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Fã registra encontro com Bruno Mars durante sua chegada ao Brasil

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Foto: Reprodução/Redes sociais

Bruno Mars desembarcou no Brasil nesta segunda-feira, 30, marcando o início de sua aguardada turnê pelo país. Uma fã chamada Kahh Fernandes compartilhou o registro do encontro nas redes sociais: “Você é tão especial, você foi tão doce comigo. Me desculpa, eu estou tremendo tanto. Bem-vindo ao Brasil, nós te amamos!”, escreveu.

A chegada do popstar também foi acompanhada de perto por perfis de fãs nas redes sociais, que monitoraram o voo de Mars. Um desses perfis confirmou a aterrissagem do cantor às 8h27, acompanhada de sua banda, The Hooligans, que chegou em um voo separado.

Bruno Mars retorna ao Brasil para realizar 14 shows em cinco cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. Os shows começam nos dias 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro no Estádio MorumBIS, em São Paulo. No Rio de Janeiro, ele se apresenta nos dias 16, 19 e 20, no Estádio Nilton Santos. A turnê segue para Brasília nos dias 26 e 27 de outubro, na Arena BRB Mané Garrincha. Em Curitiba, os fãs poderão assistir às apresentações nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, no Estádio Major Couto Pereira. A última parada será em Belo Horizonte, no dia 5 de novembro, no Estádio Mineirão.

Esta será a quarta visita do artista ao país. Em 2023, Mars fez história ao lotar duas noites consecutivas no The Town, em São Paulo, reunindo 100 mil fãs em cada uma das apresentações. A demanda para os novos shows foi tão alta que o cantor abriu mais quatro datas em maio deste ano.

Em entrevista recente ao Fantástico, Mars revelou que planeja comemorar seu aniversário de 39 anos, em 8 de outubro, com uma apresentação especial no Brasil. “É a festa de aniversário brasileira do Bruno”, disse o cantor, que relembrou o carinho dos fãs brasileiros, apelidando-o carinhosamente de ‘Bruninho’. “Agora, vai ser Brunão!”, brincou o artista, destacando o quanto se sente acolhido no país.

Mars também comentou sobre a conexão especial com o público brasileiro, mencionando um momento memorável em sua última turnê, quando seu tecladista tocou uma música que fez o público cantar em uníssono. Para os próximos shows, o cantor sugeriu até a possibilidade de um concurso para escolher a música especial que será tocada por sua banda, prometendo momentos inesquecíveis para seus fãs.

Mars revelou ainda uma curiosidade sobre sua primeira conexão com o Brasil, que aconteceu quando ele era criança e assistiu a um filme sobre capoeira: “A partir daí, eu comecei a sonhar sobre um dia ir pro Brasil”, disse o cantor, que hoje realiza sua quarta turnê pelo país.

Racismo punitivo: a permissão que brancos sentem para ser racistas com pessoas negras que erram

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Foto: Reprodução/Freepik

Já há algum tempo tenho me debruçado na análise de mais uma forma da discriminação racial que chamo de “racismo punitivo”. Considero este mais um fenômeno recorrente das relações raciais no Brasil. A exemplo do punitivismo penal, o racismo punitivo visa castigar pessoas negras que quebraram alguma norma, ou regra social. Quando uma pessoa negra é ‘cancelada’, seja por ter cometido algum crime, ou por ter uma atitude condenável, uma horda de pessoas brancas se sentem autorizadas a destilar racismos contra esta pessoa. É como se ao cometer tal infração, sua dignidade de pessoa humana fosse retirada, permitindo assim que todos se sintam à vontade para aplicar as sanções que consideram devidas. Neste caso, a pena acaba sendo submeter a pessoa a comentários racistas. 

O sociólogo Oracy Nogueira argumentou que na dinâmica das relações raciais brasileiras evitava-se o máximo falar sobre a cor, mas em qualquer contenda a cor seria a primeira coisa mencionada. Na nossa etiqueta racial, evita-se ser racista só até ser contrariado por um negro. Esta é uma forma de “racismo permitido” uma vez que ele se volta a uma pessoa que teria perdido respeitabilidade e o direito de ser reconhecido como gente decente. Isso causa, nos brancos, um alívio, pois  podem expressar seus sentimentos racistas sem culpa. 

Somos levados a condenar pessoas sem lhes dar o direito de defesa. Além disso, nos sentimos bem ao tripudiar e hostilizar pessoas das quais não nutrimos respeito. Diariamente produzimos mortes sociais que podem se converter em morte física. Muitas vezes, estas pessoas penalizadas nem precisam ter cometido algum crime previsto no ordenamento jurídico. Poderia aqui fazer uma lista de pessoas negras canceladas em programas de TV, ou pelas redes sociais, que foram alvo de xingamentos racistas com consentimento de muitos negros que acreditavam que, ao errar, estas pessoas deram o direito aos brancos de serem racistas. 

Frequentemente, tenho recebido críticas de pessoas por defender negros cancelados de comentários racistas pelas redes. Não é sobre  gostar ou concordar com estas pessoas, mas sim sobre não achar que o racismo deva servir como mais uma forma de penalizar quem errou. No entendimento da pena, está incluído um anseio pela desumanização e por isso o racismo serve como meio de punir pessoas negras que erraram, pois ele demarca que aquelas pessoas não são humanas, mas bestas que precisam ser contidas. É se sentir livre para tecer comentários sobre uma pessoa que poucos teriam coragem de defender, afinal: “tá com dó, leva pra casa”. Esta forma de racismo nos leva a achar que reprimir as ofensivas racistas é ser conivente com os atos cometidos pelo acusado ou condenado. Mas não se combate um crime com outro crime, lembremos disso. 

Programa capacita 50 mil profissionais negros com masterclass de Michele Hunt

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Michele Hunt, consultora internacional e atual integrante da campanha de Kamala Harris, é uma das convidadas especiais do programa ‘Lideranças do Futuro’, que visa capacitar 50 mil profissionais pretos e pardos no Brasil. Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (30), foram abertas as inscrições para o programa “Lideranças do Futuro”, que tem como meta capacitar 50 mil profissionais pretos e pardos no Brasil até o fim de 2024. projeto do Instituto Four e o MOVER busca preparar a população negra para assumir cargos de liderança em grandes empresas. Um dos grandes destaques da iniciativa é a participação da consultora internacional Michele Hunt, ex-diretora do Federal Quality Institute no governo Bill Clinton e atualmente integra a campanha presidencial de Kamala Harris, nos Estados Unidos, que ministrará uma masterclass exclusiva sobre gestão e desenvolvimento de líderes.


O programa foi criado para atender tanto profissionais que já ocupam cargos de liderança quanto aqueles que desejam se qualificar para essa função. Com um formato totalmente online, o curso será dividido em quatro módulos: Propósito e Autorresponsabilidade, Gestão de Carreira, Liderança de Alta Performance e Gestão de Resultados. Os participantes terão acesso a conteúdos gravados, encontros ao vivo, atividades práticas e materiais de apoio, garantindo uma formação completa e acessível a partir de qualquer lugar.

Além de Michele Hunt, o “Lideranças do Futuro” contará com masterclasses de nomes importantes do cenário empresarial, como Mafoane Odara, executiva de cultura e transformação na ZAMP; Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black; Debora Mattos, General Manager da Coca-Cola para Chile, Bolívia e Paraguai; e Gilberto Costa, Diretor-executivo do JP Morgan. Esses especialistas trarão suas experiências e visões sobre liderança e mercado, enriquecendo a formação dos participantes.

Ao final do curso, os alunos receberão uma certificação e serão automaticamente incluídos no banco de talentos do Instituto Four e das empresas parceiras do MOVER, ampliando suas oportunidades de crescimento e inserção no mercado de trabalho. As inscrições vão até o dia 30 de novembro e podem ser feitas no site oficial do programa.

Atores negros protagonizam ‘Volta por Cima’, nova novela das sete da Globo, que estreia nesta segunda-feira

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Foto: Globo/ Beatriz Damy e Fabio Rocha

A próxima novela das sete da TV Globo, “Volta por Cima”, promete trazer para as telas um elenco representado, em sua maioria, por atores negros, refletindo as histórias e desafios de grande parte da população brasileira. Sob a direção de André Câmara e com texto de Claudia Souto, a trama é protagonizada por Jéssica Ellen e Fabrício Boliveira, acompanhados de outros grandes nomes como Aílton Graça, MV Bill e Juliana Alves.

Jessica Ellen, no papel de Madalena (ou Madá), e Fabrício Boliveira, como Jorge (Jão), conduzem o fio narrativo de uma história que toca diretamente nas dificuldades e conquistas enfrentadas por muitos brasileiros. Madá é uma mulher que precisa sustentar a família e, apesar das adversidades, encontra no empreendedorismo uma saída para mudar sua realidade. Já Jão, um homem que começou como trocador de ônibus, vê seu sonho de ascensão profissional ameaçado por estruturas de poder baseadas em favoritismo e privilégios.

Além dos protagonistas, “Volta por Cima” reúne outros importantes talentos, como a veterana Valdinéia Soriano, que interpreta Neuza, mãe de Jão, Juliana Alves e MV Bill, que interpretam, respectivamente, a motorista Cida e Lindomar, pai de Madá e motorista de ônibus que tem papel central no desenrolar da trama. Aílton Graça, conhecido por suas interpretações marcantes, assume o papel de Edson Bacelar, empresário do setor de transportes, que, junto com seu filho Nando (João Gabriel D’Aleluia), compõe um núcleo familiar poderoso e cheio de nuances.

A jovem Bia Santana vive Tati, irmã de Madá, trazendo à tona a questão da juventude negra e seus dilemas, enquanto Lellê e Gabriela Dias contribuem com suas performances em papéis que dialogam diretamente com a juventude e o empoderamento feminino. Essa forte presença de atores negros vai além de apenas uma cota de representatividade, criando personagens complexos, com histórias próprias e relevância no enredo.

Em tempos de debates sobre representatividade na mídia, “Volta por Cima” surge como uma novela que não só exibe personagens negros em papéis de destaque, mas também discute questões de ética, conquistas e obstáculos enfrentados pelas camadas menos favorecidas, em especial a população negra, que historicamente luta por oportunidades e reconhecimento.

João Gabriel: O novo talento da arquitetura brasileira

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Foto: Reprodução/Instagram

Combinando herança cultural, inovação e inclusão, o arquiteto baiano se destaca como um dos nomes mais promissores na arquitetura contemporânea.

Texto: Rodrigo França

João Gabriel está despontando como um dos novos talentos mais influentes da arquitetura brasileira. Sua trajetória é marcada por uma visão inovadora que alia técnica, sensibilidade e um profundo respeito às raízes culturais do país, em especial, à herança afro-brasileira. Na edição da CASACOR Bahia 2024, Gabriel apresentou o ambiente “O Canto de Gil”, uma celebração visual e sensorial que homenageia a obra de Gilberto Gil e a cultura negra baiana. O projeto não apenas conquistou o público, mas também reafirmou a habilidade do arquiteto de transformar espaços em verdadeiras narrativas culturais.

Baiano de nascimento, João Gabriel tem se destacado por sua capacidade de integrar elementos culturais e ancestrais em seus projetos, criando ambientes que evocam sentimentos de pertencimento e identidade. “O Canto de Gil” é uma prova disso. Inspirado pela canção “Baba Alapalá”, o espaço convida o visitante a uma jornada imersiva através da história e da ancestralidade, utilizando tonalidades terrosas, como o vermelho, o amarelo e o rosa, que remetem ao barro e à terra. Cada detalhe do ambiente, desde as esculturas até os elementos artesanais, reflete essa conexão profunda com a matéria primordial que simboliza a criação e a ligação com as raízes.

Além de seu trabalho na CASACOR, Gabriel é conhecido por sua atuação digital. Se tornou o arquiteto com maior alcance no X/Twitter em 2024, alcançando milhares de pessoas, e utiliza diferentes plataformas para compartilhar seus projetos e dialogar com um público diverso, ampliando a discussão sobre arquitetura, inclusão e diversidade. As suas postagens alcançam milhões de pessoas, consolidando-o como uma figura influente no Brasil.

Um dos maiores diferenciais de João Gabriel é seu compromisso com a inclusão na arquitetura. Ele é o criador da mentoria Sala Preta, a primeira voltada exclusivamente para arquitetos negros, oferecendo suporte e orientação a jovens profissionais que desejam ingressar no mercado. A mentoria vai além da construção de uma carreira, promovendo uma transformação social ao criar oportunidades para aqueles que historicamente foram marginalizados no setor. Além disso, Gabriel também coordena o projeto Arquitetura D’Preto Bahia, que busca promover a diversidade e a inclusão no campo arquitetônico.

“O Canto de Gil”, apresentado na CASACOR Bahia, reflete perfeitamente esse compromisso com a inclusão e a celebração das raízes culturais. O ambiente foi pensado para provocar uma reflexão sobre como a história e a cultura influenciam nossa identidade atual e moldam o futuro. Através de elementos visuais e sonoros, como trechos das canções de Gilberto Gil e referências à trilogia de álbuns “Refazenda”, “Refavela” e “Realce”, Gabriel conseguiu criar uma atmosfera que é ao mesmo tempo afetiva e inovadora, conectando o presente ao passado e mostrando como a arquitetura pode ser um veículo de transformação social e cultural.

João Gabriel também é conhecido por sua estética única, que mistura elementos tropicais e biofílicos, integrando plantas e natureza aos ambientes de forma a criar uma conexão íntima com o espaço. Suas influências são diversas e decoloniais, trazendo referências da cultura mexicana, asiática e africana, evitando a predominância de estéticas eurocêntricas. Seus projetos são descritos por clientes e críticos como afetivos, trazendo à tona memórias de infância e sentimentos de pertencimento, como a lembrança da casa da avó ou a nostalgia de momentos no campo.

O trabalho de João Gabriel na CASACOR Bahia é mais uma confirmação de que ele está no caminho certo para se tornar um dos principais nomes da arquitetura brasileira. Com um olhar atento para a cultura, a inclusão e a inovação, Gabriel continua a desafiar as convenções do setor, trazendo à tona uma arquitetura que é, acima de tudo, um reflexo da identidade e da história de seu povo. Em um momento em que a diversidade e a representatividade são temas centrais em muitas discussões, João Gabriel se destaca como uma voz potente e necessária, mostrando que a arquitetura pode, e deve, ser um campo de transformação e resistência cultural.

Seu trabalho não apenas embeleza, mas também educa e conscientiza, tornando-o uma referência para as futuras gerações de arquitetos. É certo que, com sua trajetória já tão marcante e cheia de realizações, João Gabriel continuará a moldar o futuro da arquitetura brasileira, criando espaços que não apenas refletem sua visão estética, mas também sua profunda conexão com as raízes culturais do Brasil. A CASACOR Bahia 2024 reafirma uma carreira brilhante e inspiradora que ainda trará muitas contribuições ao cenário arquitetônico nacional e internacional.

As políticas de saúde da população negra nas eleições municipais

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Foto: Reprodução/Freepik

As eleições representam um dos momentos mais importantes da democracia. É a hora de escolhermos o prefeito e os vereadores que irão decidir sobre a gestão dos municípios. Um dos temas mais importantes que deveriam ser abordados é sobre o racismo institucional que constrói diariamente barreiras e abismos entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a população negra, o que resulta em piores condições de saúde e uma histórica vulnerabilidade social.

As péssimas condições de vida impostas à população negra nas cidades limitam e criam obstáculos no acesso aos serviços de saúde. A luta do movimento negro por décadas levou o Estado brasileiro a reconhecer que o racismo é um determinante social da saúde, e como todos os determinantes sociais, é um problema político, e problemas políticos dessa natureza devem ser resolvidos por meio de políticas públicas adequadas e específicas.

No dia 13 de maio de 2009 foi instituída a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, por meio da Portaria 992. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) representa um importante marco na história da saúde pública nacional, ao reconhecer o racismo como um determinante social que impacta a saúde dos brasileiros.

Segundo dados do Primeiro Boletim Epidemiológico, de outubro de 2023, elaborado pela Ministério da Saúde:

“Em 2018, 1.550 (27,8%) localidades declararam ter incluído em seus planos municipais de saúde ações previstas na PNSIPN. Em 2021, esse número subiu para 1.781 (32%), um pequeno aumento de menos de cinco pontos percentuais (p.p.). Porém, apenas 686 localidades deram continuidade à política de 2018 para 2021. Ou seja, somente 12,3% dos municípios brasileiros declararam possuir ações da PNSIPN em ambos os anos dos inquéritos do IBGE. Isso revela que não apenas a adoção, mas também a manutenção das ações da PNSIPN ainda são incipientes”.

Este dado revela a necessidade de nos mobilizarmos durante o processo eleitoral para exigir de nossos candidatos a vereadores e prefeitos o compromisso de efetivação da Política Nacional da Saúde Integral da População Negra, comprometendo-se na elaboração de Planos Municipais de Saúde que tenham orçamentos, cursos de formação de todos os profissionais e criação de instâncias especificas para gestão de políticas voltadas para a população negra.

Na maior cidade do país, São Paulo, só dois candidatos: Tabata e Boulos, definiram propostas de políticas voltadas para a questão de gênero e raça. Vamos debater com todos os candidatos a prefeitos e vereadores para que as gestões municipais incorporem, em seus planos municipais de saúde, ações da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, criando instâncias, projetos e programas voltados para esta população.

É preciso promover acesso à saúde mental e inteligência emocional para pessoas negras 

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Foto: Freepik

Texto: Rachel Maia

A escassez, a falta de acesso à informação, a bens de consumo, a segurança alimentar, e a estigmatização de pessoas negras – que precisam enfrentar o racismo já na infância tem relevância significativa nos dados que apontam o atual cenário de saúde mental no Brasil, onde pretos e pardos são maioria.

Conforme conteúdo publicado no site do Instituto Cactus, na série, Saúde Mental é Todo Dia, há um trecho que diz: “Mesmo que o sofrimento psíquico seja comum a todas as pessoas, os impactos são diferentes porque quando falamos em saúde mental precisamos considerar os determinantes sociais que atravessam o tema”. 

Em novembro de 2023 o Ministério da Saúde realizou um evento com foco na saúde mental da população negra, quilombola e indígena. Tendo como um dos temas a obrigatoriedade do quesito raça/cor, – dentro dos padrões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e o conceito de interseccionalidade para o avanço e estratégias de combate ao racismo que é fator determinante para a saúde mental da população negra. 

Quando ouço o relato de pessoas que se depararam com questões de raça porque foram apresentadas a elas de maneira excludente, me vem à mente o quanto poderíamos ter avançado se ao invés de problematizar nossas diferenças as potencializássemos. Sigo compartilhando com vocês a minha trajetória de diversas maneiras, em palestras, artigos, e em meu livro, Meu Caminho Até a Cadeira Número 1, e tenham certeza, nada me deixa mais feliz do que ter a oportunidade de relatar a vocês que nossas dores não nos definem. 

Mas, hoje, quero ressaltar o quanto é importante nos mantermos saudável físico, emocionalmente e mentalmente, para que as adversidades (que para pessoas negras ainda têm um peso significativo) não nos impeçam de seguir, pois não se trata apenas das nossas práticas. Fatores biológicos, psicológicos e sociais, interferem no resultado da nossa saúde mental, e por isso, precisamos ficar atentos, e discutir sobre o tema. 

Conforme pesquisa realizada pela, Associação Médica Brasileira (AMB) um a cada seis pessoas fazem uso de medicamentos para tratar algum tipo de condição mental e apenas 5,1% têm acesso à psicoterapia – que é realizado como tratamento inicial as questões de adoecimento mental. O tratamento humanizado, tal qual, o acesso a profissionais especializados é algo distante da realidade financeira, e de conhecimento da população,  principalmente das pessoas negras.  

É importante ressaltar que ainda existem tabus ao que está relacionado à saúde mental na sociedade e que este fator também colabora para o não diagnóstico precoce, o que dificulta a compreensão e tratamento adequado. Outro fator relevante é o fato de não haver dados precisos, pois os tabus distanciam a sociedade do tema, e a saúde pública ainda não atende a demanda para promover a prevenção com foco em tratamentos terapêuticos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) quase 10% da população brasileira está lidando com transtorno de ansiedade que é considerado um dos principais vilões, e porta de acesso para outros transtornos. Estamos finalizando o mês de setembro que desde 2015 foi intitulado de Setembro Amarelo, que corresponde à campanha brasileira de prevenção ao suicídio. E, quero ressaltar aqui, que você não está sozinho. Ligando 188, que é gratuito, e funciona 24 horas, durante todo o ano, você pode conversar com um voluntário e receber ajuda. 

Priorizar a saúde e equilibrar as emoções são ferramentas necessárias para alcançar os objetivos profissionais e de vida. Faz parte do processo para as escaladas da vida e nos tornam mais fortes e preparados. O autoconhecimento é algo fundamental para o bom convívio tanto no meio social como no ambiente de trabalho e, de igual relevância para que possamos seguir saudáveis e com foco no que realmente importa. Cuidem-se!

Com programação cultural e caminhada, Curitiba recebe 9ª edição da Marcha do Orgulho Crespo

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Fotos: Divulgação/Assessoria

No próximo dia 9 de novembro, Curitiba será palco da 9ª edição da Marcha do Orgulho Crespo, evento que desde 2016 promove a conscientização sobre o racismo estético e reforça o orgulho da identidade negra. Inspirada no movimento que teve início em São Paulo em 2015, a marcha curitibana, que terá início às 9h, na Praça Santos Andrade, tem como objetivo educar a sociedade sobre a discriminação racial, com foco na valorização dos cabelos crespos e cacheados.

O evento deste ano ganha um significado ainda maior, com a oficialização da marcha no calendário municipal para o dia 12 de novembro, graças à lei nº 12.555/2023, proposta pela vereadora Carol Dartora. A marcha surgiu após um episódio de racismo sofrido pela cantora e ativista Michele Mara, em 2016, e desde então tem sido um marco de resistência e empoderamento estético para a população negra de Curitiba.

Com uma programação repleta de atividades culturais e rodas de conversa, o evento visa fortalecer a autoestima da população negra e combater a pressão por padrões estéticos eurocêntricos. A 9ª edição da marcha contará com oficinas de penteados afro, apresentações teatrais e musicais, além de uma caminhada que simboliza tanto um ato de protesto quanto uma celebração da negritude.

Para Michele Mara, uma das líderes do movimento, o evento simboliza o resgate de histórias de luta e ancestralidade. “Cada pessoa negra que assume seu cabelo crespo está resgatando uma história de luta, orgulho e ancestralidade. Neste ano, com a marcha oficializada no calendário da cidade, reafirmamos que o nosso cabelo, a nossa cultura e a nossa identidade têm lugar, voz e poder em Curitiba”, destaca a cantora.

Programação completa

9ª Marcha do Orgulho Crespo de Curitiba
Manhã – 09 de novembro de 2024
9h às 12h: Abertura ao público com oficinas de penteados afro, contação de histórias e encontro de mães negras. No palco da Praça Santos Andrade, haverá uma apresentação de teatro afro-infantil, e o serviço de penteados continuará na tenda.

Atividades culturais: intercâmbio entre migrantes africanas e mulheres negras brasileiras.
Atividades infantis, rodas de conversa e oficinas de dança.

12h30 às 13h30: Lanche coletivo no pátio da UFPR para integração entre os participantes.
Tarde – Caminhada e Atos Culturais
13h30: Concentração da Marcha na Boca Maldita com o Bloco Afro Pretinhosidade.

14h: Início da caminhada, passando pela Rua XV de Novembro e terminando na Praça Santos Andrade, UFPR. A caminhada é um ato de protesto e celebração, convidando toda a sociedade a participar e fortalecer a luta antirracista.

Tarde/Noite – Apresentações Culturais
15h15 às 22h: Shows no palco da Praça Santos Andrade, com apresentações de:
MUV e Michele Mara
Dharma Jazz e Kimera
Bloco Afro Pretinhosidade (Cortejo e show)
Grupo Baquetá
Maíra Carvalho
Janine Mathias
Soul Ébano

Moda inclusiva transforma vidas e dá voz a pessoas com deficiência

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Foto: Divulgação

Para ser inclusiva a moda deve atender todos os públicos, respeitando a diversidade de corpos, tamanhos e não impondo limites ou barreiras às possibilidades de produzir roupas que sejam confortáveis e que proporcionem bem-estar para quem usa.

Em 2017, um incômodo observacional transformou a trajetória de Grace Santos, então empregada CLT, que passou a notar a ausência de representatividade de corpos diversos, especialmente de pessoas com deficiência, no cenário da moda. Esse desconforto foi o ponto de partida para a criação da Encantiê Concept Br, marca que desde então se dedica a produzir roupas inclusivas, pensadas especialmente para pessoas com deficiência.

Além da produção de peças adaptadas, a Encantiê Concept Br tem como princípio inserir pessoas com deficiência em todo o processo, desde a criação até a fotografia e edição de campanhas. “Quando mostro um corpo com deficiência para o mundo, estou mostrando que quem fotografou ou editou foi uma pessoa com deficiência. Isso é importante para criar oportunidades que vão além das passarelas e fotos comerciais”, pontua Santos.

Grace acredita que a moda inclusiva impacta diretamente a autoestima e confiança de pessoas com deficiência, proporcionando-lhes voz e visibilidade em um movimento ainda segregado, mas em expansão. Quanto ao futuro da moda inclusiva, ela é otimista, apesar de reconhecer que grandes mudanças estruturais podem demorar a acontecer. “Já tivemos avanços, com pessoas com deficiência em campanhas e passarelas, mas ainda é necessário inserir o Braille, QR codes e outras adaptações nas roupas de varejo e em produtos físicos.”

A fundadora da Encantiê Concept Br  lembra como deu os primeiros passos para criar sua empresa e empreender por meio da moda inclusiva: “Eu não sabia costurar, fazer croquis, nem mesmo como conduzir uma marca, mas sabia que precisava começar pelas pessoas”, afirma Grace. Seu primeiro desafio foi conquistar a confiança de pessoas com deficiência, aproximando-se de suas realidades e entendendo melhor suas necessidades. A partir daí, começou a jornada de fundar e gerir uma marca de moda inclusiva, enfrentando obstáculos como os altos custos de produção. Para superar essa barreira, Grace aprendeu a costurar, o que permitiu reduzir despesas e, consequentemente, o preço final dos produtos.

Ela ressalta que, mesmo operando com recursos limitados, a marca desempenha um papel fundamental ao abrir portas para outras empresas reconhecerem e desenvolverem talentos com deficiência. “Eu faço o que posso com o que tenho, mas faço”, conclui.

A iniciativa de Grace Santos reflete um avanço no campo da moda inclusiva, ainda em fase de crescimento no Brasil, mas com potencial de promover transformações significativas na vida de muitas pessoas.

Esse conteúdo é fruto de uma parceria entre Mundo Negro e Instituto C&A.

“Um Brasil sem discriminações e sem miséria”, diz nova ministra dos Direitos Humanos em cerimônia no Planalto

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em cerimônia realizada na última, 27, no Palácio do Planalto, em Brasília, a nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, assumiu oficialmente o cargo com um discurso que destacou a defesa de um Brasil sem discriminações, fome e miséria. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e das outras cinco ministras de seu governo, Evaristo ressaltou o desafio de desmistificar o que são os Direitos Humanos e tornar a pauta central no país.

“É fundamental que se compreenda que Direitos Humanos são direitos de todos, e que sua garantia é condição para um país mais justo e igualitário”, afirmou a ministra, que reforçou seu compromisso com o combate à desigualdade social e ao racismo.

Mineira da cidade de São Gonçalo do Pará, Macaé Evaristo é professora, assistente social e ativista pelos direitos humanos e a luta antirracista. Ela se tornou a primeira mulher negra a ocupar o cargo de secretária de Educação de Belo Horizonte, entre 2005 e 2012, e do estado de Minas Gerais, de 2015 a 2018. Em âmbito federal, atuou como secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, durante o governo Dilma Rousseff.

Evaristo, que é formada em Serviço Social e possui mestrado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também realiza seu doutorado em educação, atualmente está licenciada do cargo de deputada estadual em Minas Gerais.

Nomeada ministra dos Direitos Humanos há pouco mais de duas semanas, Macaé substitui Silvio de Almeida, exonerado no dia 6 de setembro após denúncias de assédio moral e sexual. Almeida nega as acusações, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que abriu um procedimento preliminar para apurar o caso.

A posse da nova ministra reforça o compromisso do governo Lula com uma agenda focada na promoção da igualdade de direitos e na inclusão social, em um contexto de intensificação dos esforços para reduzir as desigualdades no país.

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