 13h às 18h.

Casa Savana: Rua Camerino, 62, Centro. Sábado e domingo, das 12h às 16h.

Dida Bar e Restaurante: Rua Barão de Iguatemi, 379, Tijuca. Terça e quarta, das 16h à meia-noite | Quinta a sábado, das 12h à meia-noite | Domingo, das 12h às 18h.

Mojubar: Rua Pedro de Carvalho, 639, Méier. Terça a domingo, das 16h à meia-noite | Sexta e sábado, das 16h às 2h.

Restaurante 2 de Fevereiro: Rua Sacadura Cabral, 79, Saúde. De terça a sábado, das 11h30 às 18h | Domingo, das 8h às 18h.

Influenciadora é condenada a pagar R$ 35 mil por associar enchentes no RS a “terreiros de macumba”

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Foto: Reprodução

A Justiça de São Paulo condenou a influenciadora Michele Dias Abreu a pagar R$ 35 mil de indenização por danos morais a um fundo do governo paulista. A decisão foi proferida após ação civil pública movida pela Associação das Comunidades Tradicionais e de Cultura Popular Brasileira, que acusou a influenciadora de associar as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado à quantidade de “terreiros de macumba” no estado.

Em publicação nas redes sociais, Michele afirmou: “Deus está descendo com a sua ira total. Eu não sei se vocês sabem, mas o estado do Rio Grande do Sul é um dos com maior número de terreiros de macumba, mais do que a Bahia (…) Alguns profetas já estavam anunciando em janeiro, fevereiro, sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul devido à… à de Deus”.

O juiz Glauco Costa Leite, responsável pelo caso, destacou que a ação trata dos limites da liberdade de crença e do excesso de proselitismo religioso, que pode configurar discurso de ódio. “A requerida se refere à religião de matriz africana não apenas como inferior, mas especialmente como causadora de uma das maiores tragédias civis do Estado do Rio Grande do Sul em tempos recentes, imputando a seus praticantes a culpa pelo evento”, escreveu o magistrado na decisão. A indenização de R$ 35 mil deverá ser depositada no Fundo de Direitos Difusos do Estado de São Paulo.

Segundo o juiz, as declarações de Michele caracterizam “incitação ao ódio público” contra outras religiões, o que não é protegido pela Constituição Federal. “A ré sequer negou tal fato em sua contestação, pois explanou expressamente que a religião por ela praticada prega a existência de um único Deus e que religiões que cultuam outras entidades não direcionam os seus fiéis para o caminho correto e os colocariam a mercê da ira de Deus”, afirmou Leite em outro trecho da sentença.

Organizações promovem ato contra a violência policial em São Paulo na próxima sexta-feira

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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Na próxima sexta-feira, 21 de março, Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, a Frente Povo Negro Vivo, composta por mais de 100 organizações da sociedade civil, convoca a população para um ato público no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da USP, no Centro de São Paulo. O evento tem como objetivo denunciar a violência policial e de Estado que atinge, de forma desproporcional, a população negra e periférica no Brasil, além de reivindicar o impeachment do governador Tarcísio de Freitas e do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

O manifesto escrito em conjunto pelas organizações, destaca os índices de letalidade policial em São Paulo, evidenciando aumentos significativos. “As chacinas ocorridas na Baixada Santista resultaram na morte de mais de 70 civis. No ano de 2023, 460 pessoas foram mortas pela Polícia Militar de São Paulo. Até novembro de 2024, esse número subiu para 673 vítimas, sendo que a maioria, pessoas negras”, mostra o documento. Os dados refletem um padrão estrutural de violência racial e discriminatória, que tem se intensificado sob a atual gestão pública do Estado.

Antes do ato, no mesmo dia, às 15h, serão protocolados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), por parte dos movimentos negros, periféricos e de direitos humanos, os pedidos de impeachment do governador Tarcísio de Freitas e do secretário Guilherme Derrite. Os deputados Paula Nunes (PSOL) e Eduardo Suplicy (PT), entre outros, estarão presentes para receber a comitiva dos movimentos para o protocolo.

Manifesto e exigências

Entre as principais exigências descritas no manifesto, estão:

  • A exoneração imediata do secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, cujo pedido será protocolado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp);
  • O cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina o uso obrigatório de câmeras corporais com gravação ininterrupta durante operações policiais;
  • A criação de um grupo de trabalho interinstitucional para monitorar indicadores de letalidade policial e garantir transparência nos dados;
  • A implementação de políticas de mediação de conflitos e resoluções conciliatórias, em vez do uso desproporcional da força.

Programação do ato

O ato do dia 21 de março será um momento de luta, resistência e união. A programação inclui:

  • 15h – Protocolo do pedido de impeachment de Tarcísio e Derrite na Alesp, por parte dos movimentos negros, periféricos e de direitos humanos;
  • 17h – Aula Pública Aberta, em frente à Faculdade de Direito da USP, com as presenças de Débora Dias e Luana Vieira (UNEafro Brasil), Regina Lúcia e Milton Barbosa (Movimento Negro Unificado), Simone Nascimento (deputada estadual da Bancada Feminista PSOL/SP) e o professor Ramatis Jacino (UFABC);
  • 18h – Concentração para o ato no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da USP;
  • Ato político – Com a participação de lideranças do movimento negro, familiares de vítimas da violência policial e representantes de organizações sociais.

Marina Silva critica violência política de gênero após fala sobre ‘enforcá-la’: “psicopatas”

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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reagiu nesta quarta-feira (19) às declarações do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que, durante um evento no Amazonas na última sexta-feira (14), disse: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”. A fala do parlamentar gerou repúdio e foi classificada pela ministra como uma incitação à violência contra mulheres.

“Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”, afirmou Marina Silva durante participação no programa Bom Dia, Ministra, transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ela ressaltou que a divergência política não pode se transformar em incentivo à violência.

A ministra também associou a declaração do senador a uma postura misógina. “Dificilmente isso seria dito se o debate fosse com um homem. É dito porque é com uma mulher preta, de origem humilde e uma mulher que tem uma agenda que, em muitos momentos, confronta os interesses de alguns”, acrescentou.

Marina Silva destacou que a violência política de gênero é uma realidade constante, mesmo para mulheres em posições de destaque. “Se uma mulher que consegue se tornar governadora, prefeita, deputada, senadora ou ministra sofre violência política de gênero; [sofrem ainda] mais as mulheres de um modo geral, aquelas que não estão em posição muitas vezes de visibilidade”, afirmou.

O episódio ocorreu durante um evento em que Plínio Valério criticava a participação de Marina Silva em uma audiência da CPI das ONGs. A fala do senador gerou reações também no Senado. Nesta quarta, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, usou a sessão plenária para repreender Valério, sugerindo que ele reconsiderasse suas palavras. “Fazer uma referência a essa fala, até mesmo justificar se foi uma fala equivocada”, disse Alcolumbre.

No entanto, o senador amazonense manteve sua posição. “Se você perguntar: ‘você faria de novo?’. Não. ‘Mas está arrependido?’. Não, porque eu não ofendi”, declarou Valério.

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