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Basília Rodrigues ostenta seu amor pelo cabelo natural na capital do poder

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Foto: Carlos Sales - Reprodução Instagram

A relação da mulher negra com seu cabelo é algo muito singular. Nenhum outro grupo sofreu tanta pressão estética em relação à sua aparência. Mesmo hoje, onde grande parte das mulheres negras brasileiras tendem a preferir usar o seu cabelo sem interferências químicas, os fios crespos ainda sobre preconceito na esfera profissional. O Mundo Negro aproveita as reflexões do Julho das Pretas para fazer um especial inédito sobre o cabelo das jornalistas negras de TV.

A primeira entrevistada dessa série de quatro entrevistas é a analista de política da CNN, Basília Rodrigues.

Brasiliense, Basília vem do rádio onde ninguém fazia ideia da sua aparência e há dois anos em frente às câmeras da CNN, maior empresa de telejornalismo do mundo, ela encara de cabeça erguida a missão de mostrar um bom trabalho, sem atropelar sua identidade, mesmo quando seu visual recebe críticas. “Já recebi muitos comentários racistas na internet que diziam ‘que cabelo é esse, Basília?’, ‘cabelo desarrumado’, ‘que coisa é essa?’, em tom de ironia. Foram tantas, tantas mensagens chatíssimas. Em outro episódio, surgiram denúncias anônimas de que haveria pessoas no meio jornalístico chamando meu cabelo de ‘bagunçado’, ‘desalinhado’. Algo totalmente sem sentido”, detalha a especialista em política.

Não se deixando abalar pelas críticas, Basília tem uma grande paixão pelos seus cabelos crespos, escuros e de curvatura muito definida e ter mulheres negras cuidando dos seus cabelos fez toda a diferença para ela, não apenas no sentido estético.

Confira a entrevista que Basília concedeu a nossa editora-chefe, Silvia Nascimento.

Como era o seu cabelo quando você começou a aparecer na TV. Era um estilo que você se sentia confortável para aparecer em frente às câmeras?

Tenho quase 15 anos de profissão, como jornalista que cobre Política e Judiciário. Em 2015, fiz minhas primeiras aparições em vídeo muito feliz com meu cabelo cacheado. Foi na GloboNews e na TV Brasil. Na época, eu trabalhava para rádio CBN e era muito flexível poder participar de entrevistas e análises em outros canais. Eu já usava o cabelo cacheado como hoje. Havia parado de alisar em 2012. Depois disso, nunca mais alisei e fiz escova somente duas vezes, nestes anos todos. Eu definitivamente amo os meus cachos.

Ainda no início, quais as jornalistas negras você tinha como referência não só pelo conteúdo, mas também pela estética e o que te chamava atenção nessa pessoa em termos de visual?

Minha referência de jornalista negra com cabelo natural foi Nara Lacerda, que era minha colega de redação na rádio CBN. A minha transformação em 2012 veio devido a um combo de fatores: muitos conselhos dessa amiga, aulas que eu acompanhei naquele ano sobre identidade racial na faculdade e também porque havia algumas atrizes/protagonistas de cabelo cacheado nas telenovelas da época.

Me chamou atenção ver cachos no centro do que era bonito, interessante, autêntico em novelas/capas de revista daquele ano. Do ponto de vista da normalização dessa imagem, a de uma mulher cacheada, fui muito mais motivada pelas atrizes do que, de fato, por jornalistas já que era muito incomum encontrar repórteres cacheadas que se orgulhassem disso. Nara era um ponto fora da curva. Ainda adolescente, quando decidi pela profissão de jornalista, lembro de pessoas próximas tentarem fazer eu mudar de ideia devido à realidade de existirem poucas negras de cabelo cacheado na TV. Mesmo assim, eu entrei na profissão. Porém, não imaginava fazer TV.

O cabelo crespo/natural não era tido como um cabelo de “aspecto profissional”. Como você lidou com isso ao longo da sua carreira? Sempre usou o cabelo crespo?

Eu não me importei com os outros. Me preocupava ficar feio ou não saber cuidar. Mas não passou pela minha cabeça “o que eu perderia na carreira” por voltar a ser cacheada. Alisei meu cabelo dos 12 aos 22 anos. Entrei no mercado de trabalho aos 19. Então, meus primeiros crachás ainda são da Basília de cabelo liso, médio a curto. Lembro que o cabelo estava bem quebrado nessa época. Até que vem 2012. Naquela época, eu havia passado por um acidente grave de carro e também havia começado a estudar outro curso, era um momento de mudanças, de amor-próprio também, de reconhecimento. Tudo se encaixou, desde a colega cacheada do trabalho, o meu cabelo pedindo socorro, o curso sobre identidade, as estrelas cacheadas da TV .

Aprendi muito e larguei o alisamento de cabelo. Em 2013, com 25 anos de idade, lembro que perguntei para um colega, de outra empresa em que trabalhei, o que ele achava se, além da rádio, eu fizesse reportagens de TV com cabelo cacheado. Ele disse que no exterior era possível, mas que no Brasil, naquele momento, não via essa possibilidade.

Nos EUA onde as questões dos direitos civis são bem avançadas, as jornalistas negras, em maioria ainda usam o cabelo liso e até mesmo perucas e apliques. Por que no Brasil somos diferentes? E usar o cabelo liso seria um problema, na sua opinião?

Acho que devemos ter o cabelo com o qual nos identificamos. Negras alisadas, negras cacheadas, negra com megahair, que todas sejam felizes. O que não dá é para acreditar em estereótipos equivocados do que é bonito, como se o crespo fosse “menos profissional”. Um cabelo limpo e lindo é o que vale.

O seu cabelo já foi alvo de algum comentário racista? Caso sim, o que foi feito a respeito?

Apesar de aparecer em programas de TV desde 2015, o universo televisivo se tornou uma rotina diária somente a partir de 2020 na minha vida, quando fui para CNN Brasil. Todos os dias, as pessoas me veem de cabelo solto, em um coque ou puxado de lado. Isso surpreendeu muita gente. Acredito que especialmente aquelas pessoas que limitam (ainda que no imaginário) o espaço do negro. Sou presença constante no vídeo e brigo pela notícia para sempre ter o que apresentar ao público. Cacheada, é claro. Em função disso, já recebi muitos comentários racistas na internet que diziam “que cabelo é esse, Basília?”, “cabelo desarrumado”, “que coisa é essa?”, em tom de ironia. Foram tantas, tantas mensagens chatíssimas. Em outro episódio, surgiram denúncias anônimas de que haveria pessoas no meio jornalístico chamando meu cabelo de “bagunçado”, “desalinhado”. Algo totalmente sem sentido. Em 2021, escrevi um artigo para o jornal Folha de São Paulo sobre o assunto.

Sobre quem cuidou e cuida do seu cabelo. Você sente que os profissionais sabem cuidar do cabelo natural?

Além do autocuidado, costumo ir em um salão afro que compreendeu minhas necessidades, meu cabelo. Nem todo salão sabe lidar com cabelos naturais, até mesmo aqueles que se identificam como afro nem sempre entregam o que dizem vender. Meu cabelo representa um povo, ao mesmo tempo que ele é só meu. Busco sempre o que é melhor para ele, sem cair na fórmula padrão de salão. Corto sempre com uma pessoa de confiança, tenho meus produtos prediletos e o principal: paciência. Gosto de pentear com os dedos.

Foto: Divulgação

O cabelo de quem trabalha na TV sofre com o efeito de secador, gel e outros produtos. Qual sua rotina de cuidado capilar?

Lavo com mais frequência do que gostaria por semana porque uso laquê para o cacho não cair no meu rosto durante meu movimento no vídeo. Isso exige lavar o cabelo para ele sempre estar limpo. No lugar do pente, uso os dedos e algum bom creme para ir separando os cachos e hidratando-os. E de seis em seis meses, corto à seco, como uma cascata que dá forma ao penteado. Durmo sempre de cabelo solto, às vezes uso touca de cetim, hidrato toda semana em casa. Nenhum cabelo é fácil, tem que investir creme e tempo. Às vezes esqueço de agitar um pouco a raiz para ele não ficar baixo. Odeio quando ele fica baixo.

Tem algum truque que você aprendeu no trabalho, sobre cuidados com seu cabelo, que você poderia compartilhar com a gente?

Antes de tudo, ame os seus cabelos. No trabalho, aprendi a fazer um coque abacaxi belíssimo. A Juliana Dias, que faz meu penteado, coloca dois grampos em um daqueles elásticos de escritório. Puxa um de cada lado. Você faz o coque no cabelo usando essa liga esticada para segurar, prende o grampo no cabelo, dá a volta com o elástico, prende o outro e, num passe de mágica, você está com um lindo coque. Adoro. A Juliana, justamente quem faz, prefere o meu cabelo solto. Ela diz que somos sócias do meu cabelo. Mas é ele mesmo quem decide o que quer, tem vida própria. Ele adora a Juliana uma profissional negra de madeixas aloiradas devido às luzes, tipo Beyoncé. Uma mulher negra entende o cabelo de outra mulher negra.

“Sou muito grata aos meus ancestrais”, diz Eli Ferreira ao celebrar trabalhos como atriz

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Eli Ferreira. Foto: Divulgação.

A artista Eli Ferreira está vivendo um momento de destaque em sua carreira. Com diversos projetos em andamento, recentemente, ela participou da série ‘Sentença’, do Prime Vídeo. Agora, ela se prepara para ganhar o coração do público em ‘Mar do Sertão’, nova novela da TV Globo. “É um momento importante, só nossos ancestrais, os artistas que vieram antes poderão (sim, porque vivem em espírito) mensurar tudo que passaram em terra pra nós ocuparmos esses lugares“, diz Eli em entrevista ao MUNDO NEGRO. “Ainda falta muita coisa ,viu?! Não nos enganemos, não nos enganemos com ‘maquiagens’, isso é importante dizer e ter em mente. Mas sim, temos um avanço e sou MUITO grata aos meus ancestrais pelo caminho que trilharam pra eu poder sonhar ainda mais alto”.

Eli se classifica como uma pessoa ‘inquieta’ e diz que espera muita coisa boa no caminho, principalmente quando observa os últimos acontecimentos em sua carreira. “Olha, eu sou inquieta. Me sinto limitada quando preciso pensar em uma coisa por vez. E exatamente este momento, com 2 trabalhos no ar, e com mais 2 pra estrearem ainda no mesmo ano , acho que simbolicamente representa demais essa inquietude que eu amo“, diz ela. “E são personagens muito diferentes uma da outra, Advogada / Enfermeira / Economista e uma Policial, é uma alegria muito gostosa! Sempre quis ser várias, sempre senti muita coisa e sinto que tem muita coisa pra sair ainda, atuando, escrevendo, cantando. Eu estou feliz e quero é muito mais. Mais pra mim e mais pros meus. Estou amando ver vários amigos e amigas pretas trabalhando, estão em série, teatro, novela, estão dirigindo, roteirizando pra grandes canais”.

Eli Ferreira. Foto: Divulgação.

Em ‘Mar do Sertão‘, novela escrita por Mário Teixeira, somos apresentados à Canta Pedra, uma pequena cidade do nordeste que dizem ter sido mar antes de virar sertão. Eli interpretará Laura dentro do novo folhetim. “Uma novela que chega com quase metade do elenco todo nordestino, até agora somos uns 10 atores pretos de vários cantos do país”, conta Eli. “Uma novela divertida, é um texto que prende os atores durante as leituras. Por lá, dizem há muitos anos não se via algo tão bem escrito. Laura é uma mulher sofisticada, prática e ambiciosa. Ela nutre uma paixão velada pelo seu amigo de vida e de trabalho, José Mendes (Sérgio Guinze ) Ela não gosta de reatar ali, numa cidade parada no tempo, mas Jose convence ela a ajudá-lo nesse retorno e ela aceita, mas vai ser difícil se adaptar àquele lugar e àquelas pessoas”.

Sobre ‘Sentença’, Eli destaca a importância do trabalho enquanto atriz e as diferenças culturais no Uruguai. “Rodamos [a série] entre outubro e dezembro de 2020, no Uruguai, um dos poucos países possíveis de se trabalhar no primeiro ano de pandemia“, diz ela. “Foi minha primeira vez no país , estranhei um pouco o clima, as pessoas, não via pretos, a não ser os do elenco , não em Montevideo, fui no mercado não tinha creme nem pra cabelo cacheado, pra crespo então, nunca nem ouviram falar, estranhei a comida. Mas foi incrível poder trabalhar, ainda mais quando nosso trabalho foi um dos mais prejudicados, poder estar num set com profissionais tão talentosos, foi um acalanto pra alma”.

A artista finaliza lembrando a importância do processo eleitoral, principalmente neste ano de 2022. “Eleições estão aí né gente?! Sei que não temos a ‘variedade’ de candidatos fortes, mas precisamos estar atentos ao que precisamos fazer neste momento e já no primeiro turno”, diz ela. “No mais, é continuar nos cuidando, nos protegendo, nos aquilombando de alguma forma. Eu acredito em dias melhores pra nós. Atché lê o“.

Nos Estados Unidos, Jay Ellis é criticado por se ‘casar com mulher branca’

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Foto: Alessia Franco

O ator Jay Ellis, famoso pela atuação na série ‘Insecure’, compartilhou imagens recentes de seu casamento com a modelo e também atriz, Nina Senicar. Acontece que o astro vem recebendo fortes críticas na internet. O motivo? O fato dele ter se casado com uma mulher branca.

Os comentários com críticas ganharam tanto destaque que o ator chegou a bloquear todas as mensagens direcionadas a ele no Instagram. O tópico foi parar entre os assuntos mais comentados do Twitter nos Estados Unidos.

Em ‘Insecure’, Jay Ellis interpreta o personagem Lawrence Walker, que mantém uma intensa relação de amor com a personagem de Issa Rae, Issa Dee. A série da HBO aborda diversas questões relacionadas à sexualidade, mas com protagonismo negro, além de trazer debates frequentes como a solidão da mulher negra e o sexismo dentro da sociedade contemporânea.

“A questão é, por que você está bem com a maior parte do seu dinheiro e apoio vindo da negritude, mas na sua vida não tem nenhuma negritude além da sua? Esse é o problema com a situação de Jay Ellis“, comentou uma usuária nas redes sociais.

Issa Rae e Jay Ellus em ‘ Insecure‘. Foto: HBO.

Apesar das críticas, o ator também recebeu apoio. “Vocês precisam deixar os homens negros em paz. Nem todo mundo merece passar por esse julgamento“, comentou outro usuário. O casamento com Nina veio após cinco anos de namoro. Jay relata que pediu a modelo em casamento ao pôr do sol na cidade de Bali, ainda em 2019, e eles começaram a planejar o casamento logo depois. “Sempre soubemos que queríamos nos casar na Itália porque ir para lá foi a primeira viagem que fizemos juntos”, explica Nina. Os artistas realizaram a cerimônia de casamento na Toscana.

Foto: Alessia Franco.

Biografia da ativista e pantera negra Assata Shakur ganha edição brasileira

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Foto: Reprodução.

Na lista de “mais procurados” do FBI, Assata teve sua biografia publicada pela primeira vez em 1988, nos Estados Unidos

A autobiografia da ativista negra americana e pantera negra Assata Shakur chega ao Brasil este ano pela editora Pallas. A informação é do Estado de Minas. Tendo completado há 75 anos no último sábado (16/7), Assata está na lista de “terroristas mais procurados” pelo FBI, o serviço de inteligência dos EUA e vive em Cuba – onde escreveu a autobiografia – desde 1980.

No início dos anos 70, Assata já era um nome de destaque do movimento negro dos Estados Unidos, ligada aos Panteras Negras e ao Exército de Libertação Negra. Foi condenada à prisão perpétua pela morte do policial Werner Foerster – mesmo sem que vestígios de pólvora tenham sido encontrados em suas mãos. Há quatro décadas, Assata é considerada foragida e o FBI oferece uma recompensa de U$ 2 milhões por sua captura.

Assata foi para a prisão em 1977 e protagonizou uma fuga chocante em 1979, quando foi libertada por três homens negros, que invadiram a cadeia armados para soltá-la. Essa história também é contada no livro, cujo lançamento no Brasil é marcado por dois eventos: um no Rio de Janeiro, realizado na última quinta-feira (14/7), e outro em São Paulo, previsto para a próxima quarta-feira (20/7).

Os eventos contam com as presenças da escritora Cidinha da Silva; da cantora, atriz e ativista Preta Ferreira; da médica, ativista, escritora e diretora executiva da Anistia Internacional Brasil Jurema Werneck e da escritora e historiadora Ynaê Lopes dos Santos, que assina a apresentação da edição brasileira de “Assata: uma autobiografia”.

Crítica aclama “Não! Não Olhe!”, de Jordan Peele, mesmo criador de “Corra!”

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Foto: Reprodução.

Críticos começaram a assistir o novo filme de Jordan Peele, “Não! Não Olhe!” na última segunda-feira (18) e têm se desdobrado em elogios à nova obra do cineasta. Comparações com outros diretores como Steven Spielberg fazem parte do combo de elogios ofertados pela crítica, que também destacou o mix entre terror, comédia e ficção científica presente no longa. Confira algumas opiniões sobre o filme:

“Não! Não Olhe! é um dos melhores filmes que assisti este ano! É assustador e feroz, mas também muito engraçado e diferente de todos os filmes de alienígenas que você já viu. É um filme de horror único e envolvente, cheio de surpresas doidas e uma performance inesquecível de Keke Palmer”, disse Erik Davis, do Fandango e Rotten Tomatoes.

Candice Frederick, repórter cultural do Huffington Post disse que ainda vai levar um tempo para digerir a nova produção. “Ainda não sei como vocês vieram com uma reação tão rápida ao “Não! Não Olhe!”. Ainda estou pensativa sobre o filme”.

Para Nigel Smith, editor da People, “Nope (título original do flme) é um retumbante SIM! Veja na maior tela que você encontrar. Um espetáculo emocionante e estranho diferente de tudo por aí. Nunca mais vou olhar para o céu da mesma forma”, disse.

“A coisa mais importante a se saber sobre Não! Não Olhe! é que ele é muito diferente de Corra! e Nós. Este é Jordan Peele abrindo suas asas e fazendo uma ficção científica à la Spielberg, com todo o subtexto que você esperaria. Entre na sessão com a mente aberta, e você será recompensado”, disse Kevin Polowy, do Yahoo.

A estreia de Peele no mundo do terror com o filme Corra! rendeu a ele quatro indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, melhor diretor e melhor ator para Daniel Kaluuya. O filme levou a premiação de roteiro original. O faturamento mundial de US$ 255 milhões do filme foi igualado pelo filme que veio a seguir, “Nós”, levando Peele a conquistar em apenas dois filmes feitos que muitos não conseguem durante uma vida inteira.

“Não! Não Olhe!” apresenta a história de dois irmãos (Daniel Kaluuya e Keke Palmer) que descobrem uma nave alienígena pairando sobre o rancho de cavalos de sua família. A dupla parte para capturar a espaçonave na câmera, mas a missão não sai conforme o planejado.

O filme tem estreia na América Latina prevista para 25 de agosto.

Alcione passa por cirurgia na coluna; assessoria diz que procedimento foi bem-sucedido

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Foto: Marcos Hermes.

A cantora Alcione passou nesta segunda-feira (18) por uma cirurgia na coluna vertebral. Aos 74 anos, a artista realizou o procedimento no hospital Copa D’or, Zona Sul do Rio de Janeiro.

A cantora Alcione foi submetida à uma cirurgia na coluna vertebral para tratamento de espondilolistese de L5 – VT associada à discopatia degenerativa de L5, com sinais de radiculopatia à direita“, publicou a assessoria da cantora em nota oficial. “Gostaríamos de enfatizar que a cirurgia realizada pelo Dr. Deusdeth Gomes do Nascimento e Equipe, foi muito bem-sucedida e que, a alta hospitalar, deverá ocorrer nos próximos dias“.

Segundo informações, espera-se que a artista possa voltar aos palcos em breve, para continuar com sua agenda de shows em comemoração aos seus 50 anos de carreira. No início do mês de julho, a equipe de Marrom já tinha anunciado cancelamento de um show da cantora em São Paulo. À época, a sambista notificou os organizadores que se submeteria a uma cirurgia e que ficaria temporariamente longe dos palcos, para recuperação.

Após série de rumores, Drake confirma que foi preso na Suécia

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Foto: Richard Shotwell / Invision.

O cantor Drake utilizou sua conta no Instagram para confirmar que foi preso na Suécia durante o último final de semana. A notícia ganhou destaque ao longo dos últimos dias na imprensa europeia, mas só foi confirmada após a publicação do rapper, que mostrou ao público um documento com o título: “Informações para suspeitos de um crime e posteriormente detidos”. A imagem traz uma série de apontamentos sobre os direitos da pessoa detida, como a possibilidade de realizar ligação em busca de apoio e entrar em contato com o responsável legal.

“Se você não é um cidadão sueco, você tem o direito de pedir ajuda para seu país de origem ou informar a instituição equivalente sobre sua detenção”, diz trecho do documento compartilhado pelo artista.

Uma série de rumores surgiram na internet, afirmando que Drake teria sido preso no país europeu por porte ilegal de maconha, equanto curtia a noite em Estocolmo. Na legenda da publicação, o artista canadense não deu detalhes sobre o ocorrido na Suécia. “Quero ver a família Ibiza Chubbs”, disse ele ao compartilhar imagens de outros momentos.

Drake também não revelou o motivo da viagem ao país europeu, mas especula-se que ele esteja organizando edições de seu novo festival de música. “Eu estou trabalhando para levar o OVO FEST ao mundo todo em 2023 e comemorar o aniversário de 10 anos [do evento]“, disse ele em entrevista.

“Seria irrealista que líderes africanos continuassem a pregar a paz enquanto o governo responde nossas exigências pacíficas com a força”, disse Nelson Mandela

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Foto: Reprodução.

Por Ricardo Corrêa

Nossa marcha para a liberdade é irreversível. Não devemos permitir que o medo fique em nosso caminho. −Mandela

Nelson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, na aldeia de Mvezo no Transkei, África do Sul.  Em 2009, a Assembleia Geral da ONU escolheu a data como Dia Internacional Nelson Mandela. O herói sul-africano foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz (1993) e eleito presidente da África do Sul (1994). Indiscutivelmente, um homem radical. Nesse aspecto, recorro à reflexão do educador Paulo Freire (1968):

“O radical, comprometido com a libertação dos homens, não se deixa prender em “círculos de segurança”, nos quais aprisione também a realidade. Tão mais radical, quanto mais se inscreve nesta realidade para, conhecendo-a melhor, melhor poder transformá-la. Não teme enfrentar, não teme ouvir, não teme o desvelamento do mundo. Não teme o encontro com o povo.”

Estudou bacharelado em Direito na Universidade de Witwatersrand, e, em 1951, abriu um escritório de advocacia em Johanesburgo. Antes, frequentou as reuniões e cursos do Partido Comunista Sul-Africano, atividades que contribuíram para o desenvolvimento da sua consciência política. Mandela até declarou que, de certa forma, foi influenciado pelos estudos marxistas e que sentia atração pela construção de uma sociedade sem classes. Ele admirava a estrutura e organização das primeiras sociedades africanas do país, pois não havia exploração, nem ricos ou pobres.

Mandela ingressou no Conselho Nacional Africano (CNA), em 1942. A organização defendia os direitos do povo africano, e atuava no campo constitucional: formulando petições, encaminhando demandas etc. Anos mais tarde, foi eleito para a executiva do CNA. O Partido Nacionalista chegou ao poder, em 1948, e transformou o apartheid em lei; os brancos e os negros deveriam viver em áreas separadas, os espaços públicos teriam instalações distintas: banheiros para negros, banheiros para brancos, bebedouros para negros, bebedouros para brancos, escolas separadas, casamentos interracial proibido, entre outras políticas racistas.

No dia 21 de março de 1960, ocorreu o Massacre de Shaperville que resultou  em 69  pessoas mortas e mais de 180  feridos. Os negros protestavam contra a Lei do Passe, que obrigava a portarem cartões com registro oficial informando se poderiam transitar naquela área que se encontravam, e qual o período permitido. Os policiais responderam com brutalidade. Diante desse fato, Mandela optou pela luta armada e convocou manifestações em massa, entrou para a clandestinidade, usou disfarces, organizou reuniões secretas. No movimento do manifesto armado, escreveu  “no início de junho de 1961, após uma longa e ansiosa avaliação da situação sul-africana, eu e alguns colegas chegamos à conclusão de que, como a violência neste país era inevitável, seria irrealista e errado que os líderes africanos continuassem a pregar a paz e a não-violência, numa altura em que o Governo responde às nossas exigências pacíficas com a força”.

Depois de ser acusado de violação da Lei de Proibição do Comunismo, de atividades contra o governo, de incitação à greve, e viagem sem passaporte válido,  Mandela acabou sendo preso. Em 1964, o condenaram à prisão perpétua por planejar invasão armada e pelo crime de sabotagem; a pena começou a ser cumprida na Ilha Robben. Incontáveis mobilizações e campanhas exigindo a sua liberdade explodiram na África do Sul e no mundo. Em 1985, recebeu a proposta de liberdade condicional desde que renunciasse a luta armada. Ele negou. No dia 11 de fevereiro de 1990, recebeu a liberdade e pouco tempo depois as leis racistas foram abolidas. Nelson Mandela morreu no dia 05 de dezembro de 2013, mas as suas lições continuam eternas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOEHMER, Elleke. Mandela: O homem, a história e o mito. Tradução: Denise Bottmann. Porto Alegre, RS: L&PM, 2014.

MANDELA, Nelson. Autobiografia de Nelson Mandela – Um longo caminho para a liberdade. Lisboa: Planeta, 2009.

Comédia ‘Barraco de Família’ estrelada por Cacau Protásio e Lellê ganha trailer

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Foto: Divulgação

A nova comédia da Santa Rita Filmes, “Barraco de Família”, estrelada por Cacau Protásio e Lellê, ganhou o seu primeiro teaser trailer. O filme é financiado e distribuído pela Synapse Distribution e Ledafilms e será lançado em breve nos cinemas.

Depois de ser cancelada por causa de um vídeo vazado, Kellen (Lellê), uma funkeira famosa arma o maior barraco ao tentar voltar às suas origens e precisará da ajuda da mãe Cleide (Cacau Protásio) para desenrolar sua carreira.

O filme reúne ainda talentos da música e da comédia, como Sandra de Sá e, pela primeira vez no cinema, o cantor Péricles e a atriz e cantora Jeniffer Nascimento, além dos humoristas Yuri Marçal, Nany People e Maurício de Barros. Também estreando em um longa-metragem, o jornalista e influenciador Hugo Gloss interpreta Rick, o vilão de “Barraco de Família”. Completam o elenco Robson Nunes, Eduardo Silva e Lena Roque.

A comédia é mais uma produção da dupla Maurício Eça (diretor) e Marcelo Braga (produtor), que, recentemente, realizaram os filmes “A Garota Invisível”, “A menina que matou os pais” e “O menino que matou meus pais” e “Hora de Brilhar”. Emílio Boechat e Lena Roque assinam o roteiro.

Assista ao trailer:

Como mulheres negras têm criado espaços para promover o coletivo

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Adriana Barbosa, Fernanda Ribeiro, Maitê Lourenço e Luana Génot.

Por Isadora Santos

A exemplo de nossos ancestrais, pessoas negras têm desenvolvido estratégias para sobreviver e prosperar, criando espaços e hackeando o sistema

“Pretos no topo”, “Favela venceu” e outras frases de efeito costumam circular pelas redes sociais, compartilhadas por pessoas negras orgulhosas de seus feitos e conquistas, que certamente devem ser comemoradas. Mas sabemos que se tratam de processos individuais e que, o ‘topo’, na verdade precisa ser um espaço muito maior que caiba o coletivo.

O caminho para conquistarmos espaços ainda é longo. Um levantamento realizado pela consultoria Gestão Kairós no início de 2022 mostrou que mulheres negras ocupam apenas 3% dos cargos de liderança nas empresas, no geral, as mulheres representam 25% dos profissionais nesses cargos, de acordo com a pesquisa.

Esperar que as instituições, tanto públicas, quanto privadas, promovam de maneira espontânea ações de inclusão e diversidade que aumentem o número de pessoas negras nesses espaços não nos levará longe. É por isso que vemos, desde sempre, pessoas negras articulando para construir suas próprias estratégias de desenvolvimento profissional e de negócios e promover toda a comunidade.

Como é o caso da Adriana Barbosa, CEO do PretaHub. Há 20 anos, Adriana criou a Feira Preta, dando espaço para que os pretos pudessem mostrar todo seu potencial de criação artística e de negócios. “Desde que comecei a Feira Preta, há mais de 20 anos, olhava os espaços e territórios e sentia a ausência da população preta. E a primeira atitude foi ocupar o espaço. Hackeamos os espaços, mas vejo a criação de outros pela população negra como estratégia importante para protagonizarmos as nossas histórias”, contou Adriana Barbosa em entrevista.

Para Fernanda Ribeiro, Presidente da Associação AfroBusiness, co-fundadora e CCO da Conta Black, uma fintech que busca contribuir para o fim da exclusão financeira e desbancarização da população pobre e negra, o fato de pessoas negras lutarem para criar espaços também significa que estamos ‘hackeando o sistema’ através de nossas próprias estratégias. “Eu acredito que tudo isso faz parte de um processo de “hackeamento do sistema” que está posto! Existe estranhamento, mas também existe transformação nesses ambientes e acredito que precisamos estar lá para trazer provocações. Mas entendo que essa “ocupação” precisa acontecer de forma estratégica e sem se desviar do propósito coletivo”, explica Ribeiro. 

Luana Génot, Fundadora e Diretora Executiva no Instituto Identidades do Brasil, o ID_BR, que se dedica a criar ações para a promoção da igualdade racial no Brasil, explica que “Mais do que ocupar um espaço, eu queria ter o poder da caneta. Eu acho que isso fez toda a diferença nas minhas tomadas de decisão de carreira. Não só por mim, mas pelas pessoas que eu entendi que tinham todo o potencial de liderança, mas que não exerciam seus plenos talentos por conta de um sistema opressor, racista, já pré-moldado”, explica.

“Hoje minha posição é a seguinte: eu acredito que é tão importante ocupar espaços já criados, quanto criar espaços. É uma coisa e outra. Até porque, para que a gente possa empreender é necessário que as condições nos sejam dadas”, complementa Génot.

Fundadora da BlackRocks, Maitê Lourenço percebeu na faculdade a importância de gerar oportunidades para pessoas negras na área de tecnologia e inovação. “Tornar isso minha missão profissional foi durante a faculdade e logo depois, quando entrei de cabeça na área de tecnologia/no ecossistema de startups com a BlackRocks, ali eu não vi que era somente importante e sim uma oportunidade de gerar negócios onde ninguém até então estava interessado em atuar (digo homens brancos com potencial de desenvolvimento de negócios que com todo pacto narcísico da branquitude não enxergam, até hoje, potencial onde nós enxergamos)”, explica. 

Nossas entrevistadas compartilham também a condição de serem mulheres negras em ambientes dominados por homens brancos, o que torna ainda mais desafiador o trabalho que realizam. Quando perguntamos a elas como é ser uma mulher preta e ter que criar espaços que reconheçam o talento e a excelência negra, o cansaço e a exaustão são quase um consenso entre elas. Afinal, criar espaços é necessário e estratégico para nós, mas isso não torna o trabalho fácil.

“Eu resumiria em algumas palavras: desafiador, cansativo, motivador e gratificante. Tudo ao mesmo tempo, inclusive. Ser uma mulher preta em um país racista e machista, como o que vivemos, já é uma prova diária para qualquer sanidade. Ser uma mulher preta, jovem, retinta em um ecossistema que tem uma representação imagética que é exatamente o oposto (homens, brancos e mais velhos) já diz muita coisa”, analisa  Fernanda Ribeiro.

Adriana Barbosa destaca a necessidade de se reconhecer a humanidade de mulheres negras nesses processos. “Cansativo e desgastante demais. Imagine estar lutando há 20 anos, quero parar de brigar, quero simplesmente viver. Não dá para nós mulheres negras estarmos sempre no front, na resistência, sermos guerreiras. Somos humanas e vulneráveis também”, complementa.

Luana Génot ainda destaca a importância de superar o racismo mostrando que podemos fazer o que quisermos. “Ser uma mulher negra, de pele preta, e ter que criar espaços que reconheçam o talento e a excelência negra e indígena para mim é uma forma da gente conseguir espalhar que nós somos muito maiores que o racismo”.

O que esperar dos espaços futuros

Luana Génot destaca que é importante lembrar de quem veio antes:  “Eu espero que não seja mais uma grande questão ver uma mulher negra ou indígena sendo a próxima governadora do Estado, a próxima CEO. E eu vou avançar, andar e percorrer o máximo de estrada que eu puder fazer em vida para ver isso acontecer, até porque é uma passagem de bastão. Se eu estou fazendo isso é porque tantas pessoas fizeram muito antes de mim e estão fazendo agora comigo”, afirma a diretora executiva do ID_BR.

“Eu acredito em um futuro onde as pessoas pretas não serão empurradas ao endividamento, perdurando uma lógica cruel. Cabe parafrasear Martin Luther King, que dizia que “apesar das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho”. Sinceramente não acredito que a Conta Black vai resolver esse problema sozinha, nem temos essa pretensão, mas acredito muito no poder das pequenas ações impactando as grandes transformações”, conta Fernanda Ribeiro.

Maitê Lourenço reforça o que espera para o futuro: “Eu sempre brinco que sucesso pra mim é ver que a BlackRocks ou qualquer outro empreendimento que eu tenha, não faça mais sentido de existir. Que as discriminações tenha acabado e que possamos estar proporcionalmente em todos os espaços de poder, que as instituições se preocupem realmente com equidade e entendam que ceder espaços, patrocinar ações e restituir o que foi retirado de direito seja algo comum e já feito por todos, eu espero no futuro ter sucesso”, conclui.

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