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Primeira instituição educacional afro-brasileira no Brasil inaugura unidade no RJ e anuncia mutirão de matrículas

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Foto: DIvulgação

A Escola Afro-brasileira Maria Felipa, a primeira instituição educacional infantil afro-brasileira cadastrada no Ministério da Educação, anunciou a inauguração de uma unidade no Rio de Janeiro e mutirão de matrículas, no próximo sábado, 19 de outubro, que já conta com 600 pré-inscritos. A escola será no bairro Vila Isabel, com capacidade para mais de 300 estudantes.

A instituição foi criada há seis anos no bairro do Garcia, em Salvador, por Bárbara Carine, idealizadora e consultora pedagógica da instituição, no processo de adoção de sua filha, uma criança negra, e conta como sócia a empresária e dançarina Maju Passos. Com turmas que vão do infantil ao fundamental e uma educação trilíngue (brasileiro, inglês e libras), na unidade do Rio de Janeiro, se junta a elas a atriz Leandra Leal.

“Levarmos a Escola para o Rio de Janeiro, que tem mais da metade de sua população negra é contribuir para a luta antirracista, que dentre as suas contribuições está um projeto educacional para a equidade. Temos sido bem acolhidos e uma procura muito grande, algo que nunca tivemos em Salvador, esperamos que todo sucesso na capital carioca reverbere em matrículas também da Bahia”, celebra Bárbara Carine sobre a nova unidade da Maria Felipa para o processo de nacionalização do projeto didático-pedagógico.

Apesar do reconhecimento midiático e de premiações conquistadas, incluindo do prêmio Sim à Igualdade Racial do ID_BR (2019) na Categoria Educação, Maju Passos destaca que “isso não corresponde ao número de matrículas dentro da nossa escola em Salvador, temos hoje menos de oitenta por cento de alunos do que a nossa capacidade total”.

Fachada EMF – unidade Rio de Janeiro

Parceria

A aproximação com Leandra Leal acontece em 2023, após a atriz convidar Bárbara Carine para jantar. “Depois desse encontro, ela trouxe a filha Juju, uma criança negra, para passar uma semana em nossa Escola. Ela e o esposo ficaram mais encantados pelo projeto que desenvolvemos. No mês seguinte já estávamos as três sócias reunidas, a falar da expansão para o realidade no Rio de Janeiro”, relembra.

A unidade carioca receberá toda a metodologia decolonial criada nos últimos seis anos em Salvador. “A ideia inclusive é que as equipes estejam em diálogo o tempo todo, cada uma respeitando a realidade local, pois um dos nossos objetivos enquanto Escola é o respeito à diversidade cultural e étnica-racial”, afirma Maju Passos. 

Foto: Divulgação

Caminhos

A instituição surge para promover uma educação escolar que estivesse fora dos marcadores historiográficos eurocêntricos e subalternizados de existências não-brancas, ao perceber que esse lugar não existia. E essa promoção está em toda organização didático-pedagógica da Escola Maria Felipa, desde cada turma que é nomeada por um reino/império africano que norteará os estudos dos grupos, sendo eles, Império Inca (G2 – 02 anos), Reino Daomé (G3 – 03 anos ), Império Maia (G4 – 04 anos), Império Ashanti (G5 – 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental).

Dentro da sua metodologia, a Escola desenvolve uma série de outras atividades didática-pedagógicas afroreferenciadas, como “Afrotech – Feira de Ciência Africana e Afrodiáspórica”, “Mariscada – Mostra artístico-cultural decolonial”, “Formatura no Quilombo”, “Decolônia de Férias” (ações durante o período de férias escolares), “Festival artístico educacional Avante Maria Felipa”, entre outros.

Para além da educação infantil, a Escola Maria Felipa oferta também a “Afroeducativa – Formações Pedagógicas para as Relações Étnico-raciais”, destinada à formação de profissionais interessados na temática, consultorias para entidades de setores públicos e privados preocupados com a superação do racismo nos diferentes complexos sociais. Para esse público, é oferecida ainda a “Afrovivência”,  uma vivência pedagógica de educadores e educadoras. 

Bárbara Carine diz estar muito feliz pela projeção que a Escola Afro-brasileira Maria Felipa tem alcançado no país, para além dessa chegada no sudeste, fisicamente e estruturalmente como escola. “É raro vermos uma instituição educacional ter mais de 100 mil seguidores no Instagram. Pesquisadores e pesquisadoras do país realizam trabalhos e investigações de graduação, mestrado e doutorado em torno da nossa escola. É algo muito pioneiro e singular, o que faz ter essa valorização, mas infelizmente isso não reverbera em autossustentação econômica”.

Foto: Divulgação

Adote

A Escola Afro-Brasileira Maria Felipa realiza desde o primeiro ano da sua existência a Ação de responsabilidade social “Adote um Educande”, para oportunizar um ensino emancipador para crianças negras e /ou indígenas em situação de vulnerabilidade social. Todo o valor arrecadado é destinado ao custeio de bolsas de estudos e dos materiais didáticos pedagógicos e aconselhamento psicológico a cada criança contemplada. 

A EMF, que carrega o nome de Maria Felipa, mulher preta, combatente importante na Independência do Brasil ba Bahia, é um projeto que transforma sonho em realidade ao construir um espaço escolar que resgata os conhecimentos ancestrais combatendo o eurocentrismo e a colonialidade do ser, do poder e do saber, inovando a educação com uma metodologia decolonial e afrocentrada, voltado a todas crianças. 

Foto: Divulgação

Serviço

Escola Afro-brasileira Maria Felipa inaugura unidade no Rio de Janeiro | Mutirão de matrícula 

Quando – 19 de outubro, manhã e tarde, a partir das 08h

Onde – Avenida 28 de setembro, 118 – bairro Vila Isabel 

Turmas oferecidas – Império Inca (G2 – 02 anos), Reino Daomé (G3 – 03 anos ), Império Maia (G4 – 04 anos), Império Ashanti (G5 – 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental)

Angela Brito homenageia mulheres crioulas em sua nova coleção na São Paulo Fashion Week

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Foto: Mateus Augusto Rubim

A estilista e diretora criativa Angela Brito irá apresentar a sua nova coleção Criola na 58ª edição da São Paulo Fashion Week, no próximo sábado (19), às 11h30, no Shopping Iguatemi. Inspirada nas misturas e transformações que formam novas identidades, a coleção da cabo-verdiana exalta a beleza dos encontros entre povos. As sociedades criolas refletem as complexas relações e adaptações culturais em resposta à colonização, dando origem a uma identidade rica e plural, como é no Brasil e em Cabo Verde. Criola representa a vanguarda.

Em sua estreia no São Paulo Fashion Week, em 2019, ela foi a única mulher negra no line-up. Este ano, Angela leva a inovação para as suas peças por meio dos volumes, com a fusão dos acessórios ao vestuário. São 30 looks que homenageiam as mulheres crioulas e celebram as transformações das realidades culturais. É um convite a entender que as identidades não são fixas nem totalmente compreensíveis.

“Como sempre, estou falando de uma identidade da qual eu faço parte. Em sociedades crioulas, como Cabo Verde e o Brasil, ela é colocada em xeque, ao se questionar as novas individualidades, por serem originadas da mistura de diferentes povos. Mas, no meio de toda essa miscelânea, nasceu algo completamente novo, criando expressões culturais muito únicas e fortes. E foi exatamente esse o grande desafio desta coleção: trazer para a roupa o nascimento de uma nova perspectiva sobre a identidade, essa mistura cultural que leva a criação de algo inovador, algo crioulo”, destaca a estilista.

Ilustração do artista Amadeo Carvalho especialmente para coleção Criola de Angela Brito

design das peças levam dispositivos de carregamentos, enchimentos e formas inusitadas, inspirados no bombu mininu — uma amarração tradicional de Cabo Verde usada para carregar crianças. A fusão dos acessórios ao vestuário evocam a capacidade de transportar no próprio corpo afetivo as bagagens da história e da cultura, manifestando essa herança africana de maneiras inesperadas e criativas. 

Cada peça foi criada a partir da mescla da história com o futuro. Com redendê, tradicional técnica de bordado do Nordeste do Brasil, pánu di terá, que é o pano de tear caboverdiano, e com novas texturas criadas a partir do trabalho manual do capitonê, a coleção reúne 30 looks que expressam novas essências  com marcas de um passado vivo, mas aberta ao novo. 

Os tons terrosos nos tecidos de algodão, cânhamo, seda e viscose e couro expressam os diversos lugares que carregam a memória  crioula: a natureza seca refletida no bege, verde e marrom. As peças também levam nuances de azul, em referência aos mares que compõem a natureza dessas comunidades e o amarelo da luz solar que faz parte da essência criola.   

Em homenagem à mulher crioula, o desfile será formado apenas por modelos femininas. E cumprindo mais um desafio nesta coleção, Angela Brito também será a responsável pelo styling da apresentação, com colaboração do Guilherme Alef.

Bruna Crioula conduz oficinas no Sesc SP sobre alimentação consciente e sustentável a partir da negritude

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Foto: Marilia Dias/Divulgação
Foto: Marilia Dias/Divulgação

Entre os dias 17 e 19 de outubro, o Sesc Vila Mariana, em São Paulo, será o local de uma série de oficinas e atividades que discutem a alimentação consciente e sustentável, conduzidas por Bruna Crioula, nutricionista ecológica, comunicadora socioambiental e ativista. A programação faz parte do “Experimenta!“, evento focado em promover debates sobre práticas alimentares e sustentabilidade.

A primeira atividade ocorre no dia 17, às 15h30, com a oficina “Marmitas Saudáveis e Sustentáveis”, na Sala Corpo e Artes (6º andar, Torre A). Bruna Crioula irá orientar o público sobre como planejar e organizar marmitas semanais com base em preparações feitas à base de plantas, destacando a importância da sociobiodiversidade alimentar brasileira. O objetivo é mostrar como é possível conciliar uma alimentação equilibrada e consciente sem abrir mão da praticidade do dia a dia.

No dia 18, às 15h, na Praça de Eventos, Bruna ministra a oficina “Não Convencionais para Quem? Comida, Negritude e Memórias Alimentares“. A proposta é refletir sobre o uso das Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANC), abordando suas narrativas a partir de uma perspectiva negra. A nutricionista busca desmistificar o conceito de PANC no Brasil, além de amplificar as vozes negras na discussão sobre a alimentação como um direito fundamental. “A partir de registros alimentares negros, nos permitimos conhecer outras narrativas em torno dos usos culinários de plantas negligenciadas ou subutilizadas na cozinha brasileira”, explica Bruna.

Encerrando a programação, no dia 19, às 10h, ocorre a caminhada ao ar livre “Caminhada pela Vila – Entendendo as Desigualdades Alimentares”. O ponto de encontro será no térreo da Torre A, e a atividade propõe uma reflexão sobre o acesso democrático a frutas, folhas e outros alimentos comestíveis presentes na cidade. “É um convite para pensarmos a alimentação de forma decolonial e racializada, reconhecendo a importância de promover autonomia e protagonismo nas nossas práticas alimentares cotidianas”, destaca Bruna Crioula.

Bruna Crioula é ativista ambiental há mais de uma década, com foco na valorização da sociobiodiversidade brasileira e das tradições alimentares. Seu trabalho conecta ecologia, saberes ancestrais e justiça social, propondo um sistema alimentar mais sustentável e inclusivo.

Live com Mônica Sampaio e Rachel Maia discutirá modelos de negócios mais sustentáveis para o futuro da moda

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Nesta quarta-feira, 16, às 18h30, a estilista e empreendedora Mônica Sampaio, fundadora da marca Santa Resistência, será a convidada especial de uma live, liderada pela executiva Rachel Maia, que abordará temas cruciais para o setor da moda, como sustentabilidade, economia circular e consumo consciente. A transmissão acontece pelo Instagram das empreendedoras.

O evento ocorre em meio ao crescente debate sobre a necessidade de transformação urgente no segmento, conforme destacado na coluna de Rachel Maia, “Moda sustentável não é tendência, é o futuro”, publicada em 30 de setembro no jornal *O Globo*.

Com uma vasta experiência à frente de uma marca que se pauta por práticas responsáveis, Mônica Sampaio irá compartilhar sua visão sobre o futuro da moda, destacando a importância de modelos de negócios mais sustentáveis e inovadores. Entre os principais pontos a serem discutidos, estão o reaproveitamento de recursos, a minimização de desperdícios e o papel da economia circular na construção de uma indústria mais ética e justa.

O evento promete ecoar as ideias trazidas por Rachel Maia, que em sua coluna defendeu que a sustentabilidade deve ser um pilar central e permanente da moda, e não uma tendência passageira.

A live será uma oportunidade tanto para empreendedores quanto para consumidores aprofundarem o entendimento sobre práticas que promovam um impacto positivo no meio ambiente e na sociedade.

Professora de Lauro de Freitas, na Bahia, ganha prêmio ao promover educação antirracista para bebês

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Foto: Reprodução

Em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador (BA), uma iniciativa inovadora está chamando a atenção. A educadora Noêmia Verúcia, do Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos, vestiu bebês de 6 meses a 1 ano com becas representando profissões como advogados e psicólogos, em uma ação que emocionou os pais. O gesto, segundo Verúcia, visa mostrar às famílias que, apesar das dificuldades da região, marcada pela violência e pobreza, seus filhos têm potencial para alcançar qualquer profissão: “Eu vesti os bebês de beca para mostrar aos pais que eles podem ter um futuro de sucesso”, explicou a educadora em reportagem publicada pelo Estadão.

O projeto, intitulado “Berçário Reluz”, vai além das fotos. Ao longo do ano, a escola realiza diversas atividades externas à valorização da cultura africana e afro-brasileira, mesmo com bebês tão pequenos. O uso da música, por exemplo, é uma ferramenta central, e, no ano passado, a canção Cupido Erê , da cantora Larissa Luz, foi escolhida como guia para as atividades pedagógicas. “Eles param, prestam atenção, veem as palavras”, comenta Verúcia, relatando a resposta das crianças ao som da música.

A iniciativa rendeu à Verúcia o reconhecimento na 9ª edição do Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero, promovido pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que homenageia projetos pedagógicos que promovem a equidade racial e de gênero nas escolas. O prêmio, que existe desde 2002, tem como objetivo valorizar educadores que promovam práticas antirracistas, contribuindo para a formação de uma sociedade mais inclusiva.

Além das experiências musicais, a escola promoveu uma atividade chamada “Comida de Erê”, que traz frutas dinâmicas em um ambiente repleto de referências africanas e indígenas. Outra proposta foi a criação de um “espaço afrofuturista”, decorado com elementos étnicos e sensoriais que remetem à cultura africana, onde as fotos dos bebês vestidos com becas também foram expostas.

Para Noêmia Verúcia, o impacto das atividades se estende não apenas às crianças, mas também aos adultos. “Eu não estava trabalhando só com o bebê, mas também com pessoas adultas, porque os bebês não têm preconceitos”, destacou. Ela relatou que, com o tempo, funcionários da escola que inicialmente questionaram as ações passadas a considerar a importância das atividades antirracistas.

Para Daniel Bento Teixeira, diretor-executivo do CEERT, o racismo atinge crianças negras já na primeira infância. “Há estudos que mostram a diferença de afeto entre bebês negros e brancos”, afirmou Teixeira, ressaltando a importância de iniciativas como a de Noêmia Verúcia para transformar essas realidades.

Gilberto Gil e Stephen Marley, filho de Bob Marley, lançam nova versão de ‘No Woman No Cry’ em comemoração aos 50 anos da canção

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Foto: Divulgação/GrowthGlobal

Na última sexta-feira, 11, o Playing For Change Foundation lançou uma nova versão de “No Woman No Cry”, lançada originalmente em 1974 por Bob Marley and The Wailers. A nova versão lançada na sexta foi gravada por Gilberto Gil, além de Stephen Marley, um dos filhos do rei do reggae, e por Mermans Mosengo.

A reinterpretação da icônica música de Bob Marley faz parte da série “Songs Around The World”, que reúne músicos de diversas nacionalidades, e celebra os 50 anos da versão original da canção, além de homenagear o Dia Internacional da Menina. A versão de “No Woman No Cry” estará no álbum *Songs For Humanity*, que será lançado pelo Playing For Change Foundation e já está disponível para pré-venda.

A canção, disponível no canal do projeto no YouTube, também foi gravada em parceria com a WomenServe, organização fundada por Nioma Narissa Sadler, sendo considerada uma iniciativa reforça o compromisso com a defesa dos direitos das mulheres e meninas ao redor do mundo.

O projeto, que explora o poder transformador da música, conta com a participação de artistas renomados, como Robbie Robertson, Ringo Starr, John Paul Jones, Carlos Santana, Slash, Black Pumas e Manu Chao, além de músicos de várias partes do mundo.

Batekoo Festival 2024 anuncia line-up completo com Karol Conká, Titica e Alaíde Costa

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Fotos: Luther Photographer; Divulgação e Murilo Alvesso

Em celebração aos 10 anos da BATEKOO, plataforma dedicada ao entretenimento, cultura e educação para a comunidade negra e LGBTQIAPN+, foi anunciado nesta terça-feira (15), o line-up completo de seu festival deste ano. O evento acontece no dia 23 de novembro, no Estádio do Canindé, em São Paulo, com uma programação que inclui 12 horas intensas de música, manifestações artísticas e ciclos formativos, reunindo mais de 20 atrações.

A curadoria traz Titica, de Angola, um ícone do kuduro e indicada ao prêmio de Melhor Artista Feminina da África Austral no KORA All Africa Music Awards, a mais prestigiada premiação da música africana.

Também foram confirmados BK’ em sua aclamada turnê Icarus, com uma cenografia inspirada nos Arcos da Lapa e Karol Conká revisitando o clássico Batuk Freak em uma performance inédita. MC Luanna, que convida Ajuliacosta, coloca o trap em destaque. Psirico, diretamente de Salvador, entrega o melhor do pagodão baiano. A icônica Alaíde Costa conecta gerações da música popular brasileira; e Gang do Eletro com Candy Mel fervem a pista com o tecnobrega.

Somam também Poeira Pura, que mistura samba com rock e eletrônica; Carlos do Complexo, revelação do funk consciente; VHOOR, produtor que funde trap e ritmos brasileiros; Jeeh FDC, conhecida pelas suas habilidosas rimas no rap; e Aisha & Yaminah, que mesclam R&B e trap. Já o Coletivo Turmalina apresenta suas sonoridades afrofuturistas.

“Realizar a curadoria de um festival feito por e para pessoas negras carrega um peso de responsabilidade. Queremos construir um diálogo com a nossa comunidade, mostrando como as produções culturais negras estão interligadas, mesmo em geografias diferentes. Este festival reflete o legado, a pluralidade e o desejo de criar experiências autênticas”, explica Artur Santoro, curador e sócio da BATEKOO.

Em sua terceira edição, o BATEKOO FESTIVAL terá somente um palco, intensificando a troca entre público e artistas. A ideia é criar um ambiente mais integrado, com performances seguidas, proporcionando uma experiência contínua

Acompanhando o anúncio do line-up, a BATEKOO apresenta um editorial realizado em parceria com o coletivo Chavosos. A estética do trabalho é genuinamente periférica e contemporânea, servindo de base para toda a comunicação visual do projeto que – em suas camadas e subjetividades – também cria pontos de conexão com o público.

“O Festival da BATEKOO é um marco na cultura independente brasileira. Neste ano em que comemoramos 10 anos de existência, pensamos em devolver ao público toda a troca que tivemos ao longo dessa jornada. Tudo foi pensado com muito carinho para promover uma experiência que traga todas as pessoas para dentro do nosso universo, onde a nossa identidade e cultura são celebradas, sem repressão. A gente não quer ser assistido, a gente quer se assistir”, destaca Maurício Sacramento, fundador e CEO da BATEKOO, referenciando o lema usado pelo festival em sua estreia.

A iniciativa segue rompendo com as lógicas comuns do mercado e figura como um dos mais importantes eventos do país. Ano a ano, combina a experiência das tradicionais agendas promovidas pela BATEKOO com a grandiosidade de um festival, sem perder o DNA do movimento, focado na inclusão, diversidade, conexão e democratização.

SERVIÇO
Data: 23 de novembro de 2024
Horário: Das 18h às 6h
Local: Estádio do Canindé – Rua Comendador Nestor Pereira, 33 – Canindé, São Paulo – SP
Ingressos: À venda exclusivamente pela plataforma Shotgun

O que podemos aprender com Ludmilla sobre estratégias de enfrentamento ao racismo?

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Foto: Reprodução/Instagram

Texto: Shenia Karlsson

Recentemente, foi revelado que a artista Ludmilla decidiu não aceitar um convite para participar de um programa bastante famoso atualmente, chamado “De frente com Blogueirinha”, apresentado por Bruno Matos, o criador da mencionada personagem. A justificativa para essa recusa foram os comentários inapropriados feitos pelo apresentador sobre a cantora em um momento em que ele ainda era uma figura em ascensão nas redes sociais. 

Em 2019, Ludmilla foi agraciada com o Prêmio MultiShow na categoria de ‘Melhor Cantora do Ano’ e, ao subir ao palco, foi recebida com gritos, vaias e assédios de diversas formas, com ênfase em manifestações racistas. No dia seguinte, nas redes sociais, a Blogueirinha postou um vídeo afirmando que Ludmilla “deveria ser grata pelas vaias; caso contrário, nem seria lembrada”. Naquele momento, Ludmilla assistiu ao vídeo, respirou fundo e permaneceu em silêncio. 

O artista se manifestou nas redes sociais pedindo desculpas, embora tenha minimizado o episódio como uma simples “discussão” entre fãs na época, e alegou não ter percebido a gravidade de suas ações. A humilhação que Ludmilla enfrentou publicamente durante o evento, somada à desumanização provocada pela Blogueirinha através do vídeo que foi divulgado horas após aquela noite infeliz resultou em uma experiência extremamente dolorosa para a cantora. Nesta semana, ela compartilhou seus sentimentos, os gatilhos e a tristeza que esse episódio traumático lhe trouxe. Embora a Blogueirinha tenha esquecido, Ludmilla não se esqueceu.

Frequentemente, escuto de meus clientes em meu consultório relatos sobre experiências traumáticas que vivenciaram anteriormente e o reencontro com aqueles que as provocaram. No que diz respeito ao racismo, há inúmeras narrativas de constrangimento público, assédios, agressões psicológicas e físicas desde a infância, e todas essas vivências dolorosas permanecem armazenadas e são reativadas em situações análogas. Quando se trata de racismo e como nos faz sofrer, temos o compromisso ético de estar com a memória em punho. Perdoar se quiser, esquecer nunca.

A intelectual e multiartista Grada Kilomba, em sua obra “Memórias da Plantação”, enfatiza a relevância de praticarmos a descrição de nosso dia a dia e das violências que nos afetam, utilizando a primeira pessoa do singular. Falar sobre nossas dores de forma clara e audível é um ato político. Em outras palavras, quebra o silêncio que nos envolve.

Ela nos instiga ao afirmar que “no universo conceitual branco, parece que o inconsciente coletivo das pessoas negras está programado para a alienação, a desilusão e o trauma psicológico”, sendo assim, é nosso dever subverter tudo isto.

É nesse pacto compartilhado, sustentado não apenas por brancos, mas também por negros e racializados, que se encontra a autorização para desmerecer publicamente uma jovem negra, transformar seu momento de alegria em uma cena de miséria e considerar tudo isso aceitável. E sabemos que negros que ascendem economicamente não estão isentos de sofrer racismo como a própria Neusa Santos salientou em seu livro Tornar-se negro, não é?! Muito pelo contrário, a experiência pode até intensificar-se, no caso da cantora, submetida ao escárnio sistematicamente.

A cantora Ludmilla tem se destacado não apenas por seu talento musical, mas também por sua postura firme e corajosa diante do racismo. Em situações dolorosas, ela utiliza estratégias de enfrentamento que servem de exemplo para muitos. A memória é um componente crucial nesse processo. Ao lembrar e honrar as histórias e experiências passadas, Ludmilla reforça a importância de reconhecer e aprender com o passado para que erros semelhantes não se repitam e dores não sejam revividas. Rejeitar um convite para uma entrevista com quem um dia te desumanizou é um direito. É legítimo!

Essa prática de rememoração ajuda a estabelecer os limites do que podemos ou não aceitar e consequentemente, construir uma identidade coletiva mais forte e resiliente, capacitando indivíduos e comunidades a se oporem a injustiças de maneira informada e consciente. A denúncia, por sua vez, é uma ferramenta poderosa para expor e combater o racismo.  Sendo assim, a memória e a denúncia são componentes fundamentais para o processo de cura de pessoas negras.

Ludmilla tem utilizado sua plataforma para trazer à tona situações de discriminação que muitas vezes passam despercebidas ou são silenciadas. Ao chamar a atenção do público e da mídia, ela exerce uma pressão necessária para que mudanças sociais sejam implementadas e para que os perpetradores sejam responsabilizados por seus atos.

Esses componentes, a memória e a denúncia, são fundamentais não apenas para a resistência, mas também para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Através de seu exemplo, Ludmilla inspira outros a também se posicionarem, mostrando que a luta contra o racismo é um esforço coletivo que requer coragem, persistência e solidariedade.  

Nunca negocie sua existência, nossa saúde mental agradece!

Shenia Karlsson é Psicóloga Clínica, Especialista em Diversidade, Negritudes e Racialidades, Colunista, Escritora e Palestrante. Mediadora de conflitos raciais, consultora em DI&E e contenção de crise em situação de racismo nas empresas. É Mediadora Familiar no reality “Ilhados com a Sogra” na Netflix.

Equipe de Ludmilla afirma que não convidou Blogueirinha para realizar programa no Numanice e esclarece a situação

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Fotos: Divulgação

Em meio às polêmicas sobre a Ludmilla explicar, recentemente, o motivo de não participar do programa “De Frente com Blogueirinha“, o humorista Bruno Matos se desculpou pelos comentários feitos em 2019, e revelou que chegou a receber um convite para realizar o programa diretamente do “Numanice“, mas também preferiu recusar. No entanto, a assessoria de comunicação da cantora se pronunciou, explicando que Ludmilla e sua equipe não fizeram esse convite. 

“Informamos que, em setembro, uma marca propôs à equipe de Ludmilla uma ação publicitária envolvendo o programa ‘De Frente com Blogueirinha’ e o Numanice. Essa sugestão foi intermediada pela agência que cuidava de assuntos publicitários da artista e foi prontamente declinada. A decisão foi tomada com base em pontos já esclarecidos por Ludmilla durante entrevista ao jornalista Léo Dias”, explica a nota divulgada no Instagram da Melina Tavares Comunicação, na tarde desta terça-feira (15).

“Reiteramos que o convite ou qualquer sugestão de participação nunca partiram de Ludmilla ou de sua equipe e que a recusa foi feita de forma transparente e respeitosa”, continua. “A artista continuará usando sua voz para expor questões sensíveis e levantar discussões importantes sobre o combate ao racismo”, finaliza a nota.

Anteriormente, nas redes sociais, Bruno Matos havia explicado a possível recusa do convite. “Ela não queria ir no ‘De Frente’, mas tinha sugerido fazer no ‘Numanice’. Eu também não quis, porque queria resolver as coisas de outra forma”, disse.

Entenda o que aconteceu

O humorista Bruno Matos, intérprete da personagem Blogueirinha, usou suas redes sociais para se desculpar publicamente com Ludmilla nesta segunda-feira, 14, relembrando o desentendimento ocorrido após o Prêmio Multishow de 2019. Na ocasião, a cantora foi vaiada ao subir no palco para receber um troféu, o que gerou uma série de piadas por parte de Blogueirinha.

Ludmilla, em recente entrevista ao jornalista Leo Dias, revelou que o episódio a incomodou profundamente e foi um dos motivos para recusar o convite para participar do programa “De Frente com Blogueirinha”, em agosto deste ano.

“Eu fui subir no palco, feliz da vida, pra pegar o prêmio e daí eu comecei a ser vaiada e atacada, tipo, um monte de gente me chamando de macaca, com palavras racistas horríveis”, afirmou Lud que também relembrou o momento em que viu o vídeo de Blogueirinha que brincou com o momento afirmando que Lud deveria agradecer as vaias: “É um personagem? É. Mas a brincadeira só tá legal quando tem duas pessoas rindo. Quando tem uma pessoa só, não é uma brincadeira”, afirmou sobre não ir ao programa da personagem.

Geógrafa norte-americana, Ruth Gilmore, discute abolicionismo penal e capitalismo racial na Unicamp

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Foto: Stephan Röhl/Wikipedia/Divulgação
Foto: Stephan Röhl/Wikipedia/Divulgação

Nesta terça-feira, 15 de outubro, a partir das 18h30, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recebe a geógrafa norte-americana Ruth Wilson Gilmore para o painel “Do capitalismo racial à geografia da Abolição”, um dos destaques da Semana da Geografia 2024. Gilmore, reconhecida internacionalmente por sua atuação como abolicionista penal, é também professora de Geografia em Ciências da Terra e do Ambiente na City University of New York.

Durante o evento, ela discutirá a relação entre o sistema prisional, o capitalismo e as desigualdades raciais. Além disso, Gilmore lançará e autografará seu mais recente livro, Califórnia Gulag: prisões, crise do capitalismo e abolicionismo penal, no qual explora o caso George Floyd e os fundamentos do abolicionismo nos EUA.

Com uma trajetória consolidada de pesquisa e militância no abolicionismo penal, especialmente voltada para a população negra, Gilmore promete trazer reflexões profundas durante sua apresentação. A geógrafa pretende traçar paralelos entre o passado e o presente, destacando que a abolição da escravidão nos Estados Unidos foi um processo inacabado. Essa análise crítica torna ainda mais relevante a discussão sobre as estruturas de opressão que permanecem até hoje, algo que certamente instigará debates intensos entre os presentes.

Além do painel, o público terá a chance de se aproximar ainda mais do trabalho de Gilmore com o lançamento de seu novo livro, “Califórnia Gulag”, que é um dos destaques da Semana da Geografia. A obra aborda a crise prisional nos Estados Unidos a partir de uma perspectiva abolicionista, e tem como foco as interseções entre racismo, capitalismo e justiça social. O evento terá tradução simultânea e será transmitido ao vivo pelo YouTube, possibilitando que um público mais amplo possa acompanhar.

A vinda de Gilmore ao Brasil faz parte de uma agenda de diálogos com movimentos sociais e acadêmicos, nos quais ela busca fortalecer as discussões sobre justiça racial e social. Recentemente, a geógrafa também esteve presente em eventos no Rio de Janeiro e no Maranhão. A transmissão ao vivo pelo YouTube e a tradução simultânea são uma oportunidade para que ainda mais pessoas possam participar dessas discussões essenciais.

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