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“As primeiras empreendedoras do Brasil foram mulheres negras cozinheiras”, diz Patty Durães sobre valorização aos outros cargos da gastronomia

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Foto: Vitória Leona

Quando o assunto é gastronomia, os chefs de cozinha têm um grande destaque na sociedade. Entretanto, apesar das cozinhas terem funcionários negros, o mais alto cargo que leva o crédito pelos pratos, são ocupados majoritariamente por homens brancos. 

Esse é um debate levantado pela Patty Durães, pesquisadora de culturas alimentares, que cobra maior valorização para os profissionais da gastronomia negra, além dos que se tornaram chefs, as quitandeiras, cozinheiras e merendeiras, por exemplo.

“Com a profissionalização do ato de cozinhar, viramos o nosso olhar, atenção e recursos (de mídia e financeiros) para as cozinhas de restaurantes. Nesse movimento, admiramos chefs e deixamos de enaltecer, divulgar e também estudar sobre o começo, a raiz da hospitalidade no Brasil”, explica a pesquisadora, em entrevista ao site Mundo Negro. “Escravizadas e libertas saíram às ruas com seus tabuleiros vendendo cocadas, acarajés, abarás e outras delícias. Desses rendimentos compraram alforrias, bens, jóias”, completa.

Patty Durães. (Foto: Vitória Leona)

“As primeiras empreendedoras do Brasil foram mulheres negras cozinheiras e não podemos nos esquecer disso”, destaca Patty Durães. “Na atualidade o mercado também é muito movimentado por famílias que vendem café e bolo na porta das estações de metrô (um saber absurdo pra ter sempre o café mais quente da vida), merendeiras, cozinheiras de botecos e quitandas”, conta.

Apesar das pessoas pretas estarem historicamente ligadas às cozinhas do Brasil, a pesquisadora explica porque os cargos de chefs continuam pouco acessíveis. “Por centenas de anos fomos proibidos de estudar, empreender e nosso trabalho não foi remunerado. Nosso saber foi apropriado, nossas tecnologias roubadas e nossa cultura estigmatizada. Sendo assim, na corrida, não partimos do mesmo ponto”. E afirma: “razão pela qual precisamos nos unir, fortalecer negócios tocados por pessoas pretas, para que esses profissionais se multipliquem e não desistam de seus sonhos”. 

Para Patty, chef de cozinha é um cargo. “Para além da hierarquia, temos infinitos profissionais nos alimentando todos os dias. A merendeira da escola faz milagres e cuida da alimentação da primeira infância, quer mais importância que isso? Todos temos lembranças incríveis de merenda escolar. Na cozinha profissional temos uma equipe que trabalha muito para que tudo saia delicioso e correto. Quem recebe, higieniza, pica, faz as bases, grelha, cozinha, lava a louça. Sem esquecer as equipes de bar, de salão, de limpeza”, celebra. “Então meu alerta é para que todos sejam lembrados, creditados e valorizados”, finaliza. 

Jonathan Majors é confirmado na 2ª temporada da série ‘LOKI’

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Foto: Reprodução / Disney+.

Nesta segunda-feira (31), a plataforma Disney+ anunciou o primeiro trailer da segunda temporada de ‘LOKI’. As imagens confirmaram a presença de Jonathan Majors na série, interpretando o personagem Kang. Esse é o primeiro grande papel do astro desde que ele foi acusado de agressão, em março deste ano.

Com investigações sobre o caso ainda em andamento, Majors perdeu uma série de contratos e muito se especulou sobre a continuidade do ator dentro do universo da Marvel e das produções Disney. O filme “The Man in My Basement” que ele iria estrelar e produzir foi cancelado, juntamente com a cinebiografia do cantor Otis Redding e uma campanha publicitária para o time de beisebol Texas Rangers.

Majors ingressou no MCU pela primeira vez em 2021, numa participação da primeira temporada de ‘Loki’. Na ocasião, ele surgiu como ‘Aquele Que Permanece’, uma variante de Kang. Sabe-se que existem infinitas versões do personagem espalhadas pelos vários universos da Marvel. Depois, no filme ‘Homem-Formiga 3’, ele atuou como o principal antagonista na abrangente Saga do Multiverso.

“É muito legal. Kang vive em seu próprio mundo no MCU. Sem spoilers aqui, mas há tantas variantes dele”, disse Majors para o site The Hollywood Reporter. “É extremamente gratificante que eles me tenham escolhido para entrar nesse filme. Então, estou honrado em fazer isso. Estou sempre animado para ver o que estamos fazendo. E sim, seis anos depois de Yale e dez anos depois da Escola de Artes da Carolina do Norte, minha primeira escola de teatro, é o que você sempre esperou como ator. Kang é uma carreira em si. Ou é o bolo em si ou a cereja no topo, sei lá. Mas interpretar várias versões, é simplesmente lindo. É uma oficina a cada dia.”

A segunda temporada de ‘LOKI’ estreia em 6 de outubro.

Cardi B é acusada de agressão após jogar microfone em mulher durante show em Las Vegas

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Foto: Reprodução / Redes Sociais.

Cardi B pode enfrentar consequências legais após ter lançado um microfone numa mulher no último domingo (30). De acordo com informações do TMZ, a mulher que foi atingida tomou a iniciativa de prestar queixa contra a rapper no Departamento de Polícia de Las Vegas.

O ocorrido gerou grande repercussão nas redes sociais durante o final de semana. Enquanto a artista se apresentava, uma mulher não identificada jogou algum tipo de líquido em sua direção. Insatisfeita com a atitude, Cardi rebateu imediatamente, lançando um microfone de volta na direção da mulher.

De acordo com o TMZ, o microfone lançado pela rapper na plateia ricocheteou e acabou atingindo outra mulher que também estava acompanhando o evento. No entanto, ainda não está claro qual das duas mulheres prestou queixa à polícia, ou se houve alguma menção à bebida sendo jogada em Cardi durante o incidente. A situação está sob investigação para determinar as circunstâncias exatas do ocorrido.

Nas redes, usuários relataram que antes da polêmica envolvendo o microfone, Cardi tinha pedido para o público do show jogar água nela, já que estava ‘muito quente’. Contudo, ela parecia estar brincando e não aprovou o líquido que jogaram nela momentos depois.

B.B. King no MIS, em São Paulo, como você nunca viu

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Foto: Calazansculturaearte

Texto: Reinaldo Calazans

Importante museu em São Paulo faz uma linda narrativa da história do ícone do blues. É importante salientar que, além de um legado valioso na música, o artista e ativista, B.B. King, também, lutou pelos direitos da comunidade negra em um momento fundamental da luta contra a segregação nos EUA.

Ele nasceu em Mississipi, no ano de 1925. Quando criança trabalhou colhendo algodão para ajudar sua família que vivia em uma situação muito precária. Desde aquela época já sentia de perto o reflexo do racismo. 

Foi na década de 1940 que ele conseguiu comprar seu primeiro violão, naquele momento ele se muda para a cidade de Memphis, local que lhe deu a possibilidade de se apresentar nas esquinas, o que rendia seu ganha pão. 

Daí em diante sua carreia começa a decolar, mas, é claro, que para um jovem negro nada seria fácil. Ele se deparou com vários momentos históricos. Entre eles a segregação que feriu várias vidas e acabou com diversos sonhos. 

Sua vida também foi regada de sucesso, ganhou mais de 16 prêmios Grammy. Suas músicas eram sucesso total, entre elas estão “How blue can you get”, “Please love me”, “Three o’clock blues” e outras.

A mostra faz uma viagem ao tempo, fala sobre a segregação, narra a trajetória do blues, nos apresenta uma cronologia da sua vida, desde a infância até chegar aos holofotes, amizades e objetos pessoais. 

O que mais chama a atenção ao chegar na exposição são duas portas as quais estão escritas “White – brancos” e na outra “Colored – de cor”, a sensação é como se estivéssemos vivendo naquele momento da segregação. 

Foto: Calazansculturaearte 

A experiência sensorial faz parte e o tema diz tudo sobre essa linda homenagem: “Um Mundo Melhor em Algum Lugar” 

Está por São Paulo? Corre que dá tempo 

A mostra ficará disponível até 08 de outubro.

Onde: Museu da Imagem e do Som (MIS), na Av. Europa, 158, Jardim Europa

Nicki Minaj, Snoop Dogg e 21 Savage se tornam personagens do jogo Call Of Duty

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Foto: WireIage/NBC/Shutterstock

O Hip Hop está invadindo o mundo dos jogos. Na última semana, a Activision anunciou que Nicki Minaj, Snoop Dogg e 21 Savage serão personagens jogáveis no Call of Duty: Modern Warfare 2 e Call of Duty: Warzone. O trio estará disponível na quinta temporada do Call Of Duty, que começa no dia 2 de agosto, e a ação faz parte da comemoração dos 50 anos do Hip Hop.

https://twitter.com/CallofDuty/status/1684624144820731904

“Esses headliners merecem mais do que uma menção passageira, especialmente porque estão aqui para comemorar cinco décadas de cultura hip hop: Nicki Minaj, Snoop Dogg e 21 Savage”, disse o comunicado oficial.

Além da skin, Nicki Minaj também terá equipamentos exclusivos e será a primeira operadora autodenominada de “Call of Duty”. “Nicki é conhecida por quebrar barreiras no hip hop, e isso não é diferente. Ela será a primeira operadora feminina autodenominada de ‘Call of Duty’”

https://twitter.com/NICKIMINAJ/status/1684628436516757506

Essa não é a primeira colaboração da rapper com o COD. Em outubro de 2022 ela participou do trailer de COD: Modern Warfare 2.

A colaboração de Snoop Dogg com a franquia também não é de agora, essa é a segunda passagem do rapper no COD. Em abril de 2022, ele já se tornou um personagem jogável. O seu personagem retorna com a mesma skin e com equipamentos exclusivos. Em 2014, ele também narrou um conteúdo adicional do “Call of Duty: Ghosts”.

Já 21 Savage está estreando neste mundo do COD, mas seu personagem ainda não foi divulgado e não tem data de estreia.

Ainda em comemoração aos 50 anos do hip hop, serão distribuídos “Hip Hop War Tracks” grátis para todos que fizerem login no jogo entre os dias 7 e 16 de agosto. “Basta ficar online em ‘Modern Warfare II’ e ‘Call of Duty: Warzone’ em quatro dias separados dentro desse período de tempo – uma tarefa fácil para aqueles que jogam diariamente ou mesmo apenas nos finais de semana – para receber um presente grátis”, disse o comunicado.

“A alma do filme é como você está vivendo a sua vida”, diz LaKeith Stanfield sobre remake de ‘Mansão Mal-Assombrada’

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Foto: Divulgação/Disney

Após 20 anos da primeira versão estrelada por Eddie Murphy, o remake de “Mansão Mal-Assombrada” estreou nos cinemas na última quinta-feira (27), com uma casa diferente, novos fantasmas e personagens mais diversos.

A nova versão da Disney acompanha uma mãe (Rosario Dawson) e o filho (Chase Dillon), que se mudam para uma nova casa em Nova Orleans e precisam recrutar um grupo de supostos especialistas espirituais, ao descobrir que a mansão é assombrada.

LaKeith Stanfield interpreta o Ben, um cientista especializado em atividades paranormais, um dos protagonistas do longa. “É muito divertido interpretar não só o Ben, como também um fantasma, ver meu corpo flutuar, ser possuído, passar por todo tipo de coisa nesse filme”, disse o ator em entrevista ao programa Fantástico, neste domingo (30). “A alma do filme é como você está vivendo a sua vida”, completa.

“É tipo uma nova interpretação, uma outra pegada – tomara que ajude a criar mais histórias de casas mal-assombradas”, disse o diretor Justin Simien. “O filme vem pra gente encarar aqueles desafios que assustam a gente”. 

Também integram no elenco Tiffany Haddish, Christopher Winchester, Jared Leto, Jamie Lee Curtis, Danny DeVito, Owen Wilson, entre outros.

Veja o trailer:

IX Marcha das Mulheres Negras no Rio de Janeiro reúne ministra Anielle Franco, Benedita da Silva e ativistas em Copacabana

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Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil

No último domingo, 30 de julho, a orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi palco da 9ª Marcha das Mulheres Negras, um evento que reuniu centenas de mulheres negras de várias partes do estado para lutar contra o racismo, toda forma de opressão e violência, e defender o bem viver. Artistas, políticas e ativistas marcaram presença nessa manifestação histórica, que foi organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras – RJ e contou com a participação de diversos coletivos engajados na luta contra a desigualdade racial.

Foto: Divulgação

Entre as figuras que estiveram no evento, destacam-se a Ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, a escritora Conceição Evaristo, a Deputada Federal Benedita da Silva e a jornalista Flávia Oliveira. Além delas, as atrizes Luana Xavier, Aline Borges e Jessica Ellen também marcaram presença, enaltecendo a causa e fortalecendo o movimento.

A escritora, Conceição Evaristo, participa da IX Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, zona sul da cidade. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil

A marcha começou com a leitura do manifesto de abertura feita por Conceição Evaristo, cuja produção literária tem sido uma importante ferramenta de combate à opressão enfrentada pelo povo negro, em especial por mulheres negras. Evaristo ressaltou a importância do ato corajoso e de denúncia, ao ocupar uma das orlas brasileiras de maior visibilidade. “Marchamos pelo bem viver. O bem viver convoca a uma política de participação coletiva da população negra, de construção de poder horizontal e de distribuição dos lugares de decisão para mulheres negras”, ressaltou ela.

Dona Santinha à direita da imagem, com o punho cerrado durante a IX Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, zona sul da cidade. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ao longo do percurso, cerca de dez griôs carregavam uma faixa com o tema desta edição, e ao lado de Conceição Evaristo, foram destaque ao trazerem a sabedoria e as histórias de suas comunidades, onde são altamente respeitadas. Entre elas, Maria Soares, de 99 anos, conhecida como dona Santinha, importante figura do movimento de mulheres.

A Marcha das Mulheres Negras também reservou espaço para jovens lideranças, inclusive crianças. A presença da advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, que foi brutalmente assassinada em 2018, também marcou o evento: “Estamos aqui para, a cada dia, dizer que estamos assumindo cada vez mais esse poder e esse lugar de fala, que é nosso. Esse julho que nos representa. É o julho das pretas”, disse Marinete durante seu discurso.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, emocionou a todos ao relembrar a participação ativa de sua irmã nas marchas e destacar a importância contínua desse movimento. “A gente está em marcha, a gente não está dispersa, pelo contrário. Que bom que a gente tem o governo federal à frente de políticas públicas eficazes, de saúde a educação, segurança, que é o mais importante. É a nona marcha. A gente sempre marchou e vai continuar marchando. Estar ao lado dessas mulheres, para mim, está dando um sentimento de acalanto e fortalecimento nesse lugar”. 

Fonte: Agência Brasil

Will Smith se pronuncia sobre greve dos atores e roteiristas: “é um momento crucial para a nossa profissão”

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Foto: Getty Images

Na última sexta-feira (28), o astro de Hollywood e ganhador do Oscar, Will Smith, se pronunciou a favor da greve dos atores e roteiristas. Nas suas redes sociais, Smith disse que “é um momento crucial para a nossa profissão”

O ator com mais de 30 anos de carreira usou suas redes sociais para apoiar a greve da Associação de Escritores da América (WGA), que acontece desde abril, e Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA), que entrou em greve em julho. Entre as reivindicações, estão ajustes salariais, demandas de séries e filmes mais ajustados e regulamentação da inteligência artificial.

“Quero falar por um segundo sobre ATUAR. Como alguns de vocês devem ter ouvido, a minha guilda, @SAGAFTRA está em greve juntamente com os nossos colegas escritores na WGA. É um momento crucial para a nossa profissão”, disse Smith em suas redes.

Ele também aproveitou o momento para relembrar da sua carreira, que muitas vezes se sentiu com “tempo emprestado”, e agradecer ao seu “treinador” Aaron Speiser por ajudá-lo. “33 anos na minha carreira como ator e ainda há alguns dias em que sinto que sou aquele miúdo de Filadélfia que está com tempo emprestado, apesar de saber que fui extraordinariamente abençoado e sortudo por ter trabalhado como ator este tempo todo. É graças ao meu amigo, ao meu professor e ao meu mentor @aaronspeiser a quem me refiro carinhosamente como “treinador” que aqueles dias em que sinto que não pertenço são cada vez mais distantes”, relembrou o ator.

Smith é mais um dos atores de Hollywood que decidiram apoiar publicamente as últimas ações dos sindicatos. Na semana passada, a atriz Sheryl Lee Ralph também se manifestou a favor da greve.

A greve já impactou diversas séries e filmes de Holywood, incluindo grandes estreias como “Homem-Aranha: Além do Aranhaverso” que foi adiado por tempo indeterminado.

Paulinho da Viola é internado após indisposição e cancela show em Três Rios, no RJ

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Foto: Leo Aversa / Divulgação

O cantor e compositor brasileiro, Paulinho da Viola, de 80 anos, foi internado na madrugada desta segunda-feira (31) em um hospital na cidade do Rio de Janeiro, após sofrer uma indisposição. A situação ocorreu logo após o artista cancelar um show que realizaria no último domingo (30) no município de Três Rios, no estado fluminense, por orientação médica.

A equipe do sambista utilizou as redes sociais para informar sobre o cancelamento da apresentação, destacando que Paulinho estava passando por cuidados médicos e que, apesar da situação, o artista estava bem e sob observação: “O artista encontra-se bem, mas atendendo a pedido médico, não será possível realizar o show”, informou a equipe. A notícia da internação foi confirmada à imprensa pelo assessoria do músico, que também informou que ele permanecia internado na capital do estado.

O show que estava previsto para o Festival de Inverno em Três Rios, uma das apresentações mais aguardadas pelo público, teve que ser cancelado devido à indisposição de Paulinho da Viola. A equipe do artista reiterou o estado de saúde estável do cantor, mas seguindo orientação médica, ele não pôde subir ao palco.

As avaliações médicas continuam ao longo do dia para determinar o diagnóstico e a evolução do estado de saúde do artista.

Julho das Pretas: Yalorixá Jaciara Ribeiro reforça a luta ancestral pelo coletivo e empoderamento feminino

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Foto: Reprodução/Instagram

Viver em comunidade continua sendo uma das principais estratégias de mulheres negras para garantir sua sobrevivência e a prosperidade dos seus. É a partir de uma noção ancestral de coletividade que projetos grandiosos saem do papel, como pudemos acompanhar neste mês em que se comemora o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, 25 de julho. 

Uma dessas mulheres que tem feitos notáveis para sua comunidade é a Yalorixá Jaciara Ribeiro, do Axé Abassá de Ogum, localizado em Salvador. Ela é filha de Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda, uma figura importante para as religiões de matriz africana no Brasil, Mãe Gilda é símbolo da luta contra a intolerância religiosa. O Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa é celebrado em 21 de janeiro, mesma data da morte de Mãe Gilda.

Com essa herança, Jaciara Ribeiro também seguiu o caminho da luta pelo bem coletivo a partir do trabalho que realizada como líder religiosa. Mãe Jaciara compartilhou não só seus saberes, mas a terra do Quilombo Caipora com mais 16 mães de santo para que estas pudessem ter uma roça para cultuar o sagrado, além disso, ela também criou no local um alojamento que recebe mulheres em situação de vulnerabilidade e hoje luta para preservar a Lagoa do Abaeté. 

Ao Mundo Negro, Mãe Jaciara Ribeiro falou sobre sua trajetória na luta contra o racismo, contra a intolerância religiosa, pela proteção das mulheres e contou sobre o trabalho que realiza, levando sua religiosidade aos presídios para que mulheres encarceradas também possam professar sua fé nos orixás: “O meu trabalho é intenso, não é só como mulher religiosa, mas como mulher ativista. Eu acredito que o terreiro de Candomblé precisa passar por transformações e a maior transformação é você mudar os paradigmas do que pensam de nós. As pessoas acham que terreiro de Candomblé é só festa é só tocar atabaque. Não é isso. O meu terreiro e a minha militância trazem transformação para essas mulheres”.

Leia a entrevista completa:

Mundo Negro – Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória e como se tornou uma Ialorixá. Quais foram os principais desafios enfrentados ao longo dessa jornada?

Mãe Jaciara –  Eu tenho 55 anos e tô no Candomblé desde os 3 anos de idade. Na verdade, não foi eu que escolhi ser do Candomblé, foi Oxum que escolheu e eu sempre acompanhei minha mãe desde pequenininha e tenho o maior orgulho de ser do Candomblé. Então, na verdade, a gente não escolhe ser ialorixá, a gente é escolhida. Eu acho que eu nasci para ser uma sacerdotisa religiosa, algo que está no meu DNA e a maior dificuldade que eu encontrei foi o racismo. Quando eu ia para escola sendo uma mulher negra de candomblé, às vezes meu lanche era acaçá, abará, acarajé, e aí as outras crianças ou adolescente, na época, exorcizavam meu lanche, diziam que era coisa do diabo. Não era uma coisa muito suave, me chamavam de bruxa, às vezes e aí eu cresci, nunca fui empoderada no sentido de movimento negro, de saber o meu verdadeiro direito enquanto cidadã, de religião, e só agora há 23 anos da morte da minha mãe que eu consegui entender que eu já sofri o racismo, mas era um racismo estruturante, velado, uma brincadeirazinha ali, chamava de macaca, cabelo de bombril, essas coisas. Mas eu sempre tive uma autoestima muito grande porque minha mãe era uma mulher de Ogum e ela me deu essa possibilidade de me amar independente da minha cor de pele e da minha religiosidade, mas mesmo assim isso adoece. Hoje tenho 23 anos que eu me tornei ativista da luta contra intolerância religiosa, são 23 anos de dor porque mesmo depois da morte da minha mãe o busto dela foi violado duas vezes, os terreiros são invadidos, pessoas são insultadas nas ruas. Então, o maior desafio para mim é permanecer viva e ter a minha liberdade garantida de proferir a minha fé.

MN – O Quilombo Caipora é um projeto notável que abriga também o alojamento Makota Zimewang para mulheres em situação de vulnerabilidade. Como surgiu a inspiração para criar esse espaço e qual o impacto que ele tem tido na vida dessas mulheres? O Quilombo possui outras ações sociais?

Mãe Jaciara Ribeiro –  Tem 10 anos que eu ganhei uma terra dentro do Quilombo Caipora e é um projeto notável porque é uma rua de terreiros. Eu tenho uma casa lá de Oxum, Ilê Axé Ofá Omi Layò, e devido a minha relação muito próxima com Macota Valdina, que era uma mulher negra de Candomblé, Nkisi Kavungo, do Axé Onimboyá, e era minha amiga íntima, ela me deu muitos ensinamentos, não só dentro da nossa ancestralidade, mas para vida. Ela me acolheu em todos os momentos, então o terreno lá de Oxum é muito grande, são 5 mil metros de terra. Aí eu digo ‘eu sozinha não vou conseguir gerar tantas benfeitorias para minha comunidade’. Aí eu tive a ideia, eu tenho o projeto Ìyá Àkobíode – Mulheres que Transformam,  eu doei 16 pedaços de terra para 16 mulheres construírem junto comigo cada uma na sua casa, mas para gente dançar em um único terreiro. Então é o único terreiro coletivo do Brasil. Como Makota Valdina também ia ter um espaço lá, mas aí ela foi para o Orun, morreu. Aí eu tive a sensibilidade de inaugurar o primeiro alojamento feminino para colher 20 mulheres em situação de vulnerabilidade nesse espaço. Então o alojamento Zimewanga, que é a dijina dela, o nome de ancestralidade, foi inaugurado esse ano e a gente tá aí na luta, eu sou muito orgulhosa de poder ter conseguido edificar um projeto desse que é revolucionante não só para mim, mas para todas as mulheres da Bahia e, quiçá, do Brasil. 

Hoje eu sou coordenadora do GT mulheres de Axé da Renafro e sou coordenadora também do Ìyá Àkobíode  e sou uma mulher revolucionária de vidas. Hoje também estou assessorando o deputado federal Romeu Assunção e a companheira do MST, Lucinha. Então eu me sinto muito honrada de poder estar na frente de projetos que edificam a equidade de gênero, que trazem o empoderamento feminino, a liberdade de culto, o não racismo, que acabam com toda violência, seja ela homofóbica ou religiosa. Eu acho que o candomblé é uma religião que agrega o ser humano na sua plenitude do ser humano, independente de cor, independente da sua vontade ser o que quiser na terra.

O quilombo possui outras atividades também, nós temos feira para as mulheres e homens quilombolas, nós temos feira de saúde, nós temos uma casa de farinha e nós temos a vida, uma lagoa que a gente cuida aonde uma princesa de África veio até aqui e a gente fez um grande presente para Oxum e eu fiz parte desse momento, então eu acredito que as minhas ideias elas são ancestrais, é Oxum que me guia para esses projetos. 

MN – Qual trabalho o coletivo Ìyá Àkobíode realiza?

Mãe Jaciara Ribeiro – O coletivo Ìyá Àkobíode – Mulheres que Transformam já começa fazendo algo transformador que é o primeiro festival de Oxum da Lagoa do Abaeté. A gente já está na terceira edição aonde o propósito maior é mostrar a beleza e o encantamento da Lagoa, mas também proteger o meio ambiente. O Ìyá Àkobíode representa uma semente transformadora que busca equidade de gênero e empoderamento feminino. Ao compartilhar minha terra e conhecimento, inspiro outras mulheres a terem voz e direitos garantidos. 

Agora em agosto, dia 20, nós vamos ter um encontro de 20 psicólogos lá na terra de Oxum, elas estão vindo de São Paulo para dialogar comigo sobre a minha vivência nesse projeto, então o mundo já está sendo conhecedor dessa transformação e esse projeto eu tenho certeza que ele vai ser piloto. Ele já existe, mas ele está sendo exemplo para outras mulheres. 

MB – A senhora tem um trabalho intenso como uma líder religiosa e comunitária. Como avalia o trabalho de mulheres negras que estão em comunidade se fortalecendo?

Mãe Jaciara Ribeiro –  O meu trabalho é intenso, não é só como mulher religiosa, mas como mulher ativista. Eu acredito que o terreiro de Candomblé precisa passar por transformações e a maior transformação é você mudar os paradigmas do que pensam de nós. As pessoas acham que terreiro de Candomblé é só festa é só tocar atabaque. Não é isso. O meu terreiro e a minha militância trazem transformação para essas mulheres. Faço feira da saúde. Domingo que vem a gente vai ter cinema no Axé, eu convido mais de 30 mulheres, jovens para assistir um filme que traz a nossa realidade, mas que fortalece a nossas lutas. Eu tenho um trabalho com mulheres que estão passando por dificuldades financeiras, a gente dá curso de corte e costura, oficina de comida afro, turbante. Hoje eu tô com uma parceria com duas mulheres maravilhosas que é “Que Ladeira é essa”,  lá na Ladeira da Preguiça [em Salvador, Bahia] e eu tô muito feliz com essa partilha da minha semente que não é só minha. Como a gente sabe, Marielle morre, mas deixa sementes, mas eu quero plantar essas sementes para se tornar árvores para nossas vidas e nos proteger.

Então eu me sinto mágica, ninguém sabe, mas eu acho que eu sou mágica porque eu consigo transformar não só minha vida, a dor em luta, o luto em luta e mudar para uma vida de acolhimento, de amor, de partilha, de respeito. A partilha maior é você dar a possibilidade ao outro de ter direito à Terra, direito à plantar.  No quilombo  a gente tem uma horta coletiva, nós temos um fogão a lenha e nós temos um terreiro para 16 mulheres trabalharem comigo. E eu tenho 55 anos, a gente vai envelhecendo e a gente não pode caminhar só. Uma amiga minha fala assim: “Eu sozinha vou pra perto, mas com a minha comunidade, a multidão, eu chego longe”.

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