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Ludmilla leva pagode ao mundo e defende gênero como “próxima febre global”

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Foto: Steff Lima

Em entrevista ao Hypebeast Brasil, Ludmilla reafirmou sua aposta no pagode como o próximo gênero musical brasileiro a ganhar o mundo, seguindo os passos do samba, da bossa nova e do funk. A cantora levou o projeto Numanice a Miami no último sábado (5), em um show histórico no Historic Virginia Key Beach Park — local marcado pela resistência da comunidade negra durante o período de segregação racial nos EUA.

“Meu objetivo é amplificar esse som cheio de swing, história e emoção — para o mundo”, disse Ludmilla. “O pagode tem tudo para conquistar outros países. Sua percussão poderosa, letras sinceras e melodias cativantes tornam impossível não sentir algo”, afirmou. A apresentação, que durou quase cinco horas, teve participações especiais do cantor Xanddy Harmonia e de Brunna Gonçalves, mulher de Ludmilla, que subiu ao palco grávida da pequena Zuri para um medley de “Maliciosa” e “Maldivas”. O local escolhido para o show carrega simbolismo: durante a segregação racial nos EUA, a Virginia Key Beach era um dos poucos espaços de lazer permitidos para afro-americanos em Miami.

Foto: Steff Lima

Ludmilla destacou a importância de equilibrar inovação e tradição para tornar o pagode um fenômeno global. “Eu misturo novos elementos enquanto respeito as raízes. Quero que as pessoas vejam o pagode como um som global, assim como o samba, a bossa nova e agora o funk”, disse. “A música vai além das palavras. Assim como nos conectamos com músicas em outros idiomas, o pagode também tem esse poder — ele transcende a linguagem”, reforçou ela.

Turnê internacional e impacto social

A turnê do Numanice, que também passou por Portugal, entra em sua reta final, com datas confirmadas em Niterói (13/04), Brasília (03/05), Ribeirão Preto (31/05) e São Paulo (08/06), com encerramento no Rio de Janeiro em 26 de julho. De acordo com a produção da artista, além do sucesso comercial — mais de 500 mil espectadores e faturamento estimado em R$ 185 milhões —, o projeto tem impacto social: arrecadou 25 toneladas de alimentos para comunidades vulneráveis e gerou mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.

MTE resgata trabalhador submetido a condições análogas à escravidão em granja que abastecia JBS em Minas Gerais

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Foto: Resgate de dez trabalhadores de condições análogas às de escravo em Arvorezinha, no Rio Grande do Sul em dez/2024 - MPT/RS

Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou em janeiro um trabalhador submetido a condições análogas à escravidão em uma granja no município de Nova Ponte, em Minas Gerais. O homem era responsável por cuidar de uma área com capacidade para 40 mil aves, e que fornecia para a Seara Alimentos, empresa do grupo JBS, líder nacional no setor de carnes.

De acordo com matéria publicada pelo Repórter Brasil, a denúncia partiu da Polícia Federal, que apurou que o trabalhador, em situação de vulnerabilidade após ser demitido de um emprego na área de reciclagem e enfrentar risco de despejo, foi recrutado pelo dono da granja, Vilson Aguiar Ribeiro. Segundo o MTE, ele foi explorado em troca de alimentação e moradia em um alojamento sem mobília, onde sequer havia cama.

O relatório da fiscalização, obtido pela Repórter Brasil, descreve jornadas exaustivas de até 20 horas ininterruptas, incluindo tarefas como encher bebedouros durante a madrugada, queimar lenha para aquecer os aviários e retirar aves mortas. Ribeiro pagou R$ 5,5 mil em salários e verbas rescisórias após a intervenção.

A granja mantinha contrato com a Seara, que fornecia pintinhos para criação e recebia os frangos prontos para abate. O documento do MTE afirma que representantes da JBS visitavam o local semanalmente para inspecionar a qualidade dos animais, mas ignoraram as violações trabalhistas.

O ministério criticou a empresa, destacando que, apesar de declarar em seu site o compromisso com direitos humanos e diálogo com fornecedores, a prática “não passa de uma mera ficção retórica para ludibriar clientes e certificadoras”. A JBS não se manifestou até a publicação desta reportagem. Ribeiro não foi localizado para comentários.

Este é o segundo caso de trabalho escravo na cadeia avícola em 2025. Em março, 35 indígenas de Amambaí (MS) foram resgatados em Pedreira (SP), onde trabalhavam em granjas da região. O MPT relatou alojamentos superlotados, com dormitórios improvisados em varandas e cozinhas, e alimentação restrita a arroz. Uma empresa terceirizada, não identificada, era responsável pela contratação e prestava serviços a um frigorífico paulista.

A JBS e Vilson Aguiar Ribeiro não se pronunciaram.

Jornalista Roberta Garcia retorna com segunda temporada do programa “3P – Papo de Preta Progressista”

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Foto: Reprodução/Instagram

A jornalista Roberta Garcia está de volta com a segunda temporada do seu programa de entrevistas “3P – Papo de Preta Progressista”, transmitido ao vivo todas as terças-feiras, às 20h, em seu perfil no Instagram (@rogarcia.1). O projeto, que combina debates aprofundados e descontraídos, promete abordar temas políticos, culturais, esportivos e questões urgentes do momento.

Na primeira temporada, o 3P deu destaque a projetos de mulheres negras que concorreram nas eleições de 2024, ampliando a visibilidade de candidaturas de diferentes regiões do país. Entre as participantes estiveram as deputadas federais Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Dandara Tonantzin (PT-MG), além de vereadoras eleitas.

A nova fase do programa estreou no dia 1º de abril, data que marcou os 61 anos do Golpe Militar de 1964, com um debate sobre “As Vivências de Pessoas Negras durante a Ditadura Militar”, mediado pela historiadora Gabrielle Abreu. Na próxima edição, marcada para terça-feira (9), o programa receberá o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) para discutir soluções para a segurança pública, um tema que desafia governos progressistas e conservadores.

Dados recentes mostram que, em São Paulo, as mortes decorrentes de intervenção policial subiram 120%, enquanto a Bahia liderou os índices de violência no país em 2024. “Vamos abordar o encarceramento em massa, um problema complexo que exige uma nova solução. Sem falar da justiça seletiva”, adiantou Roberta.

A Culpa é do Diabo: como Carolina Rocha desvela o racismo religioso nas periferias

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Foto: Cristian Maciel | @cristiannmaciell

Por Rodrigo França

Carolina Rocha, uma das maiores intelectuais da contemporaneidade, entrega em A Culpa é do Diabo: o que li, vivi e senti nas encruzilhadas do racismo religioso um trabalho brilhante, que atravessa as fronteiras entre a pesquisa acadêmica, a vivência etnográfica e a potência da literatura de terreiro. Doutora em sociologia e pós-doutoranda em educação, Rocha – ou Dandara Suburbana, como também é conhecida – não apenas investiga, mas vivencia e sente as encruzilhadas que compõem a tessitura de sua obra. A partir de um olhar aguçado e comprometido com a descolonização do pensamento, ela ilumina as complexas relações entre religião, política e poder nas periferias brasileiras, desmascarando as engrenagens do racismo religioso.

Desde o título, A Culpa é do Diabo já provoca. A expressão ecoa uma ironia afiada diante das acusações históricas que demonizam as religiões de matriz africana. O que a autora nos mostra, contudo, é que o verdadeiro “diabo” não está nos terreiros, mas no projeto colonial que segue operando na criminalização dessas tradições e na tentativa sistemática de apagamento das memórias e espiritualidades negras. Com uma escrita precisa e visceral, Rocha escancara como o racismo religioso se manifesta de forma brutal nas favelas do Rio de Janeiro, onde igrejas evangélicas, varejo de drogas e comunidades de axé se cruzam em um campo de disputa por espaço, poder e narrativa.

Ao contrário das leituras simplistas que reduzem os conflitos nas periferias à presença dos chamados “traficantes evangélicos”, a autora aprofunda a análise e revela a complexidade das interações entre religião e política. O que se vê na mídia é apenas a “ponta do iceberg”, alerta Rocha, enquanto forças econômicas e interesses estatais moldam um cenário onde a violência contra os povos de terreiro não é um efeito colateral, mas parte estruturante de um projeto de controle social. Com extrema habilidade, a autora desmonta os discursos que colocam evangélicos e praticantes das religiões afro-brasileiras como inimigos naturais, demonstrando que essa cisão beneficia justamente aqueles que lucram com a fragmentação da luta negra.

O grande mérito de A Culpa é do Diabo está na sua capacidade de articular denúncia e celebração. Se por um lado a obra expõe as perseguições e as violências enfrentadas pelas comunidades de axé, por outro, nos oferece um testemunho poderoso sobre sua resistência, sua beleza e sua capacidade de reinvenção. Os terreiros, apresentados como territórios políticos, emergem como espaços de acolhimento, cura e articulação comunitária. Mais do que nunca, Rocha reafirma o papel das mulheres negras, especialmente das ialorixás, como guardiãs de saberes ancestrais e estrategistas incansáveis na defesa de seus territórios espirituais e sociais.

A escrita de Carolina Rocha não se limita ao rigor acadêmico – embora ele esteja presente de forma indiscutível. O que diferencia sua abordagem é a força narrativa que confere ao texto um caráter vivo e pulsante. A autora escreve com o corpo, com a memória e com o axé de quem conhece as dores e as alegrias de pertencer a um povo cuja fé sempre foi uma ferramenta de luta e existência. A encruzilhada, metáfora central da obra, não é apenas o lugar de disputas, mas também de encontros, reinvenções e possibilidades.

Mais do que um livro necessário, A Culpa é do Diabo é uma oferenda. Uma oferenda para aqueles que lutam contra o racismo religioso, para os que resistem nos terreiros, para os que se recusam a aceitar as narrativas hegemônicas sobre suas próprias existências. Carolina Rocha reafirma sua posição como uma das mais importantes pensadoras de nosso tempo, trazendo uma contribuição incontornável para os debates sobre fé, política e identidade no Brasil. Sua obra nos convoca a olhar para as encruzilhadas não como locais de perdição, mas como territórios de potência, onde o passado e o futuro se encontram para transformar o presente.

O fardo invisível da liderança feminina: reflexões sobre mulheres negras no poder

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Foto: Divulgação

A presença de mulheres negras em posições de liderança carrega um peso histórico repleto de desafios, vitórias e, infelizmente, muitas cobranças irreais. É um cenário que combina a luta pela afirmação com o enfrentamento de um sistema estruturado em padrões que não nos favorece. 

A Cobrança Invisível da Excelência 

Mulheres em posição de liderança, especialmente negras, carregam não apenas a responsabilidade de exercer seu cargo, mas também a expectativa de serem impecáveis. Fortes, mas não inflexíveis; estratégicas, mas acessíveis. Essa dualidade impossível não apenas desafia o bem-estar mental e emocional, mas também cria uma falsa narrativa de que estas mulheres precisam ser excepcionais para merecerem seus espaços.

Para mulheres negras, a interseccionalidade torna o teto de vidro ainda mais resistente. Elas enfrentam tanto o machismo quanto o racismo, reforçando a sensação de que precisam trabalhar duas vezes mais para serem reconhecidas. Segundo dados do Instituto Ethos, apenas 3,4% das mulheres negras estão em cadeiras de liderança nas maiores empresas do Brasil. Esse número alarmante reflete o abismo de oportunidades e a desigualdade persistente.

A Falsa Meritocracia da Exaustão 

Historicamente, foi incutido na mente de muitas mulheres que ocupar espaços de liderança exige provar sua competência incessantemente. Essa ideia, enraizada na meritocracia, transforma a exaustão em troféu. Mas a que custo?

Em um estudo realizado pela Women @ Work 2022, da Delloite, 44% das mulheres brasileiras se sentem esgotadas. A taxa aumenta para 54% quando se trata de minorias étnicas no nosso país em suas jornadas profissionais. Muitas delas relatam que a pressão nas suas funções não vem apenas das metas corporativas, mas sim da necessidade de lidar com preconceitos, de quebrar estereótipos de incompetência e de provar seu valor continuamente.

Essa trajetória, muitas vezes, faz com que líderes incríveis se sintam sobrecarregadas, não por falta de competência, mas por um sistema que opera com uma régua injusta. A cobrança social e estrutural recai ainda mais para as mulheres negras, somando o peso do racismo ao da misoginia.

A Revolução Começa Com Escolhas 

As mulheres negras que chegaram ao topo estão nos ensinando algo essencial: liderar não é se sobrecarregar pessoalmente, mas saber dividir e construir coletivamente. 

Investir em lideranças femininas, especialmente negras, vai além do preenchimento de cotas. As empresas precisam mudar o ambiente, oferecer suporte e investir em práticas antirracistas e anti-machistas que garantam a retenção dessa liderança.

Essa transformação exige:

– Combate ao racismo estrutural e à desigualdade de oportunidades.

– Adaptação na cultura de trabalho, promovendo jornadas mais humanas.

– Construção de redes de apoio para garantir que o peso da liderança não seja solitário.

A nova geração de mulheres líderes está redefinindo o conceito de sucesso e ensinando que a verdadeira força está em saber dizer “não” para os ciclos tóxicos de exaustão.

Fonte:

Meio Mensagem 

Diário do Comércio

Após sucesso na Bienal do Livro de São Paulo, escritor independente anuncia novo livro com temática LGBTQIA+

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Foto: Divulgação

Após o jovem autor rondoniense Lucas Der Leyweer fazer sucesso ao se apresentar pela primeira vez na Bienal do Livro de São Paulo em 2024, com a sua obra “Vivências de peles negras”, ele se prepara agora para estrear em um novo gênero literário no seu terceiro livro.

“O romance, intitulado ‘Raimundo do potiguar’, abordará a temática LGBTQIA+, explorando questões de identidade, amor e aceitação dentro desse contexto. Embora ainda não tenha uma previsão de lançamento, a obra promete trazer uma narrativa rica e sensível, refletindo as vivências e desafios da comunidade”, anunciou Lucas para o Mundo Negro. 

Diferente do novo projeto que o escritor está trabalhando agora, “Vivências de peles negras” foi inspirado no caso real de Giovanni Gabriel de Souza Gomes, um jovem assassinado brutalmente por policiais em 2020. “Passei a contar minha realidade como uma pessoa preta também e minha perspectiva sobre o cansaço do povo negro através de poemas”. 

Atualmente morando em Natal (RN), Lucas ficou empolgado com sua participação na Bienal de São Paulo 2024 e continua lutando por mais visibilidade enquanto um escritor independente. “Foi uma experiência incrível. É uma loucura imaginar sendo autor independente e ocupar um espaço relevante! Estou muito feliz com a exposição e pelo reconhecimento!”, relatou. 

Lucas Der Leyweer, 25 anos, natural de Cacoal (RO), também é autor do livro “Pequenos poemas para grandes corações”. Clique aqui para saber mais!

O embraquecimento do dendê: como o óleo de palma tem ameaçado o sabor da tradição baiana

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Crédito: Grupo BBF

O óleo de dendê está embranquecendo! O Joio e o Trigo trouxe em um novo episódio do podcast Prato Cheio, exemplos de gentrificação alimentar, que incluem o apagamento cultural e gastronômico do dendê, como consequência da produção em massa de óleo de palma no Pará. 

De acordo com o levantamento para o episódio ‘Tá rolando uma gentrificação alimentar?’, o preço do dendê ainda disparou no Brasil, impactando negativamente na rotina de cozinheiras e baianas de acarajé. As chefs entrevistadas no podcast apontam que o dendê não tem mais a mesma cor, o mesmo cheiro e nem o mesmo sabor porque está sendo processado e reprocessado. Por isso tem sido usado o termo branqueamento.

Até 2024, o dendê era usado em cerca de 580 produtos, incluindo biscoitos, chocolate, macarrão, pasta de dente e comprimidos. “Nos rótulos não estão escrito dendê, eles ficam lá de Belém falando ‘Dona Rita para de falar dendê, fala palm oil ou óleo de palma, só fala dendê vocês aí [da Bahia]’, mas eu nunca lembro de falar porque eu conheço [como] dendê”, relatou a Rita Santos, presidente da Associação Nacional das baianas de Acarajé. 

Originário do continente africano, o dendê se tornou uma referência da culinária baiana, e, nos anos 80, começou a ser cultivado no Pará em larga escala, com o incentivo governamental no deslocamento da produção. 

Atualmente, a produção paraense é cerca de 14 a 15 vezes maior que a da Bahia. “O estado vinha incentivando o uso do dendê para produção de biodiesel que supostamente seria menos ruim que a gasolina”, explica o apresentador João Peres.

Em uma outra reportagem, O Joio e o Trigo chegou a abordar a escassez do dendê como um projeto latino-americano. Segundo o levantamento feito com os dados da Secretaria da Agricultura da Bahia, entre 2017 e 2019, o valor da tonelada estava estável. Porém, desde março de 2020, o preço começou a disparar, indo de R$325 a R$750, em janeiro de 2022. 

O aumento do preço ocorreu em paralelo ao banimento das gorduras trans no Brasil. Em 2021, entrou em vigor a fase final da resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proíbe essas gorduras nocivas para a saúde, e o óleo de palma se tornou o substituto favorito. Estudos iniciais indicam que o óleo também pode ser nocivo à saúde. 

A chef Solange Borges, idealizadora do Festival do Dendê na Bahia e de referência com o seu projeto Culinária de Terreiro, também defendeu a importância do dendê artesanal. “É um dendê feito por a gente. Você não vai trazer energia nem da indústria, nem de outras pessoas. Então você vai ofertar pro seu santo algo que tem a sua energia, a sua essência”, disse.

Além de manter a essência para a culinária tradicional de terreiro, o dendê de pilão artesanal ainda fortalece o trabalho de produtores locais. 

‘Kiwi’: peça dirigida por Luh Maza retorna aos palcos com atores negros pela primeira vez na história

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Foto: Bob Sousa

Sob a direção da premiada Luh Maza, a peça ‘Kiwi’ volta aos palcos em nova montagem com elenco negro, uma proposta inédita na história da obra internacional. A produção é um dos destaques da programação do SESC 24 de Maio, em São Paulo, onde fica em cartaz em curta temporada — e chega junto com as celebrações dos 20 anos de carreira da diretora.

A montagem nacional estreou em 2016 e foi apresentado em São Paulo (capital e cidades do interior), Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina. ecebeu os prêmios Aplauso Brasil e SP de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem, além de ser indicada ao prêmio Cenym. Em destaque, o conceito de Coreografia Dramatúrgica, criado pela diretora para definir seus desenhos cênicos marcados pela forte fisicalidade não-convencional, que faz os intérpretes dançarem suas marcas ao som do texto que falam.  

Sol Menezzes (‘Dois Tempos’) e Victor Liam (‘Da Ponte Pra Lá’), foram os atores escolhidos para recontar essa história em uma nova montagem.

Baseado no texto do autor canadense Daniel Danis, ‘Kiwi’ narra a história de uma órfã de 12 anos abandonada pelos tios em plena praça pública, enquanto a cidade em que vive passa por um processo brutal de gentrificação para receber os Jogos Olímpicos. Casas são demolidas, moradores expulsos e, nas sombras do evento global, os mais vulneráveis são varridos das ruas. É nesse cenário distópico, mas nem um pouco distante da realidade, que a protagonista é levada pela polícia a um abrigo-prisão e conhece um grupo de jovens em situação de rua. Para entrar no clã, ela recebe um novo nome: Kiwi.

Victom Liam e Sol Menezzes (Foto: Bob Sousa)

O público começa a acompanhar a transformação da menina, agora sob a proteção de Lichia, em sua luta diária por sobrevivência. Entre roubos, drogas e prostituição infantil, o grupo se sustenta com uma única regra: jamais matar. Mas quando a vida de Kiwi entra em risco, Lichia quebra o código e abre caminho para uma nova onda de tensão — e resistência.

Inspirado por casos reais de superlotação nas prisões infantis do Leste Europeu e pelos processos de “higienização” urbana ligados a grandes eventos internacionais, o texto original estreou em 2007 e ganhou prêmios importantes como o Louise LaHaye, o AbitibiBowater de Melhor Texto e, na Alemanha, o Deutscher Jugendtheaterpreis. Desde então, foi montado em países como França, Hungria e México — e na versão brasileira, traduzida e dirigida por Luh Maza.

Além de dirigir, Maza assina também o cenário e iluminação, construindo um tabuleiro metálico suspenso com pichações reais, onde os atores permanecem em cena o tempo inteiro, sob luzes frias que reforçam o clima opressor da história. A encenação ainda bebe das fontes do esporte — como xadrez e corrida — para criar uma coreografia dramatúrgica, conceito cunhado pela própria diretora, onde os corpos narram e dançam as palavras, numa fisicalidade marcante.

Victom Liam e Sol Menezzes (Foto: Bob Sousa)

E tem mais: ‘Kiwi’ é só uma parte da celebração de duas décadas de trajetória artística de Luh Maza, que também estreia no mesmo teatro o inédito ‘Carne Viva’ (de quinta a domingo à noite) e participa do debate ‘O Corpo como Alimento no Teatro de Luh Maza’, no dia 16 de abril.

Serviço:

Temporada: até 12/4, sextas e sábados, às 17h

Local:  Teatro do Sesc 24 de Maio. Rua 24 de Maio, 109, República, São Paulo (350 metros da estação República do metrô).  

Lotação: 249 lugares.

Gênero: Drama 

Classificação: 12 anos 

Duração: 60 min 

Ingressos: no site sescsp.org.br ou através do aplicativo Credencial Sesc a partir do dia 18/3 e nas unidades do Sesc SP a partir do dia 19/3 – R$50 (inteira), R$25(meia) e R$15 (Credencial Sesc). 

Serviço de Van: Transporte gratuito até as estações de metrô República e Anhangabaú. Saídas da portaria a cada 30 minutos, de terça a sábado, das 20h às 23h, e aos domingos e feriados, das 18h às 21h. 

Link do espetáculohttps://www.sescsp.org.br/programacao/kiwi/

Festival Colabora Moda Sustentável abre inscrições para criadores de moda autoral das periferias de São Paulo

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O Festival Colabora Moda Sustentável está com inscrições abertas para a seleção de quatro criadores de moda autoral das periferias de São Paulo. Cada um dos selecionados receberá R$ 10 mil para desenvolver uma coleção com 10 looks sustentáveis, que serão exibidos em desfiles regionais e no palco principal do evento, nos dias 17 e 18 de julho, no Espaço Unimed, na capital paulista, que também contará com show de Karol Conká.

As inscrições para a chamada pública vão até o dia 6 de abril e devem ser feitas através do site oficial do evento (CLIQUE AQUI). O resultado será divulgado no dia 22 do mesmo mês. A iniciativa busca fomentar a moda sustentável e dar visibilidade a talentos independentes das zonas Norte, Sul, Leste e Oeste da cidade. Os participantes vão receber mentorias técnicas e criativas entre abril e junho, com foco em inovação social, reaproveitamento de materiais e redução de impacto ambiental.

A programação do festival, organizado pela plataforma Colabora Moda Sustentável inclui mais de 24 horas de programação gratuita, incluindo desfiles, oficinas, experiências sensoriais, painéis com especialistas, rodas de conversa com influenciadores e shows com nomes como Karol Conká e Clarissa Müller. A expectativa é receber 15 mil pessoas durante os dois dias de evento.

As mentorias serão realizadas por profissionais indicados por empresas como Instituto C&A, Riachuelo, Farm e Pernambucanas, parceiras da iniciativa. As mentorias ocorrerão entre abril e junho, em encontros online e presenciais, e serão fundamentais para o desenvolvimento das coleções com foco em inovação social, reaproveitamento de materiais e impacto ambiental reduzido.

Dietas baseadas em alimentos africanos diminuem a inflamação do corpo, comprova estudo

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Um novo estudo publicado na Nature Medicine destaca os benefícios anti-inflamatórios de uma dieta tradicional africana. A pesquisa, conduzida por especialistas do Radboud University Medical Center e da KCMC University na Tanzânia, acompanhou 77 homens saudáveis, tanto de áreas urbanas quanto rurais, mostrando que mudar de uma dieta ocidental para uma tradicional africana, rica em vegetais, fibras e alimentos fermentados, pode significar melhorias consideráveis na saúde.

Os participantes que adaptaram suas dietas de uma forma tradicional africana para uma ocidental por duas semanas apresentaram um aumento nas proteínas inflamatórias e uma resposta imunológica reduzida. Em contrapartida, aqueles que fizeram o caminho inverso demonstraram uma diminuição nos marcadores inflamatórios. Saulo Gonçalves, nutricionista brasileiro, comenta sobre a contextualização da pesquisa: “O continente Africano tem uma enorme extensão territorial e uma cultura riquíssima. O estudo foi feito com candidatos da Tanzânia, tanto rurais quanto urbanos.”

Gonçalves também destaca a influência do desenvolvimento econômico e da urbanização: “Com o crescimento econômico, a urbanização e a maior disponibilidade de alimentos processados aceleraram a adoção de hábitos alimentares ocidentais na África. Ao mesmo tempo, doenças de estilo de vida, como doenças cardiovasculares, diabetes e condições inflamatórias crônicas, também aumentaram na região.”

Ele continua, ressaltando a importância dos ingredientes tradicionais: “O estudo deixou claro que alimentos tradicionais africanos como vegetais in natura, frutas, bebidas fermentadas com banana, tubérculos, proteínas com baixo teor de gordura, e leguminosas, têm um benefício enorme e anti-inflamatório no nosso corpo.”

O nutricionista ainda compara as duas dietas estudadas: “Diferentemente da dieta ocidental, rica em alimentos ultraprocessados como embutidos e alimentos açucarados, que só contribuem para doenças crônicas, os alimentos tradicionais africanos mostram uma ação benéfica no processo de não inflamação do corpo e nos processos metabólicos.”

Quirijn de Mast, da Radboud UMC, ressalta a relevância dos resultados: “Nosso estudo destaca os benefícios desses produtos alimentares tradicionais para inflamação e processos metabólicos no corpo. Ao mesmo tempo, mostramos o quão prejudicial uma dieta ocidental pouco saudável pode ser, tipicamente consistindo em alimentos processados e de alto teor calórico, como batatas fritas e pão branco, com excesso de sal, açúcares refinados e gorduras saturadas.”

Os resultados deste estudo indicam que os benefícios da dieta africana podem ser duradouros, persistindo até quatro semanas após a mudança alimentar, e sublinham a importância de preservar as práticas alimentares tradicionais em meio às rápidas mudanças no estilo de vida em muitas regiões africanas.

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