Home Blog Page 47

ENTREVISTA| David Oyelowo estrela ‘Vidas Processadas’, série surpreendente sobre uma família negra nos anos 60

0
Foto: Divulgação/Apple TV+

David Oyelowo, estrela dos filmes ‘Selma’ e ‘O Mordomo da Casa Branca’, protagoniza a nova série da Apple TV+, ‘Vidas Processadas’, que estreou na última quarta-feira, 16 de abril. Diferente destas tramas que abordam histórias reais da luta pela igualdade racial nos Estados Unidos, agora o ator nigeriano-britânico interpreta Hampton Chambers no final dos anos 1960, que faz de tudo para se reaproximar emocionalmente da esposa e dos dois filhos adolescentes após passar um período em cárcere privado, e tenta lançar a sua invenção no mercado para ficar rico. 

Em entrevista à editora Halitane Rocha do Mundo Negro durante uma coletiva de imprensa, o ator e produtor executivo da série, falou sobre o processo para construção de uma família que entregasse a emoção da comédia dramática para o telespectador. “O verdadeiro desafio era que precisávamos de atores que não fossem apenas comédias óbvias para ter sutileza, mas também atores que não fossem apenas drama e intensidade, sem permitir leveza. Atores têm energias diferentes. Também precisamos de atores que se encaixem no período”.

Simone (Missick), Jah (Di’Allo Winston) e Evan (Ellison) eram a combinação perfeita, porque todos esses elementos estavam lá. Dava para vê-los no período. Então, havia espaço para realmente arriscar com os elementos mais dramáticos, porque é um tom muito específico que estamos tentando atingir com a série”, elogia o elenco. 

David Oyelowo em ‘Vidas Processadas’. (Foto: Divulgação/Apple TV+)

“Se você os considerasse como personagens individualmente, não sei se diria instantaneamente: ‘Ah, todos eles pertencem àquela família’. Mas eu diria que há muitas famílias em que você tem filhos muito diferentes, pais que não concordam, mas de alguma forma há um amor no meio das coisas que os une. E se drama é conflito, essa é a receita perfeita”, completou o ator entusiasmado. 

Apesar de ser uma série de época, uma das inovações na produção é o protagonismo de uma família negra que não gira em torno dos conflitos raciais. Astoria Chambers (Simone Missick), por exemplo, esposa do Hampton, entra em uma jornada de autodescoberta ao precisar cuidar dos filhos sozinha, descobre novos interesses pessoais e profissionais, inclusive mantém uma boa relação com pessoas brancas no trabalho e na vizinhança. 

“Para mim, foi revigorante poder abordar essa personagem dessa família, essa mulher, Atoria Chambers, que é mãe e cuida de dois meninos em crescimento no final da década de 1960, sem a presença do marido, até que ele retorne. Mas poder abordar isso sem ter que lidar com o trauma do que normalmente vemos retratado em famílias negras naquela época, sem ter que navegar pelo equilíbrio do componente racial, as lutas raciais do movimento pelos Direitos Civis. Havia uma verdade nisso”, disse a atriz na entrevista. 

Simone Missick em ‘Vidas Processadas’. (Foto: Divulgação/Apple TV+)

Missick mergulhou em como era a vida familiar naquela época. “Tive a oportunidade de falar com meus familiares, minha mãe e minha tia. E quando eles falavam sobre sua criação em Detroit na década de 1960, não estavam falando sobre marchas e brutalidade policial ou disparidade racial. Eles tinham vizinhos que eram brancos e multiculturais, o que achei muito interessante, porque não era isso que eu tinha visto retratado na tela nos mais de 30 anos que assistia televisão e filmes. E então, algo que parecia tão distante estava, na verdade, mais próximo de mim do que eu imaginava, sendo a vida dos meus familiares”, relatou. 

“Poder compartilhar isso e mostrar que essa verdade também era realidade naquela época, e fazer isso em uma série engraçada, leve, fantástica, que lida com elementos, temas e tons tão únicos, pensei que fosse um presente não só para mim, mas para o público, saber que existe mais de uma perspectiva para aquele período e para a nossa realidade”, conclui. 

Aeysha Carr, co-showrunner e produtora executiva, completou sobre como essa abordagem na série foi revigorante. “David interpretou Martin Luther King Jr. (em ‘Selma’). Há ótimos filmes sobre a população negra e não estou dizendo que não há espaço para mais, mas acho que queríamos mostrar uma família negra nessa época, porque havia dias ruins da revolução, havia dias em que você simplesmente existia, e queríamos permitir que esses personagens tivessem uma vida que às vezes não fosse restringida por esse tipo de dor”, contou. 

David Oyelowo e Simone Missick em ‘Vidas Processadas’. (Foto: Divulgação/Apple TV+)

“Você vê isso nos pequenos momentos em que o cara diz: ‘o que eu ganho por contratar uma mulher com filhos?’. Havia muitas famílias negras, mães solteiras com filhos. Introduzimos isso em pequenas doses, mas não queríamos que essa fosse a história que estávamos contando. Queríamos mesmo mostrar uma família sob uma luz diferente, naquele período”, concluiu. 

Inspirações para os adolescentes negros 

Jahi Di’Allo Winston e Evan Ellison interpretam os irmãos adolescentes Harrison e Einstein, respectivamente. Harrison entra numa jornada para tentar manter uma boa relação com o pai diante do retorno dele, inclusive seguindo o conselho cultural de um povo indígena da região. Enquanto Einstein, como o próprio nome sugere, é muito inteligente, se preparando para ingressar em uma universidade de prestígio, porém o mais peculiar é o seu interesse no salto com vara. Seus personagens são inspirados na infância de Paul Hunter, co-showrunner, e o seu irmão. 

“A história dos nativos americanos aconteceu na vida de Paul. Ele tinha um vizinho nativo americano que o apresentou a essa cultura e ele achou real, ele tirou algo daquilo e isso ficou com ele. Então, acho que essas histórias e a questão do salto com vara são estranhas e bizarras, e é um esporte de verdade. Você pode ir às Olimpíadas para o salto com vara, mas não é algo sobre o qual muitas pessoas falem. Então, era apenas uma questão de tentar encontrar maneiras de pegar momentos reais da história e da vida de Paul enquanto crescia e colocá-los neste programa”, contou Aeysha Carr.

Evan Ellison e Jahi Di’Allo Winston em ‘Vidas Processadas’. (Foto: Divulgação/Apple TV+)

Os jovens exploraram muito a vida de Hunter para entender seus personagens. “Muitas das coisas mais animadas e selvagens da história estão enraizadas em alguma história real que surgiu na infância de Paul. E então, esses pequenos pedaços de informação foram realmente essenciais para construir a dinâmica familiar e, especificamente, meu personagem”, contou Jahi Di’Allo Winston.

“Eu acho que foi realmente muito legal e quase inspirador ver alguém tão certo do que quer fazer. Eu só queria descobrir por que ele queria fazer isso. Foi emocionante descobrir sua vibe e quem ele era. O relacionamento dele com o pai é bem legal porque ele, assim como o pai, Hampton, é que os dois são otimistas, eu diria. Foi muito divertido interpretá-lo”, disse Evan Ellison sobre as características que mais gostou de Einstein.

Já para Winston, um adolescente negro como Harrison foi muito atrativo para querer o papel. “Nós o descrevemos como uma espécie de cínico da família, mas ele também é muito inteligente e tem uma empatia inata por outras pessoas além de si mesmo. E isso meio que transparece na compreensão dele sobre diferentes culturas e pessoas além dele. Às vezes, pode parecer que ele está tentando ter uma superioridade moral, mas na verdade está enraizado nele ser intensamente apaixonado por qualquer coisa com a qual ele realmente se importe. E eu amei isso. Você consegue ver um ponto de vista diferente sobre um jovem adolescente negro. Para mim, isso é diferente de qualquer personagem que eu já interpretei”, relatou. 

Evan Ellison e Jahi Di’Allo Winston em ‘Vidas Processadas’. (Foto: Divulgação/Apple TV+)

O timing cômico da série

Bokeem Woodbine, famoso por seus papéis na série ‘Fargo’ e ‘Queen e Slim’, integra o elenco interpretando Bootsy, o amigo do Hampton. Eles formam uma boa dupla na trama e nos bastidores. 

“Trabalhar com o David foi muito divertido. Ele é um grande profissional, um ótimo ser humano e foi simplesmente incrível trabalhar com ele. O trabalho que fazemos é desafiador, então é revigorante e gratificante desfrutar da companhia da pessoa com quem você está trabalhando e se dar bem com alguém, especialmente se vocês estão atuando como amigos. Deveria ser assim, mas nem sempre é assim. Então, a experiência foi fantástica e tranquila”, contou Woodbine.

O desafio para o ator, estava na dinâmica da comédia da série. “O timing cômico para entender onde está a piada, mas não se inclinar demais para isso. Você sabe o que está buscando, mas não quer forçar demais. É um equilíbrio. E tentar alcançar isso tem sido um desafio constante”, disse. “Tem momentos no episódio cinco que eu achei muito difíceis, porque achei tão engraçado que me fez rir enquanto lia”, lembrou.

David Oyelowo e Bokeem Woodbine em ‘Vidas Processadas’. (Foto: Divulgação/Apple TV+)

Com essa excelente produção de comédia dramática, Woodbine está seguro da recepção do público. “Tenho muita esperança de que as pessoas sejam receptivas ao que fizemos e que talvez vejam um reflexo de pessoas que conhecem em suas vidas, ou talvez de suas próprias famílias, e do nosso projeto”, concluiu. 

Racismo prejudica metabolismo e dificulta perda de peso de mulheres negras, aponta especialista

0
Foto: Arquivo Pessoal

Principais vítimas de casos de racismo, mulheres negras sentem no corpo, na mente e no metabolismo as consequências dessa violência. Segundo o nutricionista Rafael Bastos, mestre em Crítica Cultural e pesquisador em Saúde Coletiva pela UFBA, o estresse crônico provocado pela discriminação racial desencadeia uma série de alterações hormonais e metabólicas que dificultam o emagrecimento e aumentam o risco de doenças como diabetes, hipertensão e depressão.

O nutricionista critica a abordagem tradicional que reduz o emagrecimento a “fechar a boca e malhar”. “Essa conduta centrada no modelo ‘foco, força e fé’ não acolhe a realidade socioemocional das mulheres negras”, afirma. “Desconsidera que o organismo feminino é complexo, sobretudo das mulheres negras que carregam em si não só questões biológicas, mas também psicossociais, que precisam ser levadas em consideração em qualquer conduta da área de saúde”, explica em entrevista para o Mundo Negro.

“Situações de discriminação disparam o estresse físico e emocional, aumentando o cortisol, hormônio que favorece o acúmulo de gordura abdominal, resistência à insulina e desequilíbrio da glicose”, lembra o especialista. Esse descontrole metabólico, por sua vez, abre caminho para uma série de complicações. “São inúmeras as condições de saúde que estão ligadas a essa questão, entre elas os adoecimentos cardiovasculares: pressão alta (hipertensão), inflamação crônica silenciosa, risco aumentado de AVC e infarto. Adoecimentos psicoemocionais como ansiedade, insônia, depressão, cansaço crônico, sentimento de incapacidade ou culpa sobretudo ligados a baixa autoestima corporal. Além de alterações intestinais e imunológicos como a disbiose intestinal, imunidade baixa que podem vulnerabilizar as mulheres negras a doenças e infecções”, detalha.

Na saúde mental, as consequências incluem ansiedade, insônia, depressão e uma sensação constante de cansaço. “Muitas mulheres recorrem a alimentos ultraprocessados e doces como forma de compensação emocional”, diz Bastos. “Sabe aquela vontade louca de atacar o chocolate no final do dia? Não é fraqueza, é seu corpo tentando sobreviver num sistema que te adoece.”

Para ele, é essencial que os profissionais de saúde adotem uma visão mais ampla, indo além da contagem de calorias. “Atualizando-se! Buscando um olhar holístico em relação ao cuidado e saindo da lógica biomédica da nutrição. Aproximando- se cada vez mais das questões sócio raciais que afetam a a população negra, buscando formas acolhedoras de orientar e conduzir que não reproduzam o discurso tecnicista que tenta universalizar o cuidado. Alimentação e nutrição não são receitas prontas, e entender que calorias, embora sejam um conceito importante, não são a única variável quando se trata de conduta para emagrecimento”.

Linhas de cuidado que incorporem saberes ancestrais

Entre as políticas públicas necessárias, ele destaca a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e defende a criação de linhas de cuidado que incorporem saberes ancestrais, como o uso de ervas medicinais e uma alimentação mais consciente.

“Precisamos combater o ‘nutricídio’, que é o genocídio do povo negro pelo consumo excessivo da comida do colonizador, e incentivar que mais profissionais de saúde sejam verdadeiramente antirracistas”, conclui. Para Bastos, o emagrecimento da mulher negra não é uma questão apenas biológica, mas biopsicossocial — ou seja, envolve corpo, mente e sociedade.

Os dados mais recentes do IBGE mostram que, pela primeira vez desde 1991, a soma de pessoas que se declaram pretas (10,2%) e pardas (45,3%) superou a população branca (43,5%). No entanto, junto com esse fortalecimento identitário, os casos de denúncias por racismo aumentaram 67%, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. E esse cenário tem um impacto direto na saúde.

“Representação da nossa autoestima”, Mariana Sena celebra sucesso de sua personagem em ‘Garota do Momento’

0
Foto: Balbino

Uma das personagens mais marcantes de ‘Garota do Momento’, Glorinha protagonizou cenas icônicas em que falou sobre como o cabelo crespo é a coroa de uma mulher negra e mostrou ao público uma personagem cheia de coragem. A novela é a segunda da carreira de Mariana Sena, que tem emocionado o público em muitos momentos ao dar voz para a cabeleireira Glorinha.

“Eu descrevo a Glorinha como uma menina de coração muito puro e muito verdadeiro. Ela é muito determinada, forte. É uma menina que sonha muito e que batalha para concretizar o que ela almeja. Não à toa ela consegue realizar o sonho de abrir um salão de cabeleireiro e vem transformando o cabelo das personagens ao longo da trama. Ela é a representação da nossa autoestima. Nós mulheres negras que crescemos, principalmente a minha geração e as gerações anteriores, a gente cresceu numa realidade muito machucada com relação à autoestima e ao longo dos anos e do amadurecimento a gente vem se fortalecendo e se sentindo bonitas e vem transformando isso em presença e vem construindo essa beleza e essa segurança através da nossa autoestima e a Glorinha é essa pessoa”, destacou a atriz sobre sua personagem.

A atriz de 29 anos, que é mãe da pequena Ayomi, de pouco mais de 1 ano, está em sua segunda novela. Sena estreou nos folhetins com a personagem Lorena, em ‘Mar do Sertão’, transmitida pela TV Globo no ano de 2022. Natural de São Paulo, ela deixou o curso de fisioterapia na Universidade de São Paulo (USP) no penúltimo semestre para se dedicar à carreira de atriz e está ganhando destaque na imprensa pela qualidade do trabalho que entrega como Glorinha.

Assim como sua personagem, Mariana Sena se orgulha de seu cabelo crespo e de sua negritude, mas lembra que até passar pelo processo de transição capilar aos 17 anos, mal conhecia a estrutura de seu próprio cabelo: “Quando você faz transição capilar. Eu não conhecia a estrutura do meu próprio cabelo, eu fui descobrindo ao longo do tempo. E até hoje eu não sei qual cumprimento ele pode chegar. Já se passaram 10 anos que eu vivi essa transformação e eu ainda vivo. É uma loucura. O cabelo crespo tem sua personalidade e eu acho que é uma das melhores qualidades de se ter o cabelo crespo. Principalmente o cabelo black power, como o meu. Ao longo do tempo eu fui entendendo: ‘caramba, meu cabelo ele sobe’. Meu cabelo cresce e ele sobe, isso é genial, é maravilhoso, é inclusive um grande traço da minha personalidade”, lembra

“Eu acho que a Glorinha utiliza da autoestima dela e do poder do cabelo dela, da autoestima, para se colocar, se posicionar, ela é destemida, é determinada. Acho que a gente se mistura muito, Glorinha e Mariana. Eu empresto muito de mim e da minha história para ela, mas também aprendo bastante com a personagem”, finaliza a atriz.

‘Falas da Terra’: especial em celebração ao Dia dos Povos Indígenas terá apresentação de Dira Paes e Xamã

0
Foto: Globo/ Beatriz Damy

Em celebração ao Dia dos Povos Indígenas, neste sábado 19 de abril, o segundo especial do projeto ‘Falas’ de 2025 tem apresentação de Dira Paes e Xamã, que também encarnam personagens variados, em um formato no qual humor e conscientização são o fio condutor da narrativa. O especial ‘Falas da Terra’ será exibido na próxima segunda-feira (21).

Preservação da natureza, demarcação de terras indígenas, mudanças climáticas e a sabedoria ancestral são alguns dos temas abordados no ‘Falas da Terra’, que conta ainda com diversas participações especiais. Entre elas, Adanilo, Chico Terrah, Daniel Munduruku, Dig Verardi, Fernanda Fuchs, Grace Gianoukas, Jefferson Schroeder, Luene Karipuna, Mell Muzzillo, Neuza Caribé, Tiago Karitiana e Tukumã Pataxó.

“O ‘Falas da Terra’ vem para trazer a memória desses povos originários, que são a base da nossa sociedade brasileira, a raiz humana e histórica, o começo de tudo”, destaca Dira. “Achei muito perspicaz da direção e criação pensarem em abordar temas tão urgentes, sérios e universais, mas com uma ótica em que a gente consegue conversar através do cotidiano da leveza”, acrescenta a atriz. “O ‘Falas da Terra’ é um programa educacional, com muito humor e carisma, trazendo artistas indígenas, personalidades, e eu acho que, de certa forma, é uma oportunidade, uma plataforma para as pessoas conhecerem um pouco mais dos nossos povos”, resume Xamã. 

Dira Paes e Susanna Kruger encarnam âncoras de um telejornal quase “apocalíptico”, no especial. Na cena, a dupla apresenta aos telespectadores uma previsão do tempo nada animadora, impactada por altas históricas de temperatura, queimadas pelo país e uma fumaça que cobre todos os estados. Já Xamã poderá ser visto também dando vida ao indígena Raoni, em um clipe que mostra o impacto do plástico e do consumismo e a realidade de indígenas que vivem dentro e fora das aldeias.

‘Falas Femininas’ foi o primeiro especial, em alusão ao Dia Internacional da Mulher. Estão previstos ainda mais cinco programas que celebram o Dia dos Povos Indígenas, o Dia do Orgulho LGBTQIA+, o Dia do Idoso, o Dia da Consciência Negra e o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência. 

O especial ‘Falas da Terra’ é escrito por Carolina Warchavsky, Flávia Boggio, Luciana Fregolente e Veronica Debom, com colaboração de Bruna Trindade e Clara Anastácia, consultoria de Tukumã Pataxó e roteiro final de Veronica Debom. O especial tem direção de Nathalia Ribas, Naína de Paula e direção artística de Matheus Malafaia, produção de Silvana Feu, produção executiva de Claudio Dager e direção de gênero de Patricia Pedrosa.

Após caso de negligência médica, mulher cria plataforma para gestantes negras nos EUA: ‘Quase morri por não ser ouvida’

0
Foto: Reprodução/Freepik

A norte-americana Rayna Clay anunciou nesta semana a criação da plataforma Pregnant And Black (Grávida e Negra), dedicada a apoiar mulheres negras grávidas após sofrer um caso grave de negligência médica que quase tirou sua vida e a de sua filha. O projeto visa conectar gestantes negras a profissionais de saúde comprometidos com um atendimento adequado, mas a realidade que Clay enfrentou não é exclusiva dos EUA—no Brasil, dados mostram um cenário ainda mais crítico.

Clay estava com 30 semanas de gravidez quando começou a sentir fortes dores. Mesmo bebendo quatro litros de água por dia, recebeu repetidos diagnósticos de “desidratação” em um pronto-socorro. “Os médicos diziam que a gravidez era dolorosa e que eu precisava lidar com isso”, contou à revista Essence. Graças à insistência de sua família, descobriu uma apendicite necrosante aguda, que exigiu cirurgia de emergência. “Se tivéssemos sido mandados de volta para casa, eu provavelmente teria morrido”, afirmou.

A experiência negativa da norte-americana a inspirou a criar um aplicativo, que está em desenvolvimento, para que outras mulheres negras possam receber suporte e tenham suas necessidades atendidas por profissionais atentos. O que Clay viveu reflete a crise de mortalidade materna entre mulheres negras nos EUA, mas no Brasil, os números são ainda mais alarmantes, considerando que aqui elas morrem o dobro no pré e pós-parto, revelando a urgência de políticas públicas que tenham como foco o combate ao racismo no atendimento às mulheres negras grávidas.

No Brasil, mulheres negras morrem o dobro no pré e pós-parto

Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que mulheres negras têm quase o dobro do risco de morte materna em comparação com brancas. Dados do Ministério da Saúde confirmam que a população negra tem os piores índices gerais de saúde, incluindo as maiores taxas de mortalidade materna e infantil.

O estudo, publicado na Revista de Saúde Pública em junho de 2024, mostrou que, entre 2017 e 2022, a taxa de mortalidade materna foi de 125,8 por 100 mil nascidos vivos entre mulheres negras, contra 64 por 100 mil para brancas e pardas.

Débora Santos, professora e coautora da pesquisa, explica: “No Brasil, nós percebemos que as principais causas são evitáveis. Essas taxas elevadas não estão ligadas às questões de idade ou de óbito em si, mas sim às questões sociais, em especial a racial.”

A pandemia de Covid-19 agravou o cenário, com aumento de mortes por causas evitáveis, como infecções e hipertensão, em 2020 e 2021.

Um problema global

Assim como nos EUA, onde Clay criou o Pregnant And Black para combater a negligência, no Brasil a intersecção entre racismo e saúde pública continua a custar vidas. Enquanto o aplicativo de Clay está em desenvolvimento (com atualizações em www.pregnantandblack.com e no Instagram @pregnantandblack), especialistas brasileiros reforçam a urgência de políticas públicas que enfrentem o viés racial no atendimento médico.

“Mulheres negras merecem ter suas vozes ouvidas e suas necessidades atendidas pelo sistema médico”, disse Clay.

Dicas de filmes e séries com protagonismo negro para assistir no feriado

0
O Livro de Clarence (Foto: Legendary Entertainment / MORIS PUCCIO)

Nada melhor do que um feriado prolongado para descansar e colocar as séries e filmes em dia. Para ajudar a proporcionar este momento que começou nesta Sexta-Feira Santa, 18 de abril, até segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, o Mundo Negro preparou uma lista com produções audiovisuais que vão do drama à comédia, e até um novo reality show de streaming, tudo com protagonismo negro. Confira a lista completa abaixo! 

Cidade dos Homens 

Com duas temporadas disponíveis, o clássico nacional retrata a realidade de Acerola (Douglas Silva) e Laranjinha (Darlan Cunha), dois amigos que enfrentam o poder do tráfico de drogas e a falta de dinheiro em uma comunidade carente. Disponível no Globoplay.

O Livro de Clarence  

Estrelado por LaKeith Stanfield, o filme apresenta Clarence, um jovem negro que se esforça para sobreviver, apostando em corridas e se envolvendo com o comércio de alucinógenos. Num certo momento, ele fica impressionado com o poder e a influência que os 12 apóstolos têm e logo decide que quer se juntar a eles, embora não acredite exatamente que Jesus seja o Messias. Disponível na Max.

DNA do Crime 

A série policial inspirada em fatos reais, gira em torno de uma força-tarefa da Polícia Federal que investiga um ousado assalto a uma transportadora de valores na fronteira entre o Brasil e o Paraguai — considerado um dos maiores roubos da história da América Latina. O elenco inclui nomes como Thomas Aquino, Pedro Caetano, e mais. A segunda temporada estreia em 2025. Disponível na Netflix.

Paradise 

Ambientada em uma comunidade aparentemente perfeita, habitada por pessoas influentes e poderosas, a série explora como um brutal assassinato coloca tudo em xeque. A paz desse paraíso artificial é rompida, e a trama se desenrola em meio a uma investigação cheia de segredos e perigos. Estrelada por Sterling K. Brown, a série já foi renovada para segunda temporada e está disponível na Disney+.

No Coração do Mundo 

Dirigida por Gabriel Martins e estrelada por Grace Passô, o filme se passa na cidade de Contagem, quando as histórias de Selma, Marcos e Ana se cruzam. O desejo por uma vida melhor e sua busca pelo “Coração do Mundo” os levam a cometer um crime. Disponível na Telecine.

Pop the Balloon 

Com apresentação da icônica Yvonne Orji, estrelas de realities e pessoas comuns testam se rola alguma química entre elas neste experimento romântico. O programa já conta com dois episódios disponíveis no catálogo da Netflix e toda quinta-feira, às 21h, é transmitido ao vivo.

Manhãs de Setembro 

Com duas temporadas, a série é protagonizada por Liniker. Ela vive Cassandra, uma mulher trans que conquista pela primeira vez a chance de viver de acordo com seus próprios termos. Ela trabalha como entregadora em São Paulo e sonha em seguir carreira como cantora, inspirada por sua grande ídola, Vanusa. No entanto, tudo muda quando uma ex-namorada, reaparece com Gersinho (Gustavo Coelho), um menino de dez anos que diz ser seu filho. Disponível no Prime Video. 

Sneaks: De Pisante Novo 

Com dublagem de Christian Malheiros, Rayssa Leal e Jottapê, o filme de animação traz uma história repleta de aventura, humor e uma celebração da cultura dos sneakers e do hip-hop. O longa estreou nos cinemas nesta semana. 

Vidas Processadas 

Estrelada por David Oyelowo, a série é uma comédia surrealista sobre a excêntrica família Chambers, ambientada em 1969, no Vale de San Fernando (Califórnia, EUA). A trama se desenrola com a libertação de Hampton da prisão, que desestabiliza a dinâmica familiar já estabelecida por sua esposa e filhos. Lançada nesta semana, a primeira temporada está disponível na Apple TV+.

9 obras de autores afro-brasileiros para celebrar o Dia Nacional do Livro Infantil

0
Lhaiza Morena (Foto: Reprodução/Instagram)

Em continuidade à celebração das obras infantis de autores negros, o Mundo Negro selecionou uma nova rodada de livros escritos por afro-brasileiros que foram indicados pelos nossos leitores no Instagram, para promover a literatura com representatividade para as crianças nesta sexta-feira, 18 de abril, Dia Nacional do Livro Infantil. Veja a lista completa abaixo!

Lili, a rainha das escolhas

Escrita pela autora Elisa Lucinda, a obra acompanha Lili, uma menina que se assusta e se confunde, mas é sempre muito importante. “Há até quem ache que ela é quem nos faz o que somos. Para entendê-la, é só observar o que ela diz!”, diz a descrição. 

Calu: uma menina cheia de histórias 

O livro das autoras Cássia Valle e Luciana Palmeira, acompanha Calu, que procura uma forma de transformar o bairro em que mora em um museu a céu aberto. A obra ressalta a importância de trabalhar o sentimento de pertencimento da população para o patrimônio material e imaterial.

Quinzinho

A obra escrita por Luciano Ramos conta a história do menino Quinzinho e sua família, que trazem a reflexão da importância do orgulho de ser preto e preta, o empoderamento das crianças pretas para enfrentar o racismo e a relação da criança com o seu pai mostra, que apresenta uma dimensão de uma masculinidade alternativa e afetuosa. 

Sonhe Alto, Menina! 

No Dia da Profissão na escola, Ziza decide compartilhar com seus colegas o seu grande sonho para quando crescer, mas as coisas não saem como ela esperava. Sonhe alto, menina! é uma incrível história sobre persistência e determinação para que todas as meninas atinjam seus objetivos e possam ser o que quiserem. O livro é da autora Lhaiza Morena.

O black power de Akin

A tristeza invadiu o coração de Akin, jovem negro de 12 anos, que cobre a cabeça com um boné ao ir para a escola. Ao seu avô, Dito Pereira, ele não conta que tem vergonha do seu cabelo, motivo de chacota dos colegas. Antes que Akin tome uma atitude brusca, o sábio avô, com a força das histórias da ancestralidade, leva o neto a recuperar a autoestima. Agora confiante, Akin ergue seu cabelo black power e se sente um príncipe. O livro é escrito pela autora Kiusam de Oliveira.

Por onde anda meu pai? 

A obra é uma narrativa de paternidade negra, a partir do olhar de um menino que demonstra todo seu carinho e afeto por seu papai. É uma história de amor, que também apresenta referenciais ligados à identidade, como o cabelo, a ancestralidade e a representatividade negra. O livro é resultado de uma pesquisa de mestrado, que identificou uma ausência nas produções infantis, na qual homens negros aparecessem exercendo papel de cuidado com os pequenos. Escrito por Yago Eloy.

Diário de uma quarentena

O livro ‘Diário de uma quarentena’ traz narrativas de Yalle Tárique, uma criança negra no seu primeiro período na pandemia. “Comecei a escrever após ter escrito a carta para meu tio que pegou Covid-19. Aqui, na minha casa, todos estavam aflitos com essa situação do meu tio e para mim não estava bem em ver tudo isso, então, resolvi escrever para compartilhar”, descreve o garoto. 

O Jardim

O livro acompanha, MATÚ, uma criança que, ao perder um tesouro precioso, se deixa levar pelo vento e descobre novos lugares e novas experiências de afeto. Durante essa jornada ela encontra um novo tesouro ao contemplar o nascimento de um girassol. A obra da Tatiana Sa será lançada em maio. 

Do Òrun ao Àiyé – A criação do mundo

Existem muitas crenças e teorias sobre de onde viemos e como tudo começou. Neste livro, os pequenos leitores encontrarão uma versão sobre a criação do mundo segundo os iorubás, recontada pela escritora Waldete Tristão.

5 restaurantes com chefs negros para conhecer no feriado prolongado 

0
Chef Kelma Zenaide. (Foto: Reprodução/Instagram)

Você gosta de conhecer novos restaurantes em dias de folga? Em celebração ao feriado prolongado que inicia nesta Sexta-feira Santa, 18 de abril, até o dia 21 de abril, próxima segunda-feira, o Mundo Negro e o Guia Black Chefs selecionou 5 restaurantes de diferentes regiões do Brasil, comandados por chefs negros, cujo alguns estabelecimentos incluem o Menu Páscoa.

Confira abaixo a lista completa!

Kitutu: Gastronomia Afro-brasileira, comandado pela chef Kelma Zenaide. 

Onde: Belo Horizonte (MG) | Instagram: @kitutugastronomiafrobrasileira

Foto: Reprodução/Instagram

Culinária de Terreiro, comandado pela chef Solange Borges.

Onde: Camaçari (BA) | Instagram: @culinariadeterreirorestaurante

Foto: Reprodução/Instagram

Dois de Fevereiro, comandado pelo chef João Diamante.

Onde: Rio de Janeiro (RJ) | Instagram: @dois.de.fevereiro

Foto: Reprodução/Instagram

Santo Colomba, comandado pelo chef Alencar. 

Onde: São Paulo (SP) | Instagram: @santocolomba

Foto: Reprodução/Instagram

La Cucina, comandado pelo chef Guilherme Lara.

Onde: Blumenau (SC) | Instagram: @laracucinaa

Foto: Reprodução/Instagram

Após polêmica, Maju Santos se torna Creator da Negra Rosa e estrela campanha do Burger King

0
Foto: Reprodução

A influenciadora digital Maju Santos, de Alagoas, anunciou nesta quinta-feira (17) sua nova parceria como Creator da marca de beleza Negra Rosa. A novidade chega semanas após a polêmica envolvendo a Salon Line, que enviou uma mensagem ofensiva à criadora de conteúdo. Maju também divulgou uma campanha com o Burger King, que acumula quase 400 mil visualizações em dois dias nas suas redes sociais.

A colaboração com a Negra Rosa foi revelada em um vídeo publicado por Maju e pela marca no Instagram. A parceria com a Negra Rosa acontece após a Salon Line, que havia se envolvido em uma controvérsia após responder de forma pejorativa a um post da influenciadora promovendo seus produtos sem patrocínio.

No episódio, a conta oficial da Salon Line enviou à criadora uma mensagem com tom de deboche: “Amiga, você tá igual o cachorro na frente da padaria, olhando o frango girar e só sentindo o cheiro, kkkk”. O caso ganhou repercussão, e a empresa emitiu um pedido de desculpas público em vídeo, criticado por misturar justificativas corporativas com o mea-culpa.

Maju, que já demonstrou desconfiança em relação à retratação, afirmou esperar que outras influenciadoras não passem por situações semelhantes. Enquanto isso, sua parceria com o Burger King e a Negra Rosa consolida sua presença no mercado de influência, agora com maior visibilidade após o episódio.

Colecionador é criticado por vender livros de registros raros sobre escravização do século XIX

0
Foto: Reprodução

O escritor e colecionador Eduardo Helbert Urban viralizou nas redes sociais ao publicar um vídeo mostrando livros cartoriais do século XIX com registros de escravizados — incluindo penas aplicadas e alforrias. No material, ele exibe a ficha de um homem chamado Tobias, descrito como “cor preta, cabelos crespos”, preso por “andar nas ruas fora de hora” e punido com “50 açoites”.

Os livros, segundo Urban, foram resgatados de um incêndio em um local de descarte de uma biblioteca, que ele não identificou. Ele afirmou que comprou os documentos e está vendendo um deles — o livro de óbitos já foi negociado. A postagem, no entanto, gerou críticas de quem defende que tais registros deveriam estar sob a guarda de museus ou arquivos públicos: “Espera. Você está vendendo esse livro? Espero que não porque é um documento de interesse público e as informações nele contidas precisam chegar ao conhecimento de todos, gratuitamente”, comentou um usuário. “Não importa se foi salvo de um incêndio, existem muitos locais públicos onde esses documentos históricos seriam perfeitamente preservados”, escreveu uma internauta.

Nas respostas ao vídeo, usuários argumentaram que os documentos são patrimônio público e deveriam estar em instituições como o Museu Afro ou o Museu Nacional. “São registros importantíssimos sobre a ancestralidade do nosso povo”, escreveu uma pessoa em mensagem direta. Nas redes, Urban se defendeu, alegando que age com “responsabilidade e pesquisa”. Disse ainda que não doará os livros, mas que restaurará e digitalizará o livro de alforrias para disponibilizar o conteúdo.

Urban rebateu: “Se não fosse pelo alfarrabista que me vendeu, esse livro estaria queimado”. Ele acrescentou que cartórios em cidades históricas não permitem acesso a esses registros e que, com a divulgação, está ajudando a preservar a memória.

Em stories, o colecionador desabafou sobre ataques pessoais e explicou que pegou um empréstimo para comprar os livros. “Não tem ninguém me apoiando nesse trabalho. Sou eu sozinho”, disse. Afirmou ainda que entrou em contato com órgãos públicos para vender os documentos, mas não obteve retorno.

Questão patrimonial

A polêmica envolve tanto a guarda desses materiais quanto o acesso a eles, já que muitos registros similares permanecem em condições precárias ou inacessíveis em arquivos oficiais.

Urban reiterou que venderá os livros “para colecionadores ou quem quiser comprar e doar”, mas que não tem condições de doá-los. “É um resgate histórico”, afirmou. “Se alguém quiser adquirir para doar, fica à vontade.”

error: Content is protected !!