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“Não é um álbum Country. Este é um álbum “Beyoncé”, diz cantora ao revelar imagem de capa de ‘COWBOY CARTER’

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Foto: Reprodução

No início da tarde desta terça-feira, 19, Beyoncé fez uma publicação onde inicia uma contagem regressiva para o lançamento de ‘OWBOY CARTER’, que acontece oficialmente no dia 29 de março. Na publicação, além de falar sobre as críticas que recebeu sobre ser uma mulher negra fazendo música para este gênero musical e ainda revela a capa do sucessor de ‘RENAISSANCE’.

“Hoje marca a contagem regressiva de 10 dias até o lançamento do ato II. Agradeço do fundo do meu coração a todos os apoiadores de TEXAS HOLD ‘EM e 16 CARRIAGES. Sinto-me honrada por ser a primeira mulher negra com o single número um na parada de Hot Country Songs. Isso não teria acontecido sem o apoio de cada um de vocês. Minha esperança é que daqui a anos, a menção da raça de um artista, no que se refere ao lançamento de gêneros musicais, seja irrelevante”, escreveu a artista.

Beyoncé contou de onde partiu a ideia de criar o álbum e revelou que passou cinco anos trabalhando em pesquisas para a produção de ‘COWBOY CARTER’: “Este álbum foi mais de cinco anos em construção. Nasceu de uma experiência que tive anos atrás, onde não me senti bem-vinda… e ficou muito claro que não fui. Mas, por causa dessa experiência, mergulhei mais fundo na história da música Country e estudei nosso rico arquivo musical. É bom ver como a música pode unir tantas pessoas ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que amplifica as vozes de algumas das pessoas que dedicaram tanto de suas vidas educando sobre nossa história musical”.

A maior ganhadora do Grammy também lembrou as críticas recebidas por pessoas que se dizem apreciadores do gênero, que é acompanhado por um público em sua maioria branco e conservador nos EUA: “As críticas que enfrentei quando entrei neste gênero pela primeira vez me obrigaram a superar as limitações que me foram impostas. O ato II é o resultado de me desafiar e de levar meu tempo para misturar e mesclar gêneros para criar este corpo de trabalho”.

Ao final da mensagem, a diva ainda pontua: “Este não é um álbum Country. Este é um álbum “Beyoncé”. Este é o ato II COWBOY CARTER, e estou orgulhosa de compartilhá-lo com vocês!”

Léa Garcia é homenageada com exposição gratuita na temporada do espetáculo Mãe Baiana no CCBB Rio

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Foto Léa Garcia: Globo/Divulgação

Parte da temporada do espetáculo gratuito “Mãe Baiana”, em cartaz até 31 de março de 2024 no Teatro 2 do CCBB Rio, a exposição gratuita “Baobá de Memórias” presta uma homenagem à grande dama do teatro negro brasileiro, Léa Garcia, que estrelou a versão audiovisual da peça em seu último trabalho, em 2022, sob a direção de direção de Luiz Antonio Pilar — vencedor do Prêmio Shell de Melhor Direção por “Leci Brandão – Na Palma da Mão”.

O público pode conferir fotos de cena e de bastidores, além de áudios, figurinos da peça e uma grande estante de referências de livros de pessoas pretas, especialmente mulheres. Ao entrar na exposição, montada no Cinema 2 do Centro Cultural, o visitante atravessa um labirinto de turbantes, até se deparar com um grande baobá com mais de 300 flores em formato pendular, que saem do teto em várias camadas.

Nos sábados de março, às 18h, o público ainda tem a oportunidade de assistir, gratuitamente, a gravação da peça no Cinema 2. Na ocasião da temporada online, Léa falou sobre o trabalho. “Este personagem é importante porque traz uma avó, uma mãe preta, uma mãe baiana não estereotipada, nada submissa. Ela é uma mulher atual, avançadinha, o que me agrada muito. A personagem tem a consciência de sua existência enquanto mulher, mulher preta, um ser humano que lutou muito, uma cidadã, uma mulher consciente de sua ancestralidade, de sua vida enquanto mulher preta na sociedade, uma mulher inteira, sem artifícios, uma mãe moderna”.

Espetáculo ‘Mãe Baiana’

O espetáculo faz parte da trilogia “Matriarcas”, ao lado de “Mãe de santo” e “Mãe preta”, idealizado pela atriz Vilma Melo e o produtor cultural Bruno Mariozz. A peça parte da perda de um filho, fato que Helena Theodoro viveu quando seu menino de quatro anos morreu afogado. Apesar da premissa triste, as autoras preocuparam-se em não pesar o espetáculo, até porque a personagem da avó – assim como a autora – sofre, mas entende a morte. No início, a neta não compreende, mas passa a entender ao longo da história.

Todo o pensamento da filósofa e primeira doutora preta do Brasil Helena Theodoro passa por suas experiências pessoais e afirma o princípio feminino preto com todas as suas possibilidades de existir, conservar, transformar e melhorar o mundo.

Serviço

Exposição Baobá de Memórias
Temporada: de 8 a 31 de março de 2024
Dias e horários: domingo, segunda e quarta, das 10h às 18h | quinta , sexta e sábado, das 11h às 19h
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ

“Perco aqui a minha admiração por você”, diz Silvana Oliveira em resposta a comentários de Ferrugem sobre Ludmilla

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Foto Ludmilla: Reprodução/Instagram Foto Ferrugem: Caio Viegas / Divulgação

Após um vídeo do cantor de pagode Ferrugem e de sua esposa, Thaís Vasconcellos, falando sobre a letra da música ‘Sintomas de Prazer’ de Ludmilla ser exibido nas redes sociais, na segunda-feira, 18, Silvana Oliveira, mãe da cantora, fez questão de se pronunciar publicamente.

Em seus stories, Silvana afirmou que estava perdendo a admiração que tinha pelo artista: “Ferrugem, sempre te respeitei, sempre te admirei como artista. Perco aqui a minha admiração por você. Meu respeito vai continuar, porque sou aquele tipo de pessoa que vai sempre respeitar o ser humano”. Ela também lembrou que Ferrugem já havia feito parcerias musicais com Ludmilla, que participou da música “Paciência”, na gravação do DVD “Prazer, eu sou Ferrugem”: “Queria deixar bem claro que essa maconheira que você tá citando, você tem um feat com ela. Quando suas filhas perguntarem ‘papai, tu tem um feat com a maconheira?’, você tem”.

As críticas surgiram após um vídeo vazado mostrar Thaís Vasconcellos, esposa de Ferrugem, comentando sobre a letra da música “Sintomas de Prazer” de Ludmilla. No vídeo, publicado na conta privada de Thaís, ela criticou termos usados na música: “Estava voltando da escola, estava tocando Ludmilla, 7h30 da manhã, ‘minha pussy te viciou’. Tudo bem, mudou o idioma, mas continua sendo pussy. De manhã, na rádio”. Ferrugem também fez comentários sobre Ludmilla dizendo que: “Ela quer ser a rapper do pagode. Ela quer ser a maconheira do pagode. E as crianças tudo gostando dela. Pô, devagar”.

Silvana ressaltou a dedicação de Ludmilla ao trabalho e como ela contribuiu com a família durante a carreira: “Deixa eu falar para você uma coisa: essa maconheira também tem família, tem avó, tem mãe. Através do talento dela, ela conseguiu dar dignidade para a família dela. Tem dignidade, acorda cedo, não foge da luta. Agora você ficar indignado que as crianças estão gostando dela… Reclama com Deus, filho. Só ele pode te dar a resposta”

Após a repercussão, o cantor comentou em uma publicação que o vídeo não passou de uma brincadeira: “Pessoal, boa noite! Vocês sabem que foi brincadeira, se não, não teria postado, né? Fico pensativo sobre o nível de maldade de alguns ao problematizarem o assunto, falei isso porque estava levando as meninas pra escola e escutando pagode no rádio, aí tocou o som dela e elas perguntaram o que era pussy. Aí já viu, né? Mas se foi pra forçar uma treta, falharam”.

Ludmilla não falou sobre o assunto, mas durante a noite, publicou um story bebendo no troféu do Grammy Latino que ganhou em 2022 na categoria ‘Melhor Álbum de Samba/Pagode’ e divulgando sua nova música ‘Pina Colada’.

Mariah Carey comemora anúncio de participação no Rock in Rio 2024: “Brasil estou chegando”

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Foto: Reprodução

Os brasileiros foram surpreendidos na noite de segunda-feira, 18, após Mariah Carey ser confirmada como uma das atrações internacionais do Rock in Rio 2024. A cantora se apresenta no dia 22 de setembro no palco Sunset, celebrou a notícia publicando um vídeo em suas redes sociais: “Estou muito animada para finalmente voltar ao Brasil”, escreveu. A sul-africana Tyla também foi um dos nomes anunciados.

De volta ao Brasil depois de 14 anos do seu último show no país, essa será a primeira vez que Mariah Carey se apresentará no Rock in Rio. Em seu Instagram, ela publicou um vídeo para comemorar com os fãs brasileiros a novidade: “Estou muuuuito animada para finalmente voltar ao Brasil e ser a atração principal do lendário festival Rock in Rio no Palco Sunset, em 22 de setembro. Nos vemos lá!”, escreveu na legenda. Carey também falou em português: “Brasil estou chegando”.

O anúncio da cantora norte-americana Mariah Carey como uma das artistas internacionais do Rock in Rio também surpreendeu o público por conta do palco onde ela deve se apresentar. As pessoas criticaram a curadoria do festival por organizar o show no palco Sunset ao invés de colocá-la no palco Mundo, considerado o palco principal do festival: “queria muito entender qual foi a lógica da curadoria do rock in rio de colocar mariah carey no palco sunset e shawn mendes no palco mundo”, escreveu um usuário do ‘X’. A organização do evento afirmou que os dois palcos terão a mesma estrutura.

Além de Mariah Carey, a canora sul-africana Tyla, primeira a receber um Grammy na categoria de ‘Melhor Performance de Música Africana’, também foi anunciada como atração no palco Sunset e deve se apresentar no dia 20 de setembro.

‘Wish: O Poder dos Desejos’ estreia em abril no Disney+

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Foto: Disney

O Disney+ anunciou, nesta segunda-feira (18), que o filme ‘Wish: O Poder dos Desejos’, protagonizado pela princesa afro-latina Asha (Ariana DeBose), chega ao catálogo da plataforma de streaming no dia 3 de abril para os assinantes.

A animação, que marca a celebração de 100 anos da Disney, acompanha a história de Asha, uma jovem de 17 anos, do reino mágico de Rosas. Descrita como uma moça perspicaz, ela faz um desejo tão poderoso que é atendido por uma força cósmica: uma pequena esfera de energia ilimitada chamada Star

Segundo a sinopse oficial, juntas, Asha e Star enfrentam o Rei Magnífico (Chris Pine), governante de Rosas. Elas farão de tudo para salvar a comunidade e provar que, quando um ser humano corajoso se une à energia das estrelas, muitas coisas maravilhosas podem acontecer.

Além da vencedora do Oscar, DeBose, e Pine, o elenco de vozes originais conta com Natasha Rothwell, Alan Tudyk, Victor Garber, Harvey Guillén, Evan Peters, Ramy Youssef e Angelique Cabral. Enquanto na versão brasileira tem: Evelyn Castro, Alcione, Xande de Pilares, Marcelo Adnet, Solange Almeida e Di Ferrero.

UCLA recebe turma formada 100% por mulheres negras brasileiras para formação, em colaboração do Conselheira 101

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Turma 100% formada por mulheres negras brasileiras na UCLA, em colaboração com o Conselheira 101 (Foto: Divulgação)

Inédito! A UCLA Anderson School of Management (Universidade da Califórnia), nos Estados Unidos, realiza pela primeira vez, de forma presencial, o curso do programa ‘C101 – Women in Governance’, com a colaboração do Conselheira 101, e recebe um grupo 100% formado por mulheres negras brasileiras. Hoje foi realizado o primeiro dia de aula e o Mundo Negro teve acesso exclusivo as fotos da turma.

Com o objetivo de ampliar o conhecimento de mulheres negras e indígenas em cadeiras de conselhos administrativos, a formação internacional e de impacto busca desenvolver habilidades, competências e perspectivas necessárias para uma liderança feminina transformadora.

“É um curso extremamente inédito na forma presencial, exclusivo e desenvolvido especialmente para o Conselheira 101. Está sendo um marco não só para o Conselheira 101, mas também para a UCLA, que é uma das maiores referências em cursos de governança. Especificamente esse curso ‘Women in Governance’, que está tendo uma configuração de sair do modelo online e ir ao presencial, para um grupo de mulheres negras e indígenas brasileiras”, diz Jandaraci Araujo, co-fundadora do Conselheira 101, para o Mundo Negro.

O programa imersivo, que iniciou neste mês, apresentará ao longo dos cinco dias conteúdos sobre funções e responsabilidades dos conselhos administrativos; capacidades de persuasão e influência para ser um membro efetivo da direção e estratégias individualizadas para a construção de redes e conexões. Ao final do curso haverá a cerimônia de entrega dos certificados.

Foto: Divulgação

“[Para] muitas mulheres que estão aqui conosco, é a primeira vez que elas estão vindo para os Estados Unidos e para estudar numa universidade que é referência mundial, uma das melhores do mundo em termos de negócios. Então, isso vai ser um grande divisor de águas, pois, a partir dessa certificação, elas se habilitam também a concorrerem a vagas em boards internacionais. Um grande marco para além das oportunidades no Brasil. Todas as aulas são em inglês e sem tradução. Então a gente sai desse lugar de que não existem mulheres negras qualificadas em altas posições e com habilidades para estarem em conselhos de alta referência no Brasil e no mundo”, completa Jandaraci.

O relatório ‘Panorama Mulheres 2023’, realizado pelo Talenses Group e Insper, revela que no Brasil as mulheres representam 21% em conselhos administrativos e 17% em cargos de presidente. Desde o primeiro ano da pesquisa, em 2017, houve um aumento nesse percentual, que era de 10% nos conselhos e 8% como CEOs. Com o recorte racial, essa representatividade reduz ainda mais, segundo o Instituto Ethos, apenas 4,2% dos conselhos administrativos das empresas é composto por mulheres negras.

Desde o início do Conselheira 101, em 2020, o programa já impactou 105 executivas negras e indígenas, sendo que 47% das participantes conquistaram posições em conselhos e também comitês de assessoramento. Além disso, 53% tiveram, também, relevantes movimentações na carreira executiva.

O projeto, sem fins lucrativos, tem o apoio do  Consulado dos Estados Unidos, KPMG, Women Corporate Directors Foundation (WCD), B3, Oliver Press, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Machado Meyer Advogados e Harpy Eagle.

“Um dia vocês sairão da aposentadoria”: diz Mathew Knowles sobre possível retorno do grupo Destiny’s Child

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Foto: Reprodução/Instagram

Mathew Knowles, ex-empresário de Destiny’s Child e pai de Beyoncé, homenageou os quase 25 anos do início da história do grupo, formado pela Queen B, Kelly Rowland e Michelle Williams e despertou expectativa dos fãs para um possível retorno do trio, em carta aberta publicada nesta segunda-feira (18), nas redes sociais.

“Queridas Destiny’s Child, é difícil acreditar que já se passaram quase 25 anos desde que iniciamos esta jornada. Vocês eram apenas jovens adolescentes com o sonho de serem as melhores do mundo e realizaram seu sonho. Agradeço a confiança que vocês me deram para ajudar a criar e facilitar suas incríveis jornadas”, iniciou o texto. “Quero agradecer a todos os jovens artistas e dançarinos, de Girls Tyme a Destiny’s Child, que de alguma forma fizeram parte da jornada, bem como aos ex-empresários que estiveram lá com Girls Tyme antes de mim”, completa.

“Beyoncé, Kelly e Michelle, neste Mês da Mulher, gostaria de expressar minha admiração pelo incrível talento, esforço e dedicação de cada uma de vocês no trabalho. Sua busca incansável pela excelência e confiança inabalável umas nas outras, sem dúvida, impulsionaram vocês a se tornarem o grupo feminino número um de todos os tempos. Sua música tocou o coração de milhões de pessoas, inspirando e capacitando fãs ao redor do mundo. Suas harmonias, performances e mensagem de força deixaram uma marca na indústria musical e além”, celebra.

Por fim, Knowles deixa acesa uma esperança para o retorno do grupo: “Obrigado, Beyoncé, Kelly e Michelle, por suas músicas, seus talentos e espírito inflexível. Vocês são verdadeiramente lendárias. Muitos entenderam mal que o Destiny’s Child se separou. Não, vocês foram mais espertas que isso e sempre souberam que um dia se aposentariam! Esperançosamente, um dia vocês sairão da aposentadoria!”, finaliza a carta.

Água, raça e gênero: relação de desigualdade

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Foto: Reprodução

Texto: Juliane Sousa

As desigualdades raciais e de gênero são duas enormes injustiças históricas e ainda bastante persistentes em todas as esferas da sociedade. Quando trazemos este problema para o debate sobre o acesso à água, um direito vital, a dificuldade se acentua. Faltam políticas públicas efetivas, mas parte da solução a este desafio também está nas mãos das empresas. 

Pretos e pardos representam a maioria da população no Brasil (55%), porém também predominam na fatia daqueles que vivem sem esgoto adequado (69%). E quando se fala do acesso à água potável, este percentual sobe para 72% de quem não acessa do modo considerado apropriado. Os dados são do último Censo do IBGE, divulgados no mês passado. Além disso, mais de 16 milhões de mulheres não têm acesso à água tratada e 38% vivem em áreas sem esgoto tratado, segundo pesquisa do Trata Brasil em 2022. 

Na história brasileira, as funções sociais foram estabelecidas de acordo com a raça e o gênero. O patriarcado europeu determinou tais papéis ao controle político, econômico e social da mulher. Historicamente, as atividades domésticas foram naturalizadas de função exclusiva das mulheres, consequentemente, responsabilizadas pela procura e pelo fornecimento da água para uso das famílias, com longas caminhadas com latas cheias sob suas cabeças. 

Paradoxalmente, elas exercem quase nenhuma influência se comparada com os homens, nas tomadas de decisões, nos negócios e no estabelecimento das políticas públicas acerca da questão, que ainda são tratadas de forma técnica, econômica, política e nada social. Apesar da significativa evolução dos direitos dos negros e das mulheres, as inúmeras desigualdades ainda persistem. 

Embora as mulheres sejam maioria no Brasil, a incorporação do princípio na Política Nacional de Recursos Hídricos, de 1997, de “reconhecer a importância da participação das mulheres nos colegiados no Sistema Nacional de Recursos Hídricos” ainda é questionada. Hoje, elas representam somente 28% no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e 38% na ANA, que criou um comitê pró-equidade. Nos 12 mil espaços de participação dos 223 comitês das bacias hidrográficas no Brasil hoje, nos estaduais, as mulheres são 31%. 

Esta realidade aponta que elas não ocupam a mesma quantidade de cadeiras ocupadas pelos homens nos espaços decisórios. São vozes pouco ouvidas sem as mesmas oportunidades de participação, reflexão e discussão acerca do fornecimento, gestão e proteção da água no nosso país. Estas divisões raciais e sexuais do trabalho prejudicam a definição de instrumentos de participação igualitária e efetiva nos processos decisórios e na garantia de acesso aos benefícios da água. 

É inaceitável que uma raça e um gênero sejam mais afetados pela falta da universalização de um serviço básico à vida. Precisamos ampliar a participação das mulheres negras nestes debates. Todas nós somos corresponsáveis em trazer à marcha ações que promovam uma participação feminina igualitária e efetiva junto aos homens em posições de decisão, no desenvolvimento de políticas do setor, estratégias e gestão dos projetos.

Cabem às políticas públicas e projetos da iniciativa privada do setor de água e saneamento incorporar uma perspectiva de raça e gênero nos projetos de gestão para combater essas desigualdades e garantir este direito de acesso igualitário. Também é preciso a capacitação nas diferentes funções, considerando as necessidades específicas das mulheres em todas as tomadas de decisão associadas ao desenvolvimento e implantação dos projetos. 

O papel dos negócios

Esta conquista depende de uma intervenção multisetorial: governos, setor privado e sociedade atuando juntos. O tema deve migrar das ONGs para as mesas de debates dos conselhos de administração das empresas. Também é papel delas contribuírem com a promoção do acesso e da gestão por mulheres e homens, de modo equitativo, de água potável e adequada para abastecimento dos lares, saneamento, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental. 

Na pauta pela equidade racial e de gênero no acesso à água, elas podem atuar na redução dessa desigualdade, alinhando suas estratégias de negócios aos ODS 5, 6 e 10 (igualdade de gênero, água potável e saneamento e redução das desigualdades). A ONU, não à toa, envolveu o setor privado na formulação da Agenda 2030. Com o engajamento dos negócios, mercados e investidores, o mundo terá mais oportunidades de avançar nos objetivos e metas.  

Sem as empresas, não conseguiremos superar estes desafios que custará caro e poderá até levar ao fim de muitos negócios. Elas são parceiras-chave para o alcance dos ODS na contribuição por meio de negócios, avaliando seus impactos socioambientais, definindo ações disruptivas, metas audaciosas, lançando mão de parcerias e tecnologias e reportando seus resultados com transparência. 

Muitas delas já compreenderam e se engajaram nesse plano de ação global. As Empresas B reconheceram a chance de fazer negócios auxiliando a solucionar problemas da sociedade. A gestão sustentável, integrada à estratégia organizacional, transforma todos os aspectos do negócio e da sua cadeia de valor, contribuindo para uma mudança efetiva de cultura e processos. Além disso, demonstra o propósito e os valores da empresa, reduz riscos e, consequentemente, gera lucro sustentável. 

Estes impactos gerados com base nos Objetivos Globais podem ser mensurados por meio da ferramenta SDG Action Manager, desenvolvida pelo B Lab e pelo Pacto Global. A plataforma facilita o alinhamento das estratégias e operações da empresa com as metas dos ODS, além de apontar riscos e oportunidades de negócios e propor metas para a construção de um plano de ação.

O Sistema B Brasil também acredita e atua pelo acesso e controle igualitário das águas como um direito fundamental de todos e de todas, assim como um fator crucial para o desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural. Neste contexto, mais negócios de impacto precisam compreender e assumir o seu papel de liderança na busca de um mundo mais igualitário, justo e sustentável. Pois é a partir deste equilíbrio que viabilizará o fim da pobreza e a promoção da sustentabilidade. 

* Juliane é coordenadora de Comunicação do Sistema B Brasil.

Juiz alega legítima defesa e absolve PMs acusados de matar Claudia Ferreira, arrastada por viatura

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Os policiais acusados pelo homicídio de Claudia Silva Ferreira, que foi arrastada por uma viatura da PM por 350 metros na Zona Norte do Rio de Janeiro após ser baleada durante uma operação, foram absolvidos pela Justiça. O crime completou 10 anos no dia 16 de março.

De acordo com a reportagem do jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira (18), apesar de a investigação da Polícia Civil concluir que o tiro que atingiu Claudia partiu do ponto de onde estavam os agentes, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal, alegou que ela foi baleada no momento em que os PMs trocavam tiros com traficantes. “Os acusados agiram em legítima defesa para repelir a injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”, escreveu.

O capitão Rodrigo Medeiros Boaventura, que respondia pelo homicídio em liberdade e comandava a patrulha, ganhou um cargo na Vice-Governadoria do estado. Ele foi nomeado superintendente do órgão e teve o nome publicado no Diário Oficial, na última quinta-feira (14). Antes, ele ocupava um cargo no Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

PMs Manoel Arcanjo, Alexsandro da Silva Alves e Adir Serrano Machado, deixando a delegacia após prestar depoimento, em 2014 (Foto: Marcelo Carnaval)

O sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, que também respondia o processo em liberdade, continua na PM. Ele chegou a ser preso sob a acusação de integrar a milícia na Zona Norte do Rio, em 2020.

Os subtenentes Adir Serrano, Rodney Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles, acusados de terem removido o corpo de Claudia para modificar a cena do crime, também foram absolvidos. O magistrado também defende que “eles tentaram socorrer a vítima de imediato, em que pese vários populares agirem de modo a impedir o socorro”.

Já o acusado de ser o traficante que trocou tiros com os policiais, Ronald Felipe dos Santos, vai a júri popular. A sentença do juiz é do dia 22 de fevereiro.

Relembre o caso

Cláudia Ferreira foi atingida durante uma troca de tiros na região onde vivia e então foi socorrida e colocada no porta-malas de uma viatura policial por três policiais que alegaram que a levariam para um hospital. Durante o trajeto, seu corpo caiu para fora do porta-malas e, preso pela roupa, ficou pendurado e foi arrastado por volta de 350 metros na Estrada Intendente Magalhães. A cena do corpo da Cláudia sendo arrastado foi filmada por um cinegrafista anônimo (que seguia no carro atrás da viatura) e o vídeo foi divulgado pela imprensa.

Conhecida por Cacau, era mãe de quatro filhos e cuidava de outros quatro sobrinhos, com idades entre 5 e 18 anos. Segundo o marido, ela caminhava para comprar alimentos para seus filhos quando foi baleada. Cláudia trabalhava como auxiliar de serviços num hospital e completaria 20 anos de casada em setembro de 2014.

Levantamento mostra que 7 em cada 10 concursos públicos para universidades federais não reservam vagas pela lei de cotas

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Um levantamento mostrou que 7 em cada 10 universidades federais não reserva vagas pela lei de ações afirmativas. Segundo informações contidas no relatório de pesquisadores da Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco) e do Insper, divulgado nesta segunda (18) em parceria com o Movimento Negro Unificado e publicado pela Folha de S. Paulo, em 74,6% dos editais são ofertados apenas um ou dois cargos, dificultando que 20% da reserva de vagas previstas na lei seja aplicada.

Segundo a reportagem, as universidades distribuem as vagas disponíveis entre os departamentos, diferentes localidades do campus e áreas de conhecimento, resultando frequentemente em editais com menos de três vagas, o número mínimo necessário para implementar políticas de ação afirmativa.

A pesquisa analisou 3.135 editais de concursos públicos em 56 universidades federais. O estudo abrangeu o período entre junho de 2014, quando a lei entrou em vigor, até dezembro de 2022. Além disso, os pesquisadores também examinaram 6.861 editais de processos seletivos simplificados, direcionados a contratação de professores temporários. Destes, foi constatado que 76% não ofereciam número de vagas suficientes para cumprir as disposições da lei.

Ao totalizar os concursos e processos simplificados, os pesquisadores identificaram um total de 46.309 posições disponíveis durante esse período. Entre elas, cerca de 9.996 não foram reservadas para pessoas pretas ou pardas, conforme estipulado pela lei de cotas.

O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), expressou em seu voto a favor da constitucionalidade da lei de cotas a preocupação de que esta pudesse ser “fraudada pela administração pública se implementada de modo a restringir seu alcance”.

Com base nessa preocupação, os pesquisadores identificaram seis possíveis mecanismos que consideram ser utilizados para burlar o sistema de cotas. Estes incluem práticas como o fracionamento de cargos por área do conhecimento e a publicação de vagas em editais que oferecem apenas um ou dois cargos em um único mês.

Em um exemplo disso, foi observado que em 23 universidades os editais de concursos não mencionavam a obrigatoriedade das ações afirmativas, conforme previsto na legislação.

Esses achados são ainda mais significativos quando consideramos que apenas 0,53% das nomeações de professores em universidades federais são de pessoas negras que ingressaram por vagas reservadas, segundo um levantamento publicado em 2021, realizado pela Escola Nacional de Administração Pública, pela Universidade de Brasília e pelo então Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

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