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O isolamento da liderança feminina negra que representa apenas 3% dos cargos

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Foto: Reprodução

Apenas 3% de mulheres negras ocupam cargos de liderança, de acordo com o estudo ‘Representatividade, Diversidade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós 2022′.

Frequentemente se diz que estar à frente em posições de liderança pode ser uma experiência isolada, especialmente quando se trata de liderar enquanto se navega pelas complexidades de raça e gênero. Falando abertamente, e como a única mulher negra em muitos dos espaços que ocupei e ocupo, vejo essa afirmação como verdadeira.

Costumamos idealizar um líder perfeito, à frente de uma equipe diversificada e empoderada, crescendo sob a orientação de uma líder quase mítica, capaz de manter tudo em equilíbrio. Mas será que essa visão corresponde à realidade?

Para nós, mulheres negras, a solidão se manifesta de maneira sutil no cotidiano, pois raramente encontramos outros líderes com experiências semelhantes às nossas e que estejam disponíveis para troca. Claro, aprender com os colegas é valioso, mas muitas vezes precisamos adaptar esses aprendizados à nossa própria realidade e essência.

Considerando que muitas líderes também são mães, essa responsabilidade se intensifica. Cresci em uma época que afirmava que a maternidade era um obstáculo para a carreira de uma executiva, mas hoje percebo que ser mãe me tornou uma líder melhor e é um impulsionador para nossa carreira.

Frequentemente, questionamos as escolhas que fizemos, sabendo que o caminho para a liderança, para uma pessoa negra, é marcado por muito esforço, insegurança e pela responsabilidade de inspirar e apoiar aqueles que ainda estão chegando.

No Brasil, atualmente, nosso quadro funcional é composto por 32% de mulheres e 33% de negros. No entanto, ao analisarmos a interseccionalidade, observamos que apenas 8,9% são mulheres negras. Em posições de liderança, como gerentes e cargos superiores, temos 25% de mulheres e 17% de negros. A interseção dessas categorias revela que apenas 3% são mulheres negras.

De maneira estruturada, tenho me dedicado a desenvolver ações, tanto interna quanto externamente, com o objetivo de promover as carreiras de mulheres negras e outros grupos minorizados, através de situações práticas, exposição da realidade e a necessidade de combater o machismo e racismo estrutural, integrando vida pessoal e profissional, entre outros desafios que enfrentamos diretamente.

Como virar o jogo?

É crucial fortalecer e acolher aqueles que vêm de situações de vulnerabilidade, garantindo que as oportunidades sejam justas e criando uma rede de apoio.

Para aumentar a presença de mulheres negras em cargos de alta liderança, as organizações precisam adotar ações efetivas como:

Mentoria e Patrocínio: Estabelecer programas de mentoria e patrocínio para mulheres negras, conectando-as com líderes experientes que possam oferecer orientação, apoio e exposição a oportunidades de crescimento.

Desenvolvimento de Liderança: Oferecer programas de desenvolvimento de liderança específicos para mulheres negras, incluindo treinamentos, workshops e cursos que abordem tanto habilidades técnicas quanto competências de liderança.

Cultura Organizacional Inclusiva: Trabalhar ativamente para criar uma cultura organizacional que valorize a diversidade e a inclusão, promovendo um ambiente de trabalho onde todos se sintam valorizados e capazes de contribuir plenamente.

Redes de Apoio: Fomentar a criação de redes de apoio internas para mulheres negras, proporcionando espaços seguros para compartilhamento de experiências, apoio mútuo e desenvolvimento profissional.

Implementando essas e outras medidas, as organizações podem não apenas aumentar a representatividade de mulheres negras em cargos de alta liderança, mas também criar um ambiente de trabalho mais justo, inclusivo e produtivo.

Trabalhar pela transformação social e na cultura das empresas é uma missão diária e muitas vezes cansativa, mas é nosso dever como líderes negros influenciar, inspirar e cuidar dos que virão depois de nós, pois quando um de nós vence, todos vencemos.

*Kelly Baptista, Mãe, Diretora executiva da Fundação 1Bi, Gestora Pública, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Linkedin Top Voice.

Jornalista expõe passado escravocrata do tataravô: “Minha família enriqueceu com a escravidão”

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Foto: Reprodução / Reset.

Apresentadora e fundadora da Rádio Novelo, Branca Vianna decidiu investigar o passado elitista da própria família. Através do podcast ‘Rádio Novelo Apresenta’, com os episódios ‘Mexer no Vespeiro’ e ‘O Visconde’, que foram disponibilizadas em outubro de 2023, a jornalista revelou o passado escravocrata da família. 

O tataravô da apresentadora, Domingos Custódio Guimarães, o Visconde do Rio Preto, chegou a ter mais de dez fazendas de café movidas a mão-de-obra escrava no interior de Minas Gerais. Ele deixou como herança cerca de 1280 pessoas escravizadas.

Em entrevista para o site Reset, Branca Vianna contou detalhes sobre os motivos que a levaram a expor o passado escravocrata de sua família. “Existe uma linha que conecta a escravidão e as atitudes das pessoas brancas hoje em dia no Brasil. Especialmente as pessoas brancas de elite. É nossa responsabilidade lidar com essa questão“, contou ela. “Começamos a questionar o que sabíamos do nosso passado, o que o resto da família pensava. Será que alguém já tinha parado para pensar que viemos dessa origem escravocrata horrorosa, de um homem que escravizou tantas pessoas, que possivelmente foi traficante de escravos? Nunca tínhamos visto uma família vinda dessa herança escravocrata falando publicamente sobre isso. E, mais importante, o que a gente pode fazer para trazer esse assunto à tona“.

Branca contou ainda que não sente culpa pelas atitudes do tataravô, mas que entende a responsabilidade e a necessidade de lidar com a questão. “Nossa responsabilidade, como pessoas brancas no Brasil, sejam pessoas que vêm de uma herança escravocrata, sejam pessoas de imigração mais recente que tenham se beneficiado dos programas de governo que não foram estendidos aos escravizados quando a escravidão foi abolida, é lidar com essa questão“, disse ela para o Reset.

Gostaria muito de ver outras pessoas como nós falando sobre isso, mas é importante que as pessoas entendam que não é uma tentativa de culpabilizar ninguém. Não se trata de dizer ‘Olha, você é culpado pela escravidão e você é culpado por todo o racismo no Brasil e você vai ser culpado por reparar todo o problema do racismo no Brasil, porque o seu antepassado teve escravos em 1830’“.

História inspiradora da chef brasileira que conquistou Paris vai virar filme

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Foto: Maki Manoukian

Após impressionar a todos com uma história de superação, a trajetória da chef negra brasileira Alessandra Montagne, que irá comandar um dos restaurantes no Museu do Louvre, em Paris, vai virar filme.

Idealizado pelo diretor Daniel Lieff (“Últimas Férias”), o longa-metragem será roteirizado pela Patrícia Andrade (“Nise: O Coração da Loucura”) e contará com a produtora Kromaki (série inédita “Candelária”).

Nascida na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, e criada pelos avós no interior de Minas Gerais, Alessandra Montagne também é proprietária dos restaurantes Nosso e Tempero, na capital francesa.

Com uma trajetória de muitas superações, Alessandra foi abandonada pelos pais quando era um bebê e com os avós aprendeu a cozinhar. Aos 11 anos, sua mãe reapareceu para reatar os laços, e em 1999, aos 22 anos, ela resolveu passar alguns meses com ela em Paris. O que deveria ser um curto período, acabou transformando sua vida completamente, garantindo muitos desafios e uma carreira de sucesso na gastronomia.

Incentivada pelos amigos, ela estudou gastronomia e ganhou bolsa para estudar confeitaria. Após se formar, foi trabalhar para Adeline Grattard, chef francesa que acabava de receber sua primeira estrela Michelin com o restaurante franco-chinês Yam’Tcha.

Depois de um período, ela decidiu seguir carreira solo e abriu os dois restaurantes, se tornando uma grande referência por sua comida francesa com toques de brasilidade, além de garantir bem-estar, ao trazer plantas e ervas medicinais para a mesa, com elementos que coroam suas criações com pitadas de saudabilidade.

Agora, a chef se prepara para abraçar mais uma missão, junto com outros profissionais que também estarão à frente das operações, para comandar um dos restaurantes do Museu do Louvre, pelos próximos 10 anos.

Levantamento aponta o percentual de pessoas negras em cada capital brasileira

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Foto: Freepik

De acordo com um levantamento feito pelo Guia Negro, com base nos dados oficiais do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), Salvador (BA) é a capital com o maior percentual de pessoas negras no Brasil (83%), enquanto Florianópolis (SC) tem o menor percentual (23%).

O portal pesquisou o número quantitativo e percentual da população negra das 27 capitais brasileiras, que apontou outra curiosidade: todas as capitais da região Norte têm 70% ou mais de população negra, sendo o Macapá com maior destaque (76,1%).

Já na região Sudeste, São Paulo (SP) é a única capital com menos da metade de habitantes negros (43%), porém, ainda é a cidade com a maior população negra do país, com cerca de 4,9 milhões de negros. Belo Horizonte (MG) possui o maior percentual da região com 56% de pessoas negras. 

No Nordeste todas as capitais têm 56% ou mais da população negra. A capital com menor percentual da região é Natal (RN). Quanto ao Centro-Oeste, todas as capitais têm mais da metade dos habitantes negros, com maior destaque para Cuiabá (MT), com 68,5%.

Assim como Florianópolis, as outras capitais da região Sul, se mantém com cerca de 25% da população negra. No caso de Porto Alegre (RS), com 26%, o número de pessoas pardas (178 mil) e pretas (168 mil) são bem parecidos, enquanto na maior parte das capitais brasileiras, o número de pardos são bem maiores e o de pretos. 

Veja o levantamento completo aqui!

Mike Tyson voltará aos ringues de luta depois de quatro anos para enfrentar youtuber

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Foto: Getty Images

Mike Tyson deve voltar ao ringue em 2024, depois de 15 anos do anúncio de sua aposentadoria dos ringues. Agora, Tyson deve enfrentar o youtuber Jake Paul, em Arlington, no Texas (EUA), no dia 20 de julho deste ano. A notícia foi divulgada pelo pugilista em suas redes sociais, com a legenda: “assinamos o contrato”.

A notícia sobre a luta, que será transmitida pela Netflix, e é consirada um “megaevento de boxe”, pegou o mundo dos esportes de surpresa. No ano passado, Mike Tyson já havia feito comentários positivos sobre seu agora oponente no ringue durante um depoimento concedido para o documentário “Untold: Jake Paul and The Problem Child”: “Jake fez mais pelo boxe que alguns campeões. Eu sou fã de pessoas que sabem como colocar bundas no sofá. Esses são os caras que eu admiro. Eu gosto de vê-lo falando m***. Isso é lindo! Vende jornais, está nos divertindo. Você é o campeão, você é o meu herói! Temos que manter esse cara em evidência porque ele vai salvar o boxe enquanto continuar lutando. Ele é iluminado”.

Em 2020, Mike Tyson participou de uma luta contra Roy Jones Jr. que terminou em empate. Durante seus 20 anos de carreira, Tyson ganhou 50 duelos (44 por nocaute) e foi derrotado em seis deles. Ele também foi campeão mundial peso-pesado entre os anos de 1986 e 1990.

Já Jake Paul, que tem integrado um movimento de youtuber que estão subindo no ringue para disputar duelos contra celebridades e grandes nomes do boxe, tem nove vitórias em sua lista de disputas e perdeu uma vez.

Nas redes sociais, Paul falou sobre a luta contra Tyson, programada para acontecer no mês de julho: “Não poderia estar mais animado para enfrentar a mão mais pesada de todos os tempos. Meu objetivo é me tornar campeão do mundo, agora tenho a chance de provar meu valor contra o maior campeão dos pesos-pesados do mundo, o homem mais malvado do planeta e o pugilista mais perigoso de todos os tempos. É hora de colocar Iron Mike para dormir”.

Dra. Katleen Conceição integra único artigo brasileiro de dermatologia para pele negra, em nova atualização após 16 anos 

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Foto: Reprodução/Instagram

O único artigo científico brasileiro de dermatologia para pele negra, publicado em 2008, foi atualizado e reescrito pela Dra. Katleen Conceição, junto a outros especialistas. O artigo ajudará na formação de futuros médicos e médicos dermatologistas, principalmente negros. 

“Me convidaram para publicar com eles, devido ao meu trabalho e referência. Agora estou junto aos autores e com a atualização da minha experiência em pele negra no Brasil nesses 20 anos. É um marco na dermatologia brasileira”, celebra a Dra. Ketleen, em entrevista ao Mundo Negro, com a Editora-Chefe Silvia Nascimento.

Entre as atualizações do novo artigo, foi feita uma abordagem sobre a importância de estudar o câncer de pele melanoma, doença que ocasionou a morte do cantor Bob Marley. “Isso até é comentado no filme [Bob Marley: One Love]. Ele achava que estava machucado. Vivia com dor ao jogar futebol. Quando descobriu já estava em estágio avançado de metástase e morreu”, relata a médica.

Outra abordagem importante neste artigo é a patologia líquen plano pigmentoso, que causa lesões hiperpigmentadas na pele. Apesar de ser uma doença rara, acomete mais a pele negra. Em 2022, a atriz Isabel Fillardis, diagnosticada com a doença, revelou a cura após tratamento com a Dra. Ketleen. “É importante esse tipo de diagnóstico para que outras pessoas se atentem a essa patologia e tratem mais precocemente para evitar principalmente Alopecia, que é uma Alopecia Cicatricial, onde não volta mais o cabelo”, disse a médica na época ao Mundo Negro.

Outros destaques no artigo relacionados às pessoas negras é a patologia do cabelo, que os deixam frágeis e quebradiços, como a Alopecia de Tração, comum em quem usa muitos penteados como tranças ou laces. “Muitas vezes realizamos a trança na gorra para colocar a lace, e aí a alopecia de tração acaba ocorrendo”, explica.

A atualização do artigo após 16 anos da publicação é um marco, pois ele reconhece as diferenças, entre os aspectos estruturais, biológicos e funcionais das peles negra e clara, além das alterações fisiológicas que precisam ser reconhecidas para se evitar intervenções desnecessárias. 

Para ter acesso ao artigo científico, clique aqui!

Maternidade e carreira: um dueto complexo e real

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Foto: Larissa Isis

O que é equilíbrio para você? Não existe uma receita única para conciliar todas as responsabilidades na vida, mas é fato que o desequilíbrio entre pilares da nossa vida prejudica a qualidade de vida e bem-estar.

Maternidade e carreira são um dueto complexo e real. Trabalhar e ser mãe não são mundos separados, mas dimensões da vida que se complementam. Quando pensamos em maternidade no contexto profissional, o que vem à mente? Talvez licença-maternidade, salas de amamentação e horários flexíveis. Mas será que isso é tudo sobre esse tema?

De acordo com um estudo da Rede Mulher Empreendedora (RME), para 87% das mulheres empreendedoras, a motivação para empreender e buscar independência financeira é justamente ter mais tempo no cuidado dos filhos e da família. E essa tendência tem crescido nos últimos anos. Dados do Sebrae mostram que mais de 10,1 milhões de negócios no Brasil são comandados por mulheres, sendo que 52% delas são mães.

Mães no mercado de trabalho: motivação e sensibilidade

Assumir as responsabilidades do lar já é um desafio por si só, que se torna ainda maior quando precisa ser conciliado com as exigências profissionais. Mesmo diante dessas dificuldades, aproximadamente 85% das mulheres no país enfrentam uma dupla jornada, dividindo-se entre o trabalho remunerado e as obrigações domésticas e de cuidado com os filhos. Além dos desafios inerentes a essa realidade, muitas ainda lidam com o preconceito no ambiente de trabalho.

Um estudo conduzido pelo LinkedIn em fevereiro deste ano apontou que 44% das mulheres nunca solicitaram um aumento salarial ou negociaram uma promoção, apesar de se sentirem merecedoras. Esse fenômeno reflete a cultura machista predominante, na qual questões sobre maternidade ou desejo de ter filhos são levantadas durante processos seletivos, mulheres são subvalorizadas, enfrentam olhares críticos durante a gravidez e, em alguns casos, são injustamente demitidas após o término da licença-maternidade.

Contrariando a ideia de que a maternidade pode limitar as capacidades profissionais das mulheres, para muitas, ter filhos serve como um estímulo adicional para se destacarem em suas carreiras. Pesquisas indicam que mães adquirem habilidades únicas e desenvolvem uma maior empatia, o que as torna especialmente aptas a gerenciar relações interpessoais no ambiente de trabalho.

O maternar da mulher negra

A jornada de ser mãe varia significativamente de uma para outra, como mães negras enfrentamos desafios adicionais devido a nossa  posição na estrutura social. Nós frequentemente ocupamos os empregos mais instáveis e temos menos liberdade para escolher passar tempo em casa com nossos  filhos, além de enfrentar  a falta de garantias trabalhistas. Com rendimentos inferiores e escassas opções para obter suporte externo, muitas acabam interrompendo os estudos e se voltando para o setor informal, buscando maneiras de se sustentar. A ausência de políticas públicas que assegurem direitos trabalhistas adequados, salários justos, representatividade em diversos campos profissionais – não somente nos mais vulneráveis – e acesso a creches públicas,  complica ainda mais a capacidade dessas mulheres de equilibrar as responsabilidades profissionais com a maternidade.

De acordo com o estudo da economista Janaina Feijó, pesquisadora do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), as mulheres negras ainda convivem com uma taxa de desemprego mais elevada do que os demais grupos analisados.

No primeiro trimestre de 2023, a desocupação foi de 13,1% para elas. Enquanto isso, a taxa de desemprego ficou em 8% para as mulheres brancas e amarelas.

Entre os homens, o indicador foi de 8,4% para os negros e de 5,7% para os brancos e amarelos. Ou seja, somente as mulheres negras tinham uma taxa de desemprego de dois dígitos no país.

Como mãe preta de dois, executiva, empreendedora, destaco alguns pontos que julgo essenciais para seguirmos em frente:

  • Não carregue a maternidade como culpa;
  • Tente organizar seu tempo, de forma que você se cuide;
  • Tente manter uma rede de apoio próxima, peça ajuda;
  • Tenha rotinas facilitadas, não tente fazer tudo ao mesmo tempo;
  • Sua família precisa estar junto com seu propósito, tente não culpabilizar seus filhos.

É fundamental debater e tratar dessas questões para fomentar a igualdade de gênero e racial, além de apoiar mulheres que buscam conciliar a maternidade com suas trajetórias profissionais. Mantendo o diálogo aberto sobre esse tema, temos a oportunidade de elevar a conscientização, estimular alterações nas políticas e procedimentos nos ambientes de trabalho e promover uma distribuição mais equitativa das obrigações familiares entre homens e mulheres, bem como na sociedade como um todo.

*Kelly Baptista, Mãe, Diretora executiva da Fundação 1Bi, Gestora Pública, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Linkedin Top Voice.

“Foi uma decepção suprema”, diz Angela Bassett sobre perder o Oscar 2023 para Jamie Lee Curtis

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Foto: Film Magic via Getty Images.

Em recente entrevista para Oprah Winfrey, Angela Bassett comentou sobre sua derrota no Oscar 2023. Ela concorria ao título de ‘Melhor Atriz Coadjuvante’ pelo papel de Rainha Ramonda no filme ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’. Bassett acabou perdendo o prêmio para Jamie Lee Curtis, que atuou no filme ‘Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo’.

Assim que foi anunciado o resultado, a reação de tristeza de Bassett viralizou nas redes sociais. Muitos usuários apontaram que ela deveria ter vencido a estatueta. “Acho que lidei bem com isso. E essa era a minha intenção, lidar muito bem com isso”, disse a atriz para Oprah. “Foi, claro, uma decepção suprema. E a decepção é humana. Fiquei desapontada e lidei com isso como um ser humano. Fui [gentil] comigo mesma e com meus filhos que estavam lá comigo.”

“O ‘rosto de Angela Bassett’ se espalhou por toda a internet”, disse Oprah. “As pessoas diziam que sua decepção era evidente, mas achei que você lidou com isso muito bem.” A estrela de 65 anos se tornou a primeira atriz do Universo Cinematográfico Marvel a ser indicada ao Oscar. Também foi sua primeira indicação em 30 anos, tendo sido indicada anteriormente por sua atuação como Tina Turner na cinebiografia de 1993, What’s Love Got To Do With It .

Neste ano de 2024, Bassett foi honrada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood com um Oscar honorário pelo legado e o impacto de sua carreira no mundo do cinema.

Livro ‘O Avesso da Pele’ tem aumento de 400% nas vendas após censura

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Foto: Carlos Macedo/Divulgação

Vencedor do Prêmio Jabuti em 2021, principal prêmio literário do país, o livro ‘O Avesso da Pele’, escrito por Jeferson Tenório, teve um aumento de 400% nas vendas na Amazon depois de ser censurado pelos governos do Mato Grosso Sul, Goiás e do Paraná por ter sido considerado inapropriado para menores de 18 anos.

A polêmica em torno da obra começou na última sexta-feira, 1, quando Janaína Venzon, diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira, publicou um vídeo nas redes sociais onde pedia para que os professores não usassem o livro e pedindo que os exemplares fossem retirados da escola por conter “vocabulário de baixo nível”. Dias depois, as secretarias de educação dos estados do Mato Grosso do Sul e Goiás pediram a retirada dos livros das bibliotecas das escolas afirmando que o livro apresenta “expressões impróprias” para menores de idade e que deve ser reavaliado.

Em suas redes sociais, o autor publicou um texto onde aponta que a censura ao livro são “distorções e fake news”: “As distorções e fake news são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação. O mais curioso é que as palavras de “baixo calão” e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras”, afirmou.

No início da semana, em entrevista para o Globo News, o autor, Jeferson Tenório, lembrou que a obra integra o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que avalia e distribui as obras farão parte do currículo escolar dos alunos da rede pública. “É importante dizer também que o livro faz parte do programa do governo, é um programa do PNLD, um programa que avalia as obras com especialistas em educação para que depois eles sejam oferecidos às escolas. Mas quem decide são os professores dentro do seu projeto pedagógico. Então não cabe nem a secretaria, nem a própria direção da escola decidir se aquele livro pode ou não fazer parte daquela faixa etária”.

Ele também afirmou ter ficado espantado com a censura aos livros: “Me causa sempre espanto, porque nós já temos tão poucos leitores no Brasil e deveríamos estar preocupados em formar leitores e não censurar livros”.

Projeto ‘Elas na Montanha’ quer promover mais momentos de autocuidado para mulheres negras

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Foto: Divulgação

A narrativa das mulheres na sociedade atual é liderada pelo cansaço. E quanto menos conseguimos encontrar tempo para o cuidado e a conexão conosco, mais essa afirmação pode se tornar uma sentença para nós. O cenário, em especial para as mulheres negras, mostra que a sobrecarga de trabalho e das responsabilidades relacionadas ao cuidado com a casa e a família, massivamente atribuídos às pessoas do gênero feminino tem sido adoecedor, de acordo com o relatório lançado pelo Think Olga no ano de 2023, que mostrou que “ansiedade e o estresse atingem a rotina de metade das mulheres brasileiras”.

Mas lembrar de cuidar de quem cuida é fundamental para que as mulheres consigam andar na contramão do adoecimento sistemático causado pela sobrecarga e pelo racismo. A médica cardiologista e montanhista, Dra. Cibelle Dias Magalhães, está entre as mulheres que têm pensado em estratégias de sobrevivência pautadas no autocuidado e na reconexão consigo. “As mulheres vivem muito sobrecarregadas de excesso de atividades, de excesso de tarefas. Sempre responsáveis por cuidar, gerenciar e organizar a casa, gerenciar e cuidar de suas carreiras, cuidar da sua imagem, para precisar manter uma imagem padrão. As mulheres também sofrem muito com a questão de como lidar com o envelhecimento numa sociedade que pouco valoriza a mulher no pós menopausa, tem dificuldade de aceitar o envelhecimento na sua naturalidade, então a gente está sempre muito pressionada. No final do dia a gente para para pensar, quanto a gente está exausta, porque as mulheres estão muito cansadas de cuidar de todo mundo, de gerenciar tudo”, ressaltou a médica.

A Dra. Cibelle é responsável por ser uma das criadoras do projeto ‘Elas na Montanha’, uma iniciativa que surgiu de uma necessidade identificada pela médica de exercer a medicina integrada aos pilares da qualidade de vida. O projeto realiza palestras e encontros em locais fechados ou ao ar livre focados na saúde e bem-estar de mulheres, com atividades como prática de trilha e escalada, yoga, alimentação saudável e rodas de conversa.

“O Elas na Montanha tem uma agenda de encontros, encontros femininos que busca oferecer esse bem-estar para as mulheres, esse espaço de acolhimento, em contato especialmente com a natureza, fortalecendo os pilares da qualidade de vida.”, contou ao explicar quais pilares sustentam os encontros. “Nos nossos encontros a gente oferece o cuidado a partir desses pilares: atividade física, conexão com outras mulheres, criando relações mais profundas, a gente tem um cuidado maior com a alimentação. Saborosa, feita com muito carinho, muito amor, rica em frutas, verduras e vegetais, alimentação natural. Além de práticas de gerenciamento do estresse”.

“As mulheres podem ficar à vontade para ser elas mesmas ali. Onde elas podem trazer às suas questões, trocar com a gente de maneira leve, falar sobre suas necessidades, sobre o seu dia a dia, olhar para si, ter esse momento de contato com a natureza, que é tão importante, que é um lugar onde a gente sabe, cientificamente, dos benefícios comprovados”, explica.

Ao entender que mulheres negras são as que menos procuram o projeto de autocuidado, ela decidiu organizar uma viagem para um grupo de médicas negras, conhecido como Afropaty’s. A médica lembra que os médicos negros representam apenas 3% do total de profissionais da classe e que convivem diariamente com o racismo de pessoas que desvalidam sua competência profissional, a médica reforça que esse grupo também necessita de cuidados voltados para sua saúde e bem-estar físico e mental: “E é muito importante eventos como esse para permitir que essas mulheres negras, médicas, que são a minoria nos seus espaços, que muitas vezes são a única nos seus espaços, elas possam se fortalecer para conseguir superar, conseguir vivenciar, superar todos os desafios que naturalmente as mulheres, que a gente já trouxe, as mulheres vêm sofrendo e a gente tem essa carga adicional, o que gera um nível adicional de estresse, de exaustão, não apenas física, mas exaustão mesmo”.

“A gente vê que isso é muito comum entre os médicos negros, além dessa carga de representar o grupo, justamente, terem muitas vezes trazer um peso aí, ao mesmo tempo como de uma forma positiva, que são os arrimos de família, muitas vezes. São aquelas pessoas que quebraram um ciclo, às vezes, de pobreza, um ciclo de dificuldades, de escassez na família, só que também, por outro lado, ao mesmo tempo que carregam essa felicidade, essa responsabilidade, mas também acaba sendo um peso adicional de responsabilidade, de necessidade mesmo, às vezes, de trazer toda uma família, o que gera uma carga, muitas vezes, de trabalho ainda maior. Então os médicos, muitas vezes, já sofrem por excesso de trabalho, a pressão”, detalha a Dra. Cibelle ao lembrar os desafios enfrentados por médicas negras e pontuar como eventos como os organizados pelo ‘Elas na Montanha’ são fundamentais para que as profissionais possam se fortalecer, juntas em sua identidade como mulheres negras e no cuidado com sua saúde e qualidade de vida.

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