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Beyoncé estaria em negociação para show na Praia de Copacabana em 2025, diz colunista

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Foto: Reprodução/Instagram

A cantora Beyoncé é a favorita para realizar um show na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 2025, segundas informações publicadas pelo colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo.

De acordo com o colunista: “Apesar de Eduardo Paes ter dito na campanha que gostaria de trazer a banda U2 para o show da Praia de Copacabana em 2025, um outro nome desponta como favorito. As negociações estão caminhando para a vinda da estrela pop 
Beyoncé”, reforçou o colunista.

No início de outubro, o prefeito da capital carioca, Eduardo Paes, anunciou a intenção de organizar um show gratuito na Praia de Copacabana em 2025, uma iniciativa que faria parte de seu projeto de criar o “Celebration May”, evento anual que traria uma grande atração internacional para a cidade sempre no primeiro sábado de maio, inspirado pelo show da Madonna, que rendeu uma movimentação de R$ 293,4 milhões. “Tem um monte de gente pedindo Beyoncé, pedindo o show do Michael Jackson que está em Las Vegas com um holograma, tem todo tipo de pedido, pressão forte. Mas quero apenas manifestar que o meu lobby vai ser pelo U2”, afirmou Paes nas redes sociais.

Em maio de 2024, Madonna reuniu cerca de 1,6 milhão de pessoas em um espetáculo que gerou impacto econômico expressivo no comércio e no turismo local, com movimentação de R$ 293,4 milhões, segundo dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE).

Akon lança clipe de ‘Akon’s Beautiful Day’ com cenas gravadas no Rio de Janeiro

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Foto: Reprodução/Instagram/RiR

Após ser flagrado gravando cenas na praia do Arpoador, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no final de setembro, o cantor e produtor Akon finalmente revelou o propósito das filmagens. As imagens integram o novo clipe de “Akon’s Beautiful Day”, lançado no último dia 11 de outubro no YouTube.

Nos comentários da postagem feita por Akon no Instagram, muitos fãs brasileiros celebraram a escolha do cenário carioca e relembraram que a música foi utilizada como abertura do show do cantor no Rock in Rio 2024. Outro seguidor do artista no Instagram comentou que o viu gravando uma cena do clipe compartilhada no Instagram: “Eu posso dizer que assisti você gravando esse clipe”, afirmou.

O clipe de “Akon’s Beautiful Day” parece estar conquistando a audiência online, especialmente com a participação do Brasil em destaque, reforçando a conexão do cantor com seus fãs no país. Com mais de 1 milhão de visualizações, o vídeo também conta com cenas gravadas em outros países.

Chefs Ieda de Matos e Patty Durães levam culinária quilombola e ancestral à 8ª edição do Experimenta! no Sesc

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Foto Chef Ieda: Ian Rassari Foto Patty Durães: Vitoria Leona

Entre os dias 15 e 27 de outubro, o Sesc São Paulo realiza a 8ª edição do Experimenta! Comida, Saúde e Cultura, evento que propõe reflexões sobre a alimentação saudável e seus impactos sociais e culturais. Com mais de 130 atividades distribuídas pelas unidades do Sesc na capital, litoral e interior, o programa destaca oficinas que resgatam tradições alimentares quilombolas e afro-brasileiras.

No Sesc Interlagos, a chef Ieda de Matos, especialista na culinária da Chapada Diamantina, ministra a oficina “Cozinha Quilombola – Resgatando a História”, nos dias 15, 18 e 26 de outubro. Proprietária do restaurante Casa de Ieda, a chef utiliza a gastronomia para contar a história de resistência dos quilombos durante o período colonial, enquanto prepara pratos tradicionais da região, que serão degustados pelos participantes.

A pesquisadora Patty Durães também integra a programação, ao ministrar uma palestra com o tema “Vamos descascar mais e desembalar menos”, que será realizada na próxima quinta-feira, 17, no Sesc Consolação.

Ainda no Sesc Interlagos, nos dias 16 e 17, o gastrônomo e food stylist Caito Melo promove a atividade “Banquete dos Orixás – Caruru Iorubá”. Nela, os participantes aprenderão a preparar pratos típicos do caruru, como xinxim de galinha, vatapá e a famosa “cabeça de negro”. A oficina também explora o significado simbólico do caruru, que vai além da culinária: é uma oferenda religiosa, em homenagem a diferentes Orixás das religiões de matriz afro-brasileira.

Já no Sesc Campinas, no dia 25 de outubro, a nutricionista Jane Glébia comanda a oficina “Cozinha Quilombola: Saberes e Fazeres de Ancestralidade”. Durante a atividade, Jane apresentará artefatos e alimentos tradicionais das comunidades quilombolas do Baixo Tocantins, na Amazônia Paraense, discutindo os saberes e práticas agrícolas, extrativistas e culinárias dessa região.

Para todas as oficinas, as vagas são limitadas e as senhas serão distribuídas 30 minutos antes do início de cada atividade.

SERVIÇO: 

Cozinha Quilombola – Resgatando a História

Quando: 

16/10 (quarta) 11h00

18/10 (sexta) 14h00

26/10 (sábado) • 11h00

Onde: Sesc Interlagos – Local: Hall do Viveiro de Plantas

Para todos os públicos – Grátis

Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência.

Banquete dos Orixás – Caruru Iorubá, com Caito Melo

Quando: 16 e 17/10 (quarta e quinta) 13h às 16h30

Onde: Sesc Interlagos – Local: Hall do Viveiro de Plantas

Para todos os públicos – Grátis

Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência.

Cozinha Quilombola: Saberes e Fazeres de Ancestralidade

Palestra com Jane Glébia, nutricionista Jane Glébia

Quando: sexta-feira, 25/10, às 18h

Onde: Sesc Campinas

Para todos os públicos – Grátis

Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência.

Acesse a programação completa do Experimenta! www.sescsp.org.br/projetos/experimenta/

Iza dá luz à Nala, sua filha com o jogador de futebol Yuri Lima, na manhã deste domingo

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Nala chegou! Na manhã deste domingo, 13 de outubro, às 7h52, no Rio de Janeiro, nasceu a filha da cantora Iza com o jogador de futebol Yuri Lima.

Em um comunicado enviado à imprensa, a assessoria da cantora afirmou:  “No dia 13/10/24, às 7:52, nasceu Nala, no Hospital Perinatal da Glória, no Rio de Janeiro, sob os cuidados do médico Dr. Bruno Wunder de Alencar. O parto foi cesariana e tanto a mãe quanto a bebê estão bem”.

A cantora compartilhou nas redes sociais um registro da mão da bebê e escreveu na legenda um trecho da música Anunciação, de Alceu Valença: “Que tu virias numa manhã de domingo, eu te anuncio nos sinos das catedrais”.

Na sexta-feira, 11, a cantora compartilhou um vídeo  dançando a música  “Rock This Party (Everybody Dance Now)”, de Bob Sinclair e na legenda brincou: “Filha, eu sei que é confortável aí… Mas já tá tudo pronto, pode vir”.

Met Gala 2025 resgata história do dandismo negro na moda

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Foto: Divulgação/The Metropolitan Museum of Art, New York
Foto: Divulgação/The Metropolitan Museum of Art, New York

O Met Gala 2025 promete trazer uma reflexão poderosa sobre a moda e a história da diáspora africana. Com o tema “Superfine: Tailoring Black Style” (Impecável: a confecção do Estilo Negro), o evento, conhecido por suas exibições extravagantes e criativas, focará no dandismo negro. A exposição, que será realizada pelo Museu de Arte Metropolitana de Nova York (The Met), explora a relação entre o estilo indumentário dos homens negros e a construção de suas identidades durante o período escravocrata.

O dandismo, caracterizado pela vestimenta sofisticada e elegante, vai além da moda. Para a população negra no contexto histórico da diáspora, era um símbolo de resistência, reinvenção e afirmação. Enquanto o mundo transitava da escravidão para a emancipação, o estilo refinado dos dândis se tornou uma forma de reconfigurar sua presença social, desafiando estereótipos e se posicionando como sujeitos de sua própria história.

Foto: Daniele Tamagn/CNN/Divulgação
Foto: Daniele Tamagn/CNN/Divulgação

A exposição “Superfine” pretende destacar como essa estética influenciou a identidade negra ao longo dos anos. O uso do terno bem cortado, tecidos de alta qualidade e uma postura imponente representam, para muitos, uma reinterpretação da masculinidade negra, especialmente em um cenário de opressão. O Met busca evidenciar como essa escolha estética se entrelaçou com o desejo de liberdade e reconhecimento em diversas sociedades, principalmente no contexto colonial e pós-colonial.

Nesta edição, o evento contará com a presença de quatro coanfitriões de peso: Pharrell Williams, Colman Domingo, Lewis Hamilton e A$AP Rocky. Além disso, LeBron James, astro do basquete e ativista social, será o copresidente honorário, reforçando a importância de figuras negras de destaque na liderança do evento. Marcado para 5 de maio de 2025, o Met Gala, promovido por Anna Wintour, promete trazer não só celebridades e estilistas à vanguarda da moda, mas também uma reflexão histórica sobre a diáspora africana e a importância do estilo como ferramenta de expressão e resistência.

Foto: Daniele Tamagn/Divulgação
Foto: Daniele Tamagn/Divulgação

Dirigida por Naruna Costa e com direção musical de Emicida, “Tá Pra Vencer” aborda racismo e esgotamento social

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Foto: Reprodução

Dirigida por Naruna Costa, indicada ao Prêmio Shell 2024, e com direção musical de Emicida, a peça inédita “Tá Pra Vencer” estreia no próximo dia 19 de outubro no Sesc Ipiranga, em São Paulo. O espetáculo joga luz sobre as questões de saúde mental enfrentadas pela população negra e periférica, trazendo à tona temas como o esgotamento social, excesso de trabalho e as consequências do racismo estrutural. A montagem, que fica em cartaz até 21 de novembro.

Idealizado pelos atores Ailton Barros, Filipe Celestino e Jennifer Souza, co-fundadores do grupo de teatro negro “O Bonde”, o espetáculo utiliza o humor para abordar o impacto das desigualdades sociais e econômicas na saúde mental. “Tá Pra Vencer” retrata o cotidiano de três amigos que organizam uma festa de aniversário para um quarto amigo, que vive atrasado por conta do trabalho. Enquanto organizam a celebração, os personagens refletem sobre suas rotinas exaustivas e os desafios profissionais, revelando angústias que ressoam com uma ampla parcela da sociedade.

“A pressão pela produtividade e a urgência fazem parte do dia a dia de todos, mas como isso afeta quem vive na periferia, especialmente a população negra?”, questiona Filipe Celestino, que também atua no espetáculo. A proposta da peça é, segundo ele, provocar uma reflexão sobre a sobrecarga imposta a esses grupos, que, além de enfrentar preconceitos sociais, precisam lidar com as demandas incessantes de um sistema que muitas vezes compromete a saúde mental.

A trilha sonora original e direção musical de Emicida trazem uma nova dimensão ao espetáculo. O artista, que já participou de festivais de teatro com seus shows, revela estar realizando um sonho antigo. “Sempre quis estar mais perto do teatro, e colaborar nesse projeto tem sido uma honra”, afirma.

O texto de Jhonny Salaberg, também indicado ao Prêmio Shell, equilibra momentos de humor com tensões profundas. “A peça passeia entre as anedotas e tensões, trazendo a realidade periférica à tona”, conta o dramaturgo. Já a diretora Naruna Costa enfatiza que, apesar do peso dos temas, o objetivo é tratar a questão com leveza. “O drama não é o foco central. A proposta foi deixar a dramaturgia mais leve, trazendo o humor para o cotidiano difícil da população periférica negra”, explica.

Daniel Kaluuya relembra impacto de Chadwick Boseman em sua trajetória: “Conhecer Chadwick foi um ponto crucial na minha vida”

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Foto: Reprodução

O ator britânico Daniel Kaluuya, vencedor do Oscar, compartilhou reflexões emocionantes sobre a influência de Chadwick Boseman em sua vida e carreira, durante o BFI London Film Festival. Kaluuya, que interpretou W’Kabi em Pantera Negra (2018), relembrou um jantar marcante com o colega de elenco, falecido em 2020, descrevendo-o como um momento de grande mudança em sua trajetória.

“Conhecer Chadwick foi um ponto crucial na minha vida”, disse Kaluuya, conforme relatado pelo The Hollywood Reporter. O ator detalhou como Boseman percebeu que ele estava prestes a enfrentar mudanças significativas em sua carreira, especialmente com o lançamento de Get Out (2017), o filme de terror de Jordan Peele que o impulsionou ao estrelato internacional. Segundo Kaluuya, Boseman ofereceu orientação e suporte quando ele mais precisava, sem que ele precisasse pedir: “Ele se inclinou e viu que eu precisava de ajuda e orientação”, recordou. “Eu estava prestes a fazer uma campanha de imprensa, e não tinha um relações públicas. Ele simplesmente sabia.”

A admiração de Daniel Kaluuya por Chadwick Boseman foi destacada ao longo de seu discurso, lembrando o impacto do colega no set de Pantera Negra. Boseman, que na época já havia sido diagnosticado com câncer de cólon, nunca deixou transparecer sua luta pessoal. “Fazer aquelas cenas de ação nos trajes, no calor… é difícil para o corpo. Saber que ele fez isso enquanto passava pelo que estava passando, eu realmente não tenho palavras para descrever”, afirmou Kaluuya.

Boseman morreu em 2020, aos 43 anos, após lutar contra o câncer em segredo por quatro anos. Sua morte foi um choque para a indústria cinematográfica, e ele tem sido homenageado desde então, inclusive com uma estrela póstuma na Calçada da Fama de Hollywood. O filme Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022) dedicou grande parte de sua trama a honrar o legado do ator e seu personagem, T’Challa.

Kaluuya, por sua vez, continuou sua carreira de forma marcante, participando de filmes como As Viúvas (2018), Queen & Slim (2019), Judas e o Messias Negro (2021), pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, e mais recentemente, Nope (2022) e Homem-Aranha: Além do Aranhaverso (2023).

Outubro Rosa: livro de Rachel Galiza narra desafios e vitórias após diagnóstico de câncer de mama

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Foto: Gabriella Maria / Afroafeto

No dia 16 de outubro, quarta-feira, a Livraria da Travessa, em Ipanema (RJ), será palco do lançamento de ‘Tudo vai bem aqui no peito – Como superei um câncer aos 32 anos‘, livro escrito por Rachel Galiza. A partir das 19h, o público poderá conhecer de perto a emocionante trajetória da autora, que transformou sua experiência de superação de um câncer de mama em um relato inspirador. O evento ocorre durante o Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a doença, reforçando a importância do autoexame e do apoio durante o tratamento.

Nas 240 páginas da obra, Rachel detalha desde a descoberta do câncer, feito por meio do autoexame, até as transformações que a levaram a encarar o diagnóstico com coragem, bom humor e fé. Após criar um blog para relatar o dia a dia da luta contra a doença, a engenheira civil decidiu expandir a conversa em um livro que mistura emoção, aprendizados e momentos de vitória.

Além de depoimentos emocionantes, o livro é repleto de fotos que registram a trajetória de Rachel, como o ensaio fotográfico que fez após a primeira cirurgia para retirada da mama esquerda. A imagem desse ensaio, com a autora exibindo sua força e resiliência, inspirou a ilustração da capa, criada pela designer Patricia Fernandes.

Com frases motivacionais, listas de necessidades para quem enfrenta o tratamento e reflexões profundas, o livro oferece uma mensagem de esperança. Uma das frases destacadas por Rachel é: “Faça das pequenas coisas um evento. O momento é difícil, mas não estamos impedidos de rir, sorrir, comemorar, vibrar! Vibre!!!”

12 de outubro: nem todas as crianças sorriem

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Foto: Reprodução/Freepik

A minha infância ocorreu há décadas, mas as memórias daquela época continuam cristalinas, principalmente quando se aproximam as datas comemorativas no calendário nacional; ocasião em que o comércio investe, intensamente, nas publicidades para alavancar o consumo da população. Para a minha família, nada mudava. Os dias continuavam sendo de muita luta, a pobreza apresentava as mesmas feições.

As doações de alimentos que recebíamos davam um pequeno alívio; também ganhávamos roupas, calçados e brinquedos usados da vizinhança. Meus pais não paravam, ambos trabalhavam informalmente. Ora tomavam calotes dos contratantes, ora recebiam uma miséria. Porém, apesar de todos os esforços, as dificuldades não cessavam nas nossas vidas. Por isso, não suporto as línguas malditas dizendo “os pobres são acomodados”.

Lembro com muita tristeza do Dia das Crianças, pois eu não ganhava nada e tinha que testemunhar as crianças ostentando seus presentes. E eu no meu cantinho sentindo um amálgama de sentimentos ruins. Às vezes até contava umas lorotas: “ganhei uma bola, bicicleta, carrinho ….. mas a minha mãe não deixou eu trazer”. Na realidade, os brinquedos dos meus sonhos se tornaram a matéria-prima das minhas mentiras.

Os tempos são outros, no entanto, percebo que as condições de vida da maioria das pessoas negras são parecidas com a que passei. O racismo continua acorrentando as famílias negras nos menores estratos econômicos. Da mesma maneira que aconteceu comigo, as crianças negras sofrem muitas privações, enquanto as crianças brancas gozam de um leque de privilégios.

E veja só, desde cedo as crianças negras aprendem que são odiadas por muitas pessoas ao redor. Alguém argumentará “crianças brancas pobres também sofrem”, desconsiderando que são camadas diferentes de opressão. A pessoa deveria compreender que, quando há racismo, nada é comparável. Mesmo porque o problema também é emocional, o dinheiro não tinge o negro de branco. Dito isso, lutemos contra a branquitude para que os olhinhos negros não continuem marejados.

As impossibilidades de viver a infância do menino negro no Brasil

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Foto: Reprodução/pikisuperstar

Texto: Luciano Ramos (Especialista em Masculinidades Negras)

Segundo o relatório Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes, no Brasil entre os anos de 2021 e 2023, foram assassinados, pelo menos, 9.328 crianças e adolescentes negros. E destes assassinados, 90% eram meninos. Há uma necropolítica em curso no Brasil e essa denúncia já é conhecida e reconhecida por organismos nacionais e internacionais. Aqui, eu quero analisar com você, por dentro das masculinidades iminentemente em risco ou das possibilidades de masculinidades interrompidas, já que esses meninos não chegam a se tornar adultos. Os meninos que crescem, desde muito cedo já são vistos como adultos desde a infância: o famoso fenômeno da adultização de crianças negras (e como já é sabido para muitas pessoas, os meus artigos aqui são para dialogar sobre as masculinidades negras. Então, vou falar dos meninos). 

Os corpos dos meninos negros não são olhados na perspectiva do cuidado. Ao contrário, esses corpos são postos a margem do cuidado. Não é exagero dizer que ele é visto como um corpo “marginal” (leia-se à margem). Outro dado importante para pensarmos sobre a ausência de cuidado em relação aos meninos negros é a Situação do Trabalho Infantil. Os pretos e pardos representam quase 70% das vítimas de trabalho infantil no Brasil, onde, trabalhando nas ruas, a maioria são os meninos. As meninas negras representam a maioria em trabalhos infantis domésticos. Constantemente, ainda escutamos frases como “Olha que menino esforçado!” ou “Melhor assim, trabalhando, ganhando o dinheirinho dele, do que roubando.”. Essas frases são cruéis e violentas. A primeira fala da ideia de esforço pra alguém que, na fase em que está desenvolvendo essa atividade deveria estar brincando, sonhando e se desenvolvendo física, psicológica e cognitivamente. A segunda coloca o menino negro em duas únicas possibilidades que, a partir da perspectiva do racismo ele está fadado a ser e a performar: 1- o trabalho forçado; 2- o possível criminoso (como ameaça social). 

Uma vez, um jovem negro me disse que a transição da ideia de infância para adolescência do menino negro, se deu para ele quando começou a ouvir os “clicks” das travas das portas dos carros, enquanto ele transitava nas ruas. Esse é o som mais ouvido por meninos que trabalham nas ruas. Quem não lembra da emblemática Chacina da Candelária, onde 06 adolescentes e 02 jovens foram mortos no Centro do Rio de Janeiro? Os meninos que ali estavam, vivendo nas ruas do centro da cidade eram negros e esses corpos foram assassinados, brutalmente. Essa é a expressão brutal do racismo.

Historicamente, houve no Brasil a FUNABEM (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor). A Fundação, nascida em 1964, no período da ditadura militar, era um espaço, extremamente violento, e que tinha, em grande medida os meninos negros. A “correção dos corpos”, prática comum do período da escravização dos negros, era uma prática muito presente neste espaço. Os meninos negros “depositados” neste lugar, em que para muitas famílias era visto como um lugar em que seu filho seria cuidado e teria elementos básicos como alimentação e escolarização, na verdade eram espaços de violação de direitos básicos e de grande violência física e psicológica, relatados por alguns homens que, na infância, passaram por esses lugares. Há relatos constantes que, pelas situações de violência ali vivenciados, os meninos, continuamente fugiam das sedes da FUNABEM. E quando encontrados sofriam mais violências. Perceba se isso não soa familiar com a ideia dos negros que fugiam e eram encontrados pelos seus senhores, e ao serem encontrados, sofriam mais violências. 

30 anos depois da Chacina da Candelária, os meninos negros seguem sendo assassinados pelo Estado brasileiro ou pelas chamados “representantes do Estado”. Em estudo do UNICEF e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, foram 13,5 mortes por dia, em média de crianças e jovens negros assassinados no Brasil. Mais de 2 crianças e jovens mortos por hora. Esses dados deveriam nos mobilizar, completamente, enquanto sociedade. Há uma epidemia de morte de meninos negros no Brasil. Uma sociedade que dorme, tranquilamente, com esses dados está adoecida. Essa é a expressão máxima do racismo. 

Meninos negros, que parte racista da sociedade insiste em tratar como “menores” (termo que advém do antigo Código de Menores (legislação anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente), são os indivíduos que os índices da Educação no Brasil nos mostram que, ainda, são os que não estão na segunda etapa do ensino fundamental e/ou que não retornam para a escola no ensino médio, pois estão buscando os trabalhos, que majoritariamente, são subalternizados. Isso é a manutenção da miséria a que os homens negros estão submetidos. Alguns teóricos vão denominar como racismo sistêmico. Não é possível olhar o fenômeno da evasão escolar sem fazer a leitura de raça e gênero, para pensar em práticas metodológicas assertivas para manutenção de meninos e meninas negros e negras nas escolas. A escola é, ainda, 20 anos depois da Lei 10.639/2003, um espaço profundo de violências raciais contra crianças e adolescentes negros. Esse fato, aliado às vulnerabilidades financeiras a que esses meninos vivenciam, os retiram da escola precocemente. 

Fechando esse texto, é necessário, também, pensar nos meninos negros que são adotados por famílias brancas ou filhos de relações interraciais que, muitas vezes, vivenciam práticas racistas no âmbito familiar, nos espaços de socialização (como escolas) ou nos espaços que suas famílias circulam. Algumas Defensorias Públicas solicitam que seja retirado o campo etnia do cadastro de crianças aptas para o acolhimento, pois, segundo o Conselho Nacional de Justiça, 06 em cada 10 famílias adotantes no Brasil buscam por crianças brancas. E os que adotam crianças negras, apresentam predileção pelas meninas. Há, também, um grande índice de devolução de crianças negras adotadas por famílias brancas. Sob a justificativa de não adaptação essas famílias devolvem a criança para as casas de acolhimento. Esse processo é traumático para esses meninos e meninas. Todavia, a desumanização dos corpos negros, estabelecida pelo racismo, faz com que essas famílias não olhem essas crianças como dotadas de emoções e sentimentos. Por isso, podem ser objetificadas. Há um debate em curso sobre o racismo na adoção que precisa ser mais explorado pela sociedade brasileira. A assistente social baiana Denise Ferreira, que atua no sistema de justiça traz à tona esse debate. Assim como alguns grupos de famílias adotantes frequentam encontros para dialogar sobre racismo. 

Esse é um tema que nos apresenta muitas camadas. Não é possível esgotar todas nesse texto. Mas é um chamado a reflexão e a ação. Não há fórmula mágica. Letramento racial em todos os espaços é um primeiro passo. Humanizar os meninos negros é um passo importante. Reolhar os meninos negros a partir de seus diferentes ciclos de vida é um primeiro passo para humanizar. A política pública em todos os âmbitos olhar para os meninos negros a partir da perspectiva interseccional. Olhar, atentamente, as suas necessidades e buscar corresponder a elas. Assim, começaremos o processo de mudança. 

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