Durante a última semana, Kelly Rowland foi barrada no tapete vermelho do festival Cannes. O acontecimento, que chamou atenção da internet, foi protagonizado por uma segurança branca, ainda sem identificação, que repreendeu a passagem da ex-integrante do grupo Destiny’s Child no evento.
“A mulher [segurança] sabe o que aconteceu. Eu sei o que aconteceu e eu tenho um limite. Eu mantenho esses limites e é isso”, disse Kelly, lamentando o ocorrido. “E tinham outras mulheres que estavam no tapete, que eram diferentes e não se pareciam comigo, e elas não foram repreendidas, não foram empurradas, nem solicitaram que elas saíssem de lá. E eu mantive minha posição e ela [segurança] achou que ela precisava manter a dela, mas eu mantive minha posição”.
Foto: David Fisher/Shutterstock.
Acontece que Kelly não foi a única barrada no evento. Dias depois, no mesmo local, a atriz dominicana Massiel Taveras foi impedida de permanecer no tapete vermelho. As cenas de repreensão também se repetiram com a artista coreana YoonA. A mídia internacional tratou as cenas como ‘desrespeitosas’.
Nas redes sociais, usuários observaram um padrão de tratamento para mulheres negras, latinas e asiáticas no festival de cinema. “O que essas mulheres estavam fazendo de errado? Nada. Exceto ser de uma etnia diferente da segurança”, declarou uma usuária.
Vencedor do Big Brother Brasil 2024, Davi Brito revelou que usou o dinheiro que recebeu de doações destinadas às vítimas no Rio Grande do Sul para se deslocar até o estado. O baiano alegou que não tinha dinheiro para se deslocar até o sul do país. “Inicialmente, pedi PIX para as pessoas porque realmente ainda não tinha condições financeiras de ir para o Rio Grande do Sul com os meus próprios meios”, explicou ele em entrevista para o jornal O GLOBO.
Nas redes sociais, Davi publicou uma série de vídeos realizando ações de ajuda no Rio Grande do Sul. Com o dinheiro das doações, o ex-BBB relata que comprou alimentos, água e muitos suprimentos para a população que precisava. “Mas consegui uma boa arrecadação. Consegui ajudar muitas pessoas fornecendo alimentação, água mineral e outros suprimentos necessários para que não passassem fome ou necessidade. Distribuí colchões, alimentação, água mineral. Fizemos compras para ajudar as bases e unidades de saúde que estavam precisando”, destacou ele.
Davi contou detalhando as ações que realizou no RS. “Distribuí colchões, alimentação, água mineral. Fizemos compras para ajudar as bases e unidades de saúde que estavam precisando. É algo que eu gosto de fazer. É amar ao próximo como a nós mesmos. E foi isso que me incentivou. Eu ajudei em tudo: trabalhando, cozinhando, entrando em barcos para salvar vidas, distribuindo mercadorias”, disse. “Olhar a cidade [de Canoas] debaixo d’água, ver todos os bens perdidos das pessoas, elas sem saber para onde ir e o que fazer. Pessoas pedindo socorro. Ver as pessoas perdendo os seus bens é muito triste”, lamentou.
Na última sexta-feira, 24, o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo inaugurou a exposição “Línguas Africanas que Fazem o Brasil”, sob a curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana. A mostra revela a profunda influência das línguas africanas no português falado, escrito e vivido no Brasil, destacando palavras como “fofoca”, “canjica”, “moleque”, “marimbondo” e “caçula”, todas de origem africana.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
A exposição propõe uma imersão nas formas verbais e não verbais das línguas africanas, utilizando vídeos, sons e instalações para que os visitantes possam sentir e entender essas influências em diversos aspectos culturais. “É impossível falar de línguas africanas no Brasil sem considerar essas outras dimensões de linguagem e as implicações do corpo nisso”, afirmou o curador Tiganá Santana em entrevista para a Agência Brasil. Ele destaca que a exposição vai além das palavras, abrangendo tambores, arquitetura, estampas e o jogo de búzios como formas de expressão linguística.
Santana explica que a exposição também aborda a integração das línguas africanas com o português através dos escravizados ladinos, crioulos e mulheres negras que atuavam como pontes culturais. A presença africana no Brasil, resultante do sequestro de cerca de 4,8 milhões de africanos entre os séculos 16 e 19, é destacada na mostra, que discute a ausência do ensino dessas línguas nos currículos brasileiros.
A exposição começa com 15 palavras africanas impressas em estruturas ovais de madeira, acompanhadas por gravações das vozes de moradores da região da Estação da Luz. Adinkras, símbolos utilizados pelo povo Ashanti, decoram as paredes e representam diversos aspectos culturais. Duas videoinstalações da artista visual Aline Motta, esculturas, tecidos e uma obra do multiartista J. Cunha complementam o percurso expositivo, oferecendo uma rica experiência sensorial e educativa.
Encerrando a exposição, televisores exibem manifestações culturais afro-brasileiras, enquanto uma sala interativa surpreende os visitantes com projeções artísticas ao som de palavras como “axé” e “zumbi”. Além da exposição, haverá uma programação paralela com clubes literários e saraus, enriquecendo ainda mais a experiência cultural.
“Línguas Africanas que Fazem o Brasil” ficará em cartaz até janeiro do próximo ano, com entrada gratuita aos sábados. Mais informações podem ser obtidas no site do Museu da Língua Portuguesa.
No último domingo, 26, Xuxa Meneghel esteve presente na 7ª Edição do Prêmio Sim à Igualdade Racial, promovido pelo Instituto ID_BR (@id_br). Durante a cerimônia, a apresentadora participou de uma esquete que relembrou suas antigas declarações sobre raça, nas quais ela dizia que gostaria de ter nascido negra. Na ocasião, ela perguntou à Deb, Inteligência Artificial criada para auxiliar em assuntos relacionados à questões de diversidade e inclusão se era correto dizer que ela gostaria de ter nascido uma mulher negra.
Ela lembrou que é sempre julgada por dizer que gostaria de ter nascido negra. Na ocasião, a tecnologia escreveu: “Xuxa, não é que você não pode, mas talvez não poderia falar isso sem uma ressalva sobre todo o contexto de uma vivência feminina negra. Há opressões, obstáculos e uma série de situações discriminatórias que uma mulher negra pode passar, que torna a existência dela muito mais difícil. Sua fala só enxerga uma bela superfície”, respondeu @ChamaADeb.
Em 2021, durante o programa Super Bonita, no GNT, apresentado por Taís Araújo, ao ser questionada como gostaria de vir ao mundo se pudesse nascer outra vez, ela respondeu: “Ah, Taís, eu gostaria de vir com a tua cor, teu cabelo, a tua pele”, afirmou. Na ocasião, Taís interrompeu dizendo: “Amor, não é bolinho não, hein. Quer mesmo? Vir preta não é mole não”.
Além disso, Xuxa também revisitou a letra da canção “Brincar de Índio”, de 1988, cujo conteúdo foi analisado por Deb. A inteligência artificial trouxe explicações detalhadas sobre os problemas da letra: “Não se fala mais índio, se fala indígena. Atualmente, entendemos que o termo ‘indígena’ é mais adequado, porque ‘índio’ generaliza os povos originários. Foi só um termo que os colonizadores deram em um total desprezo com as culturas e línguas que já estavam aqui. Indígenas não fazem barulho. Indígenas são mais de 300 povos que falam várias línguas e tem várias formas de expressões de suas etnias que precisamos aprender, Xuxa”
Depois de ser detida na Holanda, no último sábado, 25, acusada de carregar drogas, a rapper Nicki Minaj fez uma sequência de publicações em sua conta no ‘X’, onde pediu desculpas por adiar seu show em Manchester, no Reino Unido, e afirmou estar sendo sabotada.
Ela afirmou ter sido detida por cinco ou seis horas e escreveu: “Estão sendo pagos com muito dinheiro para sabotar minha turnê, porque muuuuita gente está brava por estar sendo um sucesso e não poder se livrar de mim. Eles foram pegos roubando dinheiro dos meus jatinhos de viagem. Foram demitidos. Ficaram bravos, etc”.
Nicki, que transmitiu o momento da abordagem em uma live, teve que adiar o show da Pink Friday 2 World Tour que faria em Manchester: “Por favor, por favor, por favor, aceitem meu mais sinceros e profundos pedidos de desculpas. Eles com certeza sabem exatamente como me machucar, mas isso também vai passar”, disse ela em uma mensagem direcionada aos fãs.
Para os fãs que aguardavam do lado de fora do hotel onde a artista estava hospedada em Manchester, ela escreveu: “Amo vocês e sinto muito que isso tenha acontecido”, ao falar sobre o atraso do show.
Entenda o caso
A rapper americana Nicki Minaj afirmou ter sido detida no aeroporto Schiphol de Amsterdã no sábado, 25, sob suspeita de posse de drogas leves. No momento da abordagem, que aconteceu no aeroporto de Amsterdã, a artista abriu uma live para denunciar o ocorrido. “Agora eles disseram que encontraram maconha e que outro grupo de pessoas tem que vir aqui para pesar os cigarros de maconha”, contou. A polícia holandesa confirmou a detenção de uma mulher norte-americana de 41 anos por posse de drogas leves, ressaltando a proibição de retirar essas substâncias do país. Nicki Minaj, ex-jurada do “American Idol”, realizou um show no Ziggo Dome de Amsterdã na quinta-feira e tem outro show agendado no mesmo local para o dia 2 de junho.
Neste sábado (25), o prefeito de Salvador, Bruno Reis, e o presidente do Benin, Patrice Talon, reuniram-se na Casa do Benin, no Centro Histórico de Salvador, para debater acordos de cooperação entre a capital baiana e o país africano. Um dos principais pontos discutidos foi a criação de um voo direto entre Salvador e Cotonou, a maior cidade beninense.
A criação do voo direto é vista como uma importante iniciativa para estreitar os laços entre Salvador e o Benin. A proposta é que a nova rota aérea seja subsidiada pelos governos do Brasil e do Benin, tornando os valores das passagens mais acessíveis.
Patrice Talon, presidente do Benin, corroborou a importância da iniciativa, afirmando que o voo direto aumentará a conexão entre as populações dos dois locais. “Decidimos que, para a criação desse voo direto, financiaríamos as passagens aéreas. Nos dois primeiros anos, vamos financiar estas passagens e fazer com que ninguém pague mais do que R$ 2.500”, destacou o presidente.
Durante o encontro, foi anunciado que uma comitiva do Benin visitará Salvador em julho para continuar as discussões sobre os acordos de cooperação. Em agosto, uma delegação da capital baiana irá ao Benin para aprofundar os debates.
No mesmo dia, Patrice Talon foi homenageado com o título de cidadão soteropolitano e recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares, entregue pelo presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz.
Durante o encontro, o prefeiro Bruno Reis destacou os esforços da cidade para promover o afroturismo, mencionando o programa “Salvador Capital Afro”, que visa projetar a cidade no cenário nacional e internacional. “Nós somos a cidade mais negra fora da África, 83% da nossa população é negra. E temos muito orgulho disso. É assim que nós temos que nos apresentar para todos que vieram nos conhecer e, sem sombra de dúvidas, há aí um grande potencial”, enfatizou o prefeito.
Recentemente, o governo do Benin apresentou um projeto de lei ao seu Parlamento uma proposta que tem como objetivo conceder cidadania a descendentes da diáspora. De acordo com o projeto de lei, qualquer pessoa no mundo que possua ancestrais da região da África Subsaariana, deportados fora do continente africano como parte do comércio de escravizados, pode ser elegível para obter a cidadania beninense. As condições para obtenção da cidadania incluem fornecer prova de afrodescendência através de documentos oficiais, testemunhos autenticados ou testes de DNA.
A Justiça Federal determinou que a União modifique o edital do concurso para o Corpo de Engenheiros da Marinha, garantindo que a cota de 20% reservada a candidatos negros seja calculada sobre o total de vagas oferecidas, e não por especialidade. O edital CP-CEM 2024, com provas marcadas para 30 de junho, oferece 24 vagas em 13 áreas de engenharia, mas apenas duas foram reservadas para cotas, quando deveriam ser cinco, conforme o critério legal de arredondamento.
Contexto da Decisão Judicial A decisão foi tomada pelo juiz Germano Alberton Júnior, da 1ª Vara Federal de Criciúma, em resposta a uma ação popular que questionava a divisão das vagas de cotas. Segundo Alberton, “os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida para burlar a política de ação afirmativa”. Essa interpretação está alinhada com precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reforçam a necessidade de uma aplicação rigorosa e uniforme das políticas de cotas.
Detalhes do Edital O edital em questão oferece vagas para diversas especialidades de engenharia, incluindo engenharias aeronáutica, civil, de materiais, entre outras. No entanto, apenas duas vagas foram inicialmente destinadas às cotas – uma para engenharia de produção e outra para engenharia mecânica. “O tipo de engenharia do cargo de engenheiro militar não justifica o fracionamento do cálculo das vagas destinadas aos cotistas conforme a Lei nº 12.990/2014. As vagas devem ser consideradas em sua totalidade”, explicou Alberton em sua decisão.
Impacto e Prazos A União foi notificada nesta quarta-feira (22) e tem cinco dias para cumprir a liminar. Caso não haja cumprimento, a União poderá enfrentar sanções. A decisão também está sujeita a recurso, que poderá ser encaminhado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre.
Repercussões e Reações Especialistas em direito constitucional e políticas públicas destacam que essa decisão reforça a importância de uma aplicação justa das cotas raciais em concursos públicos. “Esse é um passo importante para assegurar que as políticas de ação afirmativa sejam efetivamente implementadas e não apenas aparentes”, afirmou a professora de direito constitucional da USP, Maria Helena Lopes.
Por outro lado, alguns críticos argumentam que a unificação das vagas pode desconsiderar as especificidades de cada especialidade de engenharia, potencialmente criando um desajuste entre as qualificações dos candidatos e as necessidades específicas da Marinha.
O Futuro das Políticas de Cotas A decisão do juiz Germano Alberton Júnior pode abrir precedentes para outros concursos públicos que adotam práticas semelhantes de fracionamento de vagas. Essa medida reafirma o compromisso do judiciário em garantir que as políticas de cotas sejam aplicadas de forma abrangente e eficaz, promovendo a inclusão e a diversidade no serviço público.
A ação popular que resultou nessa decisão é identificada pelo número 5003553-97.2024.4.04.7204 e continuará a ser monitorada de perto por entidades que defendem a igualdade racial e a justiça social no Brasil.
Adriana Barbosa, fundadora do Festival Feira Preta, tem transformado o cenário cultural e econômico para a população negra no Brasil e além. Com um currículo impressionante que inclui ser uma das mulheres negras mais influentes do mundo segundo a Mipad e a primeira mulher negra reconhecida como Inovadora Social pelo Fórum Econômico Mundial, Adriana tem liderado iniciativas que promovem inclusão e diversidade de maneira sistêmica e impactante.
Ao realizar a 22ª edição do Festival Feira Preta, o maior festival de cultura negra da América Latina, trouxe novidades como a mudança de data e endereço. O evento estreou no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, e foi realizado no mês de maio, diferente das edições anteriores, que aconteceram no mês de novembro.
Com um evento maior, o festival alcançou um novo marco ao reunir 60 mil pessoas, um recorde de público, e gerar uma circulação monetária de mais de R$7 milhões. Além disso, este ano, o figital, conceito que combina a interseção entre o mundo físico e o digital, foi um dos grandes destaques tecnológicos com uma versão do Festival acontecendo no Metaverso.
“A gente olha a tecnologia como uma aliada e quando a gente resolveu fazer a feira no metaverso foi, sobretudo, numa perspectiva de acessibilidade e democratização para pessoas que estão fora da cidade de São Paulo poderem acessar. Então não tinha custo para as pessoas acessarem no formato do metaverso. Acho que a gente conseguiu transpor o máximo da experiência do físico para o digital”, afirmou Adriana Barbosa em entrevista para o Mundo Negro.
“A gente teve acessos não só do Brasil, mas sobretudo muitos acessos de fora do país. Gente de Miami, muita gente dos Estados Unidos, de outros países que acessaram, que ouviram a música, que gostaram, que se interessaram pelos conteúdos”, revelou.
Um dos aspectos notáveis do evento foi o investimento em práticas de ESG (ambiental, social e governança), sob consultoria e coordenação de Ari Couto, a partir da criação de indicadores. O trabalho também contou com a coordenação operacional de ESG e curadoria de profissionais dissidentes em acessibilidade e sustentabilidade, da Caroline Sampaio.
Adriana Barbosa conta que a construção do festival teve um olhar especial paraa governança, com mais de 90% dos postos de trabalho ocupados por pessoas negras.
O festival firmou uma parceria com a ONG Ação Social e arrecadou alimentos durante o festival. Os donativos, que somaram mais de uma tonelada, foram enviados para as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul.
“Do ponto de vista ambiental, a gente fez uma parceria com uma empresa que trabalha com resíduos, com coleta seletiva, com cooperativas, a gente fez neutralização de carbono, fez uma série de ações com esse olhar do impacto ambiental da Feira Preta acontecendo no Parque do Ibirapuera e do ponto de vista de acessibilidade, a gente fez parceria com organizações, sobretudo de surdo-mudo, de tradução em libras, de monitoria. Tinha uma série de ações”.
Recipientes para coleta de compostáveis nos restaurantes do Festival
Em entrevista, Ari Couto afirmou: “Como esta seria a primeira edição com o ESG, definimos junto à diretoria da Feira que as mudanças seriam implantadas gradativamente. Então para 2024 nosso foco foi redução de danos”. A partir daí, uma extensa lista de ações foi definida e implementada, entre elas: redução do uso de descartáveis plásticos; coleta e triagem dos resíduos recicláveis; Compartilhamento das metas sustentáveis com a equipe de Heads produtores; distribuição de água gratuita para o público; distribuição de Manual do Festival, contendo Diretrizes de Sustentabilidade para todas as Marcas, expositores e produtores; ter mais pessoas negras na liderança das equipes; tornar a maior parte do evento e experiências acessíveis a pessoas com diversas deficiências.
Alguns dos produtores da equipe ESG no festival que teve uma equipe 90% formada por pessoas negras
O Festival Feira Preta também teve uma Tenda de Acolhimento e Prevenção às Violências para acolher e orientar eventuais casos de racismo, transfobia, lgbtfobia, capacitismo, violências sexuais e outras, acessível tanto para o público, quanto para os colaboradores.
“Acredito que o casamento da Feira Preta com o ESG já é uma realidade, já que a população preta é também a que mais sofre com as catástrofes climáticas no país. O Festival quer ver gente preta sendo feliz e isso passa pelo nosso entorno e por toda a pluralidade de corpos e pessoas! Somos um quilombo plural!”, destacou Ari.
Planos para o Futuro
Adriana também tem planos ambiciosos para internacionalizar o Festival Feira Preta. Já existem colaborações com festivais em Ruanda, Burkina Faso, Reino Unido e Portugal, e a criação de uma plataforma que conectará produtores de festivais da diáspora. Esse movimento promete expandir ainda mais o impacto do festival e fortalecer a conexão entre comunidades negras globalmente.
Resiliência e Impacto
Para Adriana Barbosa, ser uma mulher negra a liderar o maior festival de cultura negra da América Latina vem com uma grande responsabilidade: “É uma responsabilidade enorme e, ao mesmo tempo, muito feliz de manter a resiliência dessa realização de vinte e poucos anos,” compartilhou ela. “Transformar o festival num grande movimento de fortalecimento da população preta, de maneira sistêmica, que é um trabalho que a gente vem fazendo de formiguinha há duas décadas. O que aconteceu esse ano é um resultado de muitos anos de aprendizados, de idas e vindas, de experimentações, de acertos, de sucessos, de muitas histórias”.
De volta ao papel de Lima Barreto, o ator Sidney Santiago Kuanza está em cartaz nos palcos para reviver o escritor e jornalista carioca. O monólogo “A Solidão do Feio” estreou sua turnê pelas unidades do Sesc do interior de São Paulo no dia 22 de maio, com apresentações até o dia 18 de julho, marcando mais uma fase importante na carreira do ator, que foi indicado ao Prêmio Sim à Igualdade Racial 2024 na categoria “Arte em Movimento”.
Após interpretar Lima Barreto no filme “Lima Barreto, ao Terceiro Dia”, papel que dividiu com Luís Miranda, Sidney Santiago Kuanza volta a viver o escritor em “A Solidão do Feio”, que faz um exercício ficcional da trajetória de Lima Barreto e se desenrola em um estúdio improvisado onde um ator e uma equipe recriam fragmentos da vida e obra do autor. Com cinco cenas curtas, prólogo e epílogo, o monólogo é contado em primeira pessoa, expondo as certezas, contradições e os sonhos do escritor.
Recentemente, o ator foi indicado ao Prêmio Sim à Igualdade Racial 2024, cuja cerimônia será exibida no canal Multishow e na TV Globo no dia 26 de maio. “A indicação é em função do meu trabalho de 19 anos junto à companhia. É um trabalho, antes de mais nada, pela visibilidade e pela inserção da comunidade negra nas artes. Representamos uma luta contra o racismo que ainda hoje é muito praticado nos palcos,” comenta Kuanza.
O monólogo faz parte de uma trilogia de apresentações da Cia. Os Crespos. Intitulada “Masculinidade & Negritude”, a trilogia de espetáculos leva os legados político, artístico e cultural de homens negros aos palcos. Kuanza, além de coordenar a tríade de apresentações, é um dos administradores da companhia.
A Casa do Núcleo Obará, um espaço cultural situado na Brasilândia, Zona Noroeste de São Paulo, realizará no dia 25 de maio de 2024, às 18h, um Sarau Terapêutico. O evento, que contará com entrada gratuita, visa inspirar a população local a buscar saúde e bem-estar, além de lançar o Clube de Fidelidade e a campanha de vendas do livro “Obará: Escrevivências Coletivas de Autocuidado”.
O Sarau Terapêutico é uma iniciativa que busca fortalecer a autoestima e revelar talentos por meio de atividades culturais. Durante o evento, os participantes poderão envolver-se em rodas de conversa, declamação de poesias, leituras e escritas. Além disso, estarão disponíveis profissionais de psicologia parceiros do Núcleo Obará, oferecendo um vislumbre das terapias regularmente praticadas no espaço, todas elas centradas na sensibilidade e na conexão com a ancestralidade.
“Para muitas pessoas, o acesso a essas práticas é um labirinto de barreiras financeiras, estruturais e sociais, especialmente para comunidades negras, LGBT+, quilombolas, indígenas e periféricas. O direito à saúde e aos processos de cura é fundamental para restaurar a igualdade e a justiça em um sistema que frequentemente marginaliza essas comunidades”, comenta Cátia Cipriano, psicóloga e terapeuta holística responsável pelo Núcleo Obará. O evento também contará com a leitura do texto “Saúde mental do homem negro” por Rodrigo Xavier Franco, extraído do livro “Saúde mental da população preta importa”.
O Núcleo Obará oferece práticas integrativas e complementares como Meditação, Massagem Ayurveda, Reiki, Radiestesia, Tarô e Fitoterapia. Essas atividades não apenas promovem o bem-estar da comunidade, mas também são uma importante fonte de renda para manter o espaço em funcionamento. O lançamento do Clube de Fidelidade visa democratizar o acesso a esses atendimentos, permitindo que mais pessoas possam beneficiar-se das terapias oferecidas.
A Casa do Núcleo Obará, criada em 2019 pela psicóloga Cátia Cipriano, é um elo entre tradição e inovação. Focada no suporte psicológico a militantes do movimento negro e estudantes de cursinhos populares, a Casa passou por uma reformulação significativa em 2023, reafirmando seu compromisso de fornecer um espaço inclusivo e curativo. “Celebramos e honramos os saberes ancestrais, construímos pontes entre tradição e contemporaneidade e continuamos a trilhar o caminho do cuidado integral”, afirma Cipriano.
Para mais informações, visite as redes sociais do Núcleo Obará: Instagram e Facebook.
Serviço: Sarau Terapêutico
Data: 25 de maio de 2024 (sábado)
Horário: 18h
Local: Casa do Núcleo Obará
Endereço: Rua Itaiquara, 71, Itaberaba, Brasilândia, Zona Noroeste de São Paulo (SP)