Home Blog Page 53

Secretária deixa Ministério da Igualdade Racial e aponta falhas na comunicação de políticas afirmativas do governo Lula

0
Foto: Reprodução/Instagram

A secretária de Políticas Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Márcia Lima, oficializou sua saída da pasta nesta terça-feira (8), citando perda de autonomia na gestão de sua equipe e falhas na comunicação das políticas raciais pelo governo federal.

Em entrevista ao GLOBO, Lima afirmou que a decisão de deixar o ministério, comandado por Anielle Franco, ocorreu após a alta gestão da pasta assumir a composição de sua equipe, antes sob sua responsabilidade: “Eu sempre tive muita autonomia na gestão da Secretaria. Mas, recentemente, as decisões de composição da equipe passaram a ser tomadas pela alta gestão do ministério. Eu senti, então, que era o momento de pedir minha demissão. Definir o perfil da equipe não era mais uma atribuição minha”, disse.

Além disso, a ex-secretária destacou que avanços nas políticas raciais promovidos por sua pasta não foram devidamente divulgados. Entre eles estão a revisão da lei de cotas no ensino superior, a ampliação de 20% para 30% nas cotas no serviço público e o Plano Juventude Negra Viva, que busca reduzir a vulnerabilidade de jovens negros à violência.

Segundo Lima, o plano é “sólido” e inclui mecanismos de monitoramento, mas sua divulgação foi falha. “O compromisso de que os ministérios envolvidos têm que ter. Tem que estar na voz de todos os ministros, na voz do presidente Lula. Quando eu falo de comunicar, é um desafio para este governo”, afirmou.

Ela também mencionou a criação, em parceria com a Secretaria de Comunicação Social (Secom), de uma estratégia de comunicação antifascista, lançada em dezembro de 2023, mas nunca divulgada. “É um enorme avanço e não ganhou visibilidade”, criticou.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) substituiu o comando da Secom, nomeando Sidônio Portela, seu comunicador de campanha, para o cargo. Portela assumiu com a missão de melhorar a comunicação do governo, que enfrenta queda de popularidade.

Lima negou que sua saída esteja ligada a esse cenário, mas reforçou: “O governo é muito melhor do que ele consegue demonstrar”.

Emicida e Fióti pedem suspensão de processo judicial e tentam acordo amigável

0
Foto: Edilson Dantas

Os irmãos Emicida e Fióti solicitaram nesta terça-feira (8) a suspensão do processo judicial que tornou pública após o rompimento da sociedade entre eles na Laboratório Fantasma. A informação foi divulgada pelo portal Leo Dias e confirmada pelo site Splash, do UOL.

O pedido tem como objetivo buscar um acordo amigável. Os artistas também solicitaram que o caso volte a tramitar sob segredo de Justiça, alegando que a exposição de informações pode comprometer uma eventual reconciliação.

A crise entre os irmãos veio à tona em 28 de março, quando Emicida anunciou publicamente o fim da parceria. “A partir desta data, Evandro Roque de Oliveira (Fióti) não representa mais os interesses da carreira artística de Leandro Roque de Oliveira (Emicida)”, afirmou na ocasião.

Em seguida, o jornal Extra teve acesso a um processo do Tribunal de Justiça de São Paulo, onde o Emicida acusa Fióti de transferir R$ 6 milhões da Lab Fantasma para uma conta pessoal sem autorização. No entanto, o irmão negou qualquer irregularidade e posteriormente, deu entrevista ao Fantástico mantendo a sua defesa. “Não trabalhei de maneira antiética nenhuma vez na minha vida”, disse.

Na última sexta-feira (4), Emicida também divulgou uma nota oficial reforçando que nunca utilizou os termos “desvio” ou “roubo” em relação ao irmão, como tem mencionado muitos jornais. “Estes nunca foram termos utilizados por Leandro, seja em seus comunicados, seja nas suas manifestações nos autos do processo”, afirma.

Após ser acusada de escolher um lado ao defender Fióti em uma publicação no Instagram, Dona Jacira, mãe dos dois artistas, disse em entrevista exclusiva para o Mundo Negro que não escolheu nenhum lado, mas lamenta as acusações contra o Fióti. “Evandro foi caluniado e vê-lo sofrer nos faz sofrer também e sofremos porque sabemos de sua honestidade. Foi uma pedrada no coração dele”.

Gabourey Sidibe relembra passado como operadora de sexo por telefone antes de ‘Preciosa’: “Não tem permissão para ser negra”

0
Foto: Apple TV+/Divulgação

Entre diversos depoimentos comoventes no documentário ‘Mulheres Negras Conquistam Hollywood’, lançado recentemente pela Apple TV+, a atriz Gabourey Sidibe, indicado ao Oscar por seu papel no filme ‘Preciosa’ (2009), relembrou o tempo em que trabalhava como operadora de sexo por telefone, e não podia parecer uma mulher negra nem por voz.

“Consegui o papel de ‘Preciosa’ quando tinha 24 anos. Antes disso, eu estava apenas atuando entre o que quer que fosse pelo resto da minha vida. E o resto da minha vida naquele ponto, eu estava trabalhando em um call center como operadora de sexo por telefone. A empresa era composta principalmente por mulheres negras. Você não tem permissão alguma para ser negra no telefone”, relatou a atriz, hoje com 41 anos.

“Há uma linha de garotas negras. Adivinhe — essa raramente era chamada. Então meu nome de garota é Melody. E toda ligação, eu dizia [com uma voz aguda], ‘Olá.’ E ele dizia, ‘Ei, qual é seu nome?’ ‘Oi, eu sou Melody.’ ‘Como vai? Você está bem?’ ‘Sim, estou totalmente bem agora. Hum, acabei de chegar da escola. Estou na faculdade, e é, tipo, meu segundo ano…’ “, deu um breve exemplo no depoimento.

Apesar dos desafios enfrentados, Sidibe não deixou de persistir nos seus sonhos. “Somos treinados para odiar a nós mesmos. E o mundo ao nosso redor também é treinado para reforçar isso. Mas há algo em mim que é como: ‘Eu não me curvo a isso.’ Seja lá o que você não goste em mim, eu farei com mais força, e sorrirei na sua cara. E era isso que eu sentia que ‘Preciosa’ precisava ser”.

Na cerimônia do Oscar de 2010, Sidibe perdeu a estatueta de Melhor Atriz com sua aclamada atuação dramática em ‘Preciosa’, para Sandra Bullock, no filme ‘Um Sonho Possível’. O documentário relembrou este momento da premiação, em que a própria Bullock ao subir ao palco, reconhece e elogia a performance de Sidibe.

Desde o sucesso de ‘Preciosa’, Sidibe atuou nos filmes ‘Antebellum’, ‘Roubo nas Alturas’ e recentemente, protagonizou o novo longa ‘Give Me Back My Daughter’. A atriz também garantiu papéis regulares em séries de sucesso como ‘Empire’ e ‘American Horror Story’.

O documentário ‘Mulheres Negras Conquistam Hollywood’ é o segundo episódio da série ‘Artistas Negros Conquistam Hollywood’, dirigido por Shola Lynch, que também conta com a participação das atrizes Halle Berry, Angela Bassett, Viola Davis, Whoopi Goldberg, entre outras. O primeiro episódio intitulado ‘Homens Negros Conquitam Hollywood’, dirigido por Reginald Hudlin, destaca atores como Denzel Washington, Eddie Murphy, Will Smih e Michael B. Jordan.

Curta ‘Corpo Preto’ expõe negligência no atendimento médico a pacientes negros

0
Imagem: Reprodução

No dia 1 de abril, o Instituto Yduqs e o Instituto de Educação Médica (IDOMED) lançaram o curta-metragem “Corpo Preto”, uma produção baseada em relatos reais que expõe o racismo nos serviços de saúde do Brasil. O filme, disponível no YouTube, aborda as microagressões e a negligência enfrentadas por pacientes negros, evidenciando disparidades no atendimento médico que impactam diretamente sua qualidade de vida.

Dirigido por Nany Oliveira, o curta acompanha a jornada de um homem negro, interpretado por César Mello, vítima de negligência médica, usando recursos visuais como desfoque para simbolizar a invisibilidade imposta a esses pacientes. A obra é inspirada em pesquisas do projeto MEDIVERSIDADE, iniciativa do Instituto Yduqs e IDOMED que promove a inclusão de diferentes etnias e realidades sociais na formação médica. Dados do Conselho Federal de Medicina (2023) mostram que apenas 3% dos médicos no país são negros, refletindo uma desigualdade que se estende ao tratamento oferecido a essa população.

Estudos citados no projeto revelam que pacientes negros esperam, em média, 10 minutos a mais para serem atendidos, têm consultas 47% mais curtas em comparação a pacientes brancos e menor acesso a exames de imagem, como raio-X. Além disso, o tempo entre diagnóstico e cirurgia é 6,7 dias maior para negros, o que pode comprometer prognósticos e sobrevida.

O lançamento ocorreu no Cinema Estação do Shopping da Gávea (RJ), seguido de um debate com a médica Amanda Machado, do Núcleo de Inclusão do IDOMED, e mediação de Annelise Passos, da Artplan. A campanha incluirá exibições em cinemas, ativações com influenciadores e palestras sobre letramento racial.

Paralelamente, foi lançado o livro “Nigrum Corpus – Um estudo sobre racismo na medicina brasileira”, com depoimentos reais e análise de vieses na formação médica. A obra será distribuída em faculdades de medicina, visando capacitar futuros profissionais no combate ao racismo institucional.

“‘Corpo Preto’ é um relato emocionante que traz visibilidade a um problema que pessoas negras enfrentam diariamente no Brasil: o tratamento desigual em serviços médicos”, afirma Claudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e vice-presidente do grupo educacional Yduqs. “O Mediversidade provoca um debate sobre o papel da educação na construção de uma sociedade mais inclusiva. Estamos transformando a prática médica para formar profissionais preparados para cuidar de todas as vidas.”

Ministério dos Direitos Humanos mapeia territórios de memória negra e africana no Brasil

0
Foto: Aprigio Vilanova

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania lançou a publicação “Lugares de Memória Negra e Africana no Brasil”, um mapeamento que identifica e valoriza espaços históricos marcantes para a preservação da cultura negra e da ancestralidade africana no país. Divulgada no dia 4 de abril, uma data simbólica que remete ao assassinato de Martin Luther King Jr., a iniciativa também se alinha com o Dia Internacional em Memória às Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravizados, em 25 de março. O objetivo é promover reconhecimento, reparação e visibilidade para a contribuição negra na construção do Brasil.

A publicação faz parte da nova seção “Memória e Verdade” do Observatório Nacional dos Direitos Humanos, plataforma virtual do MDHC que reúne indicadores e evidências sobre direitos humanos no Brasil. Os dados são baseados no “Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil”, publicado em 2013 pela Universidade Federal Fluminense e pela UNESCO.

O levantamento identificou 100 pontos distribuídos por todas as regiões do país. A maior concentração está no Nordeste, com 44 locais, seguido do Sudeste (39), Sul (11), Centro-Oeste (3) e Norte (1). Entre os estados, a Bahia lidera com 23 lugares de memória, seguida do Rio de Janeiro (20) e Pernambuco (10).

Resgate da história

Lugares como comunidades quilombolas, locais de trabalho, de vida cotidiana e de práticas culturais negras, além de terreiros e igrejas fundadas por irmandades de grupos africanos e locais de revoltas, foram inventariados. O mapeamento viabiliza a implementação de políticas públicas nestes espaços, considerando que parte deles não foi patrimonializada até o momento.

Exemplos disso são o lugar onde ocorreu a Revolta de Carrancas, no município de Carrancas (MG), e o Campo da Pólvora, onde foram executados os escravizados envolvidos na Revolta dos Malês, e que hoje é uma praça e uma estação de metrô, na capital baiana, sem nenhuma referência pública àqueles acontecimentos históricos.

Há ainda locais mapeados que são espaços turísticos muito visitados, mas que a maioria das pessoas não sabe que guardam parte da memória negra. São os casos da praia de Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco, e o Mercado Modelo, em Salvador. No passado, estes foram locais de desembarque legal e ilegal – conforme a legislação da época – por onde pessoas escravizadas e traficadas do continente africano chegavam ao Brasil.

Pontos conhecidos

Entre os espaços listados estão o Largo do Pelourinho, em Salvador, onde africanos escravizados eram castigados, e o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, que já foi o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. Reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco, desde 2012, o cais foi revitalizado e aberto à visitação pública.

Outra área em destaque é o Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Símbolo da resistência negra no país, o sítio arqueológico da Serra da Barriga, onde ficava o maior quilombo registrado do país, hoje abriga o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Também estão presentes no mapa locais como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (MG), a Casa da Tia Ciata (RJ), o Engenho Massangana (PE) – antiga propriedade escravocrata onde viveu o abolicionista Joaquim Nabuco, o Sítio Histórico de Alcântara (MA) e o Museu Afro Brasil (SP), que guarda importante acervo sobre a cultura e história da população negra no país.

Acesse aqui o mapeamento completo na plataforma ObservaDH!

Valorização

A coordenadora-geral da Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico do MDHC, Fernanda Thomaz, ressalta que a publicação do ObservaDH é uma forma de valorização da memória negra no Brasil. “Penso que é um momento importante para essa publicação, porque, se a gente pensar o tamanho do apagamento sobre a história, a experiência da população negra desde a escravidão até hoje, é fundamental destacar as contribuições dessa população africana e afrodescendente”, afirma.

Segundo ela, o mapeamento é essencial para o desenvolvimento de outras medidas neste mesmo sentido. “É caminho aberto para que novas ações e atuação no campo da política pública sejam realizadas em torno da população negra e pensando na memória da população negra”, conclui.

Sinalização dos espaços

Por meio de parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o MDHC pode receber consultoria de profissionais da área de arquitetura para a indicação metodológica mais adequada para a sinalização de 100 lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil.

Essa etapa faz parte de um projeto mais amplo, conduzido pela Coordenação Geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico, do MDHC, que tem o objetivo de sinalizar esses lugares nas cinco regiões do país com placas, indicando que são locais importantes na história do tráfico de escravizados africanos no Brasil.

O projeto integra uma iniciativa conjunta entre os Ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania; da Igualdade Racial; da Cultura; e da Educação, e pretende sinalizar 100 locais em todo o país. Já foram instaladas placas na Serra da Barriga e no Cais do Valongo. A ação também conta com atividades educativas, como produção de materiais didáticos e realização de oficinas.

Fonte: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Taís Araújo relata episódio de racismo sofrido pelo filho em condomínio onde passavam férias em família

0
Foto: Reprodução/Instagram

Em entrevista a revista Vogue, publicada na segunda-feira (7), a atriz Taís Araújo, que interpreta Raquel no remake de Vale Tudo, relembrou um episódio de racismo vivido por seu filho, João Vicente, de 14 anos, em um condomínio de luxo e discutiu os desafios de educar crianças negras em espaços majoritariamente brancos.

“Minha vida é pedir que João Vicente não saia desarrumado na rua. Estou evitando um trauma”, pontuou. “Recentemente, viajamos de férias, alugamos uma casa num condomínio no Brasil e um segurança o parou. Ele e um amigo, um amigo preto também, os dois de bicicleta. Perguntou se eram moradores. Falei para ele que se fosse um menino branco, de olho azul, seria diferente”, relatou Taís sobre a conversa que teve com o filho.

Taís contou ainda que o filho ainda argumenta: “Ele quer desafiar. Ele fala: ‘Até parece. Roupa não significa nada, não determina se a pessoa é boa ou não’. Ele vem com uns conceitos em que ele está certo. Não deveria significar nada mesmo. Mas falo: ‘Cara, neste país, isso vai te proteger’. Conversas dificílimas. É o desafio de criar crianças pretas no lugar de privilégio”, pontua.

A atriz também falou sobre o desafio de criar uma menina negra:  “Quando engravidei e vi que a Maria era menina, fiquei muito feliz. Ao mesmo tempo, insegura. A menina te obriga a rever o passado, a infância, as relações com a sua mãe, com a sua irmã, com o mundo, com as amigas. E aí você vai reconhecendo toda a ordem de racismo, abuso, de coisas ruins e boas que te forjaram”.

“Em ‘Dona de Mim’, Clara Moneke vive sua primeira protagonista em novela: ‘Leona é a mulher da atualidade’

0
Foto: Globo/ Manoella Mello

“Poder contar uma história como a da Leo, como a da Caridade de No Rancho Fundo, como a Kate Cristina de Vai na Fé, é contar a história de um Brasil que eu vejo, de um Brasil que eu acredito, de um Brasil que tá num processo de mudanças. Eu acredito que arte contribui muito pra essa mudança”. Foi assim que Clara Moneke definiu, em entrevista coletiva nesta terça-feira (8), sua expectativa para “Dona de Mim”, novela das 19h que estreia em 28 de abril na Globo, onde interpreta sua primeira protagonista em telenovelas.

Na trama, a atriz interpreta Leona, uma jovem solar de São Cristóvão que mora com a avó Yara e a irmã Stephany. Após perder a filha durante a gravidez, esconde sua dor atrás de uma vida corrida e cheia de responsabilidades, enquanto tenta recomeçar como babá na mansão da família Boaz: “A Léo, como a Rosane [Svartman, autora] disse lindamente, ela vem de um buraco, de uma fossa mesmo de sofrimento, de trauma, uma depressão que ela passa. E ela reencontra vontade de viver, de conhecer a vida e o mundo por várias perspectivas que não são só românticas. Ela começa a entender o amor próprio de diversas outras formas”.

Moneke destacou o desafio de interpretar uma personagem tão multifacetada, uma mocinha real e cheia de contradições: “Eu adoro que ela é uma mocinha completamente contraditória, e ela erra”, destacou. Ao descrever sua personagem, a atriz também ressalta: “A Leona é essa personagem determinada, alegre, divertida, ela é solar. Ela é totalmente pela família, mas também por ela, pelos interesses dela. Muitas vezes ela coloca responsabilidades sobre ela. É a mulher da atualidade, cercada de culpas, prazeres, desejos, traumas. Ela é muito humana. Eu acho muito bonita a humanidade da Leona”.

“Mulher real”

“É muito bom contar a história dessa mulher real. A realidade tá no mundo, tá nas ruas. As pessoas estão sobrevivendo, né? É bom montar isso dramaturgicamente com humor, trazendo assuntos tão presentes – não só enquanto mulher negra, artista, mas vários outros temas”, completou.

A autora Rosane Svartman reforçou que a novela dialoga com questões sociais, como saúde mental, violência urbana e padrões de beleza, sem abrir mão do lúdico. “Uma novela das 7h tem liberdade para mergulhar em vários gêneros, do suspense à comédia. É como um circo: tem o globo da morte [suspense], os palhaços [humor] e os trapezistas [romance]”, comparou.

Juan Paiva, que interpreta Samuel, filho adotivo de Abel, personagem de Tony Ramos, descreveu seu personagem como “sensato e misterioso”, destacando a relação dele com Leona: “Ela traz leveza para alguém que sempre foi muito sério”. Já Aline Borges, que vive a ambiciosa Caridade, adiantou que sua personagem “virou vilã por exaustão” após anos de desigualdade. “Cansei de ver o rico continuar rico e o pobre, pobre. Agora, ela toma as rédeas da vida – mesmo que de forma não convencional”, explicou.

Com direção de Allan Fiterman, Dona de Mim substitui Volta por Cima.

É insalubre ser o único negro no trabalho

0
Foto: Reprodução/Freepik

A exposição constante ao racismo inevitavelmente impacta a saúde do povo negro, muitas vezes sem deixar rastros visíveis. Nesse sentido, os negros que não têm uma base teórica consistente sobre as questões raciais encontram-se em maior vulnerabilidade. Mesmo sem oferecer imunidade, o conhecimento ajuda a construir resistência individual, possibilitando ao negro ressignificar a própria visão e o comportamento diante dos desafios no cotidiano. Além de não se culpar pelos resultados negativos que, na realidade, escapam ao seu domínio.

No passado, trabalhei em uma empresa na qual eu era a única pessoa negra no setor. Que experiência dolorosa! E nem poderia me dar ao luxo de sair da empresa naquele momento. Sabemos que uma das características do racismo estrutural é o aprisionamento das pessoas negras no campo econômico, principalmente quando somos responsáveis pelo sustento da família. Assim sendo, a demissão voluntária não entrava na lista de prioridades.

Durante o expediente, o meu potencial e qualidade profissional quase sempre eram colocados à prova. Os brancos deixavam explícito o inconformismo pelo fato de eu ocupar o mesmo cargo que eles, inicialmente. E tratavam-me como uma pessoa que estava ali apenas para atender suas necessidades.

Eu não sabia, mas hoje percebo que fui violentamente exposto ao racismo daquelas pessoas com o aval da empresa. Mesmo sendo responsável por algumas melhorias técnicas e conquistando índices importantes, a minha ascensão na carreira não aconteceu. Por outro lado, testemunhei diversas pessoas brancas, com conhecimentos técnicos questionáveis, recebendo sucessivas promoções.

Só eu sei o quanto lutei e provei para alcançar o reconhecimento, mas nada adiantava; a empresa estava me sufocando sem que eu notasse. E, após seis anos, assinei o pedido de demissão. Você não tem ideia do alívio que senti ao deslizar a caneta sobre os papéis do RH. Indescritível. Porém, ao fazer esse percurso mental, tenho certeza da falta que me fez não participar de uma comunidade negra, dialogar sobre as experiências pessoais, acessar leituras sobre o racismo, entre outras atividades e contatos que fortalecem a nossa autoestima. Se eu tivesse o conhecimento que tenho hoje, muita coisa poderia ter sido evitada. Sem dúvida, todas as pessoas negras precisam estar nessa atmosfera coletiva. Quando as experiências se cruzam, lições valiosas surgem. Atualmente posso afirmar que estou realizado na minha área profissional, entretanto, cuido da ansiedade que desenvolvi naquela empresa.

Michael B. Jordan lamenta sua ausência antes da morte de Chadwick Boseman: “Pesa sobre mim”

0
Foto: Divulgação

O legado de Chadwick Boseman e do filme ‘Pantera Negra’ ganhou muito destaque no documentário “Homens Negros Conquistam Hollywood”, nova produção da Apple TV+, lançada recentemente. 

Michael B. Jordan, a estrela que contracenou com Boseman no grande sucesso da Marvel, interpretando o antagonista Killmonger, contou como a morte do amigo ainda impacta na sua vida, e lamentou como gostaria de ter sido mais presente na época.

“É algo em que penso com frequência. Não estou verificando tanto quanto deveria. É algo que pesa sobre mim também. Não estou tentando transformar isso em uma sessão de terapia, mas Chadwick é especial. Eu estava ansioso para, tipo, você sabe…”, disse B. Jordan, que logo se emocionou e não conseguiu concluir a fala sobre o amigo.

Daniel Kaluuya, que também estrelou o filme, dando vida ao guerreiro W’Kabi, chorou ao relembrar de Chadwick Boseman durante a entrevista. “Uma coisa incrível de se ter testemunhado e de ter estado por perto. Além disso, o tipo de homem que ele estava. Ele ajuda as pessoas e ele ajudou as pessoas. Ele ainda está ajudando as pessoas. Vamos manter isso real. E é o suficiente para continuar, apenas depende de nós para continuar”, contou emocionado.

Para Kevin Hart, a morte de Chadwick abalou a todos e relembrou bons momentos com ele. “Ele assumiu sua batalha, ele assumiu sozinho. Ele não fez disso um assunto do mundo. Era privado entre ele e sua família. Essa é a verdadeira força de sair todos os dias e sorrir, e apertar as mãos de todos. Ter uma apresentação do bem. Toda vez que eu o via, ele não tinha nada além de orações e boas palavras. ‘Irmão, eu te amo. Faça uma oração por você, Kevin’. Ele sempre faz uma oração no meu ouvido. ‘Deus, segure-o, seja forte’. Chadwick era um cara tão positivo e inspirador. Cedo demais”, relatou o ator. 

Chadwick Boseman faleceu aos 43 anos, em 2020, após uma batalha silenciosa contra o câncer no intestino. Sua morte aconteceu semanas antes do início das gravações de “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, que estreou em 2023.

O legado de ‘Pantera Negra’

Durante a gravação do documentário, Denzel Washington contou que chorou um pouco quando assistiu ‘Pantera Negra’. “Fui à estreia e não estava interessado no tapete vermelho. Então fui aos bastidores e vi Chad e Ryan [Coogler]. Falei com eles e então sentei e assisti ao filme. Senti como se o bastão tivesse sido passado. Não sei se a palavra é ‘aliviado’, mas fiquei orgulhoso de ver o que eles fizeram e ver para onde estavam indo. Eu não sabia que eles ganhariam um bilhão de dólares, mas ganharam. Então, foi um momento especial para mim”, lembrou. 

Para Laurence Fishburne, o filme era o que os negros estavam esperando por um século. “Porque você não tem apenas um príncipe nesse filme. Nós temos dois príncipes com Chad e Michael B. Nós nunca tivemos isso antes no cinema. Então para mim, isso foi como toda a nossa história. Meio que embrulhado e condensado nesse maravilhoso mundo de fantasia de Wakanda. Isso nasceu da nossa necessidade de ter esse tipo de heróis e esse tipo de representação. E Coogler [diretor] fez um ótimo trabalho com isso. E tanto Michael B. quanto Chadwick realmente entraram nesses papéis com uma espécie de pureza de coração, que realmente significou tudo para mim”, contou. 

“Eu estava, tipo, ‘Estou causando um rebuliço’”, contou Michael B. Jordan com uma boa risada. “A primeira coisa que fizemos, no primeiro dia, foi o Conselho Tribal. Então, no primeiro dia, eu andei acorrentado, eu tinha meus dentes de ouro. No set, sempre que eu colocava essas coisas, eles já sabiam que eu estava em um lugar diferente. Essa era a beleza desses personagens na sofisticação e nas camadas disso”.

“Não era só preto e branco, você sabe, eram dois lados de uma conversa que precisavam ser tidas. Era uma coisa extra que nos permitia sentar em nossos personagens de uma certa maneira e apenas ser. E fizemos isso no maior palco. E permitimos que o mundo entrasse nessa conversa. Nós não vendemos no exterior. Nossos filmes não são traduzidos. Ninguém quer ir ver um filme negro com elenco todo negro. Todas essas coisas boas. Então eu acho que queimar esses limites imaginários que foram projetados em nós por tanto tempo, que começamos a acreditar nisso, foi, tipo, uma reeducação para todos, mas especialmente para nós”, disse empolgado. 

“Chad foi imortalizado. Wakanda para sempre. Chadwick para sempre”, concluiu Michael B. Jordan.

Morre Luana Rocha, viajante e cofundadora da página ‘Dois Pretinhos no Mundo’, aos 35 anos

0
Foto: Reprodução/Instagram

Luana Rocha, viajante e cofundadora da página ‘Dois Pretinhos no Mundo’ ao lado do marido Adão, faleceu aos 35 anos, após uma longa batalha contra um câncer. A informação foi divulgada no perfil oficial do Instagram na madrugada desta segunda-feira, 7 de abril, e na rede social do pai, o Deputado Federal Vicentinho (PT).

“Amigos(a) agradeço imensamente as orações e boas energias que recebemos. Infelizmente a Luana não resistiu e descansou após 5 anos de luta, onde tivemos muitos momentos difíceis mas cada momento de alegria, cada vitória, cada ciclo de quimio finalizado era comemorado em família como mais uma vitória”, inicia o texto. “Ela sempre será lembrada por sua determinação nos cuidado com nosso filho, a dedicação ao serviço social, por seu sorriso, e amor com a família e amigos”, completa.

Nas redes sociais, o Guia Negro publicou uma nota prestando solidariedade a família e amigos e detalhou a trajetória e a luta da Luana. “Mulher negra, esposa do Adão, com quem mantinha um perfil de viagem que foi indicado pelo Guia Negro em 2020 entre os viajantes que todos deveriam seguir. Ao lado do companheiro, Luana passou por 14 países e considerava cidadã do mundo”.

“Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 2011, e mestre pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2014, Luana dedicou sua vida profissional à construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Desde 2013, atuava como Assistente Social no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), com atuação no Programa de Assistência Estudantil e nas políticas de ações afirmativas. Atualmente, colaborava tecnicamente com a Universidade Federal do ABC (UFABC)”, continua o texto.

“Há cinco anos, Luana enfrentava uma dura batalha contra um câncer agressivo que se espalhou pelo intestino. Passou por cinco cirurgias e inúmeros tratamentos. Desde o último dia 25, estava internada no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Nos últimos dias, seu estado de saúde se agravou, sendo necessária a entubação. Os médicos lutavam contra um quadro de infecção generalizada, mas os antibióticos já não surtiram efeito diante do avanço da doença”, detalha.

“Única filha mulher dos 7 filhos do Deputado Federal Vicentinho (PT). Neste momento de tristeza, expressamos nossa solidariedade e condolências aos familiares, amigos, colegas e todos que tiveram o privilégio de conhecer Luana. Sua memória seguirá viva e temos certeza que ainda vai inspirar muitas pessoas negras e viajantes”, diz.

O velório e o sepultamento está agendado para até às 17h desta segunda-feira, no Cemitério Memorial Jd. Santo André, na cidade Santo André em São Paulo.

error: Content is protected !!