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“Há um excesso de abordagens da cultura negra sob o viés da dor e do racismo” diz Alê Garcia, co-Fundador da Casablack

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Foto: Reprodução/Instagram

“Conteúdo negro é falar de racismo?”, fica o questionamento do último artigo publicado no LinkedIn pelo Alê Garcia, co-Fundador da Casablack e considerado um dos 20 Creators Negros Mais Inovadores do País pela revista Forbes. No início da reflexão, ele aponta a importância de um jornalismo que não sirva apenas para denúncias. “Há um excesso de abordagens da cultura negra sob o viés da dor e do racismo. E poucas abordagens sob o viés da excelência”, diz.

“Em 2018, quando me dei conta da perpetuação deste fato, amparado pela ideia de ter chegado a algum espaço de poder — eu era um diretor de criação em uma agência no Rio Grande do Sul, com mais de 15 anos de carreira, palestrando sobre criação, conteúdo e diversidade nas universidade gaúchas, e podendo decidir por casting negro nas campanhas e contratando pessoas negras para a área de criação —, a minha reação foi usar meu conhecimento e redes de contato para mudar com a potência que eu poderia: criando o podcast Negro da Semana“, lembra o publicitário.

Alê Garcia conta que sempre se interessou nas diversas possibilidades de comunicação e artes para transmitir a sua realidade como afrodescendente e a paixão pela cultura negra. “Isto me possibilitou ter uma carreira como escritor e roteirista, publicitário, criador de conteúdo, palestrante, mentor e consultor criativo”.

Desta forma, o escritor do livro ‘Negros Gigantes‘, percebeu o quão atrasado está o Brasil em relação aos outros países. “Quanto mais me aprofundava em me conectar com empresas, práticas e entendia os bastidores do mercado no Brasil, mais me dava conta da existência de uma lacuna profunda na naturalização das nossas narrativas”.

Essa foi uma das razões que levou o Alê Garcia, junto com a publicitária e economista Gilvana Viana Cruz, a fundar a Casablack, um hub de cultura negra. “É para mostrar aos negros, aos não-negros, às marcas, ao mundo, que a cultura negra é excelente nas mais diversas áreas; seja moda, gastronomia, tecnologia, arte, empreendedorismo, beleza, e tantas outras”, afirma.

E destaca: “é para propor as formas mais incríveis de transformar isso em conteúdo relevante, em experiências on e off muito potentes, nos conectando com empresas que queiram realmente dialogar com a cultura negra de maneira correta e envolvente”, conta.

Angela Bassett relembra derrota no Oscar por papel de Tina Turner em 1993: “uma emoção muito negativa para carregar comigo”

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Foto: SAG Awards/ Foto: Filme "Tina" - COLEÇÃO EVERETT

Como a Rainha Ramonda em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, Angela Bassett recebeu a primeira indicação de uma atriz da Marvel ao Oscar. Em 2023, ela concorre na categoria “Melhor Atriz Coadjuvante”. Mas essa não é a primeira vez que Bassett é indicada. No papel de Tina Turner, em 1993, ela concorreu na categoria de “Melhor Atriz” no filme que contou a história da cantora e foi derrotada por Holly Hunter como Jane Campion, The Piano. 

Em entrevista para a CBS, a atriz relembrou o ocorrido. Durante a entrevista, Angela Bassett foi questionada se sentiu que teve o prêmio roubado. “Claro, no momento você está esperando, orando e desejando”, disse. “Mas nunca saio pensando: ‘Fui roubado’.”

Apesar disso, a atriz reforçou que é “uma emoção muito negativa”: “Essa é uma emoção muito negativa para carregar comigo pelo resto da minha vida. Escolho acreditar que houve uma razão para isso não ter acontecido.”

Recentemente, a atriz falou sobre o processo de filmagem doo filme biográfico. De acordo com o portal IndieWire, Bassett contou que o diretor Brian Gibson fazia gravações das cenas diversas vezes. “Nós fazíamos cenas repetidas vezes. Aquelas cenas de concerto, literalmente você sente como se tivesse um suéter na garganta depois de se apresentar, e nós faríamos isso [novamente] de cima para baixo”.

“Ele [Gibson] dizia: ‘OK, vamos fazer isso de novo’. Eu pensava: ‘Um ator pode ter um descanso?’ Apenas 60 segundos, um minuto, por favor, apenas para recuperar o fôlego”.

A atriz é uma das favoritas para receber o prêmio de “Melhor Atriz Coadjuvante” no próximo domingo, quando será realizada a cerimônia do Oscar 2023, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Tessa Thompson e Michael B. Jordan fizeram terapia de casal para viver seus personagens em Creed III

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Foto: Reprodução

Par romântico em Creed, Tessa Thompson e Michael B. Jordan fizeram terapia de casal para viver seus personagens no terceiro filme da franquia dirigida por B. Jordan. Os atores sentaram no divã como Adonis Creed e Bianca “Direi que foi uma experiência inicial em terapia de casal para nós dois [pessoalmente], mas foi como esses personagens, o que é muito estranho”, revelou Thompson em entrevista para o Refinery 29.

“Às vezes a linha entre o personagem e nós fica borrada porque trazemos muito do que estamos explorando pessoalmente para os personagens em geral”, explicou ela.

Há nove anos, Tessa Thompson e Michael B. Jordan interpretam o casal Bianca e Adonis no filme que narra a história do boxeador e, de acordo com a atriz, isso tornou a terapia mais pessoal: “Estávamos em terapia, sim, como Bianca e Adonis, mas também estávamos refletindo sobre nossos próprios relacionamentos. Desde que fazemos esses filmes há oito, nove anos, nos vimos em vários estágios de nossas próprias coisas românticas. Então, sabemos coisas sobre a vida um do outro. Nós compartilhamos e conversamos sobre isso. Então a terapia acabou começando no trabalho e ficando mais pessoal”, contou.  

Na ficção, Bianca e Adonis são pais de Amara, interpretada por Mila Davis-Kent, e também levaram o assunto para a terapia: “foi uma chance para nós realmente conversarmos com um terapeuta de casais e entender quais são algumas das coisas que os pais jovens estão tentando equilibrar, seus próprios sonhos e aspirações. Quais são os temas que você vê? Quais são as coisas que eles podem enfrentar? Quais podem ser seus impedimentos para a felicidade ou sucesso como casal? Foi realmente fascinante também ouvir dela e trazer isso”, conta a atriz.

Tessa Thompson relembrou o momento em que se deu conta de que a franquia já havia completado nove anos. “Eu ficava dizendo oito [anos]; e então, como no outro dia, Mike disse, ‘Não, são nove.’ Eu não podia acreditar!”, disse. “Lembro-me de quando estávamos desenvolvendo o Creed III, olhando fotos antigas do primeiro, e ambos concordamos que éramos bebês nisso. Obviamente, não estávamos apenas falando sobre como parecemos bebês. Percebemos o quanto nós crescemos ao fazer esses filmes”, refletiu.

“Acho que muito do nosso crescimento também é paralelo ao crescimento dos personagens… em termos do tipo de conversa que estamos tendo juntos e separadamente sobre o legado”, disse.

Creed III” já ultrapassou a marca de U$S 100 milhões de bilheteria global no final de semana de estreia. Foram US$ 58,6 milhões dos Estados Unidos e US$ 41,8 milhões do exterior. Esse é o maior lançamento da franquia, além de ser a maior arrecadação de estreia de um filme sobre esportes. Com orçamento de US$ 75 milhões, “Creed III” também é o filme mais caro da trilogia. Os anteriores custaram US$ 35 milhões e US$ 50 milhões, respectivamente.

‘Creed III’ ultrapassa a marca de U$S 100 milhões de bilheteria global

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Foto: Divulgação

Estrelado e dirigido por Michael B. Jordan, “Creed III” já ultrapassou a marca de U$S 100 milhões de bilheteria global no final de semana de estreia. Foram US$ 58,6 milhões dos Estados Unidos e US$ 41,8 milhões do exterior.

Esse é o maior lançamento da franquia, além de ser a maior arrecadação de estreia de um filme sobre esportes. Com orçamento de US$ 75 milhões, “Creed III” também é o filme mais caro da trilogia. Os anteriores custaram US$ 35 milhões e US$ 50 milhões, respectivamente.

O Rotten Tomatoes, site de críticas de cinema e televisão, apontou 89% de aprovação do filme a partir das 118 críticas. Com a votação popular, o longa recebeu 97% de aprovação. 

Segundo a sinopse do filme, depois de dominar o mundo do boxe, Adonis Creed (Michael B. Jordan) vem prosperando tanto na carreira quanto na vida familiar. Quando um amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian (Jonathan Majors), ressurge depois de cumprir uma longa sentença na prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance no ringue. As atrizes Tessa Thompson e Phylicia Rashad também estão no elenco.

Instituto XP anuncia finalistas do prêmio de educação financeira e abre para votação popular; confira os candidatos negros

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Fotos: Divulgação

Prêmio Educação Financeira Transforma, do Instituto XP, está em sua segunda edição e entra na fase de votação popular

Mulheres negras se destacam entre os finalistas da segunda edição do Prêmio Educação Financeira Transforma do Instituto XP, frente de impacto social da XP Inc. Com mais de 600 inscrições, a premiação reconhecerá pessoas e projetos que transformam a educação financeira em todo o país. Nesta etapa final, os vencedores serão definidos a partir de votação popular que começa nesta quarta-feira, 1º de março, através do site: https://www.premioeducacaofinanceira.com.br/finalistas. Os escolhidos pelo público vão receber R$ 40 mil e os demais finalistas R$ 10 mil cada um, totalizando R$ 480 mil.

A banca de jurados composta por especialistas e profissionais renomados em finanças e empreendedorismo, como, por exemplo, Nathalia Arcuri (Me Poupe), Konrad Dantas (Kondzilla), Edu Lyra (Gerando Falcões), Thiago Godoy (XP Inc.) e outros, selecionou pessoas e projetos de educação financeira com forte impacto em ensino e conscientização de educação financeira, principalmente para crianças e jovens de escolas públicas, moradores de regiões mais vulneráveis, e mulheres, responsáveis pela renda de quase metade dos lares brasileiros.

Desta forma, o público poderá conhecer um pouco mais sobre as iniciativas e perfis selecionados pela banca julgadora através do site e das redes sociais do Instituto XP, e votar nas melhores iniciativas das categorias: professores (as), pesquisadores (as), solução digital, ONG, alunos (as), microinfluenciador e nanoinfluenciador (a), além de profissionais do ecossistema XP Inc.

“Nosso propósito é homenagear, valorizar e impulsionar as iniciativas de educação financeira que contribuem para melhorar a relação dos brasileiros e brasileiras com o dinheiro. Nos últimos anos, a XP Inc. transformou o mercado financeiro ao democratizar o acesso a investimentos de qualidade para milhares de pessoas. Por meio da premiação e do Instituto queremos ampliar ainda mais o nosso impacto positivo no país””, afirma Matheus Lombardi, head do Instituto XP.  

“O futuro lhe roubará um tempo precioso”: Lázaro Ramos reflete sobre quem conquistou espaços, sem ter sido herdeiro 

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Foto: 📷: @thaisalvarengaaa

O talento por alçar as pessoas a lugares inimagináveis, mas o conhecimento nunca é indispensável para quem quer ir além e tentar novas áreas em sua profissão. O ator Lázaro Ramos usou seu perfil no Linkedin para fazer uma reflexão sobre sua carreira como empresário.  Lazinho, além de atuar, escrever, produzir e dirigir,  é CEO na LP – LAZ Produções Artísticas. 

“Quando comecei nessa profissão, ainda adolescente, eu não sabia que poderia se viver da arte e não poderia saber que além de ator, eu exploraria outras ocupações, como a direção, produção, proponente de projetos e afins”, diz o escritor.

Em seguida ele reflete sobre algo muito peculiar para a maioria dos profissionais negros, as dificuldades de quem acende em uma família que não teve muitos acessos a recursos e networking, algo que fica mais latente para quem empreende:

“Hoje em dia, fui além do que tinha planejado e sonhado, mas ainda sim, existem algumas barreiras. Vindo de uma família, que como gosto de dizer, não tem herança financeira pra deixar, nem rede de relações dentro da minha área ou até mesmo dentro das suas próprias áreas” e acrescenta que “mesmo estando em outros círculos de possibilidades profissionais, nem sempre tenho repertório ou conhecimento de técnicas da área em que trabalho. Administração financeira e processos de empreendedorismo, por exemplo, são assuntos que preciso estudar ou estar atento. Às vezes sinto o meu tempo roubado pela falta de inserção maior dos meus familiares e amigos nos círculos de poder e produção e por precisar investir esse tempo em aprender essas coisas, que muitas vezes, não são suficientes”.

Ramos finaliza dando um conselho para que esse ciclo se rompa nas próximas gerações, por meio de conversas com os filhos sobre dinheiro e negócios. ” (…) já trago um conselho que utilizo com meus filhos: desde cedo fale sobre dinheiro, empreendedorismo, compartilhe informações, mesmo as mais específicas o tempo todo. Fale sobre a importância de se aprender um outro idioma, do trabalho e de se capacitar constantemente. Porque não nascer herdeiro de dinheiro e de rede de relações, no futuro lhe roubará um tempo precioso”.

Destaque em ‘Vai Na Fé’, Duda é um símbolo da representatividade negra para as crianças

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Foto: Divulgação / TV Globo.

Por Ivair Augusto Alves dos Santos

As crianças negras se espelham nas imagens e no comportamento dos artistas, cantores, músicos, atores e atrizes que invadem nossas casas, muitas vezes sem serem convidados, de maneira intrometida passam a moldar o comportamento de nossos filhos. No elenco da novela ‘Vai na Fé’, há uma menina que é uma atriz magnifica, segura e que transmite muita verdade.

Testemunha das dores, problemas e luta a família, muito ligada ao pai, praticante de boxe. Ela passa uma rebeldia e inquietação das crianças inteligentes. Maria Eduarda, a Duda (Manu Estevão) é a filha caçula de Sol (Sheron Menezzes) e Carlão (Che Moais). Duda é uma revelação. O que dignifica o seu personagem é a forma como a mãe, avó e irmã se relacionam. Não podemos deixar de notar o cabelo, ao natural, belo e como uma coroa de uma princesa.

Duda em ‘Vai Na Fé’. Foto: Reprodução / TV Globo.

O diálogo em que Duda participa é sempre com perguntas bem colocadas, certeiras sobre o quotidiano da família. Ela participa das decisões, dos dramas e incertezas da vida. A companhia de um cachorro, em uma casa, é o sonho de toda criança, mas agora com a vida em apartamentos, torna-se muito mais difícil. Duda mora em uma casa e pode compartilhar e acolher o seu cãozinho, que foi presente de seu pai.

Uma criança negra tem pouca , ou quase nenhuma possibilidade de se ver na TV. Normalmente é uma entre muitas crianças. Uma menina negra ajuda na formação do imaginário de milhares de crianças. Pode não parecer, mas elas estão olhando e vão procurar imitá-la no seu jeito de falar, comportar-se, vestir-se, cuidar do seu cabelo, sua frequência na escola e sua religiosidade.

A religiosidade na novela ‘Vai na Fé’ tem um traço admirável e louvável: a leveza. Não há espaço para exageros, campanhas de dízimo, condenações de comportamentos, teologia da prosperidade, nem discursos de ódio. As religiões se respeitam. Parece o óbvio, mas em tempos de polarização, acompanhar o testemunho cristão pela solidariedade, sobriedade e esperança, nos anima a assistir a TV sem preconceitos e sonhar com existência de uma sociedade plural, em que as crianças são atores respeitados na sua vontade, integridade e na sua capacidade de sonhar.

Rihanna pode se tornar a 5ª mulher negra da história a conquistar o Oscar de ‘Melhor Canção Original’

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Foto: Reuters.

Rihanna está indicada ao Oscar 2023 de ‘Melhor Canção Original’ pelo sucesso ‘Lift Me Up’, trilha sonora do filme ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’. Com apresentação musical confirmada no palco da premiação, a artista barbadiana pode se tornar a 5ª mulher negra da história a conquistar o troféu mais importante do cinema dentro da categoria musical.

Até o momento, apenas 4 mulheres negras ganharam o Oscar de ‘Melhor Canção Original’. A primeira foi Irene Cara por “Flashdance…What a Feeling”, em 1983. Depois dela, veio Melissa Etheridge, em 2016, por “I Need to Wake Up”, que ela escreveu para o documentário “Uma Verdade Inconveniente”.

H.E.R. no Oscar 2021. Foto: Getty Images.

Em 2021, H.E.R. e Tiara Thomas venceram o Oscar pela música ‘Fight For You’, trilha sonora do filme ‘Judas E O Messias Negro’. Ao longo do tempo, outros nomes como Beyoncé, Cynthia Erivo e SZA também já foram indicadas ao título, mas nunca chegaram a ganhar a estatueta.

Com ‘Lift Me Up’, Rihanna pode fazer história no palco da premiação. A cantora Tems também compôs a faixa tema em conjunto com a dona do império Fenty, e portanto, pode se tornar a 6ª mulher negra com o título. O Oscar 2023 acontece no dia 12 de março.

“Encontro de talentos, respeito e muito afeto”, cineasta Renata Martins celebra estreia do especial “Falas” na TV Globo

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Foto: Reprodução

No dia 6 de março estreia, na TV Globo, o especial “Falas” que em 2023 apresenta a antologia “Histórias Impossíveis”. Escrito por três mulheres negras, o especial que contempla o ‘Falas Femininas’, ‘Falas da Terra’, ‘Falas de Orgulho’, ‘Falas da Vida’ e ‘Falas Negras’, neste ano, trará histórias de ficção protagonizadas por mulheres.

Renata Martins, Grace Passô e Jaqueline Souza são as responsáveis pela autoria das histórias que veremos na televisão. Ao lado de um time de colaboradores, elas dão o tom ao especial que tocará em questões sensíveis relacionadas a gênero, sexualidade, raça e idade, baseadas nos medos femininos. 

Jaqueline Souza, Grace Passô e Renata Martins – Foto: Globo/Daniela Toviansky

E para começar o ano, na próxima segunda-feira, veremos o “Falas Femininas” que vai ao ar na semana em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher e traz a história intitulada “Mancha”, um episódio de ficção que contará a história de Mayara (Luellem de Castro) e Laura (Isabel Teixeira). Mayara trabalha para Laura como empregada doméstica e está em seu último dia de trabalho. Ela, que passou no vestibular e decidiu investir em seu estudo, acredita que Laura, mãe solo de uma bebê, é uma patroa “diferente”. Até que Laura pede que ela desista dos estudos. Sem sucesso, pede um último favor: a limpeza de uma mancha na janela de vidro da sala, que muda o curso da história de ambas.

Os demais episódios serão exibidos ao longo do ano em datas que remetam às causas e lutas sociais abordadas na obra: Dia dos Povos Indígenas, Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, Dia Nacional das Pessoas Idosas e Dia da Consciência Negra.

Grace Passô conta que “Histórias Impossíveis” mostrará “Um Brasil real, do tamanho da surrealidade que é ser mulher brasileira”. Jaqueline Souza dá pistas sobre o que podemos esperar do especial “Falas”. “O público pode esperar o inesperado. Há muita coisa nova, talentos imensos que se juntaram para contar histórias que vão bagunçar a gente por dentro, e depois nos abraçar”, revela.

Ao Mundo Negro, a cineasta Renata Martins contou em entrevista sobre como foi dividir a autoria das histórias do projeto com outras duas mulheres negras e falou sobre suas expectativas quanto à recepção do projeto pelo público negro.

“Histórias impossíveis” estará dentro do especial Falas Femininas? Como essas histórias estarão divididas e o que elas retratam?

Histórias (Im)possíveis, é uma antologia de gênero em cinco episódios que será exibida ao longo do ano dentro do projeto Falas. Teremos “Falas Femininas”, em Março, “Falas da Terra”, em Abril, “Falas do Orgulho” em Julho, “Falas da vida”, em Outubro e “Falas Negras”, em Novembro. Os episódios são autocontidos, eles começam e terminam no mesmo dia e todas as histórias são protagonizadas por mulheres de várias etnias, identidade de gênero, classe social e idade. A cada episódio uma história diferente, cuja premissa é o medo das personagens e como elas lidam com ele, ou não, ao longo da narrativa.

Temos visto a Globo anunciar o episódio “Mancha”, que será exibido no dia 6 de março, e que mostra a personagem de Luellem de Castro caindo de uma sacada. Como levar ao entendimento do público a complexidade da relação entre patroas e empregadas domésticas no Brasil?

‘Mancha’ é o primeiro episódio da série e ele abre a temporada de discussões sobre temas urgentes em nossa sociedade. É sempre bom lembrar que é uma série ficcional de gênero e isso nos permite falar sobre as várias camadas que a temática pede. Não à toa, esse episódio foi escolhido por nós para ser o abre-alas do especial. É através dele que pretendemos estabelecer um contrato com o público sobre as leis que regem a nossa narrativa e também por ser uma das relações mais perversas que herdamos dos tempos coloniais.

A relação de trabalho entre Laura (Isabel Teixeira) e Mayara (Luellem de Castro) é uma das mais complexas em nossa sociedade. Elas são mulheres de classe social e melaninas diferentes, que vivem no mesmo espaço onde há uma relação clássica de micro poder. De um lado, uma mulher madura, progressista, sensível, mas que não quer abrir mão de seus privilégios. Do outro, uma jovem universitária, no seu último dia de trabalho, que se demitiu e decidiu alçar novos voos. Tudo parecia caminhar bem, mas esse caminho foi interrompido por um capricho de Laura e a tensão veio. É a partir dessa tensão que começa a discussão sobre relações de poder, não apenas sobre a da patroa com a empregada doméstica, mas das relações que interseccionam raça, classe e gênero na sociedade.

Qual mensagem o projeto quer passar esse ano contando “Histórias impossíveis”? Em especial a história da personagem Mayara?

Eu acho que a maior mensagem é que o tecido que separa o real do irreal é muito fino e que muitas de nós, mulheres, em especial mulheres negras, vivemos situações reais, mas que parecem impossíveis aos olhos da sociedade e mesmo assim encontramos formas de ressignificar a nossa própria existência. A personagem Mayara é a continuidade das mulheres que vieram antes. Ela é a voz das que não puderam falar em algum momento de suas vidas. Ela é o olhar fresco para o futuro, com seus desejos, medos e desafios. A Mayara somos nós.

Como foi a experiência de dividir o processo de escrita dos roteiros do projeto com Grace Passô e Jaqueline Souza?

Jaqueline Souza e Grace Passô são parceiras criativas muito especiais. Eu já desenvolvia trabalhos de criação com Jaque e tive a honra de ter a Grace como protagonista de meu curta-metragem “Sem Asas”. Foram três meses de desenvolvimento na conceitualização da série, escrita das sinopses e do piloto. Nos encontrávamos todos os dias via Zoom e assim nasceu a série. O nosso encontro nesse projeto foi muito poderoso, inspirador e muito reflexivo, pois as discussões nos moviam internamente… não só como autoras, mas como mulheres negras que vivem e observam a sociedade.

Mas é muito importante ressaltar a segunda fase do desenvolvimento da série, com a abertura da sala de roteiro e a entrada das roteiristas Thais Fujinaga, Hela Santana, Graciela Guarani, Renata Tupinambá e da pesquisadora Jaqueline Neves, que seguiu conosco ao longo do projeto. Um encontro de talentos, respeito e muito afeto.

Como vê a recepção de seu trabalho pela comunidade negra?

Eu espero que o meu trabalho chegue na comunidade negra com a potência e respeito que foi desenvolvido. Sou uma cineasta, autora negra e que me sinto muito orgulhosa por utilizar meu talento e minha arte para ampliar a nossa voz no território nacional. Quero também, que ele chegue em toda sociedade, pois sei que há discussões e reflexões que precisam ser compartilhadas com todo mundo e acho que a tv aberta é o melhor lugar para isso acontecer.

Agostinho Neto um herói desconhecido pelos brasileiros

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Foto: Reprodução

Por Ivair Augusto Alves dos Santos

África gloriosa
África das seculares injustiças
acumuladas neste peito efervescente e impaciente
onde choram os milhões de soldados
que não ganharam as batalhas
e se lamentam os solitários que não fizeram a harmonia numa luta unida
(Agostinho Neto
)

O poeta Agostinho Neto no Brasil, durante muitos anos na minha juventude, era declamado em saraus no velho clube Coimbra, na Av. São João, quase em frente a um dos cinemas mais amados de São Paulo: Cinerama.

Mas quando ouvíamos o intelectual e genial Hamilton Cardoso declamar poesias angolanas, a platéia vibrava e batia palmas, isso nos anos da década de 1970. Era maravilhoso ver aqueles homens negros discursando e criticando a democracia racial, e no meio as poesias de Agostinho Neto.

Desde cedo, Agostinho Neto, ao interpretar a história de luta de libertação de Angola, enunciaria num poema dedicado a todas as mães angolanas: “Minha Mãe, tu ensinaste a esperar, mas a vida matou em mim essa mística esperança, eu já não espero, sou aquele por quem se espera. A esperança somos nós, Mãe”

No início da década de 1980, conheci e vivi em Angola e me aproximei do pensamento político e revolucionário de Agostinho Neto. É impressionante como suas ideias panafricanistas tiveram um impacto em toda África, ao definir que a luta contra o Apartheid na África do Sul era fundamental para libertar todo o continente do colonialismo.

Agostinho Neto dizia: “Não podemos considerar o nosso país verdadeiramente livre se outros povos do continente se encontram ainda sob o jugo colonial”. Esta convicção levou Angola a ter um papel chave na luta para o fim do regime racista do Apartheid na África do Sul e para as Independências do Zimbabué e da Namíbia.

Agostinho Neto declarou: “Angola é e será, por vontade própria, trincheira firme da revolução em África”.

E o envolvimento de Angola em guerra durante décadas foi uma das demonstrações mais vivas do ideal panafricanista. A figura de Agostinho Neto ultrapassa o simples nacionalismo angolano, tinha uma visão abrangente a todos os povos oprimidos do mundo. Como homem, poeta e político com qualidades indiscutíveis, o Presidente António Agostinho Neto é um filho de África e um cidadão do mundo.

Precisamos colocar essa liderança africana entre os grandes homens do século XX, e incorporá-lo nos estudo sobre África, como pretendemos com a Lei 10.639 de 2003. Conhecer Angola e sua luta pela independência deve fazer parte dos currículos de nossas escolas no Brasil. Para além da cultura angolana que faz parte da formação do ser brasileiro, é fundamental entender o colonialismo português e a vitoriosa luta dos angolanos.

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