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Negros nas universidades, brancos nos cargos: quem bloqueia a mobilidade social?

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Foto: Freepik

Texto: Luciano Ramos

Nas últimas duas décadas, o Brasil avançou de forma significativa no acesso da população negra ao ensino superior. A adoção de políticas públicas como o sistema de cotas raciais, o Prouni, o Fies e a expansão das universidades federais criou caminhos para que milhares de jovens negros e negras pudessem ingressar na universidade — um espaço historicamente restrito à elite branca.

O resultado foi notável. Segundo o IBGE, entre 2010 e 2022, o número de pretos e pardos no ensino superior praticamente dobrou. De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2023 (Semesp), 53,8% dos estudantes matriculados em cursos de graduação são negros (pretos e pardos). Já nas universidades públicas, esse número chega a 51,2%, refletindo diretamente o impacto positivo das cotas raciais.

Mas se os dados educacionais apontam para um avanço, o mesmo não se pode dizer sobre a inserção da população negra no mercado de trabalho formal, especialmente em empregos de qualidade. Há um abismo entre o acesso ao diploma e o acesso a oportunidades reais de mobilidade social.

De acordo com a PNAD Contínua (IBGE, 2023), a taxa de desocupação entre a população preta é de 10,2%, enquanto entre brancos é de 6,3%. Quando se observa o rendimento médio, a diferença é ainda mais chocante: pessoas negras com ensino superior completo recebem, em média, 66% do salário de pessoas brancas com o mesmo nível de escolaridade.

O Instituto Ethos também mostra que apenas 4,7% das pessoas em cargos executivos nas 500 maiores empresas do país são negras — um número absolutamente desproporcional à composição racial da população. Em áreas como tecnologia, engenharia, direito e finanças, a presença de pessoas negras em posições de comando ainda é residual.

O que esses números revelam é que a educação, embora essencial, não é suficiente para garantir acesso igualitário a empregos de qualidade. O racismo estrutural atua como um filtro silencioso que rebaixa, ignora ou desacredita as competências da juventude negra. Isso se expressa em processos seletivos enviesados, redes de contatos excludentes, preconceitos sobre “perfil profissional” e ausência de políticas afirmativas no pós-universidade.

Para a juventude negra, conquistar o diploma é vencer uma corrida de obstáculos. Mas, ao final, o prêmio muitas vezes não é o esperado: ao invés de estabilidade, reconhecimento e ascensão, o que encontram é um mercado de trabalho que os recusa ou subutiliza.

É urgente que o Brasil avance para uma nova etapa: da inclusão educacional à inclusão profissional. Isso significa:

  • Implementar programas de transição universidade-trabalho com recorte racial;
  • Exigir compromissos concretos das empresas com metas de contratação e promoção de pessoas negras;
  • Criar incentivos públicos e mecanismos de responsabilização sobre diversidade;
  • Investir em formação de lideranças negras e em ambientes corporativos antirracistas.

O racismo não termina no vestibular. Ele se adapta, se moderniza e se fortalece dentro das estruturas do mundo do trabalho. Por isso, lutar por equidade no mercado é tão fundamental quanto garantir acesso à educação.

Enquanto o diploma de um jovem negro não tiver o mesmo peso que o de um jovem branco, o Brasil seguirá desperdiçando talentos, frustrando trajetórias e reforçando um modelo de desenvolvimento que exclui a maioria.

Educação liberta. Mas só quando o trabalho também reconhece e acolhe essa liberdade.

Kenya Sade comanda cobertura do show de Lady Gaga na TV Globo

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Foto: Larissa Lopes

Lady Gaga está de volta ao Brasil e quem comanda a cobertura desse momento épico é a Kenya Sade, jornalista especialista em música, que estará à frente da transmissão de ‘Todo Mundo no Rio com Lady Gaga‘, que acontece neste sábado (3), logo depois da novela ‘Vale Tudo’, na TV Globo.

Depois de 13 anos longe do Rio de Janeiro, a Mother Monster retorna com um show gratuito na Praia de Copacabana. O espetáculo traz performances da aclamada turnê ‘The Mayhem Ball’, que mistura muita música e dança.

Lady Gaga (Foto: Getty Images)

Acostumada a cobrir eventos gigantes, como a transmissão do show gratuito da Madonna no Rio em 2023, Kenya disse em entrevista ao jornal Extra que o trabalho começa meses antes da diva pisar no palco: “Pesquisamos a fundo e estudamos bastante tudo sobre o artista. Esse é o maior show da carreira da Lady Gaga, um verdadeiro espetáculo teatral de música, dança e canto que resume toda a sua trajetória”.

Com uma carreira dedicada à música, Kenya coleciona momentos icônicos. Dois deles têm lugar especial no coração da jornalista: “A vinda da Beyoncé para o evento em Salvador, em dezembro de 2023, que fiz a cobertura para o ‘Fantástico’ Pude ver minha diva do pop bem de perto! Não teve show, mas foi emocionante. O Brasil acompanhou a vinda dela por uma das lives que eu fiz. O segundo momento foi a entrevista com a Demi Lovato em 2023 para o The Town. Na época, a entrevista viralizou nas redes sociais”.

Kenya também lembra de um perrengue engraçado nos bastidores. “Uma vez, o fio da minha roupa ficou preso na calça de uma artista, e ficamos tentando tirar e rindo da situação. Imagina, fiquei super sem graça!”.

Kenya Sade e Demi Lovato (Foto: Reprodução/Instagram)

Como assistir ao show da Lady Gaga?

O Multishow entra no clima a partir das 20h15 com o Esquenta TVZ Lady Gaga, apresentado por MC Daniel e Gominho, com clipes e curiosidades da carreira da cantora. Já o show começa às 21h15 no Multishow e no Globoplay, com apresentação de Dedé Teicher e Laura Vicente, direto dos pontos de ancoragem, e Diego Martins invadindo o pit Little Monster — uma área exclusiva reservada pertinho do palco. Na TV Globo, a transmissão entra no ar depois de ‘Vale Tudo’, com Kenya Sade e Ana Clara mostrando tudo direto da praia.

Mãe busca com urgência doador de fígado para filha de 3 anos que precisa de transplante

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Foto: Reprodução

Thuanny Cruz, mãe de Maria Júlia, 3, moradora do bairro Miguel Badra, em Suzano, região metropolitana de São Paulo, enfrenta uma corrida contra o tempo para salvar a vida da filha. A criança, que passou por um transplante de fígado quando tinha 1 ano e 7 meses devido a uma rara doença chamada atresia de vias biliares (AVB), agora precisa de um novo doador para ter uma vida saudável.

A AVB é uma condição em que os ductos biliares — responsáveis por transportar a bile do fígado para o intestino — ficam obstruídos, impedindo o fluxo adequado. Após o primeiro transplante, Maria Júlia sofreu complicações, incluindo uma infecção crônica no órgão transplantado e uma intervenção intestinal que exigiu nova cirurgia. O tratamento com imunossupressores, necessários para evitar a rejeição do fígado, trouxe outro desafio: a criança desenvolveu PTLD (doença linfoproliferativa pós-transplante), um tipo de câncer associado ao uso prolongado do medicamento tacrolimus. Maria Júlia passou por oito sessões de quimioterapia e, segundo a mãe, foi curada. No entanto, os médicos afirmam que apenas um segundo transplante pode garantir sua sobrevivência a longo prazo.

Thuanny não pode doar parte do próprio fígado por ser hipertensa e fazer uso de medicamentos e agora busca a solidariedade de voluntários compatíveis. Os requisitos para doação são: sangue O+, idade entre 18 e 50 anos, ausência de doenças crônicas e peso de até 75 kg. Doadores compatíveis pode entrar em contato por telefone (Número na matéria do site).

A família aguarda por um gesto que pode mudar o destino da pequena Maria Júlia. Enquanto isso, campanhas nas redes sociais seguem na tentativa de ampliar a busca por um doador compatível. Quem for compatível pode entrar em contato através do telefone: (11) 97328-7717.

JusRacial e OAB firmam parceria para curso sobre Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial

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Foto: Eugênio Novaes

Durante uma reunião, realizada na última segunda-feira (28), entre o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, e o advogado Hédio Silva Júnior, ex-Secretário de Justiça de São Paulo e fundador do JusRacial, foi firmada uma parceria entre as instituições para elaboração de um curso sobre o Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial, a ser ministrado pela Escola Superior de Advocacia Nacional (ESA Nacional).

Aprovado em novembro de 2024 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial estabelece diretrizes para que o Poder Judiciário incorpore questões raciais em suas decisões. O documento é obrigatório e traz recomendações para magistrados. A presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Silvia Souza, que também participou da reunião, afirmou que o curso deve ser lançado ainda neste semestre: “A OAB já está tomando essa providência para lançar ainda neste semestre o curso para toda a advocacia. Isso nos ajudará a preparar a classe para advogar com a perspectiva racial, não só para o Direito Penal, mas em outras áreas também que se aplique com essa perspectiva cobrando o Judiciário decisões nesse sentido”, contou.

“A OAB dá um passo fundamental no sentido de aprimorar a formação dos advogados, e, sobretudo, impulsionar a aplicação do recentemente aprovado Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial”, destacou. De acordo com a OAB, o conteúdo programático do curso deve ser definido no próximo encontro.

Beto Simonetti afirmou que a criação do curso representa “uma medida efetiva de conscientização. A discriminação é algo criminoso. A OAB quer contribuir para materializar políticas e protocolos para que todos sejamos tratados como irmãos, iguais, dentro daquilo que prevê efetivamente a Constituição da República”. Ele também lembrou outras medidas tomadas pela entidade que vão de encontro às políticas de reparação da população negra, como a aprovação da política de cotas raciais para negros (pretos e pardos), no percentual de 30%, nas eleições da OAB.

Também participaram da reunião, Ana Luíza Nazário, coordenadora acadêmica da JusRacial e a secretária-geral do CFOAB, Rose Moraes.

Burkina Faso: A revolução silenciosa de Ibrahim Traoré que grita nas ruas

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Foto: Reprodução

Nascido em 14 de março de 1988, em Kéra, Burkina Faso, o mais jovem presidente do mundo, Ibrahim Traoré, foi reverenciado neste dia 30 de abril de 2025, não só em todo o país, mas em diversos outros no continente africano e fora dele, onde pessoas saíram às ruas para apoiá-lo e convidar outros países a seguirem esta mesma linha de governança.

Ibrahim, que em seu discurso de posse, prometeu lutar “até o último suspiro” para devolver esperança ao povo, é frequentemente comparado a Thomas Sankara pelo compromisso com a justiça social, nacionalismo e pan-africanismo. Cursou Geologia pela Universidade de Ouagadougou, tornou-se presidente aos 34 anos com o objetivo de devolver esperança e soberania ao país, representando uma nova geração de líderes africanos que desafiam o status quo. Desde que assumiu o poder, no segundo semestre de 2022, tem implementado uma série de reformas audaciosas que visam redefinir o futuro de Burkina Faso:

  • Revolução de prioridades: Recusou a construção de 200 mesquitas financiadas por sheiks da Arábia Saudita, questionando: “Por que não escolas ou hospitais?”. Ele defende que o foco do investimento externo deve ser no desenvolvimento humano e infraestrutura social.
  • Educação gratuita e universal: Implantou a gratuidade total da educação pública, do ensino básico à universidade, beneficiando milhões de jovens e combatendo o analfabetismo, além de garantir mais igualdade de oportunidades para toda a população.
  • Fim da influência colonizadora: Ordenou a retirada total das tropas francesas e encerrou acordos militares que permitiam a presença estrangeira no país, marcando oficialmente o fim das operações francesas em Burkina Faso em fevereiro de 2023.
  • Rumo à independência econômica: Anunciou planos para criar uma moeda própria, em parceria com Niger e Mali, rompendo com o franco CFA e buscando maior autonomia financeira para Burkina Faso.Lançamento do Tecnopolo Farmacêutico para produção local de medicamentos, reduzindo a dependência de importações e fortalecendo o setor de saúde.
  • Valorização de recursos nacionais: Construção da primeira refinaria nacional de ouro, permitindo refinar localmente o ouro extraído e aumentar o valor agregado, além de criar empregos diretos e indiretos. Como maior produtor de tomate do Oeste africano, criação de fábricas de processamento de tomate e incentivo à industrialização de produtos agrícolas, promovendo o empreendedorismo comunitário e a geração de renda local. 
  • Soberania nos céus: Exigiu uma retratação formal da Air France após proibir voos da companhia para Ouagadougou, capital do país, condicionando o retorno da empresa à aceitação das regras nacionais e respeito ao país.
  • Infraestrutura, transporte e desenvolvimento: Traoré prioriza a pavimentação de ruas, a renovação da companhia aérea nacional e a construção de moradias populares, com o objetivo de superar o déficit habitacional até 2030. Está renovando e visa a expansão da companhia aérea nacional, Air Burkina, fortalecendo a conectividade interna e internacional. Planeja o lançamento do projeto Faso Rail, uma nova rede ferroviária para impulsionar a economia e conectar regiões estratégicas.
  • Promoção do empreendedorismo e participação popular: Criação da Agência para a Promoção do Empreendedorismo Comunitário (APEC), permitindo que cidadãos se tornem acionistas de projetos estratégicos e fomentando o desenvolvimento endógeno.

As ações do presidente Ibrahim Traoré demonstram uma liderança jovem e comprometida com a soberania, o desenvolvimento e o bem-estar da população de Burkina Faso. Essas medidas refletem uma nova abordagem na governança africana, focada na autonomia e no protagonismo do continente.

Dia do Trabalhador: É hora de cobrar reparação histórica e compromisso com a população negra

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Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Texto: Luciano Ramos

O 1º de Maio é, tradicionalmente, uma data marcada por discursos de valorização da classe trabalhadora, celebração de conquistas históricas e renovação das lutas por direitos. No entanto, em um país como o Brasil, onde a exclusão racial estrutura o acesso ao trabalho, essa comemoração precisa vir acompanhada de uma reflexão profunda: quem está, de fato, incluído nesse “mundo do trabalho”? E quem continua do lado de fora, lutando apenas por uma chance?

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE (2023), pessoas negras representam mais de 65% dos trabalhadores informais no Brasil. A taxa de informalidade entre pretos e pardos é de 43,3%, enquanto entre brancos é de 34,5%. No desemprego, a desigualdade também é gritante: a taxa de desocupação entre pessoas negras é de 10,2%, frente a 6,3% entre os brancos.

Mais que números, esses dados revelam uma estrutura de exclusão que não é acidental, mas resultado direto do racismo histórico e institucional. Desde a abolição da escravidão, em 1888, o Estado brasileiro não garantiu o acesso à terra, à educação e ao trabalho formal para a população negra. A ausência de políticas reparatórias consolidou um mercado de trabalho onde os cargos mais precários, insalubres e mal remunerados seguem ocupados, majoritariamente, por pessoas negras.

Mesmo quando acessam o mercado formal, os obstáculos não cessam. De acordo com o Dieese (2023), trabalhadores negros recebem, em média, 59,2% da remuneração dos trabalhadores brancos, mesmo ocupando funções semelhantes e com níveis equivalentes de escolaridade. No topo das empresas, a exclusão é ainda mais evidente: apenas 4,7% dos cargos de liderança em grandes companhias são ocupados por pessoas negras, segundo levantamento do Instituto Ethos.

Esses números escancaram o que o Dia do Trabalhador muitas vezes mascara: o trabalho digno, com carteira assinada, salário justo e direitos garantidos, ainda não é uma realidade para a maioria negra no Brasil.

É preciso transformar o 1º de Maio em um ato político de enfrentamento ao racismo no mundo do trabalho. Isso significa adotar políticas públicas que não apenas aumentem o emprego, mas que o façam com intencionalidade racial: cotas raciais em concursos públicos e processos seletivos, incentivos fiscais para empresas que promovem equidade racial, ampliação de programas de formação profissional voltados à juventude negra e à população periférica, entre outras ações afirmativas urgentes.

Mais do que celebrar conquistas restritas a uma parcela da população, é hora de cobrar reparação histórica e compromisso com a inclusão real da população negra no mercado de trabalho formal. Sem isso, o 1º de Maio seguirá sendo um dia de silêncio para milhões que seguem trabalhando à margem — e à sombra — da dignidade.

Pessoas negras em cargos de gestão: A luta pela representatividade e o desafio da inclusão real

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Foto: Freepik

Por que falar sobre esse tema é importante às vésperas do Dia do Trabalhador? 

Texto: Luciano Ramos

O Brasil é um país profundamente marcado pela desigualdade racial, e isso é especialmente evidente no mundo corporativo. Embora pessoas negras representem mais da metade da população brasileira (54%, segundo o IBGE), elas ainda são minoria nas posições de liderança e gestão. A escassez de negras e negros nos cargos de tomada de decisão revela não só um reflexo da exclusão histórica, mas também as barreiras visíveis e invisíveis que continuam a existir no ambiente empresarial.

De acordo com o Instituto Ethos, apenas 4,7% dos cargos de liderança nas grandes empresas no Brasil são ocupados por pessoas negras, uma disparidade alarmante, considerando a representatividade da população negra no país. Isso ocorre em um contexto onde a representação racial no mercado de trabalho formal tem ganhado visibilidade, mas ainda se limita a posições de entrada ou operacionais, longe da elite decisória.

A Falta de Inclusão Real

Embora muitas empresas apresentem políticas de diversidade e inclusão, a presença de negros e negras em cargos de gestão continua muito aquém do esperado. E essa ausência não é apenas numérica. Ela revela um racismo estrutural que vai além da contratação. Está enraizado nas oportunidades de crescimento, no acesso a mentorias, na falta de redes de apoio e, muitas vezes, na invisibilidade nos espaços de poder.

Ainda que algumas grandes empresas apresentem programas de diversidade ou até mesmo cotas para cargos de liderança, a inclusão de pessoas negras não se resume à mera presença física. Para que haja uma representatividade verdadeira e transformadora, é necessário criar ambientes onde as vozes negras sejam ouvidas, respeitadas e realmente influenciem as decisões estratégicas. Isso implica em mudanças estruturais, com foco na criação de um ambiente corporativo que desafie os padrões elitistas e predominantemente brancos.

A Importância da Representatividade na Gestão

A presença de negros em cargos de liderança não é apenas uma questão de justiça social, mas também de inteligência estratégica. Diversidade na gestão é um dos pilares para inovação e melhoria no desempenho organizacional. Estudos mostram que equipes mais diversas têm maior capacidade de resolução de problemas e tomam decisões mais equilibradas e inclusivas.

Empresas que investem em diversidade racial têm maior capacidade de inovação e conseguem se conectar melhor com um público consumidor também diversificado. Ter uma liderança negra significa garantir que diferentes perspectivas e experiências de vida estejam representadas na elaboração de estratégias e políticas, resultando em um ambiente mais inclusivo e adaptado às necessidades da sociedade contemporânea.

Desafios para a Inclusão de Pessoas Negras em Cargos de Gestão

Os obstáculos enfrentados pelas pessoas negras nas empresas são múltiplos. Desde a falta de acesso a oportunidades educacionais de qualidade, até a resistência no ambiente corporativo, marcada por uma cultura de redes fechadas que favorece os grupos tradicionais. As microagressões raciais também são um fator importante: constantemente, profissionais negros enfrentam preconceito disfarçado de críticas à sua competência ou capacidade de liderança.

Outro ponto relevante é a dificuldade de ascensão profissional. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), profissionais negros precisam trabalhar, em média, 10 anos a mais para alcançar cargos de liderança em comparação com seus colegas brancos. Isso evidencia não apenas a falta de oportunidades, mas a resistência estrutural dentro das organizações.

O Caminho para a Mudança

Para mudar esse cenário, as empresas precisam de um compromisso genuíno com a transformação estrutural. Isso inclui:

  1. Investir em programas de mentoria e desenvolvimento profissional para negros e negras com potencial de liderança.
  2. Desafiar práticas de recrutamento que mantenham barreiras invisíveis, como exigências acadêmicas que não correspondem às competências exigidas para a função.
  3. Promover uma cultura organizacional inclusiva, onde as lideranças negras sejam visíveis e ouvidas de maneira igualitária.

As empresas também precisam reconhecer que a diversidade racial nas lideranças não é um favor, mas uma necessidade para o fortalecimento do mercado e o alinhamento com os valores de justiça social e equidade que a sociedade demanda cada vez mais.

A luta por uma gestão diversa, representativa e inclusiva vai muito além de números e quotas. Trata-se de construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos — independentemente da cor da pele — tenham as mesmas oportunidades de protagonizar e transformar.

Terrence Howard recusou viver Marvin Gaye em filme por não querer beijar um homem

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Foto: Peacock

Terrence Howard, conhecido por papéis na série ‘Empire’ e no filme ‘Homem de Ferro’, recusou interpretar o cantor Marvin Gaye em uma cinebiografia porque não queria beijar outro homem, revelou recentemente em uma entrevista ao podcast Club Random, apresentado por Bill Maher.

Segundo o ator, ele estava negociando interpretar o artista quando desistiu porque descobriu sobre a sexualidade do cantor que seria abordada no filme. “Eu estava na casa do [produtor] Quincy Jones e perguntei para ele: ‘Estou ouvindo rumores que Marvin era gay. Ele era Gay?’. E Quincy respondeu: ‘Sim’.”

“Quer dizer que você não conseguiria beijar um homem nas telonas?”, questionou Maher. Howard respondeu: “Não, porque eu não finjo”. E completou: “Eu não conseguiria beijar um homem também”. E continuou: “Isso iria acabar comigo. Eu arrancaria meus lábios fora. Se eu beijasse um homem, eu arrancaria meus lábios fora”.

Marvin Gaye (Foto: Divulgação)

Apesar das críticas nas redes sociais, o ator nega homofobia. “Não querer beijar um homem não me torna homofóbico. Só não posso interpretar algo que não entendo. Não consigo me render completamente a esse lugar”.

Marvin Gaye, um dos maiores nomes da soul music, nunca falou publicamente sobre sua sexualidade. O cantor foi casado duas vezes e teve três filhos. Ele morreu em 1984, aos 44 anos, assassinado pelo próprio pai, e deixou clássicos como “Let’s Get It On” e “Sexual Healing”.

Equipe negra do restaurante Jerky’s conquista o público do ‘Pesadelo na Cozinha’: “Melhor episódio”

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Foto: Divulgação/Pesadelo na Cozinha

Comandado pelo chef proprietário Andre James, foi a vez do restaurante Jerky’s, especializado em comida caribenha, receber o chef Erick Jacquin no episódio final da quarta temporada de ‘Pesadelo na Cozinha’, disponível na Max.

Localizado na região central de São Paulo, o restaurante apresentava desafios similares a muitos outros estabelecimentos relacionados à organização, mas a equipe, composta apenas por funcionários negros, conquistou o público no reality show pela simpatia e bom atendimento. Quem já era cliente do Jerky’s, também afirma que a comida é uma delícia.

“O melhor episódio até agora! Os funcionários todos alegres fechados com o dono, muito bom!”, escreveu um internauta no Instagram. “Que equipe maravilhosa, episódio sensacional!! Ri muito com a Savanna, amei ela”, comentou uma fã sobre uma das atendentes que viralizou nas redes sociais por improvisar um rap em brincadeira com o chef James. As atendentes Cora, Kay e o cozinheiro Diego, também impressionaram o público.

“Quem nunca foi no Jerky’s não sabe que é um ótimo restaurante apesar dos pontos a melhorar, não dá pra julgar por um episódio de televisão”, afirmou um cliente. “Nunca senti tanta vontade de ir num restaurante igual senti com esse pessoal”, disse outro. 

Globo amplia política de diversidade e fixa cota de 50% para mulheres e negros em novas contratações

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Foto: Globo/Léo Rosário

A Globo anunciou, em seu Relatório ESG 2024, a meta de que, até 2030, pelo menos 50% das novas contratações sejam de mulheres e profissionais negros. O documento, divulgado nesta quarta-feira (30), detalha as estratégias da empresa para ampliar a diversidade em seus quadros e em suas produções, além de reduzir impactos ambientais, como o uso de energia renovável e a diminuição de emissões de carbono.

A empresa, que responde por 37% do consumo de vídeo no Brasil, segundo dados do próprio relatório, já vem adotando medidas nessa direção. Em 2024, lançou seu primeiro programa de trainee exclusivo para pessoas negras e com deficiência, que recebeu 15 mil inscrições. O relatório mostra ainda que 81% dos colaboradores recrutados pela empresa são de grupos sub-representados (negros, mulheres, população LGBTQIA+ e pessoas com deficiência), os dados mostram que houve o recrutamento de 53% de mulheres e de 45% de pessoas negras.

A busca por maior representatividade se estende também aos conteúdos produzidos pela emissora. Nas recentes novelas “Volta por Cima” e “Renascer”, 40% dos atores eram negros, enquanto no BBB 24 metade dos participantes eram mulheres e mais de 40% se declararam negros. A Globo também tem investido em produções que abordam temas sociais relevantes, como a série “Falas”, que discutiu questões como racismo, anticapacitismo e a trajetória das mulheres negras na sociedade brasileira.

O relatório mostra que a meta para 2030 é de que a empresa tenha “participação de pelo menos 80% da liderança, incluindo áreas
de conteúdo (estúdios, jornalismo e esporte), nos treinamentos de diversidade e inclusão e de compliance“. Em 2024, 86% da liderança foi treinada em temas de diversidade e inclusão e 96% em compliance.

Além das iniciativas voltadas para diversidade e meio ambiente, a Globo revisou em 2024 seus chamados “temas materiais”, realinhando prioridades para se manter aderente às melhores práticas de ESG do mercado.

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