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Angela Bassett vai ganhar Oscar honorário pela ‘carreira excepcional’ como atriz

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Foto: Getty Images / People.

Após 40 anos de trabalho no mundo do cinema, Angela Bassett finalmente será reconhecida com o Oscar, prêmio mais importante do cinema mundial. A atriz foi anunciada como uma das vencedoras do Oscar honorário 2023, que homenageia ‘carreiras extraordinárias e excepcionais’. Anúncio foi feito nesta tarde de segunda-feira (26) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Angela Bassett como Ramonda em ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’. Foto: Marvel Studios

“Ao longo de sua carreira de décadas, Angela Bassett continuou a apresentar performances transcendentes que estabelecem novos padrões de atuação”, informou a Academia. Neste ano de 2023, a atriz concorreu ao Oscar pela atuação como Rainha Ramonda no filme ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’, mas acabou perdendo. Antes, ela só foi indicada ao prêmio em 1994, pela atuação no filme ‘Tina’.

O Prêmio Honorário foi feito para homenagear distinção extraordinária em conquistas ao longo da vida, contribuições excepcionais para o estado das artes e ciências cinematográficas ou serviço excepcional à Academia. Bassett receberá o prêmio em 18 de novembro, durante a cerimônia especial organizada pela Academia.

Associação Médica Americana afirma que padrões IMC são racistas

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Foto: Freepik

Amplamente utilizado na área médica como métrica de padrão para classificar pessoas “acima do peso”, o Índice de Massa Corporal (IMC) não deve ser utilizado como única medida de avaliação da saúde pelo preconceito racial enraizado em seu uso, segundo a Associação Médica Americana (AMA).

Segundo o New York Post, o Conselho de Ciência do AMA publicou um relatório na semana passada favorável a uma nova política de avaliação de peso e saúde nos Estados Unidos, desencorajando o uso do IMC com a justificativa de que o índice não leva em consideração as diferenças étnicas e raciais. Além disso, o IMC também não leva em conta a distribuição da gordura pelo corpo e não considera as diferenças entre idade e sexo. 

A entidade classificou o índice como “indireto e imperfeito” porque seu uso colabora com a “exclusão racista”. “O IMC não representa apropriadamente as minorias raciais e étnicas”, afirma o documento. 

O Índice de Massa Corporal foi desenvolvido pelo matemático belga Lambert Adolphe Jacques Quetelet, no final dos anos 1800, que determinou que o peso corporal de um “homem normal”seria proporcional a sua altura. O matemático fez esse cálculo com base no “imaginado caucasiano ideal”, no século 19. 

Em 1972, a descoberta feita por Quetelet em um estudo composto apenas por homens europeus brancos, foi utilizada como base pelo fisiologista americano Ancel Keys para o cálculo estimado de gordura corporal.

“Nossa AMA reconhece: os problemas com o uso do índice de massa corporal (IMC) como uma medida porque: (a) da eugenia por trás da história do IMC, (b) do uso do IMC para exclusão racista e (c) limites de IMC são baseados no caucasiano ideal imaginado e não consideram o gênero ou a etnia de uma pessoa”, diz o Conselho. 

Segundo o AMA, “os sul-asiáticos, em particular, têm níveis especialmente altos de gordura corporal e são mais propensos a desenvolver obesidade abdominal [do que os brancos], o que pode explicar seu risco muito alto de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”.  O artigo afirma ainda que, “alguns estudos descobriram que os negros têm menos gordura corporal e maior massa muscular magra do que os brancos com o mesmo IMC e, portanto, podem ter menor risco de doenças relacionadas à obesidade”. 

As informações compartilhadas pela Associação Médica Americana reforçam a importância de os especialistas não se basearem apenas no IMC para determinar questões de saúde ligadas à obesidade, considerando que o índice segue um padrão eugenista. A decisão da AMA tem como impulsionar uma mudança no sistema de saúde, com foco em uma abordagem mais inclusiva e abrangente na avaliação da saúde e do peso.

Leilah Moreno faz show especial em tributo a Tina Turner no MIS

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Foto: Reprodução

A cantora e atriz Leilah Moreno vai fazer uma apresentação única na sexta-feira (30) na  exposição “Tina Turner: Uma Viagem para o Futuro”, do Museu da Imagem e do Som (MIS). O show vai contar com sucessos da ícone do rock e de artistas que tiveram ela como referência.

A exposição em homenagem a Tina Turner iniciou em maio e se encerra no dia 9 de julho. O show da Leilah Moreno faz parte de uma programação especial do MIS em tributo a cantora que partiu em maio, aos 83 anos.

Além do próprio repertório de Tina Turner, com músicas como “The Best” e “What’s Love Got to Do with It”, o show também vai contar com sucessos de artistas que se inspiraram na rainha do rock, como Beyoncé e Michael Jackson.

“Tina Turner: Uma Viagem para o Futuro” é a primeira exposição dedicada à artista no Brasil. Com curadoria e direção do coletivo MOOC, a mostra é dividida em quatro temas: “sua inigualável carreira musical; o poder feminino que faz da artista um referencial de superação; sua marcante participação na sétima arte; e seu estilo único refletido nos figurinos e seus penteados emblemáticos.”

Os ingressos já estão esgotados, mas a exposição está aberta até o dia 9 de julho. O ingresso para a mostra está disponível no valor de R$ 30.

Kendrick Lamar é confirmado em festival no Brasil

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Foto: Divulgação

Kendrick Lamar, um dos grandes nomes da nova geração do hip-hop, realizará um show no Brasil! O rapper estará presente no GP Week, festival que antecede a etapa do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.

O evento será realizado nos dias 4 e 5 de novembro, no Allianz Parque, em São Paulo. No primeiro dia, o público contará com atrações como Halsey, Machine Gun Kelly, Swedish House Mafia e JXDN. Já no segundo dia, os fãs poderão curtir o show do Lamar, além do músico Thundercat e o duo Sofi Tukker.

Os ingressos para o primeiro dia do festival já estão disponíveis para compras no site da Eventim e na bilheteria do Allianz Parque. Para os shows do dia 5, com o show do Lamar, começarão as vendas na quarta-feira (28), às 12h, no mesmo site, e na bilheteria do portão A do estádio, a partir das 13h. Cada ingresso custa entre R$ 195 (meia-entrada, Cadeira Superior) a R$ 1.990 (inteira, Paddock) e é válido para apenas um dia de festival.

Kendrick Lamar é um dos artistas cotados para ser uma das principais atrações do Primavera Sound SP, que será realizado nos dias 02 e 03 de Dezembro, no Autódromo de Interlagos, na capital paulista, mas até o momento não foi confirmado. 

Lares chefiados por mulheres negras são as que mais sofrem com a fome, mostra pesquisa

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Foto: Sara Gehren

Uma em cada cinco famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pretas e pardas no Brasil sofre com a fome (20,6%) – o dobro em comparação aos lares chefiados por pessoas brancas (10,6%). A situação é ainda mais grave quando se leva em conta o gênero: 22% dos lares chefiados por mulheres autodeclaradas pretas e pardas sofrem com a fome, quase o dobro em relação a famílias comandadas por mulheres brancas (13,5%).

O recorte de raça e gênero, também revela que mesmo as mulheres negras com maior escolaridade (8 ou mais anos de estudos), sofrem com a insegurança alimentar moderada ou grave, sendo um terço delas (33%), comparado com 21,3% de homens negros, 17,8% de mulheres brancas e 9,8% de homens brancos.

Os dados foram obtidos pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VIGISAN), pesquisa que teve os primeiros resultados publicados em junho de 2022. Para ter acesso a esses novos indicadores, acesse o site Olhe para a Fome.

“A situação de insegurança alimentar e fome no Brasil, que foi denunciada ao mundo pelo II VIGISAN, em 2022, ganha maior nitidez agora. A falta de alimentos e a fome são maiores entre as famílias chefiadas por pessoas negras, principalmente mulheres negras. Precisamos urgentemente reconhecer a interseção entre o racismo e o sexismo na formação estrutural da sociedade brasileira, implementar e qualificar as políticas públicas tornando-as  promotoras da equidade e do acesso amplo, irrestrito e igualitário à alimentação”, afirma a professora Sandra Chaves, coordenadora da Rede PENSSAN

Os novos dados apresentados pelo II VIGISAN dão uma dimensão mais exata da fome no Brasil, que atingiu 33,1 milhões de pessoas em 2022. Como revelam os dados do recorte feito no II VIGISAN por raça e gênero, muitas dessas pessoas vivem em casas chefiadas por mulheres negras – pretas e pardas.

O VIGISAN é uma realização da Rede PENSSAN (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), com dados obtidos pelo Instituto Vox Populi entre novembro de 2021 e abril de 2022.

Lares com crianças aumenta insegurança alimentar

A fome foi uma realidade para 23,8% das famílias que tinham crianças menores de 10 anos de idade e eram chefiadas por mulheres negras. Neste grupo, apenas 21,3% dos lares encontravam-se em segurança alimentar, menos da metade do que foi encontrado nos lares chefiados por homens brancos (52,5%) e quase metade do que ocorre nos domicílios chefiados por mulheres brancas (39,5%).

A fome e o desemprego

A situação de emprego e trabalho também influenciou a segurança alimentar das famílias no final de 2021 e início de 2022, segundo a cor da pele autodeclarada da pessoa responsável. Onde havia desemprego ou trabalho informal, a fome se fez presente na metade dos lares chefiados por pessoas negras, comparado com um terço dos lares chefiados por pessoas brancas. Na condição de desemprego, a insegurança alimentar grave, ou seja, a fome, foi mais frequente em domicílios chefiados por mulheres negras (39,5%) e por homens negros (34,3%).

Quando a pessoa responsável pelo domicílio tinha emprego formal, e a renda mensal familiar era superior a 1 salário mínimo per capita (SMPC), a segurança alimentar se fez presente em 80% dos lares chefiados por pessoas brancas e em 73% dos chefiados por pessoas negras.

BET Awards 2023 é marcado por empate entre Beyoncé e SZA

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Foto: Reprodução

Na noite de domingo (25) aconteceu o BET Awards 2023, uma das maiores premiações da cultura negra, em Los Angeles, que comemorou os 50 anos do Hip Hop. A noite de comemorações e homenagens foi marcada por Beyoncé e SZA liderando a lista de premiados, com direito a empate entre elas, e apresentações em homenagem a Tina Turner e Takeoff.

Beyoncé e SZA somaram 6 prêmios juntas. Beyoncé ganhou “Bet Her” e “Escolha do Público” com a música “Break My Soul”, enquanto SZA ganhou “Melhor Artista Feminina R&B/Pop” e “Vídeo do Ano” com “Kill Bill”. Pela primeira vez na história do Bet Awards, as duas empataram no maior prêmio da noite, o Álbum do Ano. Outro empate da noite foi em “Melhor Artista Masculino R&B/Pop”, com Chris Brown e Usher.

Outro prêmio marcante foi o Lifetime Achievement Award, entregue ao MC, produtor musical e ator Busta Rhymes, por ter ajudado a moldar a cultura e ser um líder na elevação da indústria de maneira impactante.

Dois artistas póstumos também foram lembrados no BET Awards: Tina Turner, um dos grandes nomes do rock n’ roll, que faleceu aos 83 anos, e Takeoff, do Migos, que foi baleado em novembro e morreu aos 28 anos. 

Patti LaBelle ficou encarregada em cantar “Simply the Best” em homenagem a Tina Turner, mas sua apresentação ficou marcada por ela não saber a letra e precisar de um telepronter para auxiliá-la.

Já a homenagem ao Takeoff ficou marcada por unir Quavo e Offset novamente em uma apresentação memorável. Os dois ex-integrantes do Migos não se falavam e quando Takeoff morreu a briga entre os dois se intensificou.

O filme Pantera Negra: Wakanda Para Sempre também saiu premiado na noite, com o “Melhor Filme”, e Angela Bassett ganhou de “Melhor Atriz” por interpretar “Ramonda” no filme.

Confira a lista completa de ganhadores:

Álbum do Ano

“Renaissance” – Beyoncé

“SOS” – SZA 

Melhor Artista Feminina de R&B/Pop

SZA

Melhor Artista Masculino de R&B/Pop

Chris Brown

Usher

Melhor Colaboração

“WAIT FOR U” – Future Feat. Drake & Tems

Melhor Grupo

Drake & 21 Savage

Melhor Artista Feminina de Hip Hop

Latto 

Melhor Artista Masculino de Hip Hop

Kendrick Lamar 

Vídeo do Ano

“Kill Bill” – SZA 

Diretor de Vídeo do Ano

Teyana “Spike Tey” TAYLOR

Melhor Novo Artista

Coco Jones

Melhor Gospel/Inspiração

“Bless Me” – Maverick City Music & Kirk Franklin

Viewer’s Choice Award | Prêmio Escolha da Público

“BREAK MY SOUL” – BEYONCÉ 

Melhor Artista Internacional

Burna Boy (Nigéria) 

Escolha do público: Melhor Revelação Internacional

Libianca (Camarões)

BET Her

“BREAK MY SOUL” – Beyoncé

Melhor filme

“Pantera Negra: Wakanda para Sempre” 

Melhor ator

Damson Idris 

Melhor atriz

Angela Bassett

Prêmio Jovem Estrela

Marsai Martin

Prêmio Esportista do Ano (Mulheres)

Angel Reese

Prêmio Esportista do Ano (Homens)

Jalen Hurts

5 influenciadores negros em TI para você conhecer

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Foto: Reprodução/Instagram

O mercado de TI (Tecnologia da Informação) é concentrado por uma maioria de profissionais homens e brancos. Segundo pesquisa realizada pela PretaLab, em parceria com a consultora global em softwares ThoughtWorks, em 32,7% dos casos, não há nenhuma pessoa negra nas equipes de trabalho em tecnologia. Já para 68,5% das análises, as pessoas negras representam um máximo de 10% dentro das equipes de trabalho em tecnologia. Além disso, 21% dos entrevistados afirmam que não há nenhuma mulher na equipe.

Nos últimos anos, cada vez mais mulheres e homens negros tem adentrado na área da tecnológica e sendo referências na web, compartilhando conteúdos relevantes sobre tecnologia e dicas importantes para incentivar a comunidade negra no mercado de trabalho. Confira cinco destes influenciadores negros para começar a seguir hoje: 

Foto: Reprodução/Instagram

1 – Amanda Graciano

Amanda Graciano, eleita LinkedIn Top Voice em 2019, é colunista de Inovação & Tecnologia no jornal Estadão e no MIT Technology Review Brasil. No LinkedIn, ela escreve a newsletter “Antes do Café” para falar sobre tecnologia. A profissional também compartilha diversas novidades no TikTok e no Instagram. Formada em economia, Amanda é Sócia e Head de Relacionamento com Corporações na Fisher.

Foto: Reprodução/Instagram

2 – Akin ABaz 

Akin é CEO e Fundador da InfoPreta, primeira empresa especialista em tecnologia no Brasil que tem por objetivo inserir pessoas negras, LGBTQIAP+ e mulheres no mercado. Ele tem um canal no YouTube com dicas para quem quer começar ou está no início da carreira, além de se aproximar com os assinantes, compartilhando a vivência negra. Os vídeos também são compartilhados no Instagram.

Foto: Reprodução/Instagram

3 – Karen Santos 

Karen Santos é CEO e Fundadora da UX para Minas Pretas, edtech feita para empregar mulheres negras no mercado digital. Karen foi um dos grandes destaques na lista Under 30 de 2020 da revista Forbes, que seleciona os empreendedores de sucesso abaixo dos 30 anos. Além de também ser nomeada Linkedin Creator e Linkedin Top Voices Next Gen 2022. No Instagram e no LinkedIn, ela compartilha diversos conteúdos com dicas e informações para mulheres negras com foco em tecnologia e empreendedorismo.

Foto: Reprodução/Instagram

4 – Kizzy Terra e Hallison Paz

O casal Kizzy e Hallison são graduados em Engenharia de Computação. Em 2020, eles venceram o Pitch de Criadores durante o Youpix Summit, maior evento de influência do país. Fundadores do projeto Programação Dinâmica, o casal tem vídeos com cursos e dicas sobre programação, ciência de dados e inteligência artificial, com um vídeo novo toda semana no canal do YouTube e dicas valiosas no Instagram. Juntos, eles também fundaram o projeto ALFORRIAH, com o objetivo de orientar futuros líderes nas áreas de ciência de dados e inteligência artificial em suas jornadas de aprendizado e aprimoramento.

Foto: Thais Monteiro

5 – Silvana Bahia

A jornalista, mais conhecida como Sil Bahia, é criadora e co-diretora executiva do Olabi, ONG responsável pela PretaLab, uma plataforma que conecta mulheres negras que são ou gostariam de ser da tecnologia, por meio de ciclos formativos, rede de profissionais, mercado de trabalho, consultorias e estudos. No Instagram do projeto PretaLab, são compartilhadas diversas dicas sobre cursos e mercado de trabalho para quem está iniciando a carreira na área tecnológica ou pretende começar.

 

A coragem inabalável de João Cândido

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Imagem: Reprodução / Prefeitura de São João de Meriti

Texto: Ricardo Corrêa

Revolucionários Negros não caem do céu. Somos gerados por nossas condições. Moldados por nossa opressão.

      – Assata Shakur

João Cândido Felisberto nasceu em 24 de junho de 1880, Encruzilhada do Sul, interior do Rio Grande do Sul. Também conhecido como Almirante Negro, liderou a revolta da Chibata, um dos episódios mais significativos da história brasileira e inspiração a todos que lutam pelos direitos humanos. João Cândido nunca recebeu qualquer chibatada durante os 17 anos que esteve na Marinha, e, mesmo assim, compreendeu a necessidade de lutar contra essa prática que ocorria dentro da instituição “Quando não eram as varas de marmelos, era uma… uma corda intitulada corda de… de barca, linha de barca, e sempre os carrascos colocavam agulhas e pregos, preguinhos pequenos na ponta, coberto.” Na noite do dia 22 de novembro de 1910, revoltados com os castigos físicos que recebiam dois mil e trezentos marujos, a maioria pretos e pardos, descendentes diretos de ex-escravizados, insurgiram contra a Marinha. 

Liderados por João Cândido, assumiram o controle dos navios de guerra e ameaçaram bombardear a capital federal. No meio das reivindicações, exigiam a melhoria dos soldos, plano de carreira e abolição da chibatada como forma de punição. O Brasil parou! O estopim da revolta aconteceu pelo castigo que o marinheiro, Marcelino Rodrigues Menezes, recebeu no dia 16 de novembro: 250 chibatadas. A revolta se estendeu até o dia 26 de novembro, após o governo conceder anistia aos corajosos marinheiros. No entanto, no dia seguinte, o presidente marechal Hermes da Fonseca assinou um decreto que possibilitava a expulsão dos envolvidos.

João Cândido e outros líderes foram presos na solitária do Batalhão Naval, Ilha das Cobras. Dezoito morreram, exceto dois marinheiros. Como se não bastasse sair com vida daquele “matadouro”, João Cândido foi considerado louco e internado no Hospital de Alienados, onde permaneceu por quase dois meses. Depois o mandaram novamente para o presídio. No final de 1912, recebeu a expulsão da Marinha. 

A vida do Almirante Negro prosseguiu repleta de dificuldades econômicas, e tragédias familiares, mas a dignidade e a coragem continuaram inabaláveis. Em entrevista para o Museu da Imagem e do Som (1968), ao ser questionado qual seria a atitude se pudesse voltar no tempo, respondeu “Teria agido da mesma forma”

O nosso herói faleceu aos 89 anos, no Rio de Janeiro, vítima de câncer de intestino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arias Neto, J. M. (2009). João Cândido 1910-1968: arqueologia de um depoimento sobre a Revolta dos Marinheiros. História Oral6

MOREL, Marco. João Cândido e a luta pelos direitos humanos. Livro fotobiográfico. Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2008. v. 1.

PASSOS, Eridan. João Cândido: o herói da ralé. São Paulo: Expressão Popular, 2008

‘Falas de Orgulho’: Globo apresenta especial com história de amor negro entre casal LGBTQIA+

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Foto: Reprodução/TV Globo.

No dia 26 de junho, durante a semana do Dia do Orgulho LGBTQIA+ (celebrado em 28 de junho), a Globo transmitirá o terceiro episódio da antologia Histórias Impossíveis intitulado “Falas de Orgulho”. No episódio “Sísmicas”, vamos acompanhar a história de amor entre Lena (interpretada por Ana Flavia Cavalcanti), uma mulher cisgênero, e sua namorada Kátia (interpretada por Kika Sena), uma mulher transgênero. O episódio explora a narrativa do casal negro que, ao decidir morar juntas na casa que Lena herdou de sua avó, enfrenta ameaças que desafiam a solidez do relacionamento.

‘Histórias Impossíveis’ exibe narrativas ficcionais que abordam medos femininos a partir de diferentes perspectivas de mulheres contemporâneas, sempre ligadas às efemérides do ano. Nesta trama focada nas questões LGBTQIAPN+, ao iniciarem uma etapa mais sólida em sua trajetória juntas, Lena e Kátia vão ter que lidar com “fantasmas” internos e externos que abalam a estrutura do que estão construindo.

Lena (Ana Flavia Cavalcanti) e Kátia (Kika Sena). Foto: Divulgação/TV Globo.

“Cada episódio da série tem um tom diferente, um jeito próprio de tratar um assunto fundamental do nosso realismo social a partir do gênero. Quisemos trazer o assunto de uma relação entre duas mulheres de um jeito que aproxime o público, mostrando os movimentos comuns, universais, a uma história de amor com seus encontros, desencontros, medos, desavenças, reconciliações, onde todos podemos nos reconhecer e sentir empatia”, revela a diretora artística Luisa Lima, que assina a direção do episódio com Thereza de Medicis e Graciela Guarani.

Para as criadoras e também roteiristas da antologia, o episódio deixa uma mensagem especial. Jaqueline Souza expressa sua expectativa: “Esperamos que pessoas da comunidade LGBTQIAP+ se sintam representadas de diversas formas pelas questões dessa história e que o grande público se sinta inspirado pelo relacionamento de Lena e Kátia. Entre todo terror do mundo lá fora, essa é uma história sobre o mundo de dentro e como o amor e o afeto são fundantes em nossas vidas. É nosso episódio mais melodramático, rasgado, vibrante, assim como é amar”.

Wagner Cerqueira conta como sua marca, Identidade Negra, promove identificação e impacto social na comunidade negra

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Foto: Divulgação

Quantos de nós consegue apostar no próprio sonho para viver daquilo que gostamos e acreditamos? Essa não é uma tarefa fácil em um país cuja população negra sempre foi invizibilizada e despida de qualquer privilégio, por isso histórias de pessoas que conquistaram seus objetivos em meio a tantas barreiras são contadas, porque se tornam exemplos positivos e referências para todos nós.

Nascido em São Paulo, no Capão Redondo, bairro onde mora até hoje, Wagner Cerqueira é filho de pais que vieram da Bahia para a capital paulista e tem mais dois irmãos. Fundador da Rede de Profissionais Negros ele lançou em 2019 a marca Identidade Negra, que vende roupas e mantém parceria com a marca Reserva.

O empreendedor dividiu detalhes de sua trajetória pessoal e nos negócios com o Mundo Negro. “Sou nascido e moro no Capão Redondo, periferia da zona sul de São Paulo. Sou filho de mãe e pai baianos, com um irmão e uma irmã. Ambos mais velhos e com dois filhos cada um. Por ser negro, periférico ou deficiente físico, em inúmeros momentos, era colocado em situações constrangedoras ou excludentes no trabalho, na escola, na rua, em lojas, etc. Sempre me senti incomodado com a maneira que era e ainda sou tratado na sociedade.”, contou ele.

Cerqueira conta que trabalhou por muitos anos na área de Marketing e Franquias e que em 2012 passou se dedicar ao setor de Diversidade, Equidade e Inclusão, foi quando em 2015 criou a Rede de Profissionais Negros. “Em meados de 2015, fundei com outras 3 pessoas a organização independente Rede de Profissionais Negros (RDPN). Esse projeto visa contribuir com a qualificação da comunidade negra, para que atendam as expectativas do mercado, e das empresas, para que atraiam talentos negros e que sejam mais acolhedoras. Além disso, fazendo a conexão entre ambos para que ocorra a empregabilidade dessa comunidade. Hoje, sou o único atuante na RDPN desses fundadores e lidero esse trabalho”.

Com bastante experiência de mercado unida a uma habilidade de liderança que desenvolveu ao longo de sua história, Wagner entendeu que era o momento de abrir seu próprio negócio. “No final de 2019, resolvi apostar no sonho de empreender em uma marca que, além de atender as demandas de consumo da população negra, contribuísse com as dores sociais deste povo”.

“Todos nós gostamos e queremos consumir roupas com qualidade, mas raramente encontramos roupas com qualidade e com referências à comunidade negra. Assim nasceu a Identidade Negra. Vendendo vestuário e acessórios de qualidade, tendo identificação com a comunidade negra e periférica e destinando parte do lucro da empresa para ações sociais nesta mesma comunidade”, revelou ele. “Esse investimento é feito de diversas formas para que as pessoas negras sejam incluídas no mercado de trabalho, tenham ascensão em sua carreira e que tenha bem-estar em suas jornadas”.

Foto: Divulgação

Sua marca de vestuário chamada Identidade Negra é fruto desse caminho profissional empreendedor que está em muitos de nós. A IDN oferece camisetas, regatas, moletons e moletons para todos o públicos e transmite através de suas estampas mensagens empoderadoras. “Todos os produtos trazem mensagem conectadas ao universo da população negra. Suas estampas são todas planejadas e realizadas tendo a comunidade negra como inspiração. Promovendo empoderamento e sentimento de pertencimento. Tudo é oferecido no site da marca”, contou o empresário.

Foto: Divulgação

Ao criar a própria marca, Wagner Cerqueira também firmou uma parceria com a marca de street wear Reserva. “A parceria com a Reserva surgiu depois de algumas outras parcerias que tive e que resultaram em calotes financeiros, não entrega de produtos e etc. Depois de tantos impactos, busquei encontrar um fornecedor que atende-se as demandas da marca (qualidade) e seriedade no relacionamento. Encontrei a Reserva e algumas outras empresas estrangeiras, mas decidi caminhar com eles que era o único fornecedor brasileiro. Foi muito importante para ganhar estrutura e garantir a qualidade que a comunidade negra merece”, disse.

 

Foto: Divulgação

Atualmente, a Identidade Negra busca ser reconhecida como referência no mercado da moda casual e corporativa para a população negra, contribuindo para a ascensão desse público na sociedade. De acordo com Wagner, um dos valores que a marca carrega é o da filosofia  Ubuntu, que enfatiza a importância de estar juntos e serem mais fortes.

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