No último dia 17 de outubro, o Espaço Unimed, em São Paulo, recebeu a gravação do DVD Samba 90 Graus. O projeto reuniu três ícones do pagode dos anos 90: Netinho de Paula (Negritude Jr.), Márcio Art (Art Popular) e Chrigor (Exaltasamba), em uma celebração que emocionou o público e os próprios artistas. A noite foi marcada por um repertório repleto de sucessos que embalaram gerações.
O cantor Netinho de Paula, que liderou o grupo Negritude Jr. nos anos 90, não conteve as lágrimas ao lado dos companheiros de palco e falou sobre sua emoção por estar entre amigos e diante de uma plateia que esgotou os ingressos. “O samba merece isso, vocês merecem isso, nós merecemos estar aqui essa noite, que venham muitas outras”, afirmou o cantor, sob aplausos calorosos.
Foto: Rafael Strabelli
O DVD Samba 90 Graus celebra os 30 anos de carreira dos vocalistas e é uma extensão da turnê iniciada em maio deste ano, que já percorreu diversas cidades do Brasil. Com duração de três horas, o espetáculo foi dividido em cinco blocos, trazendo grandes sucessos como “Cohab City”, “Temporal”, “Beijo Geladinho”, “Me Apaixonei pela Pessoa Errada”, entre outros clássicos.
Produzido por Tiago Silva (TS Music) e com direção geral de Nescau Cristiano, Samba 90 Graus aposta em um formato grandioso para resgatar sucessos do samba e pagode que marcaram uma época e deixaram saudade.
A coleção ‘Grão’, de Luiz Claudio para Apartamento 03, explora o diálogo entre o passado e o presente, com peças que evocam memórias, tendo Zezé Motta desfilando como ícone de força
Texto: Rodrigo França
O desfile “Grão”, da Apartamento 03, na São Paulo Fashion Week, foi muito mais do que uma homenagem ao café – foi uma ode à memória, à cultura e à ligação íntima entre o Brasil negro e suas raízes. Sob a direção precisa e sensível de Luiz Claudio, o evento tornou-se uma experiência poética, onde as tramas dos tecidos se entrelaçavam com as histórias da terra, evocando um passado rico e ressignificado, sem perder a conexão com o presente. A escolha do café como ponto de partida para a coleção foi um gesto emblemático: assim como o grão transforma, amadurece e se espalha, a moda da Apartamento 03 se expande, abraçando novas perspectivas sem deixar de lado a sua essência.
Com uma cartela de cores que passeou pelo forte vermelho, preto, verde, tons terrosos, o branco e os cremes suaves que evocam a espuma de um café. A coleção “Grão” trouxe uma paleta natural e orgânica, que conectava a terra ao corpo. E tinha brilho, porque não dá para imprimir negritude sem. O uso de tecidos como o linho conferiu uma leveza quase etérea às peças, equilibrando o rústico e o sofisticado, o artesanal e o contemporâneo. Esse contraste entre o bruto e o refinado foi uma constante ao longo do desfile, refletindo a própria dualidade do café, que pode ser ao mesmo tempo simples e luxuoso, cotidiano e excepcional.
A construção arquitetônica das peças, com cortes precisos e silhuetas que dialogavam entre o ajustado e o volumoso, trouxe dinamismo à coleção. As formas trabalhadas com dobras e recortes estratégicos evocavam a imagem do grão que se abre, como se as roupas também estivessem em um processo de revelação e transformação. Luiz Claudio conseguiu transmitir a ideia de uma moda em movimento, que não se limita à mera estética, mas que se desdobra, tal como o café, de uma semente a uma bebida que desperta os sentidos.
O ponto alto do desfile foi a capacidade de Luiz Claudio em transformar a moda em uma experiência sensorial e emocional. Cada peça parecia carregada de histórias – do plantio ao café servido nas mesas de casas simples e de requinte. O designer captou a memória afetiva que o café desperta em tantas pessoas, e a traduziu em uma moda que é, ao mesmo tempo, narrativa e poesia visual. Esse diálogo entre o que é lembrado e o que é reinventado trouxe uma profundidade rara, e fez de “Grão” não apenas uma coleção, mas uma obra de arte que toca o íntimo de quem a contempla.
A trilha sonora, minimalista e envolvente, reforçou a atmosfera meditativa do desfile, convidando o público a uma introspecção sutil. O ritmo suave da música parecia sincronizado com o movimento das peças, criando uma fluidez hipnótica na passarela. Os modelos não apenas desfilaram; eles flutuaram em um cenário que parecia saído de uma memória coletiva, quase como se cada passo ecoasse a passagem do tempo, as mudanças de estação, e o amadurecimento do grão até seu estado final. Vale frisar a voz da atriz, cantora e autoridade Zezé Motta evocando um Brasil que também tem a sua riqueza trazida pelos negros.
A presença de Zezé Motta na passarela foi um momento de pura grandeza. A atriz e cantora, um ícone de resistência e cultura, trouxe consigo uma força ancestral que enriqueceu ainda mais o significado da coleção. A dama do teatro, do cinema e da música foi ovacionada. Seu caminhar firme e sua presença imponente deram vida à narrativa do desfile, como se ela mesma fosse a personificação da memória que Luiz Claudio tão habilmente teceu ao longo da coleção. Zezé representou, de forma majestosa, a força da mulher negra brasileira, que carrega em si toda a ancestralidade e resiliência que o tema “Grão” evocava.
Ao final, a coleção “Grão” deixou uma marca indelével na SPFW. Luiz Claudio conseguiu criar uma moda que é ao mesmo tempo íntima e universal, carregada de emoção e história, mas sem perder o foco técnico. A Apartamento 03 reafirmou sua posição como uma das marcas mais inovadoras e sensíveis do cenário nacional, com uma capacidade única de transformar o vestuário em uma expressão de memórias e sentimentos. E para quem esteve presente, ficou o desejo de revisitar essa jornada sensorial – como uma xícara de café que aquece e acolhe, trazendo conforto e inspiração a cada gole.
O desfile “Suco de Axé”, da Meninos Rei, foi uma verdadeira apoteose da brasilidade, onde a ancestralidade e a modernidade se entrelaçaram em um tributo poético à Bahia. Sob o olhar sensível dos irmãos Céu Rocha e Júnior Rocha, a passarela da São Paulo Fashion Week se converteu em um mosaico pulsante de cores e texturas, reverberando a alma afro-brasileira em sua plenitude. Já reconhecidos internacionalmente, os Meninos Rei trouxeram à cena um espetáculo que não apenas vestia modelos, mas despertava espíritos, elevando a moda a um diálogo íntimo com a cultura.
Cada peça apresentada parecia carregar o axé – essa força vital que transita entre o sagrado e o profano. As estampas autorais de Léo Barbosa não eram somente adornos visuais, mas narrativas vestíveis, entrelaçando a baianidade em seu estado mais puro. Foram cores que evocavam o cheiro do acarajé no Rio Vermelho, a feira de São Joaquim, o compasso dos tambores e as pinturas corporais do Olodum, a Deusa do Ébano do Ilê e o brilho etéreo das festas de Yemanjá. A coleção não se contentava em ser contemporânea; ela transcendia o tempo, revelando que o novo e o antigo podem coexistir em perfeita harmonia. Assim é Salvador, a irmandade
As parcerias estabelecidas foram de uma sofisticação técnica que ampliou as possibilidades criativas sem abdicar da essência da marca. A colaboração com Canatiba Têxtil e AN TÊXTIL trouxe tecidos inovadores que respeitaram a autenticidade do DNA da Meninos Rei. O trabalho artesanal desenvolvido em conjunto com o Artesanato da Bahia/SETRE e a associação Raízes do Quilombo, com seus trançados de piaçava e palha da Costa, acrescentou camadas de ancestralidade às peças. As miçangas cuidadosamente dispostas por Vanessa Neves brilhavam a cada look.
A internacionalização da Meninos Rei não se faz por acaso. Céu e Júnior Rocha conseguiram firmar a baianidade como um conceito global, provando que a riqueza cultural da Bahia dialoga com o mundo, sem perder sua essência. O desfile “Suco de Axé” reafirmou a marca como um dos grandes nomes da moda contemporânea, não apenas pela técnica impecável, mas pelo afeto que transparece em cada detalhe. A moda, para os irmãos Rocha, é uma celebração da diversidade e das tradições afro-brasileiras, sempre conduzida com uma sofisticação que não se esquece de suas raízes.
Ao final, quem assistiu ao desfile não saiu apenas com imagens na mente, mas com o coração tocado. A trilha sonora, que embalou cada passo com o pulsar da Bahia, deveria ser democratizada, acessível a todos. Ela seria uma companheira fiel para os momentos de saudade da Bahia, ou para quem ainda não a conhece, uma forma de sentir, mesmo à distância, o que é o axé em sua forma mais pura: uma força que nos conecta ao que é profundo, essencial e intemporal. Desfile de excelência.
Com uma carreira consolidada como atriz na televisão brasileira, Juliana Alves está vivendo um novo desafio em “Volta por Cima”, novela da TV Globo onde interpreta Cida, uma motorista de ônibus do subúrbio carioca. Com quase 21 anos de carreira, a atriz que começou sua trajetória após participar do Big Brother Brasil 2003, conversou com o Mundo Negro sobre os bastidores da novela, sua evolução como atriz, maternidade e o papel do artista na luta antirracista.
Cida (Juliana Alves) *** Local Caption *** Cap5 – Cena 23A – Cida (Juliana Alves).
“Hoje eu posso dizer que conquistei um respeito que eu não tinha antes, um reconhecimento que eu não tinha antes. E eu confesso que o que eu gostaria de conquistar na minha trajetória, principalmente, é a possibilidade de simplesmente fazer o meu trabalho de atriz. Porque uma atriz negra nas produções, uma atriz negra consciente nas produções acaba se envolvendo com outras questões que não são só o trabalho de atriz, como questões de produção, questões de texto, questões de caracterização, porque é impossível estar nos ambientes sem ter um trabalho de cuidado com as questões raciais que nos atravessam há tempos. E hoje eu utilizo o respeito e o reconhecimento que eu tenho, a voz que eu tenho, para transformar cada ambiente e contribuir com cada ambiente que eu tô aprendendo artisticamente também, mas entendendo que isso sempre será um posicionamento político, porque a gente está transformando através do nosso trabalho também, através das nossas relações”, destacou Juliana sobre os aspectos de sua trajetória como atriz.
A atriz estreou nas novelas da Globo em “Chocolate com Pimenta”, um ano depois de ter participado do BBB. Além de uma artista talentosa, Juliana Alves também está comprometida com a luta antirracista e com a representatividade negra no audiovisual: “No audiovisual, vejo avanços, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. É fundamental que o espaço para artistas negros seja ocupado de forma qualitativa e que os criadores pretos estejam comprometidos com a reparação histórica”.
Mundo Negro – Como foi a preparação para viver a Cida em “Volta por Cima”? O que mais te surpreendeu ao conhecer as histórias dessas motoristas mulheres?
Juliana Alves: Conhecendo mulheres motoristas e histórias, eu fiquei bastante encantada com o universo extenso que existe de possibilidades, com as histórias que essas mulheres vivem todos os dias dentro do ônibus, histórias positivas, histórias delicadas, histórias difíceis. Fiquei bastante encantada com o posicionamento delas, sabe, com a posição delas diante do que elas percebem que elas já conquistaram enquanto mulheres na sociedade.
MN – Recentemente, você interpretou personagens muito diferentes, como a modista Wanda em “Amor Perfeito” e agora a motorista Cida. Como é transitar entre personagens tão distintos e o que você mais gosta nesse desafio?
Juliana Alves: Com certeza, a oportunidade de viver personagens bem distintas é um dos grandes baratos, um dos grandes prazeres da minha carreira. Em todos os novos ciclos eu estou buscando novos desafios, eu gosto de experimentar de formas diferentes, pesquisar universos completamente diferentes. Então isso tem sido um grande combustível da minha carreira, essa oportunidade de fazer personagens que não só são diferentes entre si, mas são bem desafiadores também”
MN – Somando quase 21 anos de carreira, como você vê sua evolução como atriz desde “Chocolate com Pimenta” até agora? E o que ainda gostaria de conquistar na sua trajetória?
Juliana Alves: Eu fui evoluindo ano após ano, aprendendo. Eu já tinha o início de um estudo de atriz no início da minha carreira, mas fiz uma novela antes do que até mesmo eu esperava. Então, depois dessa primeira novela, eu me dediquei ainda mais, porque eu entendi que teria uma exposição do meu trabalho maior do que eu esperava. Eu me dediquei ainda mais ano após ano, estudei bastante e fui evoluindo trabalho após trabalho. O grande desafio da minha carreira foi a continuidade. Em muitos momentos eu me via sem estar trabalhando como atriz e precisei cuidar desses momentos. O mérito meu nessa história toda é ter cuidado dos momentos que eu não estava trabalhando, cuidado da minha cabeça, cuidado do meu espírito para que eu pudesse dar continuidade a essa carreira. E continuo aprendendo muito, continuo entendendo os ambientes que eu estou com muito cuidado, com muita humildade, com muita dedicação. E hoje eu posso dizer que conquistei um respeito que eu não tinha antes, um reconhecimento que eu não tinha antes.
E eu confesso que o que eu gostaria de conquistar na minha trajetória, principalmente, é a possibilidade de simplesmente fazer o meu trabalho de atriz. Porque uma atriz negra nas produções, uma atriz negra consciente nas produções acaba se envolvendo com outras questões que não são só o trabalho de atriz, como questões de produção, questões de texto, questões de caracterização, porque é impossível estar nos ambientes sem ter um trabalho de cuidado com as questões raciais que nos atravessam há tempos. E hoje eu utilizo o respeito e o reconhecimento que eu tenho, a voz que eu tenho, para transformar cada ambiente e contribuir com cada ambiente que eu tô aprendendo artisticamente também, mas entendendo que isso sempre será um posicionamento político, porque a gente está transformando através do nosso trabalho também, através das nossas relações
MN – Como a maternidade impactou sua carreira e sua visão sobre o trabalho?
Juliana Alves: O maior impacto que a maternidade teve na minha carreira e na minha visão sobre o trabalho foi justamente eu me perceber com essa minha capacidade de organização. Porque muitas vezes a gente subestima a nossa capacidade de ampliar responsabilidades e funções, e com a maternidade eu me tornei uma pessoa mais organizada, mais atenta e com competências em detalhes que antes eu achava que eu poderia não dar conta. Eu me sinto mais autoconfiante. A própria experiência mesmo trouxe uma carga interessante para o meu trabalho. A minha própria experiência tem sido o material que eu utilizo no meu trabalho. Eu não preciso ter todas as vivências de uma personagem para fazer uma personagem, mas certamente fazer pequenas comparações com universos diferentes dos meus a partir de cargas dramáticas, de responsabilidades que a maternidade me traz tem sido bem interessante. Além disso tudo, o meu trabalho não diz mais respeito só a mim, mas sim também aos sonhos que eu tenho cultivado e tenho realizado e quero realizar com a minha filha também.
MN – Você tem uma presença forte em movimentos sociais, especialmente na luta antirracista. Como você enxerga o papel do artista na sociedade e quais mudanças você espera ver na indústria audiovisual em relação à representatividade negra?
Juliana Alves: Eu sempre fui muito conectada com os movimentos sociais e antirracistas, algo que veio dos meus pais e se solidificou na adolescência. O papel do artista é, além de comunicar através da arte, ampliar a visibilidade e fomentar transformações. No audiovisual, vejo avanços, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. É fundamental que o espaço para artistas negros seja ocupado de forma qualitativa e que os criadores pretos estejam comprometidos com a reparação histórica. Assim, poderemos transformar o imaginário coletivo e impactar a sociedade de forma profunda.
Thiago André, criador do podcast História Preta, acaba de lançar sua primeira série em áudio original na Audible, intitulada ‘Apartheid Tropical‘. A produção, que integra o novo catálogo de conteúdos “Audible Original” no Brasil, aborda a persistência do racismo estrutural no país desde a abolição da escravidão, revelando como o Estado brasileiro manteve mecanismos de segregação racial que ainda impactam a população negra.
A série, dividida em oito episódios, explora as políticas veladas de exclusão racial que atravessaram gerações, utilizando uma narrativa investigativa e historicamente fundamentada. Thiago André, que também roteirizou a obra, mergulha em temas como a formação de favelas, o apagamento de lideranças negras e o racismo presente nas instituições públicas. Apartheid Tropical é uma co-produção do História Preta e B9, com direção de Ruthy Rayane e Caio Santos.
Nas redes sociais, Thiago ressaltou a relevância da discussão proposta pela série: “A produção busca contar como, após a abolição, o Estado brasileiro escondeu em suas leis mecanismos sofisticados de segregação racial, impedindo o progresso da população negra”. Com a abordagem do tema de forma profunda e acessível, a série promete provocar reflexões sobre a história e a realidade do racismo no Brasil.
Além de Apartheid Tropical, o novo catálogo da Audible conta com outras produções voltadas para o desenvolvimento pessoal e investigações históricas, narradas por grandes nomes da cultura brasileira, como “Por que Mudei?”, do ator e diretor, Lázaro Ramos, além de “Método Exposto”, com Jorge Lucas.
No dia 10 de novembro de 2024, São Paulo sediará a Feira Cultural Angolana, um evento que promete celebrar a rica herança africana com foco especial em Angola. A feira, que acontece no bairro do Brás, das 10h às 20h, é aberta ao público e tem como objetivo fomentar o intercâmbio cultural entre Angola, Brasil e outros países africanos, promovendo a valorização e o conhecimento das tradições culturais do continente.
Além de coincidir com o mês da Consciência Negra no Brasil, o evento comemora o 49º aniversário da independência de Angola, reforçando a importância de homenagear a cultura africana em um contexto de resistência e orgulho negro. O lema do evento, “Em Angola tem e no Brasil mantém”, destaca as conexões históricas e culturais entre os dois países, ressaltando as influências da diáspora africana no Brasil.
Entre as atrações mais aguardadas estão a Batalha de Kuduru, um estilo de dança popular em Angola, além de apresentações musicais que prometem animar o público com os ritmos característicos do país. Haverá também uma diversidade de expressões culturais, shows e opções gastronômicas típicas, proporcionando uma realidade na cultura angolana.
Safira Nilda, Japhette Ozias e Flávio Bono, organizadores da feira, destacam a importância do evento para a comunidade angolana em São Paulo. “Reunir a comunidade angolana para celebrar nossas tradições em território brasileiro reforça a importância de preservar nossa memória e identidade”, afirmaram.
Confira a programação nas redes sociais do evento:
“Arca de Noé”, o novo filme de animação brasileiro, que estreia no dia 7 de novembro nos cinemas, divulgou vídeos com bastidores da dublagem com um elenco de peso, que conta com muitos artistas negros, na última sexta-feira (18).
Entre os dubladores negros, estão Chico César (o Bode), Lázaro Ramos (o Leão Baruk), Babu Santana (Lombriga), Leandro Firmino (Zé Urso) e Luis Miranda (Serpente macho, Sheyla, Corsa, Texugo), Edvana Carvalho (Ruth), e muito mais.
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Segundo a sinopse, Tom (Marcelo Adnet), um guitarrista talentoso e pragmático, e Vini (Rodrigo Santoro), um poeta romântico e sonhador, são uma dupla carismática e caótica de ratos. Quando o grande dilúvio se aproxima, apenas um macho e uma fêmea de cada espécie são permitidos na Arca de Noé. Tom consegue entrar, mas Vini fica para fora e conta com a ajuda de uma barata engenhosa e a boa sorte do destino para se juntar ao amigo.
Durante a viagem, brigas por território e alimentos se instauram, deixando os animais mais fortes contra os mais fracos. Surge a ideia de um concurso de música, que vira o maior objetivo de todos eles e que faz Tom e Vini, os verdadeiros músicos dali, se destacarem e serem requisitados.
O roteiro assinado por Sérgio Machado, com a colaboração de Heloisa Périssé e Ingrid Guimarães, foi inspirado nos discos “Arca de Noé 1 e 2”, de Vinicius de Moraes.
O curta-metragem “Estamos Tentando“, dirigido por Guilherme Gomes e Julia Conatti, foi selecionado para representar o Brasil na 60ª edição do Chicago International Film Festival. Competindo ao lado de produções estreladas por grandes nomes como Samuel L. Jackson e Tom Hanks, o filme será exibido na seção “Black Perspectives Shorts: Growing Pains” neste sábado, dia 19 de outubro, às 18h30, no AMC New City, em Chicago. O curta aborda as dificuldades enfrentadas por pessoas negras no Brasil em uma narrativa que mescla questões sociais e pessoais.
Com apenas 16 minutos de duração, Estamos Tentando acompanha a trajetória de Luna, uma jovem negra recém-formada que busca espaço no mercado de trabalho enquanto revisita uma amizade com Thiago, um ex-colega que agora é uma estrela do pagode.
O elenco conta com nomes de peso, como Augusto Madeira, vencedor do Grande Otelo de Melhor Ator Coadjuvante, Mel Lisboa, Lucas Oranmian e Jamile Cazumbá. “Estar entre talentos consagrados e emergentes foi um aprendizado marcante”, comenta o diretor Guilherme Gomes, ressaltando a importância de contar histórias que abordem o racismo e as complexidades das relações humanas.
Antes de sua estreia em Chicago, o curta já foi exibido no FEST New Directors New Films, em Portugal, e será destaque no Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, no Rio de Janeiro, no dia 23 de outubro. Produzido pela produtora Para Nós Por Nós (PNPN), com apoio do Programa de Ação Cultural (Proac) e outras produtoras, o filme faz parte de uma seção dedicada a destacar vozes negras no cinema, com potencial de ser pré-selecionado para o Oscar.
Na última sexta-feira (18), o lançamento de Niquinho, Bandolim de Ouro do Brasil marcou a concretização de um projeto que levou 19 anos para se materializar. Idealizado pelo bandolinista e cavaquinista Agnaldo Luz, o álbum celebra a vida e a obra de Amaury Nunes, conhecido como Niquinho, um bandolinista carioca de grande talento, porém pouco reconhecido pelo público em geral.
O disco, que traz 13 faixas, foi disponibilizado gratuitamente em todas as plataformas digitais no dia 18 de outubro, enquanto a apresentação ao vivo ocorre amanhã (20) no Centro Cultural Vila Itororó, em São Paulo, de forma gratuita, às 11h. O projeto é resultado de uma extensa pesquisa conduzida por Agnaldo Luz, que mergulhou na obra de Niquinho ao longo de quase duas décadas.
Durante esse período, Luz contou com o apoio de familiares e amigos próximos do bandolinista, incluindo sua esposa, Dona Cenira, que contribuiu com partituras inéditas que compõem o álbum. Entre as 13 faixas do disco, 12 são composições de Niquinho, e uma é inédita, criada pelo próprio Agnaldo Luz. O repertório inclui tanto regravações de obras clássicas do músico quanto quatro faixas inéditas, preservadas até então e cedidas exclusivamente para o projeto.
Natural do Rio de Janeiro, Niquinho teve uma participação ativa no movimento do choro carioca, destacando-se como instrumentista e compositor. Mesmo sem o devido reconhecimento durante sua vida, o artista fez parte de gravações históricas e colaborou com grandes nomes da música brasileira, como Carlos José, Silvio Caldas, Candeia, Roberto Ribeiro e o Grupo Fundo de Quintal. Além do choro, sua produção artística abrange uma diversidade de gêneros, incluindo samba, bolero, xote, forró e balada, com canções gravadas por nomes de peso como Elis Regina, Clara Nunes, Roberto Carlos e Elza Soares.
Com curadoria deDom Filó, responsável pela Cultne.TV — a primeira televisão brasileira 100% dedicada à cultura negra, o projeto “Cine Jardim” tem sido fundamental para o fomento da cultura na Pequena África, no Rio de Janeiro. Neste sábado (19), a partir das 18h30, serão exibidos os curtas-metragem “De Dentro do Quarto”, dirigido por Paula M. Urbinati, e “O Tempo é um Pássaro”, de Yasmin Thayná.
“As exibições de filmes na mostra do Cine Jardim são de grande importância no combate à invisibilidade da memória negra em nosso país. Estar no território da Pequena África potencializa mais ainda essa caminhada”, destaca Dom Filó, que realizará uma roda de conversa com a Rafaela Pinah, fundadora do Coolhunter Favela, após as sessões.
O evento gratuito acontece mensalmente, exibindo filmes que celebram o protagonismo de pessoas negras, LGBTQIAAPN+ e PcDs. Também oferece churros e pipoca gratuitamente. Basta adquirir o ingresso no Sympla. (Acesse no final da matéria!)
Filme “O Tempo é um Pássaro” (Foto: Angelo Ponte)
Em meio à crescente urbanização da região portuária, que carece de equipamentos voltados ao desenvolvimento cultural, o Cine Jardim tem se tornado um ponto de encontro onde as pessoas podem se reunir, compartilhar experiências e vivenciar o cinema, como destaca Thiago Viana. “Esse evento surge como uma alternativa a essa carência na Pequena África. A ideia de criar um espaço dedicado ao cinema e às artes dramáticas é fundamental para fomentar a cultura local e oferecer uma alternativa de entretenimento e reflexão para a comunidade.”
Neste sábado, a primeira exibição será do filme “De Dentro do Quarto”, que convida o público a explorar o mundo pelos olhos de uma criança. O curta narra a trajetória de um garoto que desperta em um quarto sem lembranças, mas que, aos poucos, ganha coragem para descobrir o que há do lado de fora. “A principal mensagem do curta é ‘não ter medo de enfrentar o desconhecido’”, comenta a diretora. Depois, o filme exibido será “O Tempo é um Pássaro”, que retrata a busca de pertencimento de Zuri, uma personagem que tenta reencontrar sua identidade cultural.
Surgindo como um projeto que além de proporcionar entretenimento, pretende ser um espaço de diálogo e reflexão sobre questões educativas, políticas e sociais, o projeto “Cine Jardim” é realizado desde maio, mensalmente, sempre no terceiro sábado do mês. Thiago reforça a importância da iniciativa ao destacar o papel transformador do cinema: “Acreditamos que as histórias contadas nas telonas têm o potencial de provocar reflexões, risadas e, acima de tudo, promover um senso de pertencimento. Esperamos que todos possam se juntar a nós para essa celebração da sétima arte, desfrutando dos filmes, do convívio e da troca de experiências”, conclui.
SERVIÇO
CINE JARDIM
Data: 19 de Outubro (todo terceiro sábado de cada mês, até dezembro)
Local: Jardim Suspenso do Valongo
Endereço: Rua Camerino, Sn, Centro (em frente ao número 48)