Thiago Costa, Sterling K. Brown e Bia Lopes (Crédito: Reprodução/Instagram)
Em um edição histórica para o Brasil no Cannes Lions, escolhido como País Criativo do Ano, a criatividade negra e periférica ganha protagonismo no maior festival de publicidade do mundo, com a oficina “This is Gambiarra”, comandada por dois brasileiros: Bia Lopes Maria e Thiago Costa, que usam a improvisação como ferramenta para inovação, impacto social e sustentabilidade.
Na oficina, a dupla mostrar que a “Gambiarra” é uma tecnologia ancestral, que surge da necessidade, mas se transforma em potência criativa. Em um mundo que busca soluções mais sustentáveis, eles ensinam que é possível criar muito com poucos recursos, e ser aplicada ao design e à publicidade.
O ator Sterling K. Brown, estrela da série ‘This Is Us’ e um dos palestrantes do Cannes Lions 2025, foi uma das pessoas que se encantou com a proposta da oficina e gravou um vídeo bem-humorado com a dupla, convidando o público do evento a participar.
Designer e Diretor de Arte no iFood, Thiago cresceu na favela e relata que precisou se adaptar e reinventar para trabalhar com criatividade e hoje une esse pensamento em campanhas, unindo estratégia, inclusão e autenticidade. “Gambiarra pode ser algo engraçado, assimétrico muitas vezes, mas ela é ainda um meio de tornar funcional o dia a dia, gambiarra é tecnologia quando pensamos tecnologia como ferramenta de solução”, explica.
“Criatividade também é sobre impacto. Quando falamos de ESG e soluções sustentáveis, olhar para a Gambiarra como uma tecnologia cultural faz todo sentido”, completa Bia, crescida na periferia, que hoje atua como Diretora de Criação Associada na Jotacom e TEDx Speaker. Ela já teve seu trabalho reconhecido em festivais como The One Show e Clio Awards.
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A inteligência artificial avança como um foguete. Mas a pergunta que precisamos fazer é: quem está na cabine de comando? E mais ainda — quem nem sequer foi convidada para o embarque? Enquanto o mundo celebra algoritmos que “pensam” por nós, mulheres negras seguem sendo ignoradas nos espaços que decidem o futuro da tecnologia. Estamos diante de uma revolução que corre o risco de repetir, em altíssima velocidade, as mesmas exclusões do passado.
Nas últimas semanas, dois estudos acenderam um alerta importante. Um deles, publicado em 2025 pelo Brookings Institute, revelou que sistemas de IA usados em processos seletivos nos Estados Unidos penalizam candidatos com nomes racializados — especialmente mulheres negras — favorecendo aqueles com nomes brancos e masculinos. Do outro lado do hemisfério, o relatório da PretaLab, iniciativa brasileira comandada por Sil Bahia, revelou que 35% dos profissionais de tecnologia entrevistados disseram não ter nenhuma pessoa negra em suas equipes; 65% relataram que menos de 20% do time é composto por mulheres. Traduzindo: o que está sendo vendido como inovação, muitas vezes, está sendo produzido num laboratório de exclusão.
E quando a gente fala que o racismo é estrutural, não é figura de linguagem: ele agora também está no código. Está nas plataformas que não reconhecem nossos rostos, nas ferramentas que filtram nossos currículos, nas inteligências artificiais que insistem em não nos ver. A tecnologia, dizem, é neutra. Mas a história já nos ensinou: neutralidade, num mundo desigual, é conivência.
A boa notícia é que estamos longe de sermos apenas vítimas dessa engrenagem. Iniciativas como a PretaLab e a PrograMaria mostram que é possível — e urgente — reprogramar esse sistema a partir de outras lógicas. Não basta ensinar a programar. É preciso também hackear os imaginários, ocupar os bastidores, os conselhos, os editais, os algoritmos. É preciso que a presença de mulheres negras deixe de ser exceção para se tornar regra. Porque quando somos parte da criação, a tecnologia ganha outro ritmo, outro sotaque, outra visão de mundo.
Um exemplo potente dessa virada é o projeto Faces Negras Importam, do Banco do Brasil. Usando inteligência artificial, o projeto reconstrói visualmente personagens negras da nossa história — como Maria Felipa e Tereza de Benguela — que foram sistematicamente apagadas pela narrativa oficial. É IA sendo usada não para vigiar, excluir ou filtrar, mas para lembrar, recuperar e valorizar. Isso também é futuro. E é o tipo de inovação que queremos ver pulsando nos grandes centros de decisão.
Mas nenhuma iniciativa isolada dá conta se não houver mudança sistêmica. Políticas públicas precisam garantir acesso e permanência de mulheres negras nas áreas de ciência, tecnologia e engenharia. Empresas privadas precisam ir além da foto da diversidade no LinkedIn. Precisam revisar seus critérios, seus algoritmos, seus processos de promoção. Precisam entender que inovação sem interseccionalidade é apenas um salto tecnológico com o pé fincado na desigualdade.
Inteligência artificial não pode ser sinônimo de apagamento programado. O futuro não pode ser escrito em código binário, mas em pluralidade. E nisso, nós, mulheres negras, temos muito a ensinar — sobre memória, justiça, reinvenção e sobrevivência. Não queremos apenas que a IA nos veja. Queremos que ela nos reconheça. E, sobretudo, que nos respeite. O futuro da tecnologia precisa ser coletivo, plural e antirracista. Não queremos apenas consumir o que vem da inteligência artificial — queremos programar, regular, auditar e decidir. Queremos que o código reflita nossas histórias, nossos corpos e nossas narrativas. Porque inteligência de verdade só existe quando considera a dignidade de todos os sujeitos.
O sambista Ubirajara Félix do Nascimento, conhecido como Bira Presidente, morreu na noite deste sábado (14), aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, e enfrentava complicações decorrentes de um câncer de próstata e da doença de Alzheimer.
A informação foi divulgada por meio de uma nota oficial publicada nas redes sociais do artista.
Figura central na história do samba carioca, Bira foi um dos fundadores do bloco Cacique de Ramos e integrou a formação original do grupo Fundo de Quintal, que ajudou a renovar a sonoridade das rodas de samba a partir da década de 1980.
Em nota, a assessoria do Cacique de Ramos destacou a importância de Bira para a cultura popular brasileira. “Sua atuação no Cacique de Ramos moldou o bloco e o samba, o Doce Refúgio se tornou um espaço de referência cultural. No Fundo de Quintal, foi o ponto de partida de uma linguagem que redefiniu a roda de samba e inspirou gerações”, diz o comunicado.
Bira deixa duas filhas, Karla Marcelly e Christian Kelly, dois netos, Yan e Brian, e uma bisneta, Lua. As informações sobre o velório e o sepultamento ainda serão divulgadas pela família.
Aclamado mundialmente, o Balé Folclórico da Bahia acaba de anunciar sua primeira turnê nacional via lei de incentivo fiscal, em meio às comemorações pelos seus 37 anos de existência. O espetáculo “O Balé Que Você Não Vê” estreia no dia 22 de agosto, no Rio de Janeiro, e, posteriormente, seguirá para São Paulo (SP), Campinas (SP), Franca (SP), Goiânia (GO), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e Novo Hamburgo (RS).
O lançamento da turnê, realizado no Palacete Tira-Chapéu, em Salvador, nesta semana, contou com a participação de toda a equipe e elenco, incluindo Walson (Vavá) Botelho, fundador e diretor-geral da companhia de dança, e José Carlos Arandiba, mais conhecido como Zebrinha, diretor artístico desde 1993.
Considerada, em 1994, a melhor companhia de dança folclórica do mundo pela Associação Mundial de Críticos, Zebrinha enxerga o Balé Folclórico da Bahia como um verdadeiro embaixador cultural do país.
O lançamento da turnê nacional contou com a presença da equipe e elenco do BFB, jornalistas culturais – incluindo o Mundo Negro, e representantes do will bank. (Foto: Divulgação)
“Eu sou do tempo em que a cultura brasileira era apresentada lá fora com as mulheres ‘morenas’, de bíquini, sambando… e o Balé Folclórico da Bahia invade o mundo com uma diversidade de corpos que não eram aqueles corpos que o mundo estava acostumado a ver. Eles ficaram surpresos, porque o que nós levámos para eles não era venda de corpos sexuais, nem uns homens cheios de óleo. O que nós levámos para o mundo foi a cultura afro-brasileira e a cultura genuína do Nordeste”, destacou Zebrinha em entrevista ao Mundo Negro, durante o lançamento da turnê.
Ao longo desses 37 anos de história, o Balé Folclórico da Bahia foi responsável pela formação artística de cerca de 900 pessoas. Além da imersão em dança, música, capoeira, canto e teatro, os bailarinos recebem preparação em dança clássica, moderna e contemporânea, evidenciando a amplitude de sua formação.
“Nós funcionamos como se fôssemos uma biblioteca, um preservador da cultura latina e da cultura afro-brasileira. O que nos interessa é formar esses jovens, meninos e meninas, mais novos e mais velhos, que chegam até a gente”, completa.
“O Balé Que Você Não Vê” estreia no dia 22 de agosto, no Rio de Janeiro. (Foto: Celia Santos)
Criada em 2022, a montagem desta apresentação cravou o retorno do Balé Folclórico da Bahia aos palcos após o período da pandemia. O conjunto de dança afro-baiana apresentará três coreografias concebidas especialmente para esta produção, criadas por ex-dançarinos da companhia: Bolero, de Carlos Durval; Okan, de Nildinha Fonseca; e 2-3-8, de Slim Mello, além de exibir o repertório clássico do grupo, com Afixirê, uma coreografia de Rosângela Silvestre reconhecida internacionalmente.
Zebrinha destaca que, além do reconhecimento artístico dos dançarinos, muitos ex-integrantes da companhia seguiram outras carreiras e, atualmente, há ex-membros que trabalham na ONU, na Apple, atuam como produtores, entre outras áreas.
“Como seriam esses artistas e dançarinos pretos no mercado de trabalho se todas essas companhias de dança moderna e clássica não assumissem essas pessoas? A maioria dos nossos ensaios tem que sair do Brasil para conseguir sobreviver. ”, lamenta Zebrinha ao destacar um cenário de desigualdade social e racial dentro das companhias de dança no Brasil.
O Balé Folclórico da Bahia já foi considerada a melhor companhia de dança folclórica do mundo. (Foto: Celia Santos)
A dança folclórica quebrando barreiras
O premiado Balé, que completa 37 anos em agosto, já se apresentou em mais de trezentas cidades e trinta países, incluindo Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Nova Zelândia, Austrália, Alemanha, França, Holanda, Suíça, México, Chile, Colômbia, Finlândia, Suécia, África do Sul, Benim, entre outros.
Recentemente, no dia 20 de maio, o grupo foi homenageado com a Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República e pelo Ministério da Cultura. Em 2013, a prefeitura de Atlanta (EUA) declarou o dia 1º de novembro como o Dia do Balé Folclórico da Bahia, e, no mesmo ano, o grupo teve uma rua nomeada em sua homenagem na cidade de Aného, no Togo.
“A gente, que tem um trabalho muito específico em relação ao que a gente faz com a cultura popular, tem um trabalho muito maior para transformar essa cultura que só pelo fato do nome ‘folclore’ já é desvalorizada, a gente teve muita dificuldade para entrar no mercado internacional também, porque não é só no Brasil que tem o preconceito. Mas a gente enfrentou essa barreira, foi assim que a gente conseguiu chegar onde a gente chegou”, celebrou Vavá durante sua fala no lançamento da turnê.
Cerca de 900 pessoas já tiveram formação na companhia de dança. (Foto: Celia Santos)
Ele também destacou a importância do diretor artístico para o reconhecimento internacional do BFB. “Zebrinha trouxe profissionalismo, esse trabalho técnico, apuradíssimo, depois de mais de 20 anos, dançando como o primeiro bailarino das maiores companhias da Europa e dos Estados Unidos, que resolveu voltar para o Brasil, se encantou pelo Balé Folclórico na Bahia”.
A realização desta turnê conta com o patrocínio master do will bank por meio do estímulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet e Ministério da Cultura.
m 2013, a prefeitura de Atlanta (EUA) declarou o dia 1º de novembro como o Dia do Balé Folclórico da Bahia (Foto: Celia Santos)
Programação da turnê “O Balé Que Você Não Vê”
Rio de Janeiro – 22 e 23 de agosto
Campinas (SP) – 25 e 26 de setembro
São Paulo – 28 de setembro
Franca (SP) – 1° de outubro
Florianópolis – 17 de outubro
Goiânia – 22 de outubro
Porto Alegre – 28 de outubro
Novo Hamburgo (RS) – 30 de outubro
Para mais informações, acompanhe o Instagram: @bfdabahia
“Eu amo o Brasil e fiquei muito emocionada com a performance apresentada.” Foi com essa declaração que Chimamanda Ngozi Adichie reagiu à calorosa homenagem que recebeu ao chegar para a mesa “Reescrevendo o mundo com Chimamanda Ngozi Adichie, uma página de cada vez”, realizada no segundo dia da 4ª edição do Festival LED – Luz na Educação. O momento de abertura contou com apresentações do grupo de Jongo Cia Mãos Calejadas, do Bloco Afro Agbara Dudu e do Grupo Passinho Carioca, que encantaram o público com danças e cantos que celebram a cultura afro-brasileira.
A mesa, mediada pela jornalista Aline Midlej, abordou a importância da educação e das narrativas negras na formação de um mundo mais justo para as novas gerações. Chimamanda compartilhou lembranças pessoais de sua infância, destacando o papel decisivo que uma professora teve em seu caminho como escritora: “Com 10 anos de idade, tive uma professora que me incentivou muito a ser escritora. Ela me fez sentir que eu podia viver esse sonho, e eu nunca vou me esquecer disso.”
Durante o painel, a escritora falou também sobre equidade de gênero na educação, o papel das redes sociais como ferramentas de expressão para jovens negros e negras, e a importância de dar visibilidade a histórias positivas: “É necessário mostrar pessoas negras felizes e bem-sucedidas, porque isso também é parte da nossa realidade”, reforçou.
Um dos momentos mais marcantes do evento foi a entrada surpresa da escritora Conceição Evaristo, ovacionada pelo público. Ao lado de Chimamanda e Aline, Conceição falou sobre o conceito de “escrevivência”, termo que cunhou para nomear a escrita que nasce da experiência e da ancestralidade negra: “Escrever é para além da construção vocabular. É um processo que potencializa a escrita e a voz das histórias do povo preto.”
O ponto alto do encontro foi a troca simbólica entre Chimamanda e Conceição. Cada uma leu um trecho da obra da outra – Americanah e Ponciá Vicêncio –, selando um momento de admiração mútua, conexão entre continentes e reafirmação do poder das palavras escritas por e para pessoas negras.
A desigualdade racial na educação brasileira é um problema persistente e alarmante, conforme destacado no estudo “Aprendizagem na Educação Básica no Brasil Pós-Pandemia”, feito pela ONG Todos pela Educação. Apesar de esforços para universalizar o ensino, os estudantes negros enfrentam desafios estruturais que comprometem seu aprendizado e desenvolvimento, refletindo um cenário de exclusão social e educacional.
Além da condição socioeconômica, preconceitos estruturais e exclusão racial agravam a situação dos estudantes negros. O ambiente educacional muitas vezes não considera as necessidades específicas desses alunos, perpetuando aspectos históricos de opressão e desigualdade. Essas barreiras vão além do desempenho acadêmico, afetando também o bem-estar psicológico e emocional, devido à discriminação e falta de representatividade.
Outro aspecto preocupante é o fato de que, mesmo entre estudantes de níveis socioeconômicos equivalentes, os alunos negros têm desempenho inferior em comparação a outros grupos raciais. Essas interseccionalidades indicam que a pobreza e o racismo atuam de forma cumulativa, ampliando os desafios enfrentados por esses jovens no sistema educacional brasileiro.
A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais esse quadro. Enquanto os estudantes de todas as raças enfrentaram retrocessos educacionais, os negros encontraram uma barreira adicional para recuperar sua aprendizagem. A recuperação desigual reforça as lacunas existentes e demonstra que as consequências da pandemia não foram sentidas da mesma forma por todos.
No Ensino Médio, etapa essencial para o desenvolvimento acadêmico e entrada no mercado de trabalho, as barreiras para os estudantes negros são ainda mais pesadas. Em disciplinas como Matemática, onde os avanços gerais já eram insuficientes, a situação para os estudantes negros foi praticamente de estagnação. Esses dados reforçam a necessidade de intervenções específicas e direcionadas.
A baixa eficácia das políticas públicas é outro ponto merecedor de atenção. Embora programas tenham sido implementados para reduzir a desigualdade educacional, os resultados revelam que as ações não têm sido suficientes para resolver as disparidades raciais. Isso aponta para a urgência de uma reflexão sobre a formulação e execução dessas iniciativas.
Para superar essas desigualdades, o estudo aponta que são necessárias ações interseccionais que combinem raça e classe social. Isso implicaria em políticas públicas articuladas, investimentos em formação docente para lidar com preconceitos e iniciativas que promovam a inclusão e a representatividade no ambiente escolar.
Acrescento, que ao refletir sobre estes dados, é importante aceitar que o combate à desigualdade racial no sistema educacional é uma responsabilidade coletiva. Apenas com um compromisso firme e contínuo será possível construir uma sociedade onde todos os estudantes, independentemente de raça ou cor, recebam uma educação de qualidade e oportunidades iguais para alcançar seu máximo potencial.
A Wakanda Decorações nasceu de um movimento que uniu necessidade, paixão e ancestralidade. Durante a pandemia, a paulistana Cíntia Inácio, formada em Recursos Humanos e pós-graduada em Gestão de Negócios, viu sua renda como consultora de negócios despencar. Ao se mudar para uma casa maior e buscar itens de decoração, ela se encantou por cestos de palha nordestinos. A curiosidade sobre a origem das peças a levou a Fortaleza, onde conheceu pessoalmente as artesãs que se tornariam suas parceiras e parte da história da marca.
De volta a São Paulo, Cíntia trouxe alguns cestos inicialmente para sua casa. Como eram muitos, tentou vendê-los para amigos, mas as vendas só ganharam força quando passou a atuar nas redes sociais e em marketplaces. A partir desse ponto, a Wakanda deixou de ser um complemento de renda para se tornar um negócio estruturado. Hoje, é uma referência no mercado de decoração, atendendo clientes como arquitetos, designers e consumidores apaixonados pela arte afro-brasileira e nordestina.
Os produtos da Wakanda são criados com fibras naturais extraídas no interior do Ceará. O processo de fabricação acontece localmente, com gestão remota de Cíntia, em São Paulo. A relação com as artesãs, que ela define como uma verdadeira família, é construída em diálogo constante. Atualmente, cinco famílias produzem para a Wakanda, sendo uma delas, com seis pessoas, responsável exclusivamente pelas encomendas da marca, o que permite um alto nível de personalização para projetos especiais.
Empreender como mulher negra trouxe seus próprios desafios. Segundo Cíntia, no início as pessoas não viam seu trabalho como um negócio, mas como um bico. A construção de credibilidade exigiu estudo e autoafirmação. “No Brasil, a mulher negra empreendedora demora para ser vista como empresária. Primeiro ela é vista como qualquer outra coisa”, afirma. Determinada a dominar todas as etapas do seu negócio, ela se especializou em design de interiores para entender e atender melhor o mercado.
Uma das histórias mais marcantes da Wakanda foi a criação da sua linha infantil, após um episódio difícil. Ao receber uma notificação de que não poderia mais vender um dos produtos mais populares da marca por questões de patente, Cíntia se uniu às artesãs para desenvolver novos modelos próprios. O trabalho conjunto resultou em berços e trocadores de design exclusivo e patenteado, que hoje são um dos orgulhos da marca. “Passamos noites em claro para desenhar algo que encantasse nossas clientes. Isso marcou nossa história.”
Hoje, a Wakanda Decorações não só sustenta a família de Cíntia e seus dois funcionários em São Paulo, mas também gera renda direta para as famílias de artesãs no Ceará. Mais que um negócio, a marca é um elo de conexão entre culturas, uma afirmação do potencial da criatividade negra no design e uma prova de que, com resiliência e afeto, é possível transformar vidas através do empreendedorismo.
Como parte da programação do Festival Sesc Culturas Negras, o Sesc Consolação oferece a oficina “Lambuzando a Panela de Doces Ancestrais”, voltada para crianças. A proposta, conduzida pela chef Aline Chermoula, é muito mais do que uma aula de culinária: trata-se de um convite para vivenciar a cultura afro-brasileira através dos sabores e das histórias dos alimentos.
Durante a oficina, as crianças aprenderão a preparar receitas inspiradas na culinária ancestral, utilizando ingredientes como aipim (mandioca), dendê e chocolate. Mais do que cozinhar, a atividade busca fortalecer laços de afetividade e conexão com a ancestralidade africana por meio das práticas alimentares. Além do preparo, serão abordadas também orientações de boas práticas e cuidados no ambiente da cozinha.
Aline Chermoula é chef de cozinha, professora e pesquisadora da culinária da diáspora africana nas Américas, além de colunista da Vogue Brasil e do Mundo Negro. Há duas décadas atua com alimentação e pesquisa sobre cultura afro-americana, com uma forte defesa da valorização da contribuição dos povos negros para a formação da cozinha brasileira.
SERVIÇO
Oficina “Lambuzando a Panela de Doces Ancestrais”
Com: Aline Chermoula
Parte do Festival Sesc Culturas Negras
📍 Sesc Consolação – Convivência (Térreo)
📅 Dias 14/06 e 15/06 (sábado e domingo)
⏰ Das 10h30 às 12h
🎟️ Gratuito — retirada de ingressos no local
Como parte da programação do Festival Sesc Culturas Negras, o Sesc Consolação oferece a oficina “Lambuzando a Panela de Doces Ancestrais”, voltada para crianças. A proposta, conduzida pela chef Aline Chermoula, é muito mais do que uma aula de culinária: trata-se de um convite para vivenciar a cultura afro-brasileira através dos sabores e das histórias dos alimentos.
Durante a oficina, as crianças aprenderão a preparar receitas inspiradas na culinária ancestral, utilizando ingredientes como aipim (mandioca), dendê e chocolate. Mais do que cozinhar, a atividade busca fortalecer laços de afetividade e conexão com a ancestralidade africana por meio das práticas alimentares. Além do preparo, serão abordadas também orientações de boas práticas e cuidados no ambiente da cozinha.
Aline Chermoula é chef de cozinha, professora e pesquisadora da culinária da diáspora africana nas Américas, além de colunista da Vogue Brasil e do Mundo Negro. Há duas décadas atua com alimentação e pesquisa sobre cultura afro-americana, com uma forte defesa da valorização da contribuição dos povos negros para a formação da cozinha brasileira.
A grife italiana Zegna realizou, pela primeira vez fora da Itália, seu desfile de estreia da coleção masculina Verão 2026 no Dubai Opera, em uma edição especial inspirada na filosofia Oasi Zegna. O local foi transformado em um cenário que misturou elementos da natureza – com areia, plantio de árvores nativas e ambientação sonora com pássaros do Oasi Zegna, reserva na Itália.
O evento atraiu cerca de 600 convidados, incluindo celebridades da região, e contou com apresentação musical ao vivo com curadoria do britânico James Blake, que tocou piano nos momentos de abertura e encerramento do desfile.
A coleção, assinada por Alessandro Sartori, trouxe uma forte presença de texturas táteis (como popeline leve, camurça e couro tricotado), paleta suave com tons de marfim, verde e vinho, e silhuetas confortáveis com ternos desestruturados e peças fluidas. A ideia foi criar uma moda que transcende o espaço urbano, conectando tradição e modernidade.
O desfile também marcou a estreia do formato Villa Zegna no Oriente Médio. A instalação, geralmente itinerante (já passou por Xangai e Nova York), foi montada em Dubai como um espaço exclusivo para clientes, com cerca de 220 atendimentos privados e estratégia de compra imediata dos looks vistos na passarela.
Para o CEO Gildo Zegna, a escolha de Dubai consolida a estratégia de expansão da marca na região do Golfo, que hoje corresponde a aproximadamente 10% das vendas globais do grupo — o mercado de crescimento mais acelerado desde 2020.
A Bienal do Livro do Rio de Janeiro começou nesta sexta-feira (13) e contará com a presença da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, uma das grandes atrações do evento. Ela participa de um bate-papo especial com mediação da atriz Taís Araujo, às 19h, no Riocentro. A Bienal será realizada até o dia 22 de junho e deve reunir mais de 600 mil pessoas.
Chimamanda é uma das vozes mais influentes da literatura e do feminismo negro no mundo. Durante a conversa, ela vai compartilhar detalhes da sua trajetória, das causas que atravessam sua escrita e dos oito livros publicados e traduzidos para o português: ‘Hibisco roxo’, ‘Meio sol amarelo’, ‘Americanah’, ‘A contagem dos sonhos’, ‘No seu pescoço’, ‘Sejamos todos feministas’, ‘Para educar crianças feministas’, ‘Notas sobre o luto’ e ‘O lenço de cetim da mamãe’, assinado como Nwa Grace-James.
Entre os nomes nacionais, alguns dos grandes destaques na programação estão Jeferson Tenório, autor de ‘O avesso da pele’ e ‘Estela sem Deus’; Lázaro Ramos, que recentemente publicou o livro ‘Na nossa pele: Continuando a conversa’; Rodrigo França, escritor do aclamado ‘O Pequeno Príncipe Preto’ e a escritora Eliana Alves Cruz, autora de obras como ‘Água de barrela’ e ‘Solitária’.
A programação completa está disponível no site oficial da Bienal, onde também é possível comprar os ingressos (clique aqui). Os valores são de R$ 42 (inteira) e R$ 21 (meia). Professores e bibliotecários têm acesso gratuito ou desconto, mediante apresentação de carteira profissional.