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STJ rejeita tese de “racismo reverso” e limita crime de injúria racial a ofensas contra negros

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Foto: Sergio Lima/Poder 360

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta terça-feira (4) que o crime de injúria racial deve ser aplicado somente nos casos de ofensas dirigidas a pessoas negras.

Com a decisão, o colegiado decidiu rejeitar a tese do chamado “racismo reverso”, que envolve ofensas de pessoas negras contra pessoas brancas.

A questão foi decidida no caso de um homem branco que foi chamado “escravista cabeça branca europeia”. O caso aconteceu em Alagoas e foi denunciado pelo Ministério Público como injúria racial.

Por unanimidade, os ministros entenderam que a injúria racial não se aplica quando ofensas são dirigidas a pessoas brancas em razão da cor da pele. Nesses casos, o crime de injúria simples deve ser aplicado. 

Conforme o acórdão do julgamento, a Lei 7.716/1989, que definiu os crimes de preconceito de raça ou de cor, visa proteger grupos minoritários historicamente discriminados.

“O conceito de racismo reverso é rejeitado, pois o racismo é um fenômeno estrutural que historicamente afeta grupos minoritários, não se aplicando a grupos majoritários em posições de poder”, decidiu o STJ.

Com a decisão do tribunal, o entendimento sobre a questão do “racismo reverso” poderá ser aplicado pelas instâncias inferiores.

Texto: André Richter/Agência Brasil*

Um chamado para assistir “Kasa Branca”

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Foto: Divulgação

Para os Meus,

um chamado para divulgação coletiva do “Kasa Branca”!

“Quando o rebanho se une, o leão dorme com fome” – Provérbio africano.

Foi aos 10 anos no Grupo Nós do Morro, na favela do Vidigal, que eu entendi o que é ser preto e o valor da coletividade, essa força da pluralidade que acolhe nossas dores e nos mantém vivos em uma sociedade complexa.

Foi na arte do teatro e hoje do cinema que escolhi a minha premissa política em democratizar o protagonismo do corpo preto na luta diária por uma reparação histórica audiovisual. O meu motor nessa narrativa é saber que eu não estou sozinho nessa jornada. O fortalecimento no meu ofício de cineasta se faz presente pelo enfrentamento de uma luta exercida por gerações de movimentos negros e ancestrais.

Os maiores resquícios históricos que carrego no meu inconsciente são as mãos dadas nos momentos de violência e das danças em reverências à nossa espiritualidade.

Sigo forte porque estou acompanhado com meu bonde nesse lugar chamado Cinema Negro. O tempo é o agora no processo de potencializar a nossa singularidade em uma dramaturgia que reluz poesia e resistência, que busca um espaço mais horizontal nas relações de poderes no mercado audiovisual, através da democratização e alianças.

O afeto também é revolucionário, é por meio desta que faço esse chamado ao público brasileiro, nessa caminhada em uma rua estreita e longa chamada Cinema. Conto com a aliança de vocês nessa campanha do meu primeiro longa-metragem de ficção, cheio de delicadeza, negritude, afeto, amizade, poesia e subversão favelada.

O Kasa Branca ainda está aqui e não está sozinho…

O longa está em exibição nos cinemas brasileiros.

Axé,

Luciano Vidigal, diretor e roteirista do filme ‘Kasa Branca’.

Ministério da Cultura critica Grammy por tratamento a Milton Nascimento: “Falta de sensibilidade e respeito”

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Foto: Reprodução/Instagram

O Ministério da Cultura divulgou, nesta terça-feira (4), uma nota de repúdio ao tratamento dado a Milton Nascimento durante a cerimônia do Grammy 2025, realizada no último domingo (2). O cantor decidiu não participar do evento depois de perceber que não teria um assento nas mesas principais.

“O Ministério da Cultura (MinC) manifesta repúdio ao tratamento dispensado ao cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, Milton Nascimento, na cerimônia do Grammy 2025. A decisão da Academia de posicioná-lo em um local incompatível com sua trajetória, prestígio internacional e necessidades físicas demonstra falta de sensibilidade e respeito a um dos maiores nomes da música brasileira”, diz a nota enviada ao Estadão.

O ministério também destacou a importância do artista, chamando Milton de “ícone da cultura nacional” e lembrando sua influência global: “Sua obra influenciou artistas em todo o mundo, elevando a música brasileira a patamares de excelência”.

Por fim, a pasta exaltou a voz e a composição de Milton Nascimento e afirmou que ele continuará sendo celebrado por aqueles que reconhecem sua contribuição à música.

Entenda o caso

No último domingo (2), durante a cerimônia do Grammy 2025, a cantora Esperanza Spalding criticou a organização da premiação por não garantir um lugar na área principal para Milton Nascimento, com quem concorreu ao prêmio de Melhor Álbum de Jazz Vocal. “Estou brava porque essa lenda viva não foi considerada importante o suficiente para sentar entre os principais artistas, ou como quer que as mesas no andar principal sejam organizadas”, disse no Instagram.

Na publicação, ela posou segurando uma montagem da foto do Milton Nascimento com a frase: “Essa lenda viva deveria estar sentada aqui!”. A cantora Willow Smith também postou uma foto na rede social com essa foto, como forma de protesto.

Bituca e Spalding disputavam a categoria pelo álbum “Milton + Esperanza”, mas a vencedora foi Samara Joy, com o disco “Portrait”.

Após repercussão da publicação, a equipe de Milton Nascimento também se pronunciou nas redes sociais com uma nota de esclarecimento. !Um dia antes, quando observamos os convites, constatamos que a Academia havia destinado um lugar para Esperanza, artista com quem Milton divide o disco indicado, nas mesas, entre os artistas principais ali presentes, enquanto destinaram para a lenda brasileira um lugar na arquibancada, desconsiderando não só toda a sua trajetória e prestígio em todo o mundo, como a sua idade avançada e impossibilidade de subir ou descer escadas”, destacou.

“Quando questionados pela equipe de Esperanza, alegaram que ficariam nas mesas apenas os artistas que eles queriam no vídeo.
Tendo em vista a carreira vitoriosa, o reconhecimento e o respeito conquistado pelo genial artista brasileiro, optamos pela ausência dele na cerimônia principal”, explicou.

Pantera Negra 3: Produtor comenta sobre possível reescalação do personagem T’Challa

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Foto: Marvel

Os rumores de que a Marvel Studios estaria escalando um novo ator para viver T’Challa em ‘Pantera Negra 3’ continuam a circular, mas agora, Nate Moore, vice-presidente de produção e desenvolvimento da Marvel, negou que os boatos tenham fundamento, mas deixou a porta entreaberta para o futuro.

“A real é que esses rumores não têm nenhuma base. Nunca diga nunca, mas, por enquanto, não tivemos muitas conversas criativas com Ryan Coogler (diretor da franquia), porque ele ainda está mergulhado em ‘Pecadores’, que chega este ano. Vamos começar a discutir isso mais para o fim do ano, mas tudo o que circula na internet agora é pura especulação – simplesmente porque ainda nem começamos a trabalhar no filme”, afirmou ao ComicBook, em uma entrevista publicada nesta segunda-feira (3).

Os boatos diziam que o estúdio estaria discretamente em busca de um novo T’Challa para um possível terceiro filme. Vale lembrar que, em ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’ (2022), o personagem já não havia aparecido, e Shuri, interpretada por Letitia Wright, assumiu o manto do herói. Qualquer mudança drástica, no entanto, só viria depois do lançamento de ‘Vingadores: Guerras Secretas’, filme com previsão de estreia em 2027, que deve redefinir os rumos do MCU.

O primeiro ‘Pantera Negra’, lançado em 2018, arrecadou mais de US$ 1 bilhão em bilheteria e se tornou também um marco cultural, garantindo indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme. Chadwick Boseman instantaneamente virou uma referência mundial, mas faleceu em agosto de 2020, após uma batalha silenciosa contra um câncer de cólon.

Logo, a sequência ‘Pantera Negra 2’, tornou-se ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’, uma produção que lidou com o luto dentro e fora da tela. O filme acompanhou Wakanda enfrentando uma nova ameaça na figura de Namor (Tenoch Huerta) enquanto Shuri, a nova heroína, tentava preencher o vazio deixado pela morte do rei. O longa também registrou uma boa arrecadação de bilheteria e faturou US$ 859 milhões.

Vini Jr. estreia no audiovisual ao lado de Bruno Gagliasso, como co-produtor de “Clarice Vê Estrelas”, filme infantil com temática antirracista

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Foto: Kevin David

O longa-metragem Clarice Vê Estrelas, dirigido e idealizado por Letícia Pires, tem estreia prevista para o segundo semestre de 2025 e marca a estreia do jogador Vinicius Jr. no audiovisual. O atacante do Real Madrid e da seleção brasileira, conhecido por seu engajamento no combate ao racismo, é co-produtor do filme por meio do Instituto Vini Jr. A produção, que está em fase de finalização, conta ainda com Bruno Gagliasso como produtor associado.

O projeto, que une arte e educação antirracista, foi abraçado por Vini Jr. após um convite de Gagliasso. Em encontro recente, o ator destacou a importância da participação do jogador no filme. “O Vini, além de ser o melhor jogador do mundo, é um cara que está na linha de frente no combate ao racismo. Nós conversamos e ele ficou super interessado em apoiar esse projeto artístico que é um recurso totalmente lúdico contra o preconceito. Eu sou apaixonado por esse filme desde a primeira leitura de roteiro e tô ainda mais animado de ter o Vini como parceiro”, afirmou Bruno.

Clarice Vê Estrelas é o primeiro projeto audiovisual apoiado pelo Instituto Vini Jr., criado pelo jogador para promover ações de combate ao racismo e inclusão social. A trama acompanha Clarice, uma menina de quase oito anos que vê sua rotina abalada pela chegada de um novo bebê. Ao encontrar um livro mágico, ela é transportada para o circo Aquarius, onde embarca em uma jornada de autodescoberta, aprendendo a lidar com suas emoções e a encontrar seu lugar no mundo. O filme, do gênero realismo fantástico, tem protagonismo negro e é estrelado por nomes como Clayton Nascimento, Heloisa Jorge, Teca Pereira, Hilton Cobra, Digão Ribeiro, Jeniffer Dias e a estreante Dandara Arcebispo, integrante da Família Quilombo, perfil criado pelo casal Adriana Arcebispo e Josimar Silveira, que interpreta Clarice.

Clayton Nascimento, Heloisa Jorge, Dandara Arcebispo e Teca Pereira – Foto: Reprodução/Instagram

Para Letícia Pires, diretora e criadora da história, a parceria reforça o propósito do filme. “A entrada do Instituto Vini Jr. se alinha com todo o propósito que o filme vem construindo até aqui. Este é um filme brasileiro e lúdico sobre a infância, com o qual muitos — adultos e crianças — irão se identificar. A jornada de Clarice, uma metáfora do amadurecimento, convida a reflexões sobre mudanças, aceitação do novo e respeito à ancestralidade. Um filme para toda a família”, explicou.

Com uma narrativa que mistura fantasia e temas sociais, Clarice Vê Estrelas promete ser uma obra significativa no cenário audiovisual brasileiro, reforçando a importância da representatividade e do combate ao racismo por meio da arte.

Homem que processa A$AP Rocky reconhece erro em testemunho após encontrar vídeo antigo

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Foto: AP/Damian Dovarganes

Terell Ephron, conhecido como A$AP Relli, encerrou seu depoimento na segunda-feira (3) com uma revelação surpreendente: ele admitiu ter disparado uma pistola semiautomática em um campo de tiro em Los Angeles duas semanas antes do suposto tiroteio envolvendo o rapper A$AP Rocky, em novembro de 2021. A informação contradiz seu testemunho anterior, em que afirmou que o vídeo em que aparece atirando havia sido gravado em Nova Jersey.

Ephron, que alega ter sido baleado por Rocky (cujo nome verdadeiro é Rakim Mayers) em um confronto em Hollywood, mudou sua versão após revisar seu arquivo do Instagram durante o fim de semana. Ele confirmou que o vídeo foi gravado no Los Angeles Gun Club, durante uma viagem de negócios à Califórnia. Anteriormente, ele havia dito aos jurados que não estava em Los Angeles na época.

A revelação ganha importância porque a defesa de A$AP Rocky sustenta que o rapper portava apenas uma pistola de partida no dia do incidente e que Ephron teria “plantado” os dois estojos de munição de 9 mm encontrados no local. Mayers, de 36 anos, nega as acusações e afirma que os disparos foram apenas “tiros de advertência” para interromper uma briga entre Ephron e outro membro do coletivo A$AP Mob.

Durante o interrogatório, o advogado de defesa Joe Tacopina questionou Ephron sobre as inconsistências em seu depoimento. O acusador admitiu que revisou o vídeo após um tuíte que identificava o local como o Los Angeles Gun Club. “Eu só queria parar de falar com você”, disse Ephron, justificando sua mudança de versão.

Ephron também negou ter fabricado evidências, afirmando que, por dois anos, manteve a versão de que Mayers teria disparado três ou quatro vezes. No entanto, em uma audiência em 2023, ele ouviu um áudio que registrava apenas dois estalos. “Se eu tivesse plantado, teria trazido exatamente o que eu disse”, declarou.

O caso, que já dura três anos, gira em torno de um vídeo de vigilância que mostra Mayers segurando uma arma, mas sem flashes visíveis ou som que comprovem disparos reais. A defesa argumenta que o áudio sincronizado com o vídeo foi manipulado.

Ephron, que alega ter sido ferido por uma bala que raspou sua mão, enfrentou perguntas incisivas sobre seu processo civil de US$ 30 milhões contra Mayers, que ele nega ser motivado por extorsão. “Eu nunca plantei nada”, insistiu.

O julgamento, que tem atraído atenção internacional, pode resultar em até 24 anos de prisão para Mayers, se condenado. O caso agora depende da credibilidade de Ephron, cujo depoimento tem sido marcado por contradições e confrontos com a defesa.

O juiz Percy Anderson ordenou que os advogados evitassem provocações pessoais após um acalorado debate entre Tacopina e o promotor adjunto John Lewin, que trocaram insultos durante a sessão. O julgamento deve continuar nesta semana, com mais testemunhas e evidências a serem apresentadas.

Mundo Negro e veículos independentes são barrados na área de imprensa em evento da Netflix

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Foto: Carolina Viana/Mundo Negro

Como celebração da quinta e última temporada da série ‘Sintonia’, a Netflix promoveu o festival ‘Sintonia – O Último Baile’, no último sábado, 1º de fevereiro, em São Paulo. No entanto, a equipe do Mundo Negro, um dos veículos credenciados, foi expulso da área de cobertura da imprensa e relatou falta de respeito por parte da segurança. 

“O show das gêmeas Tasha & Tracie, Duquesa e Menorzinha, começou cerca de 16h. Nós, prontamente fomos para a frente do palco fazer os registros, mas passado 20 minutos, os seguranças nos tiraram do espaço, numa total falta de educação. Eu só consegui registrar uma parte do show de Tasha & Tracie e Menorzinha, pois os seguranças nos tiraram logo no início da apresentação que teve em média 1h de duração”, relatou a correspondente do Mundo Negro, Carolina Viana, que esteve no evento para a cobertura. 

Após o credenciamento do Mundo Negro ser aprovado junto a assessoria de imprensa ágora, havia sido acordado uma entrevista com o elenco na área VIP, o que também não ocorreu. “Informaram [no evento] que não poderíamos mais entrevistá-los, que iriam nos levar até o VIP, mas não poderíamos fazer entrevista com ninguém. Só tirar fotos e conversar, mas sem registro como entrevistas. Lá só podíamos ficar 30 minutos, e logo saímos”, afirma Carol. 

Ao longo do evento, a equipe continuou acompanhando os shows e fazendo cobertura na área geral, mas no momento do show dos Racionais MC’s, já no espaço da imprensa, foram impedidas novamente. 

“O segurança não deixou, disse que outras pessoas estavam acessando o espaço sem ser da imprensa, e que por isso, eles não deixariam mais ninguém entrar. Outra justificativa foi que os próprios artistas não permitiram qualquer imprensa entrar, e que os artistas iriam indicar qual imprensa poderia acessar”, finaliza. 

No dia do evento, a TV Fridas também relatou situações semelhantes e publicou uma nota no Instagram lamentando o ocorrido. “A mídia independente, em especial, é fundamental para garantir que as narrativas não fiquem restritas a quem já tem espaço e reconhecimento”, disse em um trecho da nota publicada no domingo. 

“A periferia sempre lutou por reconhecimento, mas vemos com tristeza que, mesmo dentro de um evento que carrega essa identidade, se mantém a lógica excludente da indústria. Se artistas que vieram da quebrada hoje têm a oportunidade de ocupar grandes palcos, foi porque veículos de todas as proporções falaram sobre eles antes do estrelato”, completa. 

O Mundo Negro tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Netflix, mas não teve retorno até o fechamento da reportagem. 

A escola é uma engrenagem racista

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Temos que descolonizar as mentes e isso deveria acontecer na escola, no entanto, as escolas são uma fábrica de racismo. Os negros, pobres e indígenas são invisíveis. (Diva Guimarães)

Diversas escolas iniciam as aulas esta semana. Para muitos alunos, é um momento de alegria, reencontro com os amigos e paqueras, curiosos em saber quem são os novos professores, quais alunos estarão na turma e mais uma gama de questões. Para alguns pais, principalmente os que moram em áreas com graves índices de criminalidade, o retorno às aulas representa uma menor preocupação. Nas ruas, a chance é enorme de perderem os filhos para o crime. Outros pais ficam aliviados, pois a merenda da escola alivia a fome das crianças. Todos nós sabemos que as condições de vida de muitas famílias brasileiras são precárias.

No meio disso tudo, encontramos um grupo de alunos negros que trazem questões delicadas. Alunos que gostariam que as férias nunca acabassem.  O desânimo e a repulsa advêm do racismo presente no espaço escolar. Eles não sentem acolhimento. Os professores e alunos têm atitudes racistas sem que sejam punidos. A minha geração passou por essa situação, as gerações anteriores e as posteriores. A verdade é que o racismo está na raiz da instituição escolar. Machuca a alma dos alunos negros, afeta negativamente no desempenho dos estudos e marca profundamente a personalidade. 

Lembremos que a Lei 10.639/2003, acerca do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira, ainda não tem sido colocada em prática por todas as escolas; com isso, os alunos negros continuam desconhecendo a história dos seus ancestrais. 

No final do ano passado, perguntei ao meu sobrinho, que está no último ano do Ensino Médio: ‘Quando você pensa na África, o que vem à sua mente?’ — pessoas passando fome. ‘Onde fica o Egito?’ — na Europa. ‘Este ano, os professores falaram sobre o dia 20 de novembro?’ — não. 

Confesso que na hora me bateu um desespero com o que ouvi. Eu acredito que a escola é um instrumento fundamental para a construção de uma sociedade fraterna, no entanto, para acontecer, demanda de uma revolução nas suas bases. A escola que hoje conhecemos só está servindo ao racismo e outras formas de opressão. Formando pessoas sem criticidade, alienadas e defensoras de todas as ideologias mais abjetas da história humana. Tão verdade que no Brasil, políticos simpatizantes de torturadores têm sido eleitos no âmbito municipal, estadual e federal. 

Eu não acredito que haverá mudanças, a educação é uma engrenagem racista. Devemos cobrar os governos porque é nosso direito e pagamos impostos. Eles nos devem. Só não podemos ficar de braços cruzados esperando que isso aconteça. Eduquemos as nossas crianças, mostremos a nossa história, fortaleça a autoestima. Construamos uma geração que irá revolucionar.

Mulher do Alabama se torna a receptora de órgão de porco com maior tempo de vida

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Foto: NYU Langone

Towana Looney, uma mulher de 53 anos do Alabama, atingiu um marco significativo na medicina ao se tornar a receptora de órgão de porco com maior tempo de vida. Há 61 dias, ela vive com um rim de porco geneticamente editado, saudável e cheia de energia, superando expectativas e trazendo esperança para o campo dos transplantes entre espécies.

“Eu sou uma supermulher”, disse Looney à Associated Press, rindo ao relatar como ultrapassa familiares em longas caminhadas por Nova York, onde está vivendo temporariamente para acompanhamento médico. “É uma nova visão da vida”, completou. A recuperação de Looney é um incentivo moral na busca para tornar os transplantes de animais para humanos uma realidade. Até agora, apenas quatro outros americanos receberam transplantes altamente experimentais de órgãos de porcos geneticamente modificados – dois corações e dois rins –, mas nenhum viveu mais do que dois meses.

“Se você a visse na rua, não teria ideia de que ela é a única pessoa no mundo andando por aí com um órgão de porco funcionando dentro dela”, disse o Dr. Robert Montgomery, da NYU Langone Health, que liderou o transplante. Ele descreveu a função renal de Looney como “absolutamente normal” e se mostrou otimista sobre sua recuperação contínua.

Cientistas têm alterado geneticamente porcos para que seus órgãos sejam mais compatíveis com humanos, uma resposta à grave escassez de órgãos transplantáveis. Nos EUA, mais de 100 mil pessoas aguardam na lista de transplantes, a maioria precisando de um rim, e milhares morrem a cada ano sem receber um órgão.

Os transplantes de órgãos de porcos têm sido casos de “uso compassivo”, permitidos pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora norte-americana, apenas em circunstâncias especiais para pacientes sem outras opções. Hospitais envolvidos nesses experimentos compartilham informações para preparar os primeiros estudos formais de xenotransplante, esperados para começar ainda este ano.

A United Therapeutics, empresa que forneceu o rim de Looney, recentemente solicitou autorização da FDA para iniciar um teste clínico. Enquanto isso, o progresso de Looney tem sido uma “experiência muito preciosa”, segundo o Dr. Tatsuo Kawai, do Hospital Geral de Massachusetts, que liderou o primeiro transplante de rim de porco do mundo em 2023.

Looney já havia doado um rim para sua mãe em 1999. Anos depois, complicações na gravidez causaram pressão alta, danificando seu rim restante e levando à falência renal. Após oito anos em diálise, ela foi considerada inelegível para um transplante humano devido a altos níveis de anticorpos que atacariam um novo órgão.

Foi então que Looney se candidatou ao experimento com o rim de porco. Onze dias após a cirurgia, em 25 de novembro, ela recebeu alta, mas sua equipe médica continuou monitorando de perto sua recuperação. Cerca de três semanas após o transplante, sinais sutis de rejeição foram detectados e tratados com sucesso, graças a lições aprendidas em um experimento anterior com um corpo doado para pesquisa.

Com informações da Associated Press.

“DEI não é uma ameaça, é um presente”: Alicia Keys reforça diversidade no Grammy em meio a cortes promovidos por Trump

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Foto: Kevin Winter/Getty Images

Durante a cerimônia do Grammy 2025, Alicia Keys foi homenageada com o Dr. Dre Global Impact Award e aproveitou o momento para reforçar a importância da diversidade, equidade e inclusão (DEI) na indústria musical. Em um discurso contundente, a cantora destacou que dar espaço a diferentes vozes fortalece a música e a cultura. “DEI não é uma ameaça. É um presente. E quanto mais vozes, mais poderoso é o som”, afirmou.

A fala de Alicia acontece em um contexto político tenso nos Estados Unidos. Desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, sua administração tem promovido cortes em políticas de diversidade e inclusão em diversas áreas, incluindo educação e cultura. A retomada de medidas que restringem programas voltados para a equidade racial gerou reações no meio artístico, com artistas como Keys usando suas plataformas para reafirmar a importância dessas iniciativas.

Além de destacar a força da diversidade, Alicia também fez referência à resiliência diante dos desafios políticos e sociais. “Quando forças destrutivas tentam nos derrubar, nós renascemos das cinzas como uma fênix”, declarou, ressaltando que a música segue como um elo inquebrável entre as pessoas. “A música é a linguagem imbatível que nos conecta a todos. É tão lindo”, concluiu.

A homenagem a Alicia Keys no Grammy 2025 não apenas reconhece sua contribuição para a música, mas também reforça seu papel como uma voz ativa na luta por justiça e inclusão. Sua fala ressoou em um momento no qual políticas públicas nos Estados Unidos ameaçam os avanços conquistados nos últimos anos no campo da diversidade, tornando o discurso ainda mais relevante.

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