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Netumbo Nandi-Ndaitwah faz história ao tomar posse como primeira mulher presidente da Namíbia

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Foto: REUTERS/Stringer

Netumbo Nandi-Ndaitwah tornou-se a primeira mulher a assumir a presidência da Namíbia na sexta-feira (21), em uma cerimônia que coincidiu com o 35º aniversário da independência do país. A posse, inicialmente programada para um estádio de futebol, foi transferida para o gabinete presidencial devido a fortes chuvas.

Nandi-Ndaitwah, que integrou o movimento de libertação contra o apartheid sul-africano há quase seis décadas, foi eleita em novembro e passa a figurar entre as poucas mulheres no comando de nações africanas, como a tanzaniana Samia Suluhu Hassan, atual presidente, e as ex-líderes Ellen Johnson Sirleaf (Libéria) e Joyce Banda (Malaui), ambas presentes no evento.

“Se as coisas correrem bem, então será visto como um bom exemplo”, afirmou a presidente em entrevista para o podcast Africa Daily da BBC. “Mas se alguma coisa acontecer, como pode acontecer em qualquer administração sob homens, também há aqueles que preferem dizer: ‘Olhem para as mulheres!’, disse.

Autoridades da África do Sul, Zâmbia, Congo, Botsuana, Angola e Quênia acompanharam a cerimônia de posse da nova presidente. Ela sucede Nangolo Mbumba, que assumiu interinamente após a morte de Hage Geingob, em fevereiro de 2024. Nandi-Ndaitwah era vice-presidente e foi promovida ao cargo máximo após vencer as eleições pelo partido SWAPO, no poder desde a independência (1990).

Casal é condenado a 375 anos por escravizar filhos negros em fazenda nos EUA

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Foto: Autoridade de Prisões e Estabelecimentos Correcionais Regionais da Virgínia Ocidental

ALERTA DE GATILHO – Esse texto possui conteúdo sensível e relatos de violência contra crianças.

Um casal branco foi condenado a um total de 375 anos de prisão por submeter seus cinco filhos negros a trabalho forçado em uma fazenda, nos Estados Unidos, além de agressões físicas e psicológicas marcadas por insultos raciais. Jeanne Kay Whitefeather, 62, recebeu 215 anos de prisão, e seu marido, Donald Lantz, 63, foi sentenciado a 160 anos — as penas máximas possíveis.

A sentença foi proferida na semana passada pela juíza Maryclaire Akers, do Tribunal do Condado de Kanawha, após o casal ser considerado culpado, em janeiro, por trabalho forçado, tráfico de pessoas, abuso infantil e violação de direitos civis com motivação racial: “Vocês trouxeram essas crianças para a Virgínia Ocidental, um lugar que eu chamo de ‘Quase Paraíso’, e as colocaram no inferno. Este tribunal agora vai colocá-los no seu”, declarou a juíza, acrescentando: “Que Deus tenha misericórdia de suas almas. Porque este tribunal não terá.”

O casal adotou as cinco crianças em Minnesota e, após passarem por uma fazenda no estado de Washington, mudaram-se para Sissonville em maio de 2023. Em outubro do mesmo ano, vizinhos alertaram as autoridades ao verem dois adolescentes trancados em um galpão. Ao chegarem, os agentes encontraram as crianças em condições insalubres: dormindo no chão, usando baldes como banheiros e com sinais de desnutrição.

A filha mais velha, hoje com 18 anos, descreveu em carta lida no tribunal os anos de abuso: “Nunca vou entender como você consegue dormir à noite. Você é um monstro”. Ela e os irmãos relataram trabalhos exaustivos na fazenda, xingamentos racistas e privação de alimentos — muitas vezes limitados a sanduíches de manteiga de amendoim em horários rígidos.

Os advogados do casal argumentaram que as tarefas eram parte de uma “educação rígida” e negaram motivação racial. Donald Lantz chegou a dizer no tribunal: “Crianças, eu amo vocês”. Já Jeanne Whitefeather pediu desculpas, afirmando que nunca quis machucá-los intencionalmente.

A promotoria, no entanto, destacou que o casal ignorou serviços de apoio disponíveis e exacerbou os traumas das crianças, que agora sofrem com pesadelos e dificuldades de confiança. Quatro dos filhos enviaram cartas ao tribunal, incluindo a mais nova, que escreveu: “Você sempre será horrível”.

Além da prisão, o casal foi condenado a pagar US$ 280 mil em restituição. A filha mais velha já moveu uma ação civil por danos permanentes.

Continente africano: Inovação, Nova Economia e um futuro que já começou

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Foto: Reprodução

O South by Southwest (SXSW), maior festival de inovação do mundo que acontece nos Estados Unidos, nos lembra que o futuro não é um destino único, mas um campo de possibilidades. Enquanto o mainstream da tecnologia segue centrado no Norte Global, a África já está escrevendo um novo capítulo, um capítulo decolonial, sustentável e cheio de lições para o Brasil. 

O afrofuturismo nos ensina que inovação e ancestralidade caminham juntas. Quando olhamos para a África como um polo de novas economias e tecnologias, rompemos com a ideia estereotipada atribuída a este continente e boa parte do Sul Global:

Bioenergia e saberes ancestrais
No Camarões, comunidades estão reinventando o passado para gerar energia limpa. Usando processos biológicos inspirados no conhecimento tradicional, desenvolveram sistemas que transformam plantas e resíduos em eletricidade. Essa tecnologia, adaptável ao cerrado ou ao semiárido, desafia a lógica de grandes usinas e oferece energia a baixo custo para populações locais.

Cidades inteligentes para quem não é visto no mapa
No Quênia, uma plataforma usa mapeamento colaborativo para que comunidades identifiquem problemas urbanos, como falta de saneamento ou segurança, e pressionem o poder público. No Brasil, onde favelas muitas vezes são invisibilizadas no planejamento urbano, essa ferramenta poderia redefinir políticas públicas. A lição africana é clara: a tecnologia não precisa ser elitista para ser revolucionária.

Moedas próprias: rompendo com o colonialismo
Burkina Faso, Níger e Mali estão criando sua própria moeda, rompendo com o franco CFA (herança colonial da França ainda presente em antigas colônias africanas). Para o Brasil, que já experimenta bancos comunitários e créditos locais, essa onda de descolonização monetária inspira novas formas de autonomia financeira em territórios periféricos. Ruanda, por sua vez, transformou Kigali em um hub tecnológico, sendo pioneiro com drones entregando medicamentos e bolsas de sangue em áreas remotas, modelo que poderia ser replicado em regiões brasileiras isoladas.

Como lembra o escritor Amadou Hampâté Bâ, “quando um ancião africano morre, uma biblioteca inteira queima”. Hoje, essa biblioteca está viva, digitalizada, conectada e pronta para nos ensinar a imaginar futuros mais sustentáveis. A África não é o futuro. A África é o presente e o Brasil precisa se conectar com essa revolução ancestralmente futurista.

Crânio de líder da Revolta dos Malês exposto em museu de Harvard deve ser devolvido ao Brasil

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Imagem: Ilustrção Harper's Weekly/Arquivo

O crânio de um dos líderes da Revolta dos Malês, levado ilegalmente para os Estados Unidos há 190 anos, pode ser repatriado ao Brasil ainda em 2025. O objeto, que integra a coleção do Museu Peabody, da Universidade de Harvard, é alvo de negociações entre o governo brasileiro, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Centro Cultural Islâmico da Bahia (CCIB). A devolução do crânio, considerado um patrimônio histórico e simbólico da luta negra e islâmica no país, ocorreria durante as celebrações dos 190 anos da revolta, um dos maiores levantes de pessoas escravizadas nas Américas.

A Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador (BA) nos dias 24 e 25 de janeiro de 1835, foi um movimento organizado majoritariamente por negros muçulmanos, muitos deles alfabetizados em árabe. O termo “malê” deriva da palavra iorubá “imalê”, que significa “muçulmano”. A revolta, inspirada na Revolução Haitiana, buscava a libertação do povo negro e a independência do jugo colonial. Apesar de reprimida violentamente, o levante deixou um legado de resistência e luta pela liberdade que ecoa até os dias atuais.

O crânio em questão pertenceu a um dos líderes da revolta, cuja identidade ainda não foi totalmente esclarecida. Ele foi roubado do Brasil por Gideon Theodore Snow, um diplomata americano que atuou como vice-cônsul em Alagoas e cônsul em Pernambuco na década de 1840. Snow entregou o crânio ao Museu Peabody, onde permanece exposto como parte de uma coleção que inclui restos mortais de cerca de 19 indivíduos escravizados no Brasil e no Caribe, além de milhares de nativos americanos, que foram utilizados como ‘objeto de pesquisa’ de eugenistas.

A existência do crânio foi revelada em 2022, após a publicação do livro Masters of the Health: Racial Science and Slavery in U.S. Medical Schools, do historiador Christopher Willoughby. A descoberta mobilizou pesquisadores e lideranças religiosas, que passaram a exigir a repatriação do objeto. Em novembro de 2023, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) formalizou um grupo de trabalho, batizado de GT Arakunrin — termo iorubá que significa “irmão” ou “companheiro” —, para acelerar as negociações com Harvard.

Próximos passos
Quando o crânio retornar ao Brasil, ele será submetido a estudos para determinar a idade aproximada do líder e realizar um teste de DNA, que pode revelar mais sobre a origem étnica dos participantes da revolta. Um escaneamento 3D também está planejado para reconstituir o rosto do Arakunrin, como é chamado o líder pelos membros do GT. Após os estudos, o crânio será enterrado de acordo com os rituais fúnebres islâmicos.

A repatriação do crânio se soma a outros recentes esforços do Brasil para resgatar seu patrimônio histórico, como a devolução do Manto Tupinambá, em 2023, após mais de 300 anos no Museu Nacional da Dinamarca, e do fóssil do dinossauro Ubirajara jubatus, restituído pela Alemanha no mesmo ano.

‘Salões especializados enfrentam desafios de rentabilidade e visibilidade’, afirma CEO do Studio PantherBlack”

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O mercado de cabelos naturais, voltado para crespos, cacheados e ondulados, tem ganhado destaque no Brasil, impulsionado por um movimento de valorização da identidade e da autoexpressão. No entanto, salões especializados ainda enfrentam desafios para se manterem rentáveis e alcançarem um público mais amplo, segundo Kelly Barbosa, CEO do Studio PantherBlack, espaço referência no setor, localizado na Vila Mariana, em São Paulo.

Um dos principais obstáculos para salões especializados, muitos deles liderados por pessoas negras, segundo Kelly, é a concorrência e a falta de visibilidade. “Muitos salões especializados em cabelos naturais têm dificuldade em alcançar um público mais amplo e manter a rentabilidade. Acredito que os salões especializados em cabelos crespos e cacheados enfrentam desafios para manter a rentabilidade devido à concorrência e à falta de visibilidade.”, explica. Apesar disso, o Studio PantherBlack registrou um crescimento de 26,17% no faturamento entre 2020 e 2024, atingindo um total de R$ 5,1 milhões no período.

Mesmo diante dos desafios, o Brasil se mostra promissor no mercado de cabelos naturais, considerando que 70% dos cabelos no país são cacheados, de acordo com dados de uma pesquisa do Instituto Beleza Natural, em parceria com a Universidade de Brasília. Além disso, dados de uma pesquisa realizada em 2017 pelo Google BrandLab mostram que a busca de cabelos cacheados na plataforma foi maior do que a de cabelos lisos. Apresentando ainda um crescimento de 309% na busca por para cabelos afros: “A tendência atual é usar o cabelo com menos concentração de creme de pentear, enquanto cresce o foco em uma rotina de cuidados semanais eficazes. Cada vez mais, as clientes buscam alternativas práticas sem abrir mão da saúde capilar”, destaca a especialista ao analisar as tendências mais fortes têm observado no cuidado e estilização de cabelos naturais.

Capacitação e inovação

Para lidar com a diversidade de texturas e tipos de cabelos, o Kelly Barbosa conta que o Studio investe na capacitação de profissionais, com a oferta de “dois cursos anuais, além de apoiar a capacitação individual dos profissionais de acordo com suas especialidades, como cursos para coloristas, por exemplo”, explica Kelly. Além disso, o estúdio planeja se tornar um espaço colaborativo (coworking) nos próximos anos, permitindo que outros profissionais atuem em um ambiente preparado para o crescimento de suas carreiras.

Desafios para consumidoras e profissionais especializados

Em agosto de 2024, o estudo “Cabelos Sem Limites, Como Nós”, realizado pelo Instituto Sumaúma e RPretas, mostrou que 55% das mulheres negras entrevistadas veem seus cabelos como parte essencial da identidade, e 8 em cada 10 consideram seus fios uma ferramenta vital de autoexpressão. No entanto, 70% delas ainda se sentem pressionadas a alisar os cabelos, enquanto 96% acreditam que o movimento de transição capilar está em crescimento.

A informação reflete uma realidade que ainda é desafiadora, mas que encontra na determinação de profissionais especialistas um caminho para uma mudança quase que total de cenário: “Eu construí um espaço que nunca foi cogitado por mim, nem esperado por outras pessoas. O Studio Pantherblack é sinônimo de expansão. Acredito que o diferencial sempre foram minhas intenções em inovar nos serviços, e esse movimento também colaborou para o novo modelo de negócio, que conversa com as demandas atuais”, finaliza Kelly.

Filme “Malick” retrata trajetória de senegalês vítima de tráfico que reconstrói vida no Brasil

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Foto: Reprodução

A história de Modou Awa Dieye, um jovem senegalês que partiu de sua terra natal com a promessa de uma nova vida na Itália, mas acabou vítima de tráfico humano, desembarcando a mais de 7 mil quilômetros de casa, no Equador, ganha as telas no filme “Malick”. Após fugir dos criminosos e atravessar Peru e Bolívia, Modou chegou ao Brasil, onde reconstruiu sua vida. Hoje, sua trajetória inspira o longa-metragem, que acaba de finalizar as gravações em Porto Alegre.

Dirigido por Cassio Tolpolar e codirigido pelo próprio Modou, o filme, ainda sem data de estreia programada, acompanha a adaptação de um imigrante senegalês de 25 anos no Brasil, enquanto ele tenta superar um passado marcado pelo tráfico humano. O projeto surgiu em 2017, quando Tolpolar reescrevia um roteiro e buscava um parceiro senegalês. O encontro com Modou transformou completamente a narrativa original, dando origem a uma obra que mescla ficção e realidade.

A história de Modou se soma às de milhares de refugiados que chegam ao Brasil anualmente. Apenas no Rio Grande do Sul, onde ele vive, foram registradas 27 mil autorizações para migrantes e refugiados em 2024, um aumento de 103,4% em relação a 2020, segundo dados da Polícia Federal. O filme busca dar voz a essas experiências, retratando os desafios e as lutas diárias enfrentadas por quem deixa sua terra natal em busca de segurança e dignidade.

Para garantir autenticidade, a produção envolveu a comunidade senegalesa local, utilizou o uolofe – língua falada no Senegal – como um dos idiomas principais e trabalhou com não-atores. “Contar essa história é uma pequena forma de reparação a todos os povos que sofrem perseguições e discriminações e são forçados a se deslocar de seus países”, afirma Tolpolar.

A roteirista Adry Silva destacou a importância de preservar a cultura senegalesa na narrativa. “Algumas emoções são melhores expressas na língua materna. Isso enriquece o filme e valoriza o ser humano retratado”, explica. Modou, além de inspirar a trama, também atuou como codiretor e corroteirista. “Foi um processo desafiador, mas muito gratificante. Sinto que cresci como artista e como pessoa”, revela.

O elenco conta com senegaleses como Fallou Kourouma, que interpreta Bamba, e Mamadou Abdoul Vakhabe Sène, chef de cozinha que vive em Porto Alegre e dá vida ao personagem Amadou. Entre os brasileiros, destacam-se Álvaro Rosa Costa, no papel de Carlos, Pâmela Machado, como Ana, e Frederico Vittola, que interpreta Toni.

Exposição sobre Lia de Itamaracá celebra a trajetória da Rainha da Ciranda

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Foto: Ytallo Barreto

Após passar com grande sucesso de público e de mídia por galerias em São Paulo e no Recife, a exposição Lia de Itamaracá – Cirandar é Resistir está aberta ao público na Caixa Cultural Fortaleza, no Ceará, com novidades. Até 11 de maio de 2025, o público poderá vislumbrar a trajetória da rainha da Ciranda, uma artista que, aos 81 anos, permanece como uma das principais vozes da cultura popular brasileira. A mostra é um convite a pensar sobre a importância das tradições e dos mestres e mestras na contemporaneidade.

Lia de Itamaracá, decana da cultura popular brasileira e genuína representante do povo brasileiro, transforma a ciranda – nascida das celebrações dos pescadores, do povo simples e trabalhador do Nordeste brasileiro – em um poderoso símbolo de luta e resistência, provando que cirandar é também um ato de resistir.

A exposição repassa sua trajetória como uma grande roda, onde o território e as águas de Maria Madalena Correia do Nascimento nos levam a refletir sobre um Brasil ainda não devidamente celebrado. Lia rompeu as barreiras que delimitam e ocultam as culturas populares brasileiras, levando suas cirandas, loas e encantamentos não só pelo Brasil, mas também pelo mundo. Em sua arte, tradição e contemporaneidade se entrelaçam, revelando uma força capaz de expandir e transformar o olhar sobre o que somos enquanto nação.

Foto: Ytallo Barreto

A curadoria é assinada pela artista visual e cineasta Lia Letícia, pela jornalista e escritora Michelle de Assumpção (autora da biografia Lia de Itamaracá, nas Rodas da Cultura Popular) e pelo empresário e produtor cultural Beto Hees, guardião do acervo do Centro Cultural Estrela de Lia, na Ilha de Itamaracá. A curadoria fotográfica é de Ythallo Barreto, também autor de algumas fotos e vídeos que compõem a exposição.

A proposta convida o público a refletir sobre a resistência cultural e os desafios enfrentados por Lia em sua carreira, em um contexto de reafirmação da identidade afro-brasileira e valorização da ciranda como patrimônio imaterial.

Três eixos temáticos norteiam a exposição. O Eixo Verde Loucoinspirada na canção de mesmo nome do repertório de Lia, mergulha no lado mais pessoal da artista, apresentando a Ilha de Itamaracá como a terra fértil, fonte, raízes, de onde surgem Lia e toda arte que carrega pelo mundo. Três instalações compõem o espaço expositivo. Em Mar de Lia, por meio de óculos de realidade virtual, os visitantes embarcam em uma jangada imaginária e se deslumbram com as águas verdes e vibrantes que envolvem a ilha. Durante a jornada, podem vivenciar a rotina dos pescadores e integrar uma roda de ciranda comandada por Lia, sendo envolvidos pelo ritmo, pelas vozes e pela energia dessa celebração coletiva que une tradição e resistência.

Foto: Ytallo Barreto

A instalação Casa de Lia é um convite à intimidade da vida de Lia de Itamaracá, trazendo à galeria objetos e elementos do seu universo particular. Ao percorrer esse espaço, o visitante é transportado para o lugar onde Lia encontra sua paz, seus amores e sua raiz. Lugar para onde retorna sempre que suas turnês pelo mundo chegam ao fim. A simplicidade e os significados presentes nesse ambiente fazem com que Lia, apesar de sua fama, continue sendo uma mulher genuína, alegre e profundamente conectada à sua história e ao seu povo.

Outra novidade na exposição é um recorte do projeto Letras da Ilha, da designer Lili Nascimento, que também assina a identidade visual da exposição como um todo. Este projeto destaca a tipografia vernacular das embarcações tradicionais da Ilha de Itamaracá, destacando a feitura dos letreiros, langanhos e a arte feita pelos pintores letristas locais, com destaque para Natanael Pires, o Tuca, reconhecido pintor letrista da região. Letras da Ilha nasce da necessidade de registrar e valorizar a produção gráfica popular da Ilha, preservando a memória visual em meio à crescente padronização digital. Ao integrar fotografias e obras do projeto à exposição, a mostra amplia o alcance dessa rica tradição cultural, que se conecta profundamente ao cancioneiro e ao imaginário de Lia de Itamaracá.

O Eixo Quem é essa preta? convida à reflexão sobre identidade e a luta contra o racismo na cultura popular. Nesse espaço, o jornalismo ganha a força de uma arte denúncia, trazendo a capa de um jornal de 1974 onde a artista é retratada com termos que refletem o racismo estrutural e naturalizado. Nesse mesmo ambiente, a instalação inédita Sossego de Lia surge como um contraponto poético, homenageando a Praia do Sossego, local de nascimento da artista. Apesar dos enfrentamentos impostos pelo racismo, Lia preserva sua paz interior e a conexão com o paraíso onde cresceu. A instalação oferece aos visitantes a serenidade da praia, com redes que convidam ao repouso e o som das ondas e das cirandas compondo uma atmosfera de contemplação. Esse espaço sensorial traduz a essência de Lia: resistência que não abdica da alegria e da simplicidade.

Ciranda no Mundo é o eixo norteador que apresenta a trajetória ascendente da artista, apesar de todas as adversidades. A canção Mar de Fogo, baseada num ponto para o orixá Exu, simboliza as conquistas de Lia em contraponto às adversidades que enfrentou ao longo de sua carreira. “Para chegar aqui/ atravessei o mar de fogo/ Pisei no fogo o fogo não me queimou/ Pisei na pedra a pedra balanceou.” Nesse espaço, a curadoria enfatiza a importância de honrar e valorizar, por meio das vitórias de Lia no mercado das artes, os grandes mestres e mestras que fazem da cultura brasileira um pilar identitário e espiritual de nosso povo.

Nesse espaço, a instalação Ciranda de Ritmos ganha destaque. Composta pelos instrumentos reais da ciranda, disponíveis para interação do público, e acompanhada por um documentário de shows internacionais e espetáculos diversos, a instalação exibe também figurinos, jóias e adereços da artista, revelando facetas que conectam tradição e contemporaneidade.

SERVIÇO

ExposiçãoLia de Itamaracá – Cirandar é Resistir

Período expositivo: até 11 de maio de 2025

Local: Caixa Cultural Fortaleza, Galerias 1 e 2

Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 18h

Cientista afro-brasileiro conquista Universidade de Princeton com aula sobre computação quântica

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Foto: Divulgação

O cientista afro-brasileiro Paulo Sergio Rufino Henrique ministrou a oficina “Quantum Computing Without Fear: A Beginner’s Journey – A-Z Study Guide” na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, na semana passada, durante a 15ª Conferência IEEE Integrated STEM Education (ISEC’25). Esta foi a segunda participação consecutiva do Paulo Henrique, após a bem-sucedida oficina em 2024 sobre a Segunda Revolução Quântica.

Morando há mais de 15 anos na Europa, Paulo residiu nove anos em Londres, e nos últimos sete em Paris, onde atua como executivo na área de inteligência artificial. Formado no Brasil e com mestrado em Wireless Communication Systems pela Brunel University na Inglaterra, atualmente o cientista é doutorando na fundação científica dinamarquesa CTIF Global Capsule, pesquisando as futuras redes 6G e computadores quânticos sob a supervisão do renomado cientista Professor Ramjee Prasad, uma das maiores autoridades mundiais em sistemas de comunicação sem fio.

O brasileiro, um experiente engenheiro elétrico com atuação destacada nas áreas de telecomunicações e inteligência artificial, também é autor do livro “6G: The Road to the Future Wireless Networks 2030”, uma das primeiras obras a descrever as futuras tecnologias de comunicação sem fio que será lançada em 2030. 

Foto: DIvulgação

Durante a conferência em Princeton, estudantes, professores e pesquisadores participaram ativamente da oficina, que contou com a orientação dos professores Ramjee Prasad e Albena Mihovska, também do CTIF Global Capsule. O evento adquiriu significado especial por coincidir com o centenário da mecânica quântica, celebrado em uma instituição histórica associada a personalidades lendárias como Albert Einstein, John von Neumann, Alan Turing, Alonzo Church, Richard Feynman e, mais recentemente, Michelle Obama.

Entre os participantes ilustres estavam a Dra. Joy Barnes Johnson, educadora afro-americana de ciências das Princeton Public Schools; Kristen Outler, desenvolvedora educacional da Spark Photonics Foundation; e o professor John Little, da Virginia Tech. Paulo agradeceu especialmente ao professor Ashutosh Dutta, da Universidade Johns Hopkins, e ao Comitê STEM do IEEE pelo importante apoio recebido durante o evento.

Foto: Divulgação

Experiência na IBM

Durante a mesma viagem, Paulo visitou também o IBM Quantum Research Lab, localizado no prestigiado centro de pesquisa da IBM, o IBM Thomas J. Watson Research Center, em Nova York. Esta experiência representou um marco importante em sua pesquisa, permitindo-lhe explorar diretamente as instalações de ponta dedicadas à computação quântica da IBM e entender melhor seu roteiro tecnológico pioneiro.

As interações com cientistas e especialistas em desenvolvimento de negócios da IBM forneceram a Paulo insights valiosos sobre as aplicações práticas e iniciativas atuais de pesquisa em tecnologias quânticas, destacando o papel crucial que a computação quântica terá no futuro das redes sem fio e na tecnologia global.

Paulo fez questão de agradecer à equipe do IBM Quantum pela hospitalidade e pelas enriquecedoras discussões durante sua visita.

4 aprendizados gerindo a primeira e maior comunidade sobre cuidado com a pele negra do Brasil 

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Foto: Pexels

Há 5 anos, o Nossa Pele Negra (@nossapelenegra) surgiu como um espaço de acolhimento, informação e representatividade para a comunidade negra no Brasil. E, ao longo dessa jornada, aprendi muito sobre os desafios, as dores e as belezas de cuidar da pele negra em um país que ainda engatinha quando o assunto é inclusão e representatividade. 

Vou compartilhar aqui quatro aprendizados que mudaram a forma como enxergo a comunidade e o cuidado com a pele negra em nosso país.  

1. A escassez de profissionais especializados  

Quando começamos, uma das primeiras coisas que percebemos foi o gap gigantesco de profissionais e serviços de beleza voltados exclusivamente para a pele negra. Não é exagero dizer que, em muitas cidades do Brasil, encontrar um dermatologista ou esteticista que entenda as especificidades da nossa pele é como procurar uma agulha no palheiro. E olha, não é por falta de demanda! A verdade é que a formação desses profissionais ainda não prioriza o estudo da pele negra, o que resulta em diagnósticos equivocados e tratamentos que, muitas vezes, não funcionam.  

2. O poder do conteúdo e a responsabilidade de criar para a comunidade negra  

Criar conteúdo para a comunidade negra é, acima de tudo, um ato de responsabilidade. Muitas pessoas negras carregam traumas profundos relacionados ao cuidado com a pele, fruto de experiências negativas em consultórios ou salões de beleza. Já ouvimos histórias de quem foi orientado a usar produtos clareadores de forma indiscriminada ou de quem simplesmente desistiu de buscar ajuda profissional por medo de ser mal atendido. Por isso, nosso papel vai além de informar: é sobre reconstruir a autoestima e mostrar que a pele negra também merece (e precisa!) de cuidados específicos.  

3. Pessoas negras precisam de um ambiente seguro para compartilhar suas vivências  

Um dos pilares do Nossa Pele Negra é ser um espaço onde as pessoas se sintam seguras para compartilhar suas experiências. E, acredite, as histórias que ouvimos são poderosas! Desde relatos de quem finalmente encontrou um produto que não deixa a pele com aquela temida “pele esbranquiçada” até quem descobriu, na comunidade, que não estava sozinho na luta contra a hiperpigmentação. Essas trocas são a prova de que, quando nos unimos, conseguimos encontrar soluções que a indústria ainda não nos ofereceu.  

4. O despreparo e falta de disposição das marcas em pleno 2025   

Por fim, um aprendizado que não poderia faltar: a indústria da beleza ainda não está preparada para lidar com as necessidades da comunidade negra. Apesar da população negra ser a maior porção da população brasileira, enquanto o cabelo crespo ganhou (finalmente!) algum destaque nos últimos anos, a pele negra ainda é tratada como uma “pós-linha de pensamento” pela indústria da beleza e bem-estar. Marcas lançam produtos “para todos os tipos de pele”, mas esquecem que a nossa pele tem particularidades que precisam ser estudadas e respeitadas. O resultado? Muitas vezes, acabamos usando produtos que não foram feitos para nós, o que pode gerar desde irritações até resultados frustrantes.  

Gerir a maior comunidade sobre cuidado com a pele negra no Brasil é, acima de tudo, um ato de amor e resistência. Aprendemos que, enquanto a indústria e os profissionais não se adaptam, nós, comunidade, seguimos nos fortalecendo e buscando soluções juntos. 

E, como citamos em nosso manifesto ao final de 2024: desafiamos as marcas a abrirem os olhos para o trabalho que desenvolvemos. Investir em iniciativas como o Nossa Pele Negra, não é apenas uma questão de inclusão, mas uma oportunidade de se conectar genuinamente com um público consumidor fiel e engajado. 

Reconheçam o nosso pioneirismo, valorizem a nossa expertise e invistam no nosso potencial. O futuro da beleza no Brasil passa, inevitavelmente, pelo reconhecimento e valorização da diversidade. Chegou a hora de olharem para a nossa pele, a nossa voz, a nossa história. E, juntos, vamos continuar escrevendo essa história! 

Ashley Walters chegou a se arrepender de ter aceitado o papel em ‘Adolescência’: “Estava tão inseguro”

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Foto: Cortesia da Netflix © 2024

A estrela de ‘Adolescência’, Ashley Walters, abriu o coração sobre os desafios de interpretar o seu personagem na aclamada minissérie da Netflix – e revelou por que, a princípio, se arrependeu de ter aceitado o papel. A produção tem sido um dos assuntos mais comentados desde sua recente estreia no streaming. Com uma abordagem inovadora, cada episódio é uma única cena contínua, criando uma experiência intensa para o público – e para os atores.

Segundo a sinopse oficial, a produção de quatro episódios, conta a história de como a realidade de uma família é virada do avesso quando Jamie Miller (Owen Cooper), de 13 anos, é detido pelo homicídio de uma adolescente que frequenta a mesma escola que ele. Stephen Graham interpreta o papel do pai de Jamie e ‘adulto modelo’, Eddie Miller. Ashley Walters interpreta o papel do Detetive Inspetor Luke Bascombe, e Erin Doherty é Briony Ariston, a psicóloga clínica destacada para o caso de Jamie.

Para Walters, conhecido por seu papel em ‘Top Boy’, o convite veio diretamente de seu “amigo e mentor” Graham, que também é cocriador da minissérie. “Teria dito sim… independentemente de qual seria o trabalho”, admitiu. Pois segundo ele “Você nunca diz não a Stephen Graham”, contou ao Leicestershire Live.

Foto: Cortesia da Netflix © 2024

Mas assim que pisou no set e percebeu a grandiosidade da produção, bateu o choque de realidade, ele confessou que “se arrependeu pra caramba”, e se sentia perdido.

No primeiro episódio, seu personagem assume o protagonismo em uma longa cena contínua de 70 minutos, sem cortes. “Todos os dias, Phil [Barantini, diretor] dirá a você, eu estava em lágrimas! Todos os dias eu ia para casa chorando no meu roteiro”, revelou.

O ator descreveu a filmagem de ‘Adolescência’ como “a coisa mais difícil do mundo” e acrescentou: “Eu estava tão inseguro e é muita coisa. Eu tive que aprender o roteiro inteiro”. E relembrou: “E eu tinha muito a dizer naquele primeiro episódio. E você está liderando muito disso também. Muito disso é jargão policial e sei lá o quê”.

Foto: Cortesia da Netflix © 2024

No fim das contas, ele superou o desafio e entregou uma atuação que já está sendo aclamada pelas críticas e pelo público. Veja o trailer abaixo:

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