Jeans é sempre o clássico de todas as temporadas com diversas lavagens, cortes e texturas que deixa mais moderna e democrática e faz combinar com qualquer peça das mias básicas até as sofisticadas agradando todos os estilos.
pesquisa “Mortes violentas na cidade de São Paulo em 2011” apresenta um panorama das causas e perfil das vítimas de agressões, acidentes de trânsito, intervenções policiais e eventos de intenção não determinada.
Entre os dados observados, chama atenção que o homicídio é a principal causa de morte não natural de negros, enquanto os acidentes de trânsito provocam a maioria das mortes não naturais entre a população branca.
O estudo é baseado nas informações mais recentes divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde.
As informações são do instituto Sou da Paz.
Cansado da ausência das lendas africanas na literatura, jovem autor negro cria uma mitologia fictícia para falar sobre os grandes desafios da vida (clique nas fotos abaixo para ampliar).
“Este livro não é mais um épico fantasioso com Orixás”, esclarece Fábio Kabral ator e dublador que cursou Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Ele decidiu aprofundar o seu conhecimento sobre lendas africanas e criar sua própria mitologia, no entanto, o aspecto lendário é apenas um pano de fundo que dá cores e texturas aos dilemas causados e sofridos pelo ser humano quando ele passa para fase adulta. Resultado de muito estudo e pesquisa, o livro tem uma leve influência da vasta e rica coleção de lendas do continente africano, mas não só de lá . O primeiro personagem do livro foi escrito em 2003, mas só agora em 2014 o livro foi lançado oficialmente, num grande evento realizando na cidade de São Paulo
Mundo Negro – Você estudou profundamente a cultura africana antes de escrever. O seu livro é uma obra ficcional?
Fábio Kabral – Meu livro é ficcional. É um universo sem nome cujos povos e sociedades foram inspirados principalmente nas antigas lendas e histórias dos grupos lunda e tchokwe, de Angola com umas pitadas aqui e ali de outros povos do continente. Além de outras influências.
Apesar da questão das mitologia e lendas africanas, a obra não tem a ver com religião, sobre tudo o Candomblé.
A grande verdade, é que o ambiente, a mitologia não passam de pano de fundo, de passam de mero detalhe. O núcleo da história são os dramas individuais dos personagens, suas fúrias e ojerizas internas, suas dificuldades de lidar consigo próprios e com o ambiente hostil ao seu redor.
O que te levou a escrever a obra?
Sempre gostei de gibis, games, RPGs e literatura fantástica. E até hoje nunca vi representação pertinente dos povos do continente, nunca vi histórias fantásticas cujas sociedades e costumes sejam inspirados nos imaginários de África. Isso sempre me incomodou e me incomoda até hoje. Além disso, sempre gostei de criar mundos e escrever histórias, sempre fui fascinado na criação de novas realidades; assim, uni essas duas questões que me são mais pertinentes e dei início aos livros.
httpv://www.youtube.com/watch?v=Xl22ELzKwQw
Eu via uma foto sua, acredito que tirada durante as passeatas de novembro, mês da consciência negra, onde você carregava um pôster que falava sobre os brancos se apropriarem da estética e religião afro. Branco não tem legitimidade para falar sobre religiões de matriz africana?
O problema não é a pessoa branca na nossa religião, usando dreads e etc. O problema é a apropriação das culturas africanas e indígenas ou quaisquer outras culturas tradicionais, com as quais lucram como se fosse criação deles, sem o devido crédito e respeito. Nas religiões de matriz africana temos sacerdotes de todas as etnias, que são muito respeitados e que tratam a ancestralidade africana com todo o respeito que ela merece.
Afinal, sobre o que é o “Ritos de Passagem”? Quanto tempo você levou para escrevê-lo?
Ritos de Passagem é só o início dos trabalhos. Ritos de Passagem é sobre a jornada de superação em meio a um turbilhão de cobranças, expectativas e normas de conduta. Ritos de Passagem é sobre o desafio de encarar a si próprio e se tornar uma pessoa adulta – de uma forma ou de outra. Ritos de Passagem é uma história de ficção fantástica inspirada nas antigas lendas de África. A primeira personagem da história eu criei por volta de 2003; desde então, venho desenvolvendo os personagem e elaborando as primeiras partes dos conjuntos de histórias desse universo sem nome.
Você contou com a ajuda de outras pessoas?
Recebo ajuda de várias pessoas, no que diz respeito aos aspectos mais práticos de publicação e divulgação; a elaboração dos personagens, das histórias e do universo sem nome é por minha conta mesmo.
Quem quiser adquirir o livro, o que tem que fazer?
Por enquanto, quem quiser adquirir o livro Ritos de Passagem, deve contatar diretamente a GIOSTRI EDITORA, por meio de seu site (http://www.giostrieditora.com.br/), página no facebook (https://www.facebook.com/giostrieditora), e-mail e telefone.
Outras opções:
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http://www.livrus.com/
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Serviço:
RITOS DE PASSAGEM
AUTOR: FÁBIO KABRALISB
EDITORA: GIOSTRI
PREÇO: R$ 42,00
Pela primeira vez nos últimos 14 anos, líderes do candomblé, da umbanda e da Igreja Evangélica Neopentecostal se reúnem em um mesmo evento. Organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o show Cantando a Gente se Entende trará bandas de várias religiões para celebrar a convivência entre os credos e a liberdade religiosa.
O evento marca as comemorações do Dia Nacional da Liberdade Religiosa, celebrado hoje (21) e criado em homenagem à sacerdotisa do candomblé Gildásia dos Santos. Ela foi vítima de perseguição por uma igreja neopentecostal e enfartou ao ser acusada de charlatanismo, em 2000.
Nos últimos anos, o interlocutor da CCIR babalawo Ivanir dos Santos avalia que fiéis de religiões diferentes se tornaram mais tolerantes, mas que, institucionalmente, igrejas ainda são hostis a segmentos religiosos de matriz africana, principalmente. “Satanizam nossas crianças na escola, demonizam nossa cultura religiosa e popular como o samba e a capoeira e nossos rituais”, disse.
Instalada no Brasil há 12 anos, a Igreja Evangélica Voz de Deus, da corrente neopentecostal, será a primeira a se juntar ao evento da comissão. O pastor presidente Ayo Balogun, de origem nigeriana, avalia que é preciso vencer as barreiras do preconceito no Brasil. “As igrejas tem que unir os seres humanos e não deixar de amar pessoas que não praticam a mesma fé que a nossa”, declarou.
Para Ivanir dos Santos, a adesão da igreja de Ayo Balogun à comemoração é o primeiro passo para sensibilizar outras igrejas a se juntar contra a intolerância religiosa. “O gesto desse pastor é uma semente que tende a crescer porque muitos evangélicos não têm postura preconceituosa”, disse.
O evento Cantando a Gente se Entende, começa na sexta-feira (24), a partir das 18h, em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, no centro da cidade. Estão confirmadas a presença do ogan Tião Casemiro, ogan Taina, padre Omar e banda Afro Gospel. O arcebispo da cidade do Rio, Dom Orani Tempesta, nomeado cardeal na semana passada, foi convidado, mas ainda não confirmou presença.
Hoje sacerdotes de várias religiões integrantes da CCIR participam de um culto ecumênico no Templo Religião de Deus, em Campo Grande, na zona oeste. Além de candomblecistas, umbandista e neopentecostais, são esperados espíritas, muçulmanos, budistas, ciganos, praticantes de wicca e seguidores da Fé Bahá’i e hare krishnas.
As informações são da Agência Brasil.
Na terceira segunda-feira do mês de janeiro, os EUA comemoram o dia de Martin Luther King. A data é próxima ao seu aniversário, 15 de janeiro.
Abaixo 10 fatos que você talvez não saiba sobre essa personalidade histórica.
1) Apesar de ter sido assassinado com 39 anos, a autopsia revelou que Martin Luther King, tinha um coração tão desgastado por conta do stress que era similar ao de uma pessoa de 60 anos.
2) O nome original de King era Michael King Jr. Em 1931. Seu pai se tornou batista e adotou o nome de Martin Luther King Sr. Quando King fez 6 anos, seu pai mudou seu nome na certidão de nascimento para Martin Luther King Jr.
3) A inteligência de MLK fez com que ele entrasse na Faculdade Morehouse com apenas 15 anos de idade.
4) Ele se formou em sociologia e teologia. Em 1955 King concluiu seu doutorado na Universidade de Boston.
5) Quando MLK se casou com sua noiva Coretta, o casal foi rejeitado por um hotel só permitido para brancos. Os dois decidiram então, passar a noite em uma casa funerária que permitidas para negros
6) Há aproximadamente 900 ruas com o nome de Martin Luther King. 40 estados americanos tem pelo menos uma rua com seu nome.
7) De 1957 até sua morte em 1968, King proferiu mais de 2500 discursos, escreve 5 livros e inúmeros artigos para revistas e jornais.
8) Com apenas 35 anos King foi a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel.
9) De acordo com o instituto de pesquisa Gallup, King é a segunda pessoa mais admirada do século XX, perdendo apenas para Madre Teresa.
10) King é um dos 10 mártires mundiais do século 20 que estão retratados em estátuas em tamanho natural na entrada da Abadia de Westminster, em Londres.
Este texto foi originalmente publicado no site americano Atlanta Black Star
Por Higor Faria
Kaíque era negro, gay e provavelmente não pertencia às classes com maior poder aquisitivo. Na nossa sociedade branca heteronormativa, Kaíque fazia parte de três minorias e acumulava três tipos de preconceito: o de raça, o de sexualidade e o de classe social. Talvez essa situação fosse “amenizada” nos ambientes homossexuais e ele “só” sofresse racismo. E nos ambientes negros, “só” de homofobia.
Mesmo assim, não deve ter sido nada fácil encontrar um lugar que fosse acolhido plenamente e se sentisse protegido — se é que encontrou. Como tantos outros em nosso país, ele fazia parte de um grupo que é triplamente estigmatizado, invisibilizado e colocado em posição vulnerável. Não é a primeira vez que contam a história de Kaíque, mas a gente nunca deu a mínima. O Estado também não. Afinal, a vida de quem é preto vale menos — negros são 70% das vítimas de homicídio. A vida de quem é gay vale tão pouco quanto — os casos de assassinatos contra homossexuais triplicaram de 2007 a 2012. E a vida de quem é pobre segue na mesma cotação. Se a pessoa é preta, gay e pobre, o que não valia quase nada é dividido por três. Nem lágrima cai dos nossos olhos, que dirá uma comoção nacional.
E a regra é clara: se não tem valor, é deixado de lado. Invisibilizado. Não se considera nem nas estatísticas: não há recorte racial nos assassinatos registrados como motivados por homofobia, bem como não há recortes de sexualidade nos assassinatos registrados como de crime racial. E isso é uma coisa séria! Não tendo esses números, não se sabe e não se olha pra onde negros homossexuais estão sendo mais assassinados, não se reconhece os preconceitos da nossa sociedade, não se enxerga a dimensão do problema social e não há movimentação para resolvê-lo.
O resultado é esse aí registrado como suicídio. Como disse uma amiga minha “dizer que foi suicídio é como dizer que ele pediu por isso”. Muita gente acredita que por ser preto e gay ele pediu. Mas ele não pediu. Kaíque e tantos outros não pediram pra nascer numa sociedade que estigmatiza o preto, o gay e o pobre. E isso tudo é culpa do descaso do Estado e do meu, do seu e do preconceito dessa pessoa que tá aí ao seu lado. O Estado não criminalizou a homofobia, não aplica efetivamente as leis anti racismo, não educa contra o preconceito. Eu, você e a pessoa aí do lado não pressionamos o governo, os legisladores e as instituições, não denunciamos e ainda negamos quando algum oprimido acusa uma opressão. (In)Diretamente, todos somos torturadores dos jovens negros gay assassinados nesse país.
Higor Faria é preto, publicitário, estuda masculinidade negra e escreve no https://medium.com/@higorfaria
Por Charô Nunes
É com tristeza que fiquei sabendo sobre a profissão de “mulatólogo”. O termos foi criado por Julio César, homem negro que se dedica a agenciar e classificar mulheres pretas. Sua especialidade é basicamente a de alimentar o gueto midiático a que somos confinadas, nos “preparando” para trabalhar durante o carnaval e em shows de “brasilidade”. E como tudo que é ruim pode piorar, é com revolta que recebo a notícia que ele pretende processar por racismo (!!!) uma mulher negra (!!!) que se manifestou contra o termo em seu blog. Nesse caso, apesar de a ameaça nos querer fazer crer que se trata de uma questão de raça, estamos falando de gênero.
A profissão de mulatólogo torna inviável qualquer ressignificação do termo mulata, que apesar de todos os esforços das passistas não consegue escapar de sua origem. É como se fosse possível falar de um sommelier ou especialista de mulas e ao mesmo tempo nos querer fazer crer que isso não é ofensivo. E não adianta mudar o nome da coisa, o passistólogo vai continuar rotulando, classificando e agenciando mulheres pretas de acordo com sua idade e tipo de corpo. Continuará a nos transformar em produto de exportação, hiperssexualizadas, prontas para sermos consumidas aqui ou no estrangeiro. Estamos falando de machismo.
O mulatólogo colocando em risco um de nossos principais compromissos éticos que é o de não tratar gente como coisa. Se aproxima dos anúncios publicitários machistas que recorrem ao artifício de comparar mulher a produtos para demonstrar a ideia de que existiriam melhores ofertas. Essa estratégia, apesar de banal, é gravíssima: algumas mulheres seriam melhores que outras assim como alguns produtos. Isso se dá por meio da padronização daquilo que seria uma mulata, feito a partir de critérios machistas desse homem que se dispõe a selecioná-las a partir de critérios que não serão estabelecidos pelas passistas. Para isso existe o especialista.
Nós mulheres negras estamos acostumadas com isso. Esse ardil não é muito diferente de vender pessoas como peça, seja durante os 350 anos de escravidão. Estamos falando de transformar crianças, mulheres e homens negros em objetos, passíveis de serem comercializados, classificados e dispensados como lixo. Produtos que podem ser submetidos ao desejo de outrem não importa quando e com que finalidade. Estamos falando de deixar de ser gente e virar coisa, sem direito à voz e vontade. Pronto para ser classificado e rotulado. Como homem negro, esperamos que o mulatólogo entenda sobre qual dor estamos falando. Porque ela dóinem nossa carne e dói na dele também.
É por isso que, para que a profissão de especialista em mulatas exista, nós mulheres negras temos de abdicar de nossa humanidade ou em última instância nos calar diante da prática machista de classificar mulheres para este ou aquele fim de acordo com a cor da pele, idade e tipo de corpo. É por isso que, como mulher negra e em concordância com muitas outras, considero antiético que exista uma mulatologia, mulatólogo enfim. Sobretudo agora que uma comentarista está sendo ameaçada de processo por manifestar sua opinião contra esse acinte.
Como feminista, considero a transformação da mulata em produto exótico de época, submetido a classificações a análises, como problemática. Nós temos voz, vontade, livre árbítrio. Somos muito mais que uma área de conhecimento, somos gente. E justamente por isso não aceitamos que nossos corpos sejam avaliados, que sejamos hipessexualizadas ou que nos seja dito quando e onde podemos manifestar nossas opiniões contra aquilo que é publica e notoriamente machismo. Isso é defesa, isso é sobrevivência. Ela se dá nas ruas mas também sna definição de conceitos e termos que versam sobre nós.
O mulatólogo, diante de tanto rebuliço, comunicou em seu facebook que pretende se reunir com representantes do movimento negro para discutir o termo. Isso é alguma coisa. Esperamos que comece por retirar a ameaça de processo e ler com mais apuro as críticas dos seus comentaristas e de todas nós que estamos nos manifestando. Porque a mulher que deu sua opinião também merece ser ouvida tanto quanto qualquer outro militante. Tanto quanto outros comentaristas homens que disseram o mesmo. Por mais que isso pareça estranho aos olhos de alguns, ela também é movimento negro. Todas somos, dentro e fora da rede, nas pequenas ações, nas conversas com amigos, dentro e fora do carnaval, na escrita, na leitura e nos comentários de blogs.
E a mensagem é inequívoca e simples e todas nós entendemos muito bem: mulatólogo não é profissão, é machismo. Silenciar criticas que discordam de seu ponto de vista de maneira intimidatória também.
Charô Nunes escreve nos blgos Blogueiras Negras e Indigestivos Oneirophanta.
Por Charô Nunes
É com tristeza que fiquei sabendo sobre a profissão de “mulatólogo”. O termos foi criado por Julio César, homem negro que se dedica a agenciar e classificar mulheres pretas. Sua especialidade é basicamente a de alimentar o gueto midiático a que somos confinadas, nos “preparando” para trabalhar durante o carnaval e em shows de “brasilidade”. E como tudo que é ruim pode piorar, é com revolta que recebo a notícia que ele pretende processar por racismo (!!!) uma mulher negra (!!!) que se manifestou contra o termo em seu blog. Nesse caso, apesar de a ameaça nos querer fazer crer que se trata de uma questão de raça, estamos falando de gênero.
A profissão de mulatólogo torna inviável qualquer ressignificação do termo mulata, que apesar de todos os esforços das passistas não consegue escapar de sua origem. É como se fosse possível falar de um sommelier ou especialista de mulas e ao mesmo tempo nos querer fazer crer que isso não é ofensivo. E não adianta mudar o nome da coisa, o passistólogo vai continuar rotulando, classificando e agenciando mulheres pretas de acordo com sua idade e tipo de corpo. Continuará a nos transformar em produto de exportação, hiperssexualizadas, prontas para sermos consumidas aqui ou no estrangeiro. Estamos falando de machismo.
O mulatólogo colocando em risco um de nossos principais compromissos éticos que é o de não tratar gente como coisa. Se aproxima dos anúncios publicitários machistas que recorrem ao artifício de comparar mulher a produtos para demonstrar a ideia de que existiriam melhores ofertas. Essa estratégia, apesar de banal, é gravíssima: algumas mulheres seriam melhores que outras assim como alguns produtos. Isso se dá por meio da padronização daquilo que seria uma mulata, feito a partir de critérios machistas desse homem que se dispõe a selecioná-las a partir de critérios que não serão estabelecidos pelas passistas. Para isso existe o especialista.
Nós mulheres negras estamos acostumadas com isso. Esse ardil não é muito diferente de vender pessoas como peça, seja durante os 350 anos de escravidão. Estamos falando de transformar crianças, mulheres e homens negros em objetos, passíveis de serem comercializados, classificados e dispensados como lixo. Produtos que podem ser submetidos ao desejo de outrem não importa quando e com que finalidade. Estamos falando de deixar de ser gente e virar coisa, sem direito à voz e vontade. Pronto para ser classificado e rotulado. Como homem negro, esperamos que o mulatólogo entenda sobre qual dor estamos falando. Porque ela dóinem nossa carne e dói na dele também.
É por isso que, para que a profissão de especialista em mulatas exista, nós mulheres negras temos de abdicar de nossa humanidade ou em última instância nos calar diante da prática machista de classificar mulheres para este ou aquele fim de acordo com a cor da pele, idade e tipo de corpo. É por isso que, como mulher negra e em concordância com muitas outras, considero antiético que exista uma mulatologia, mulatólogo enfim. Sobretudo agora que uma comentarista está sendo ameaçada de processo por manifestar sua opinião contra esse acinte.
Como feminista, considero a transformação da mulata em produto exótico de época, submetido a classificações a análises, como problemática. Nós temos voz, vontade, livre árbítrio. Somos muito mais que uma área de conhecimento, somos gente. E justamente por isso não aceitamos que nossos corpos sejam avaliados, que sejamos hipessexualizadas ou que nos seja dito quando e onde podemos manifestar nossas opiniões contra aquilo que é publica e notoriamente machismo. Isso é defesa, isso é sobrevivência. Ela se dá nas ruas mas também sna definição de conceitos e termos que versam sobre nós.
O mulatólogo, diante de tanto rebuliço, comunicou em seu facebook que pretende se reunir com representantes do movimento negro para discutir o termo. Isso é alguma coisa. Esperamos que comece por retirar a ameaça de processo e ler com mais apuro as críticas dos seus comentaristas e de todas nós que estamos nos manifestando. Porque a mulher que deu sua opinião também merece ser ouvida tanto quanto qualquer outro militante. Tanto quanto outros comentaristas homens que disseram o mesmo. Por mais que isso pareça estranho aos olhos de alguns, ela também é movimento negro. Todas somos, dentro e fora da rede, nas pequenas ações, nas conversas com amigos, dentro e fora do carnaval, na escrita, na leitura e nos comentários de blogs.
E a mensagem é inequívoca e simples e todas nós entendemos muito bem: mulatólogo não é profissão, é machismo. Silenciar criticas que discordam de seu ponto de vista de maneira intimidatória também.
Charô Nunes escreve nos blgos Blogueiras Negras e Indigestivos Oneirophanta.
Por Charô Nunes
É com tristeza que fiquei sabendo sobre a profissão de “mulatólogo”. O termos foi criado por Julio César, homem negro que se dedica a agenciar e classificar mulheres pretas. Sua especialidade é basicamente a de alimentar o gueto midiático a que somos confinadas, nos “preparando” para trabalhar durante o carnaval e em shows de “brasilidade”. E como tudo que é ruim pode piorar, é com revolta que recebo a notícia que ele pretende processar por racismo (!!!) uma mulher negra (!!!) que se manifestou contra o termo em seu blog. Nesse caso, apesar de a ameaça nos querer fazer crer que se trata de uma questão de raça, estamos falando de gênero.
A profissão de mulatólogo torna inviável qualquer ressignificação do termo mulata, que apesar de todos os esforços das passistas não consegue escapar de sua origem. É como se fosse possível falar de um sommelier ou especialista de mulas e ao mesmo tempo nos querer fazer crer que isso não é ofensivo. E não adianta mudar o nome da coisa, o passistólogo vai continuar rotulando, classificando e agenciando mulheres pretas de acordo com sua idade e tipo de corpo. Continuará a nos transformar em produto de exportação, hiperssexualizadas, prontas para sermos consumidas aqui ou no estrangeiro. Estamos falando de machismo.
O mulatólogo colocando em risco um de nossos principais compromissos éticos que é o de não tratar gente como coisa. Se aproxima dos anúncios publicitários machistas que recorrem ao artifício de comparar mulher a produtos para demonstrar a ideia de que existiriam melhores ofertas. Essa estratégia, apesar de banal, é gravíssima: algumas mulheres seriam melhores que outras assim como alguns produtos. Isso se dá por meio da padronização daquilo que seria uma mulata, feito a partir de critérios machistas desse homem que se dispõe a selecioná-las a partir de critérios que não serão estabelecidos pelas passistas. Para isso existe o especialista.
Nós mulheres negras estamos acostumadas com isso. Esse ardil não é muito diferente de vender pessoas como peça, seja durante os 350 anos de escravidão. Estamos falando de transformar crianças, mulheres e homens negros em objetos, passíveis de serem comercializados, classificados e dispensados como lixo. Produtos que podem ser submetidos ao desejo de outrem não importa quando e com que finalidade. Estamos falando de deixar de ser gente e virar coisa, sem direito à voz e vontade. Pronto para ser classificado e rotulado. Como homem negro, esperamos que o mulatólogo entenda sobre qual dor estamos falando. Porque ela dóinem nossa carne e dói na dele também.
É por isso que, para que a profissão de especialista em mulatas exista, nós mulheres negras temos de abdicar de nossa humanidade ou em última instância nos calar diante da prática machista de classificar mulheres para este ou aquele fim de acordo com a cor da pele, idade e tipo de corpo. É por isso que, como mulher negra e em concordância com muitas outras, considero antiético que exista uma mulatologia, mulatólogo enfim. Sobretudo agora que uma comentarista está sendo ameaçada de processo por manifestar sua opinião contra esse acinte.
Como feminista, considero a transformação da mulata em produto exótico de época, submetido a classificações a análises, como problemática. Nós temos voz, vontade, livre árbítrio. Somos muito mais que uma área de conhecimento, somos gente. E justamente por isso não aceitamos que nossos corpos sejam avaliados, que sejamos hipessexualizadas ou que nos seja dito quando e onde podemos manifestar nossas opiniões contra aquilo que é publica e notoriamente machismo. Isso é defesa, isso é sobrevivência. Ela se dá nas ruas mas também sna definição de conceitos e termos que versam sobre nós.
O mulatólogo, diante de tanto rebuliço, comunicou em seu facebook que pretende se reunir com representantes do movimento negro para discutir o termo. Isso é alguma coisa. Esperamos que comece por retirar a ameaça de processo e ler com mais apuro as críticas dos seus comentaristas e de todas nós que estamos nos manifestando. Porque a mulher que deu sua opinião também merece ser ouvida tanto quanto qualquer outro militante. Tanto quanto outros comentaristas homens que disseram o mesmo. Por mais que isso pareça estranho aos olhos de alguns, ela também é movimento negro. Todas somos, dentro e fora da rede, nas pequenas ações, nas conversas com amigos, dentro e fora do carnaval, na escrita, na leitura e nos comentários de blogs.
E a mensagem é inequívoca e simples e todas nós entendemos muito bem: mulatólogo não é profissão, é machismo. Silenciar criticas que discordam de seu ponto de vista de maneira intimidatória também.
Charô Nunes escreve nos blgos Blogueiras Negras e Indigestivos Oneirophanta.
As várias opiniões sobre a ida de artistas do Hip Hop brasileiro até às telinhas têm trazido bastante polêmica. Menos de um mês da estreia do Clipe “Vibe da Nite” de MV Bill (o suposto Mensageiro da Verdade), ter estourado, recebemos a notícia de que o também Rapper, Slim Rimografia, irá participar do programa Reality Show, Big Brother Brasil, na Rede Globo!
Por Douglas Brown
A maior questão abordada pelos seguidores do RAP Nacional não é exatamente a ida desses à mídia, mas sim o comportamento que precisam adotar, ou escolhem adotar lá.
Falando de MV Bill, o rapper sempre divulgou em suas letras que a favela não tinha espaço, que os pretos não eram exibidos como os brancos são na mídia. Em uma de suas músicas, o cantor destaca até o Domingão do Faustão, como exemplo de desigualdade e racismo, quando diz que só tem paquita loira. ‘Shazam’, advinha qual a aparência física da “musa” escolhida por ele em seu novo clipe, “Vibe da Nite”? Ela é branca! Não se parece com ele, nem com índios, nem orientais, nem com o povo da periferia que o exaltava como o Rei do RAP.
httpv://www.youtube.com/watch?v=q5BhUgMsvNI
Pode-se se justificar pelo fato do clipe ter sido produzido no Sul. Mas como todo artista, ele teria o direito de levar quem ele quisesse. O clipe mostra o cantor com pinta de galã, que vai às baladas ostentando suas bebidas e seu carrão, e também sua bela acompanhante. A tal companheira tem as mesma descrições físicas daquela paquita que um dia ele criticou em plena tarde domingo, no programa do Faustão! E ironicamente uma moça bem parecida com o padrão citado como símbolo da desigualdade, é exibida como a mais perfeita dama, em seu clipe! Teria Bill se “vendido” ao canal que o projetou como estrela negra da Globo? Teria o Rapper mudado seus conceitos sobre a visão do RAP?
O que dizer sobre a participação de outro Rapper na emissora Rede Globo? O cantor de Hip Hop, Slim, participará da próxima edição do BBB e trouxe polêmica também, dentro do meio a que se indica que o RAP Nacional aborda temas como racismo, desigualdade social, e violência policial.
Recentemente o Rapper consagrado, Edy Rock, disse na emissora, no programa Caldeirão do Huck, que a mensagem do RAP tem de ser levada aos pontos mais vistos. Ótimo, a Rede Globo é a maior emissora de nosso país, mas justamente por este fator, será que os diretores liberariam os versos que muitos de nós, negros, costumávamos ouvir quando crianças? Será que a liberdade de expressão não será transformada em Sutilidade da Expressão? Em uma emissora grande como a Globo, quem manda são os gestores de produção ou os Rappers convidados? Quem de lá, se emocionará com as letras reais, as de origem cantadas por tais cantores do gênero? Quem terá sede de justiça, sendo que os injustiçados estão do lado de cá?
Dá-se a grana que eles querem, e nós constuimos o que eles falarão (cantarão).
Quem acredita na veracidade dos fatos de que todos esses Rappers, grandes ou pequenos vão falar sobre a realidade cruel que vivemos na periferia, são os mesmos que passaram a vida toda acreditando que o presente deixado no pé da cama, era deixado por um idoso caucasiano bondoso, de barba longa e alva.
Aos irmãos que viveram a sanguinária vida cantada por estes e outros rappers no passado, que passem a olhar com os olhos do presente, ou a solução para todos os revolucionários do meio artístico será o dinheiro. E isso, é o que não falta à elite! E isso é o que eu não quero.