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Jonathan Haagensen e Mariana Veil querem promover entretenimento brasileiro com narrativas negras positivas

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Foto: Blínia

Há dois anos, o ator e produtor Jonathan Haagensen, em sociedade com a produtora e roteirista Mariana Veil, fundou a Black Pen Filmes, uma produtora audiovisual com o objetivo de valorizar a representatividade negra na televisão, construir novos imaginários e contar histórias inspiradoras. Hoje, eles celebram o lançamento da primeira criação e produção como sócios: a série “Toda Família Tem“, que estreou na última sexta-feira, 12 de julho, no Prime Video.

“A criação da Black Pen tem a ver com o processo criativo do audiovisual brasileiro do qual eu fiz parte a vida toda. Percebi que os universos criados eram sempre representando o corpo preto pelo ponto de vista estereotipado e estigmatizado, sempre numa situação de vulnerabilidade. Eu era o objeto que representava esse corpo nas grandes obras que participei”, afirma Jonathan Haagensen, sócio-fundador da produtora.

“Percebendo essa dinâmica, entendi que, para mudar esse contexto, eu precisava construir o meu próprio universo. Aí surge a Black Pen Filmes, com o propósito de desenvolver histórias solares, com dramas comuns sempre com um olhar positivo, aspiracional e vocacionado para histórias cotidianas, promovendo entretenimento com responsabilidade e excelência”, acrescenta. 

Pedro Ottoni (Foto: Divulgação/Black Pen Filmes)

A série “Toda Família Tem”, também é co-criada com o ator Pedro Ottoni, protagonista da comédia. Na trama, Pê, um jovem de 19 anos, vê sua vida mudar quando retorna com a família para a casa da avó Geni no Rio de Janeiro, deixando para trás seu estilo de vida confortável. Enquanto se adapta às confusões da Família Silva, ele enfrenta seus próprios dilemas e inquietações de jovem mimado em busca de autoconhecimento. 

Jonathan também revela suas inspirações para criação da série. “A ideia era ocupar uma prateleira do entretenimento brasileiro na referência de séries americanas que a gente consumiu a vida inteira. Eu cresci assistindo ‘Todo Mundo Odeio o Chris’, ‘Um Maluco no Pedaço’, ‘Eu, a Patroa e as Crianças’, então era uma necessidade ter algo parecido com isso, só que brasileiro”, diz. 

“A camada por trás desse desejo era humanizar os personagens com camadas e subjetividades, com problemas universais e comuns, com direito de errar, de ser mimado, de lutar pelos próprios sonhos. O objetivo era ter uma família bem brasileira, uma Família Silva, com diversas gerações representadas e organizadas através do afeto”, conta. 

Elenco de Toda Família Tem (Foto: Divulgação/Black Pen Filmes)

Além de representar o Brasil na frente das telas, a Black Pen Filmes também conta uma equipe diversa e de diferentes regiões do Brasil, que ocupam cargos de liderança nas equipes, atuam nas tomadas de decisões, além de trazer um olhar crítico e atento para contar uma história. 

A comédia é dirigida pelas diretoras Cris D’Amato e Yasmin Thayná. A sala de roteiro foi chefiada por Renata Di Carmo, e composta pelos roteiristas Pedro Ottoni, Guilherme Temponi, Maria Shu, Junior Figueiredo e Vinnicius Morais. Mariana Veil, Jonathan Haagensen e Pedro Ottoni também são os produtores executivos.

Em entrevista ao Mundo Negro, Yasmin falou sobre a experiência de se inspirar em séries norte-americanas para dirigir uma série sobre uma família negra brasileira. “Com certeza [pensar] os almoços de família, as festas de Natal, os nossos modos de organização e de fazer com que a gente esteja junto, é uma das grandes referências também para esse trabalho de direção”, diz.

Pedro Ottoni, Yasmin Thayná, Malu Miranda, Bia Caldas, Mariana Veil e Jonathan Haagensen (Foto: Blínia)

No entanto, ela vê mudanças de tradições ao observar para trazer à realidade brasileira. “Esses desdobramentos, a família tradicional brasileira não é bem essa família que a gente está acostumada a pensar quando fala de família tradicional. É uma família que traz o matriarcado, que tem uma herança africana embutida. A chefe de família é a avó. Então, o mais velho [está] num lugar de força, não de vulnerabilidade”, afirma.

Enquanto diretora, Yasmin revela que seu maior desejo é oferecer um produto com mais leveza para a vida das pessoas, mostrando para a indústria do audiovisual que existem profissionais capacitados para a realização destes projetos. 

“Eu espero que isso também chegue nas autoridades brasileiras, para as secretarias que pensam políticas de audiovisual, para que a gente tenha mais investimento para esse tipo de conteúdo, para novos diretores e diretoras que estão vindo aí, atores, terem capacidade financeira para poder produzir coisas que possam fortalecer as nossas vidas e os nossos cotidianos de uma forma mais positiva”, pontua. 

Elenco de Toda Família Tem (Foto: Divulgação/Black Pen Filmes)

Mariana Veil, sócia da Black Pen Filmes, conta que ela e Jonathan foram muitos presentes em cada etapa para realização da série. “São muitos desafios e tivemos uma equipe de máxima excelência em todos os departamentos para que a série existisse com muita qualidade. Nós fomos cuidadosos e generosos uns com os outros, respeitando muito o processo, trabalhando no afeto, sendo propositivo, com muita escuta e muita troca”, diz. 

“Em uma primeira série produzida pela Black Pen, nós conseguimos promover um set produtivo, saudável e muito divertido, para que o propósito da série, principalmente no humor, fluísse da melhor forma, e é o que vemos transmitido no ‘Toda Família Tem’”, celebra. 

Sobre o futuro, a Black Pen Filmes está em desenvolvimento de uma livre adaptação da obra “Desde que o Samba é Samba”, do escritor Paulo Lins, em parceria com a Ventre Studios, além de novos projetos originais de filmes criados pela produtora e também o licenciamento de outras duas propriedades intelectuais de 9escritores negros.

Leandro nega acusações de abuso sexual e afirma que Netflix editou sua defesa no “reencontro”

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Foto: Reprodução/Netflix

Leandro Marçal, participante de Casamento às Cegas Brasil 4, investigado estupro, violência psicológica e doméstica, após as graves acusações feitas pela ex-esposa Ingrid Santa Rita durante o episódio do “reencontro”, divulgado na última quarta-feira, 10 de julho, se pronunciou pela primeira vez sobre o caso e negou todas as acusações.

“Eu, Leandro Marçal informo que jamais pratiquei quaisquer fatos que me foram imputados pela Sra. Ingrid Santa Rita, com quem tive um breve relacionamento amoroso, como é de notório conhecimento”, inicia o texto publicado no Instagram, neste domingo, 14. “Declaro ainda, que tais fatos, os quais, surpreendemente, foram relatados na gravação do episódio ‘o reencontro’ ocorrido em 07/07/24 não condizem com as trocas sempre consensuais que tivemos durante o matrimônio”, completa.

O personal trainer também acusa a Netflix e a Endemol Shine Brasil de editar o episódio em que ele afirma ter se defendido das acusações feitas pela arquiteta. “Naquele episódio e momento, publicando-o da forma como bem quis, motivo que também serão objeto de todas as medidas judiciais cabíveis, já que no episódio publicado […] o DECLARANTE ‘silenciou’ às acusações realizadas pela Sra. Ingrid Santa Rita, o que não condiz com a verdade do ocorrido”, diz.

Segundo Leandro, medidas judiciais serão tomadas com acusações de calúnia, difamação e injúria. “Manifesto meu mais sincero pesar por todas essas acusações caluniosas, ressaltando que sempre respeitei a Sra. Ingrid Santa Rosa, jamais cometendo quaisquer atos ilícitos, o que será cabalmente provado. Ressalto que em breve farei manifestação pública”, continua.

O participante do reality também explicou porque veio à público neste momento. “Era o que me cumpria neste momento, em respeito à meus familiares, amigos, e à população em geral manifestar-me”.

Entenda o caso

Neste sábado, 13, a Secretaria de Segurança Pública confirmou a informação de que a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) está investigando Leandro Marçal por estupro, violência psicológica e doméstica, depois que Ingrid Santa Rita, sua ex-esposa, o denunciou.

O caso de abuso sexual foi denunciado por Ingrid durante o reencontro dos participantes do reality, divulgado pela Netflix na última quarta-feira, 10. No dia 11, ela publicou um vídeo no Instagram afirmando que havia aberto um boletim de ocorrência contra o ex-companheiro.

Lauryn Hill encerra festival da Chic Show em grande estilo

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Foto: Isadora Santos/Mundo Negro

Ms. Lauryn Hill, uma lenda R&B, subiu no palco do festival que celebra os 50 anos do baile da Chic Show e fez um show histórico e grandioso, no Allianz Parque, em São Paulo, neste sábado, 13 de julho.

A vencedora do Grammy apresentou músicas do álbum “The Miseducation Of Lauryn Hill”, convidou Wyclef Jean para relembrar os clássicos do grupo Fugees, como Ready or Not, além de também vir acompanhada dos filhos YG Marley e Zion Marley, que apresentaram seus sucessos, como Praise Jah In The Moonlight e Best of Me, respectivamente. 

Durante a apresentação memorável na história da música negra em São Paulo, outros grandes artistas também passaram no palco. Mano Brown, a penúltima atração do evento, apresentou o seu álbum Boogie Naipe junto com o Lino Krizz e fez uma grande surpresa ao cantar Fórmula Mágica da Paz com a presença do grupo Racionais MC’s.

Foto: Isadora Santos/Mundo Negro

Jimmy “Bo” Horne, um dos maiores nomes da cena Black Music e da era Disco, outra grande atração internacional da Chic Show, também agitou o público ao transformar o espaço em uma pista de dança ao cantar sucessos como Dance Across the floor e Spank.

A primeira atração do festival ficou por conta da veterana Sandra Sá, a rainha do soul, que revisitou seus grandes clássicos que são um marco para a comunidade negra, como Olhos Coloridos, e destacou a importância da população negra não aceitar ser tratada como minoria, sendo que somos a maioria no país.

Foto: Isadora Santos/Mundo Negro

Em seguida, o rapper Rael fez um show envolvente com seus grandes sucessos, como Envolvidão, Flor de Aruanda, homenageou o Chic Show com uma música inédita e cantou a música Lucro do grupo BaianaSystem, fazendo todos saírem do chão.

Criolo, ao lado do DJ Dandan no palco, também reafirmaram a importância do baile black, para além de uma festa, cantaram clássicos do samba, e o rapper ainda surgiu com os seus pais no palco, emocionando o público, enquanto cantava a música Ogum Ogum.

As maiores cantoras da França atualmente são mulheres negras: Yseult e Aya Nakamura

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Foto: Stephane Cardinale Corbis ; Getty Images .

Você provavelmente já deve ter escutado a música ‘Alibi’ nas redes sociais. Sucesso viral em parceria com Pabllo Vittar e Sevdaliza, a música traz a participação de Yseult, cantora de 28 anos que, atualmente, é considerada como uma das maiores promessas da França. Juntamente, com a consagrada Aya Nakamura, as duas estrelas são as maiores cantoras do país europeu.

Yseult Onguenet, mais conhecida simplesmente como Yseult, nasceu em 19 de agosto de 1994 em Quessy, França. Ela ganhou destaque ao participar da décima temporada do programa “Nouvelle Star” em 2014, onde terminou em segundo lugar. A partir daí, a jovem estrela começou a construir uma carreira marcada por sua voz poderosa e letras profundas.

Seu estilo musical é uma fusão de pop, soul e chanson française, muitas vezes abordando temas pessoais como amor, dor e identidade. Yseult é conhecida por sua autenticidade e por desafiar os padrões de beleza convencionais, promovendo a aceitação do corpo e a autoaceitação. Sua música “Corps” se tornou um hino de empoderamento, celebrando a diversidade e a singularidade de cada indivíduo.

Aya Nakamura, por outro lado, já é uma das artistas mais populares da cena musical francesa e uma figura proeminente no afrobeat e no pop contemporâneo. A artista ganhou fama com o lançamento de seu single “Djadja” em 2018, que se tornou um sucesso internacional, alcançando milhões de visualizações no YouTube e dominando as paradas musicais em vários países. Sua música é conhecida por suas batidas cativantes, letras envolventes e pela fusão de influências africanas com ritmos urbanos.

Além de sua música, Aya Nakamura é também uma figura influente na moda e cultura pop, conhecida por seu estilo ousado e moderno. Ela frequentemente utiliza suas plataformas para abordar questões de representatividade e empoderamento das mulheres negras. Yseult e Nakamura representam uma nova geração de artistas que estão redefinindo a música francesa e quebrando barreiras na indústria.

Iza fala sobre o que espera da maternidade no programa ‘Conversa com Bial’: “Quero sentir que estou fazendo um bom trabalho”

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Convidada da última sexta-feira, 12, do programa Conversa com Bial, do GNT, Iza compartilhou o que espera da maternidade. A cantora está grávida de Nala, sua primeira filha.

“Espero muito ser uma boa mãe e saber que sou uma boa mãe. Tentar não me culpar tanto, embora eu saiba que a culpa é uma coisa que acompanha todas nós,  quero sentir que estou fazendo um bom trabalho. Quero que ela cresça muito feliz, rodeada de pessoas que a amam, com uma autoestima maravilhosa”, disse.

“Estou doida para voltar ao ritmo normal das coisas, adaptando, claro, eu quero poder viver de música para o resto da minha vida”, confessou ela.

Na última semana, a cantora veio a público contar que havia descoberto que o ex-namorado, Yuri Lima, que é pai de Nala, havia trocado mensagens de cunho sexual com outra mulher enquanto os dois estavam namorando.

Ela publicou um vídeo no Instagram para comunicar ao público o motivo do término e contou que a mulher, pivô da separação,  quis vender para Léo Dias, os prints das conversas entre ela e o jogador do Mirasol.

“E eu só queria muito vir falar com vocês aqui, pessoalmente, pra que vocês me vissem e ouvissem de mim. Que eu e Yuri Lima, o jogador, nós não somos mais um casal”, afirmou.

Saiba quem é Tiana Tukes, primeira mulher trans negra a alcançar destaque no mundo das finanças nos EUA

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Foto: Reprodução

As mulheres negras desempenharam um papel fundamental na trajetória profissional de Tiana Tukes, primeira mulher trans negra a alcançar destaque no mundo das finanças nos Estados Unidos. Em entrevista à revista Essence, ela contou que iniciou a carreira no jornalismo, mas foi incentivada por um amigo a explorar o setor financeiro. Arlan Hamilton, fundador da Backstage Capital, foi um dos maiores defensores dessa mudança. A empresa de Hamilton é dedicada a apoiar start-ups lideradas por mulheres, pessoas negras e/ou que se identificam como LGBTQ.

Ao longo dos anos, Tukes ocupou cargos em áreas de investimentos, operações e parcerias em empresas de prestígio como Silicon Valley Bank, Plume Clinic, Sequoia Capital, Accenture e Spotify. Em 2022, ela cofundou a LGBT VC, uma organização global sem fins lucrativos dedicada a empoderar investidores LGBTQ, destacando-se como pioneira nesse espaço.

“Fiz essa escolha porque sabia que a indústria precisava de infraestrutura”, explica Tiana Tukes. “Sou negra, mulher e transgênero. Trabalhei nas principais empresas de empreendimentos, como Sequoia Capital, e conheço bem a competitividade do setor. Fundar a LGBTQ VC foi um trabalho de amor do qual tenho imenso orgulho.”

Enquanto liderava a organização, Tukes promoveu programas no gabinete do prefeito de Nova York, apoiando o emprego de verão para jovens, especialmente aqueles queer e trans, negros, de famílias de imigrantes e de baixa renda. Agora, ela leciona empreendedorismo no Spelman College como professora adjunta, considerando esse momento um “círculo completo”.

“Mulheres negras desempenharam um papel fundamental na minha carreira, e esta é minha maneira de retribuir. Os estudantes são a razão pela qual faço o que faço. Conheci jovens fenomenais que vão mudar o mundo,” conclui Tukes.

Polícia investiga ex-participante de ‘Casamento às Cegas’ por estupro, violência psicológica e doméstica

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🚨 ALERTA DE GATILHO 🚨

O personal trainer Leandro Marçal, ex-participante do reality Casamento às Cegas, está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) por estupro, violência psicológica e doméstica, depois que Ingrid Santa Rita, sua ex-esposa, o denunciou.

A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública neste sábado, 13, segundo informações do Estadão.

O caso de abuso sexual foi denunciado por Ingrid durante o reencontro dos participantes do reality, divulgado pela Netflix no dia 10. No dia 11 de julho, ela publicou um vídeo no Instagram afirmando que havia aberto um boletim de ocorrência contra o ex-companheiro.

Entenda o caso

A Netflix disponibilizou o episódio de reencontro da quarta edição do reality show “Casamento às Cegas – Uma Nova Chance”, e a cena da participante Ingrid Santa Rita expondo o que sofreu em seu casamento com Leandro Marçal chocou o público. Ingrid relatou que foi tocada sem seu consentimento pelo ex-marido enquanto dormia. Muitas pessoas apontaram um certo descaso da equipe do streaming em não colocar um aviso de conteúdo sensível no início do episódio e ainda submeter Ingrid a dividir o mesmo ambiente que Marçal.

Em uma publicação nas redes sociais, a comunicadora Gabi Oliveira, conhecida como Gabi de Pretas, questionou: “Queria entender o que fez a produção de #CasamentoAsCegas4 achar que era uma boa ideia colocar alguém que diz ter sofrido abuso frente a frente com a pessoa que ela está acusando! A Ingrid falou que mal conseguia olhar para ele sem se sentir mal e o programa quis manter a dinâmica assim mesmo!”, observou ela.

Conversamos com Zaira Pereira, advogada criminalista, professora de direito em Minas Gerais e membro da rede global de advogadas negras Black Sisters in Law, que explicou como, do ponto de vista da legislação brasileira, Ingrid Santa Rita e demais mulheres que sofrem a mesma violência podem se proteger, além de destacar a responsabilidade das plataformas de streaming: “Os programas de televisão e as plataformas devem criar um protocolo de condutas a serem observadas por todos de um modo geral, condutas estas preventivas que vão primar pelo acolhimento e atenção às vítimas de abuso”. A advogada ainda destacou que: “Qualquer relação sexual não consentida, mesmo que seja entre cônjuges viola a liberdade sexual, a dignidade sexual da pessoa, devendo também ser tratada na esfera penal”.

Documentário que celebra legados das mulheres Afro Latino-Americanas e Caribenhas será lançado no Festival Latinidades

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Foto: Reprodução

O documentário interativo “Afrolatinas: 30 anos em movimentos”, dirigido por Viviane Ferreira, celebra patrimônios e legados das Mulheres Afro Latino-Americanas e Caribenhas e será lançado no Festival Latinidades, de 25 a 27 de julho, no Museu Nacional, em Brasília.

Com o objetivo de proporcionar uma viagem pela luta por equidade de gênero e raça, retratando as trajetórias e contribuições de mulheres negras na região, especialmente aquelas cujas histórias são pouco conhecidas ou registradas, a produção apresenta depoimentos de 14 mulheres ativistas.

Foram ouvidas personalidades como Nilza Iraci, ativista e presidente do Geledés; Lucia Xavier, fundadora da ONG Criola, que promove os direitos das mulheres negras; Nilma Bentes, socióloga, professora e ativista; Valdecir Nascimento, coordenadora executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra; Cida Bento, psicóloga e diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades; Epsy Campbell, ex-vice-presidenta da Costa Rica; Creuza Oliveira, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad). Além disso, o documentário conta com depoimentos das ativistas Aline Torres, Doris Quiñones Hernández, Jaqueline Fernandez, Heliana Hemetério, Matilde Ribeiro, Naiara Leite, Sérgia Galván Ortega e Tânia Ramirez.

Para Viviane Ferreira, o “Afrolatinas” é um manifesto de inspiração e um documento histórico sobre as lutas, saberes e fazeres de mulheres negras na América Latina. “Queremos honrar o legado e os movimentos dessas mulheres que são patrimônios vivos de nossa história”, afirma a cineasta, ex-presidente da Spcine e também diretora do filme Ó Paí Ó 2.

O documentário revisita a história e os impactos do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, instituído em 1992. A data tornou-se um marco de lutas, inspirando o lançamento do I Festival Latinidades no Brasil, em 2008. O filme explora a origem e a relevância do “Latinidades”, mostrando como o festival se transformou no maior evento dedicado às mulheres negras da região e em uma plataforma multilinguagem que promove e gera renda para a produção artística e intelectual de mulheres negras.

“O Latinidades começou há 17 anos como um festival de arte, cultura e formação política e, hoje, é uma plataforma que gera renda e celebra a potência, as tecnologias e as contribuições das mulheres negras para a sociedade, ao mesmo tempo em que cobra políticas públicas. Fazemos isso porque aprendemos com as nossas mais velhas. Para mim, contar a história do dia da mulher negra e como ela inspirou a criação do Festival Latinidades é a realização de um sonho”, comenta Jaqueline Fernandes, CEO do Instituto Afrolatinas, organizador do festival.

Utilizando pesquisa de acervos, entrevistas e recursos digitais, o material combina imagem, texto e som com linguagens artísticas como fotografia, artes visuais, literatura, arte-tecnologia e música.

Complementando a grandiosidade do “Afrolatinas: 30 anos em movimento”, o público poderá explorar uma experiência imersiva e interativa também durante o Festival Latinidades, de 25 a 27 de julho.

Com a ajuda de uma plataforma de jogos em realidade virtual, será possível vivenciar os conteúdos do documentário imersos em universos naturais, selecionados a partir de elementos mágicos que simbolizam a mata, a terra e a água. Usando óculos VR, o público poderá acompanhar depoimentos que revivem a história dos movimentos sociopolíticos em cenários especialmente criados e escolhidos pelas mulheres entrevistadas, de acordo com a paisagem que mais combina com sua trajetória, forma de pensar ou preferência.

“Procuramos acolher cada entrevistada no momento do depoimento. Por isso, pedimos que cada uma escolhesse um desses cenários em que se sentisse mais ligada, pelas correlações dos elementos com sua jornada. E assim, permitir que ela contasse não só sobre sua luta, mas também expressasse quem ela é diante e acima de tudo isso”, explica Viviane Ferreira.

100 anos de Eduardo de Oliveira e Oliveira, um dos pioneiros no estudo sobre Frantz Fanon no Brasil

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Foto: Documentário da TV Cultura/Rodrigo Zanin

A celebração da existência de um intelectual negro como Eduardo de Oliveira e Oliveira (1923-1980), que marcou o pensamento negro na década de 1960 e 1970, poderia ser tema de muitos seminários e homenagens. O problema é que a militância exige diariamente estar em um combate a cada instante. E nem sempre há tempo pra reflexão de antigos griots.

O professor Antônio Candido fez o seguinte depoimento sobre Eduardo de Oliveira e Oliveira: “Convivendo com Eduardo de Oliveira e Oliveira, sentia-se a fundo a dignidade do homem inconformado; aquele que diz – não – e obriga os outros a sentirem o peso inquietante desse não saneador. Sentia-se também a qualidade rara dos que têm na vida um objetivo verdadeiro para acondicionar os atos e dar sentido ao pensamento. O requinte, a impecável cortesia emprestavam um gume singular à força de sua coragem e à integridade de todo o seu ser..”

O pensamento de Eduardo de Oliveira e Oliveira pode ser localizado na intersecção entre a crítica à sociologia de relações raciais da USP, o diálogo com o novo ativismo político negro em São Paulo dos anos 1970 e um intercâmbio com pesquisadores e intelectuais dos Estados Unidos, país de onde trouxe a ideia do Núcleo de Estudos na UFSCAR, projeto (não concretizado) precursor dos NEABs contemporâneos.

Eduardo de Oliveira e Oliveira, sociólogo formado em 1964, pela USP, foi um dos pioneiros no estudo sobre relações raciais e sobre o pensador antilhano Frantz Fanon no Brasil. Eduardo recorre a Fanon para elaborar uma crítica às limitações teóricas ao marxismo como ferramenta teórica para estudar as questões das relações raciais.

A identidade teórica com o pensamento de Frantz Fanon se dá por ser um cientista social negro, identificado com uma realidade semelhante à brasileira e com a seguinte indagação: “até que ponto o marxismo tentando provar que é universal não é também etnocêntrico?”

Transcrevo um trecho do artigo do professor Eduardo de Oliveira e Oliveira: “De uma ciência Para e não tanto sobre o Negro”, apresentado na 29ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em julho de 1977.

Pela primeira vez o tema sobre negro foi apresentado na SBPC. Segundo Eduardo de Oliveira e Oliveira, o cientista Fanon pretendeu transcender o marxismo levando em conta a questão do negro:

“1- Marx eleva o proletariado como classe revolucionária e subestima desdenhosamente o papel de outras classes e grupos. Fanon por outro lado, eleva o campesinato e o lumpemproletariado.
2- Marx acentuou as áreas urbanas, enquanto Fanon acentua as áreas rurais.
3- Marx viu a Europa como estágio no qual o moderno drama do conflito seria trabalhado; Fanon por sua vez apontava para o Terceiro Mundo.
4- Marx estava parcialmente comprometido com o uso da violência revolucionária. Fanon via a violência como uma necessidade absoluta no processo revolucionário.
5- Marx enfatizou a fidelidade de classe e o conflito de classes, Fanon ressaltou e reconciliou os conflitos de classe e “raça”
6- Marx negou o nacionalismo por internacionalismo; Fanon viu o nacionalismo como degrau necessário para o internacionalismo.
7- Enquanto Marx confia na classe burguesa para o progressismo e revolucionismo na Europa, Fanon via a burguesia no Terceiro Mundo como inepta, imitativa e inútil
8- Marx sustentou uma concepção quase totalitária da imediata situação post-revolucionária. Fanon rejeitou isto em favor do completo comunalismo liberal”

Reverenciar Eduardo de Oliveira é promover um bom debate sobre a contribuição teórica e militante que um intelectual negro nos deixou como legado e influência sobre o movimento negro no século XX.

Para aprofundar os estudos sobre Eduardo de Oliveira, recomendo a leitura dos seguintes textos:

Cf. GUIMARÃES, Vera; HAYASHI, Maria. Inventário analítico da coleção “Eduardo de Oliveira e Oliveira”. São Carlos: Arquivo de História Contemporânea/Secretaria da Cultura de São Paulo, 1984.
Oliveira, Eduardo Oliveira para e não tanto sobre o negro . De uma ciência https://aterraeredonda.com.br/de-uma-ciencia-para-e-nao-tanto-sobre-o-negro/

OLIVEIRA, Eduardo de Oliveira e. Uma Quinzena do Negro. In: ARAÚJO, Emanoel (Curadoria). Para nunca esquecer: negras memórias, memórias de negros. Brasília: Ministério da Cultura/Fundação Cultural Palmares, 2001.

__. Discurso na Quinzena do Negro. In: RATTS, Alex. Eu sou Atlântica: sobre a Trajetória de Vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial/Instituto Kuanza, 2007.
CARONE, Iraí. A flama surda de um olhar. In: Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes; 2014.
SILVEIRA, Paulo Fernandes. Movimento negro e Ditadura; In https://aterraeredonda.com.br/movimento-negro-na-ditadura-militar/
RATTS, Alex. Corpos negros educados: notas acerca do movimento negro de base acadêmica. Nguzu, Londrina, v. 1, n. 1, p. 28-39, 2011.
TRAPP, Rafael P. O Elefante Negro: Eduardo de Oliveira e Oliveira, raça e pensamento social no Brasil. São Paulo, Alameda, 2020.
Documentário “O negro, da senzala ao soul”. TV Cultura, 1977. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5AVPrXwxh1A.

Documentário “Orí”. Raquel Gerber, 1989. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DBxLx8D99b4.

Benedita da Silva vai receber título de Doutora Honoris Causa pela UFRRJ

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Foto: Reprodução

Uma das principais referências negras da política no Brasil, a deputada federal Benedita da Silva receberá o título de Doutora Honoris Causa após o Conselho Universitário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) aprovar a concessão da homenagem na última quinta-feira, 11 de julho.

Conhecida popularmente como Bené, Benedita iniciou sua carreira na Associação de Moradores do Morro Chapéu Mangueira e teve uma trajetória marcada por diversas profissões, incluindo camelô, empregada doméstica, professora, auxiliar de enfermagem e assistente social. Foi vereadora no Rio de Janeiro, deputada constituinte, deputada federal, senadora e vice-governadora. Em 1994, tornou-se a primeira mulher negra eleita senadora da República, e foi a única mulher negra a participar da Assembleia Constituinte.

A proposta para conceder o título a Benedita foi apresentada pelo técnico-administrativo Maurício Marins, do Instituto de Tecnologia da UFRRJ. Durante a sessão do Conselho Universitário, Maurício destacou a atuação de Benedita na implementação de políticas de cotas e em iniciativas voltadas para as universidades, especialmente a UFRRJ.

Os conselheiros presentes se manifestaram, elogiando a trajetória de Benedita e ressaltando sua importância como símbolo de representatividade para as mulheres negras. O título de Doutora Honoris Causa foi aprovado por aclamação.

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