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Ausência de Vinicius Jr e Real Madrid gera críticas à Bola de Ouro

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Foto: Getty Images/Divulgação
Foto: Getty Images/Divulgação

O atacante Vinicius Jr e o Real Madrid optaram por não comparecer à cerimônia de entrega da Bola de Ouro, promovida pela revista France Football, em Paris, nesta segunda-feira (30). A ausência do jogador brasileiro é interpretada por veículos internacionais, como o jornal espanhol Marca, como um protesto em relação à não nomeação de Vinicius Jr para o prêmio de melhor do mundo, apesar de sua temporada expressiva pelo clube espanhol.

De acordo com informações divulgadas pela imprensa espanhola, o vencedor deste ano será o meio-campista Rodri, do Manchester City e da seleção espanhola. A decisão de privilegiar o espanhol ao invés de Vinicius Jr gerou críticas e alimentou debates sobre justiça nas escolhas da premiação, especialmente considerando o desempenho do brasileiro, que marcou 24 gols na temporada 2023/2024 e teve um papel fundamental no Real Madrid.

Jornalistas e analistas esportivos levantaram ainda outro ponto sensível: a postura combativa de Vinicius Jr contra o racismo nos campos da Europa. Para parte da imprensa internacional, o jogador teria sido penalizado por suas manifestações públicas e seu enfrentamento direto a episódios de racismo, o que poderia ter influenciado negativamente sua avaliação junto aos votantes.

Desde 2007, quando Kaká recebeu o troféu, nenhum brasileiro venceu a premiação da France Football. E, antes de Kaká, o último jogador negro a conquistar o título de melhor do mundo foi Ronaldinho Gaúcho, em 2006. O caso de Vinicius Jr reacende discussões sobre os critérios adotados na escolha do vencedor, bem como o papel da postura extracampo no reconhecimento de atletas que se destacam em campanhas pela igualdade racial e justiça social no esporte.

A cerimônia da Bola de Ouro acontecerá na capital francesa na noite de hoje, mas a ausência de um dos jogadores mais comentados da última temporada parece já antecipar o tom de insatisfação que ronda o evento.

Evento em São Paulo celebra os 40 anos de tombamento do terreiro de candomblé mais antigo do Brasil

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Imagem 1 -Ìyálòrìṣà Neuza Cruz do Terreiro da Casa Branca em Salvador_ Frame do filme O Corpo da Terra da cineasta Day Rodrigues

No dia 5 de novembro, o Sesc Pompeia, na Zona Oeste de São Paulo, sediará um evento gratuito em homenagem aos 40 anos do tombamento do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, localizado em Salvador, Bahia, e reconhecido como o primeiro Monumento Negro do país pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1984. Fundado no século XIX, o Ilé Àṣẹ Ìyá Nasò Ọka é o primeiro terreiro estruturado para o culto aos Òrìṣà no Brasil e um marco na preservação e difusão das tradições afro-brasileiras.

O evento contará com a participação da Ìyálòrìṣà Neuza Cruz e da Èkejì Sinha, ambas ligadas à Casa Branca, e falas de personalidades como o Bàbálòrìṣà Alabiy Ifakoya, o Bàbá Gill Ominirò, da Ìwé Ìmọ e da Ẹgbẹ Ominirò Láàlú àti Ọ̀ ṣùn e o advogado e fundador do JusRacial, Dr. Hédio Silva Jr., além da arquiteta Gabriela de Matos, que abordará o impacto arquitetônico do terreiro como precursor na construção afro-brasileira. A mediação será da Ìyálòrìṣà Luciana de Ọya, e haverá uma performance de dança dedicada a Ṣàngó, com a bailarina Cibelle de Paula.

Outro destaque da celebração é o curta “O corpo da terra”, de Day Rodrigues, que aborda a relação entre o solo sagrado e a preservação ambiental. A cineasta explora a simbologia e as tradições do candomblé na defesa da natureza, destacando que, “sem folha não há orixá”. O filme foi exibido na Bienal de Veneza e propõe um olhar crítico para a continuidade do candomblé e a construção da identidade cultural brasileira.

“A celebração é essencial para solidificar a cultura afro-brasileira como patrimônio protegido pelo Estado”, ressalta o antropólogo Bàbá Gill Ominirò, enfatizando a importância de homenagens a essa história em outras capitais. Segundo ele, o tombamento da Casa Branca foi “um passo fundamental para o reconhecimento de um processo cultural negligenciado por séculos no Brasil”.

Apesar do reconhecimento institucional, o Terreiro enfrenta dificuldades. Para Bàbá Gill, “a violência institucional e a especulação imobiliária são problemas frequentes”. Um exemplo recente foi a demolição de uma construção que ameaçava o espaço sagrado, um processo conquistado após intensa mobilização com a participação de órgãos públicos e defensores do patrimônio.

Imagem – Festa de Oxóssi em 1985 Acervo Terreiro da Casa Branca

A Casa Branca também inspira o campo da arquitetura afro-brasileira, sendo modelo para outros terreiros e tema da exposição “Terra”, que recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza deste ano, com curadoria dos arquitetos Gabriela de Matos e Paulo Tavares. Para Matos, “o mato faz parte da espacialidade dos terreiros, conectando a arquitetura à terra e à espiritualidade”.

Serviço:
O quê: homenagem ao Ilé Àṣẹ Ìyá Nasò Ọka (Terreiro da Casa Branca) pelos 40 anos de tombamento pelo IPHAN
Quando: 05 de novembro de 2024, a partir das 19h30
Onde: Sesc Pompeia. R. Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo, SP.
Quanto: Grátis, ingressos: meia hora antes

Antropólogo brasileiro, Dagoberto José Fonseca, toma posse como membro correspondente da Academia Angolana de Letras

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O antropólogo Dagoberto José Fonseca, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), foi empossado no dia 24 de outubro como membro correspondente da Academia Angolana de Letras (AAL). A honraria reconhece sua extensa trajetória de pesquisa e cooperação com Angola, uma relação que Fonseca iniciou há mais de duas décadas.

Durante uma videoconferência organizada pela AAL, com o tema “Angola e Brasil: irmãos d’além mar”, Fonseca destacou a irmandade cultural entre os dois países. “Os escravizados trouxeram para o Brasil a cultura e a tradição dos reinos Ndongo e da Matamba, tornando-nos povos irmanados por valores civilizatórios”, afirmou.

“Para além das similitudes na forma de pensar, de falar e de sorrir e da proximidade culinária, dança e música, há também entre nós processos políticos similares”, pontuou o antropólogo que possui uma carreira dedicada ao fortalecimento das relações entre Brasil e Angola desde 2002, quando a Universidade Agostinho Neto, maior instituição de ensino superior do país africano, buscou a colaboração da Unesp para apoiar a reconstrução nacional no período pós-guerra.

A nomeação o coloca ao lado de grandes nomes da literatura e da intelectualidade angolana, como David Capelenguela e Amélia da Lomba. Além de Fonseca, a economista Sônia Jorge também será empossada pela Academia Angolana de Letras (AAL).

Afro Fashion Day comemora 10 anos e promete edição histórica em Salvador

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Foto: Lucas Assis

O Afro Fashion Day (AFD) deve celebrar uma edição histórica que marca os dez anos do evento e oficializa o início do Novembro Negro em Salvador. Com o tema “Música – Resgatando raízes e elevando vozes”, o evento acontece no o dia 1º de novembro, na Praça 2 de Julho, no Campo Grande, que será transformada em um espaço dedicado à moda, cultura e música negra, com atividades a partir das 11h e um desfile programado para as 18h.

Com o título de maior evento de moda negra do país, o AFD deste ano apresenta uma estrutura inédita. O palco, com 13 metros de largura, conta com uma passarela de 75 metros de extensão. “Como o tema deste ano está relacionado à música, pensamos em criar uma passarela de desfile que surgisse de dentro da boca de cena de um grande palco. Músicos e modelos compartilharão os mesmos espaços de apresentação, oferecendo um espetáculo dinâmico para o público do AFD”, explica Sandra Mazzoni, da GMF Arquitetos.

O evento promete surpreender com o tema “Música – Resgatando raízes e elevando vozes”, dividido em três blocos: Percussão Ancestral, Festiva e Contemporânea. Cerca de oito mil pessoas são esperadas para acompanhar as atividades, que incluem oficinas de música e moda, feira e exposições. Um destaque especial será o abraço simbólico ao Monumento ao 2 de Julho durante o ato final do desfile, homenageando a luta pela Independência do Brasil.

Do canteiro de obras às passarelas: modelo Peter Silva foi um dos destaques da SPFW

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Peter Silva em desfile para a marca João pimenta | Foto: Reprodução/Instagram

Destaque nos desfiles de oito marcas que exibiram suas coleções durante a São Paulo Fashion Week, que aconteceu entre os dias 16 e 20 de outubro na capital paulista, o modelo paulistano Peter Silva, de 22 anos, foi o terceiro no ranking de presença nas passarelas do evento, onde representou marcas como Ateliê Mão de Mãe, Dendezeiro, João Pimenta, Silvério, LED, Martins, Bold Strap e Normando.

Peter Silva desfilando para a Ateliê Mão de Mãe

Antes de chegar às passarelas, Silva trabalhava como ajudante de pedreiro, instalando bueiros em loteamentos residenciais. A virada em sua vida veio em 2020, quando venceu o concurso The Look of The Year, uma das competições de modelos mais prestigiadas do país, e assinou com a agência JOY Model.

Desde então, sua carreira ganhou impulso. Além de se destacar nos desfiles da SPFW, Peter Silva estrelou campanhas para grandes marcas e editoriais de moda, incluindo a versão internacional da revista Vogue. Seu nome tem atraído cada vez mais a atenção de agências e marcas estrangeiras, que enxergam no modelo uma nova promessa para o mercado fashion.

Diversidade na Infância: o caminho para uma sociedade mais inclusiva e saudável

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Foto: Freepik

Texto: Rachel Maia

O melhor e maior presente que uma criança pode e deve receber é que o seu direito de ser e existir como criança seja respeitado e praticado em todos os espaços. Um estudo sobre os traumas psicológicos na primeira infância e o desenvolvimento de transtornos mentais na vida adulta foi usado como mote para este texto.

Um trecho que vale ressaltar diz que os cuidados primários são essenciais para a estruturação psíquica e a aquisição de habilidades de regulação afetiva, capacidade reflexiva e autonomia. Vale lembrar que crianças se tornaram adultos e que traumas praticados na infância podem causar transtornos mentais, como mostra o artigo, publicado no portal da Atena Editora.

Os dados de crianças com depressão e transtorno de ansiedade têm crescido e o impacto dessa realidade afeta principalmente lares de crianças negras e famílias de baixa renda. Não é a primeira vez que falo aqui sobre saúde mental, mas noto a importância de focarmos na infância, para que em um futuro próximo essa pauta não tenha o peso que tem neste momento.

Quando uma criança se torna vítima de agressão, preconceito, violência física ou psicológica na primeira infância — que vai do zero aos seis anos de idade — por ser diferente do que a sociedade entende como normativo, ela está acometida ao sofrimento solitário e contínuo, uma vez que a sociedade não faz um movimento na base para discutir sobre o assunto e principalmente sobre a diversidade.

A escola, por exemplo, é o lugar que deveria ser referência na temática, mas, vejamos: a escola é a extensão da sociedade e com isso é também lá que se reproduzem comportamentos vivenciados nos lares. Crianças repetem padrões que evidenciam o contexto histórico do país, que não está aberto para conviver com outras maneiras de ser e existir —  estamos falando de crianças criadas por mães solo, negras, indígenas, frutos de relacionamentos homoafetivos, neurodivergentes ou com algum tipo de deficiência física.

Quando entendermos que todos têm direitos iguais perante a lei, as práticas nos meios serão condizentes com a pluralidade dos indivíduos que fazem parte dela. Ensinar aos futuros adultos — que por sua vez não nasceram racistas ou preconceituosos — que somos diversos e que isso só nos enriquece, fará com que a sociedade se aceite em sua totalidade. 

O preconceito, seja ele de raça, religião, gênero ou orientação sexual, na infância ainda é um tabu, tanto nas famílias quanto nas escolas. O impacto desse comportamento excludente e a falta de ações que solucionem estas demandas expõem as crianças a um risco da arquitetura cerebral com consequências como o transtorno do sono, irritabilidade, desenvolvimento do medo e piora da imunidade, conforme exemplifica o estudo sobre primeira infância e negritude do Centro de Liderança Pública (CPL) que se refere a crianças negras que são acometidas ao racismo.

Os relatos das famílias e de seus filhos que sofrem discriminação evidenciam que quem educa está potencializando as diferenças de maneira negativa e que esse tipo de comportamento não será mais tolerado. Hoje, há escolas, principalmente as particulares que têm predominância de alunos brancos (por conta da estrutura desigual), redesenhando as narrativas do convívio social, com o ingresso de alunos negros e o posicionamento dos pais, porém os fatos decorrentes nos sinalizam que ainda há muito que fazer. Lembrem-se: toda criança e adolescente é um sujeito de direitos, em condição peculiar de desenvolvimento, e demanda proteção integral e prioritária por parte da família, da sociedade e do Estado. Isso é garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal N° 8.069, de 13 de julho de 1990, regulamentada no artigo 227 da Constituição Federal.

SUS descumpre Lei dos 30 dias deixando mais de 87 mil mulheres com diagnóstico de câncer de mama atrasado entre 2020 e 2024

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Foto: Reprodução/Freepik

Milhares de pacientes enfrentam atrasos para obter diagnóstico de câncer de mama no Brasil. Apesar da Lei dos 30 dias, que exige que usuários do SUS realizem exames em até 30 dias após a suspeita de câncer, ao menos 87,4 mil mulheres passaram desse prazo entre 2020 e 2024. De acordo com uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, apenas em 2024, 39% dos procedimentos para diagnóstico não cumpriram o prazo legal, segundo dados do DataSUS.

A lei de 2019 veio complementar outra legislação de 2013, e determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve iniciar o tratamento de pacientes com câncer em até 60 dias. Santa Catarina teve 36% dos exames de biópsia fora do prazo legal em 2024. O Amazonas apresentou o pior índice, com 81% dos exames realizados fora dos 30 dias previstos. O Rio Grande do Sul foi o estado com melhor desempenho, com 9% de exames atrasados.

A Secretaria de Saúde de Santa Catarina contestou os números, afirmando que apenas 12 dos 2.552 exames realizados em 2024 ultrapassaram o prazo. Já o Ministério da Saúde informou que tem adotado medidas para reduzir as filas de espera e melhorar o acesso a exames e tratamentos, como o Plano Nacional de Redução de Filas e o Programa Mais Acesso a Especialistas.

Para a psicóloga oncológica Luciana Holtz, do Instituto Oncoguia, a espera por diagnósticos no SUS é uma questão que envolve diversas etapas, desde consultas com especialistas até a realização de exames como mamografia e ultrassonografia. “As pacientes estão perdendo a chance de um tratamento mais eficaz. Quando finalmente chegam à consulta, o que poderia ser o primeiro passo vira o décimo”, lamenta.

BRASILIANO: Filhos do Sol — Dendezeiro Celebra o Sertão em Moda e Resistência

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Foto: Marcelo Soubhia

A nova coleção da marca baiana resgata a essência sertaneja com cores vibrantes, técnicas artesanais e uma estética que exalta a força e a beleza do nordeste brasileiro.

Texto: Rodrigo França

A coleção “BRASILIANO: Filhos do Sol”, da Dendezeiro, é uma ode ao sertão brasileiro, uma terra de resistência, calor e histórias centenárias que se entrelaçam com a modernidade e a inovação. A passarela da SPFW foi tomada por uma celebração vibrante da moda regional, onde o streetwear encontra a alfaiataria em um diálogo que honra a tradição enquanto desafia o conservadorismo estético. Sob a direção criativa de Hisan Silva e Pedro Batalha, a marca baiana trouxe à tona a força do sertão, ressignificando o espaço árido como um solo fértil de criações inéditas e narrativas de força e superação.

Dendezeiro na SPFW N58. (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite)

Em termos técnicos, a coleção se destacou pelo uso de tecidos de fibras naturais, uma escolha consciente que vai além da estética, reafirmando o compromisso com a sustentabilidade e com o respeito à matéria-prima local. A utilização de trançados de palha e miçangas, executados por artesãos da região, foi um aceno ao trabalho manual, elemento essencial na construção de uma moda genuinamente brasileira e artesanal – arte. As modelagens apresentaram cortes amplos e estruturas fluidas, remetendo à leveza necessária para enfrentar o calor sertanejo.

Dendezeiro na SPFW N58. (Foto: Marcelo Soubhia/@agfotosite)

Os looks da “BRASILIANO: Filhos do Sol” não se limitaram a reproduzir símbolos óbvios do sertão, mas criaram uma nova iconografia a partir de detalhes que evocam memórias afetivas e cotidianas. As estampas foram inspiradas na fauna e flora do sertão, presentes em peças que variaram de conjuntos de alfaiataria reinterpretados a vestidos, todos marcados por uma paleta terrosa que ia do marrom profundo ao bege suave, passando por tons quentes de vermelho e laranja, símbolos da conexão visceral com a terra. Em paralelo, o preto surgiu como um elemento de contraste, trazendo profundidade e uma dose de sobriedade aos conjuntos.

A poesia da coleção residiu não apenas nas referências literárias a obras como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, mas na narrativa visual que se apresentou na passarela. O desfile foi, em si, uma espécie de cordel moderno, onde cada peça era um verso e cada modelo, um contador de histórias.

Dendezeiro na SPFW N58 (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite)

O uso de técnicas como o tingimento natural, o bordado manual e o crochê agregaram texturas únicas às peças, trazendo para a moda uma dimensão tátil que convida ao toque e à exploração dos sentidos. As miçangas e palhas trançadas surgiram como ornamentos, mas também como agentes narrativos, carregando consigo histórias de gerações. Essas técnicas destacam a identidade visual da marca, conhecida por inserir elementos de cultura popular brasileira de maneira refinada e contemporânea. Ao misturar a alfaiataria clássica com o streetwear despojado, a Dendezeiro conseguiu traduzir a complexidade do sertão em roupas que são ao mesmo tempo atemporais e contemporâneas, prontas para ocupar espaços urbanos sem perder o vínculo com a origem.

O desfile foi um verdadeiro espetáculo de identidade e potência cultural. As peças apresentadas na SPFW não foram apenas roupas; foram manifestos visuais, gritos de resistência, em um mundo que ainda tenta silenciar as vozes vindas do sertão. Os filhos do sol, como os carcarás mencionados na descrição da coleção, não voam apenas com fome de conquista, mas com a sede de espalhar a verdade do sertão pelo mundo. A moda, aqui, é mais do que estética: é instrumento de voz, de representatividade e de afirmação cultural.

Dendezeiro na SPFW N58. (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite)

A marca não apenas mostra o sertão, mas nos convida a senti-lo, a vestir suas histórias e a carregar no corpo a força de um povo que, debaixo do sol inclemente, jamais deixa de florescer. Assim, “BRASILIANO: Filhos do Sol” não é apenas uma coleção; é uma canção, uma jornada e, acima de tudo, uma declaração de amor à terra que, mesmo seca, é berço de uma criatividade sem fim.

‘Quando eu crescer’: obra infantil com temática afrocentrada ganha adaptação em curta-metragem

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Crédito: Divulgação

Quando eu crescer“, obra infantil da escritora e ilustradora Lari Salles, ganha uma adaptação em curta-metragem com o mesmo título, que será lançado neste domingo, 27 de outubro, em um evento com entrada gratuita na Casa de Cultura Bola de Meia, em São José dos Campos, interior de São Paulo. O encontro terá a presença da autora e da equipe criadora e participante do projeto. O lançamento digital será no dia 20 de novembro, quando o curta fica disponível em formato on-line e gratuito.

Protagonizado por Aurorinha, a trama reflete as dúvidas e imaginações sobre as opções profissionais e as referências afrocentradas que uma criança pode ter, agora acompanhadas por mais personagens e um desfecho surpreendente.

Lari Salles (Foto: Duda Pereira)

Quando perguntada em sala de aula sobre o que será quando crescer, Aurorinha se depara com colegas muito certos sobre seus sonhos e uma dúvida que só aumenta: O que ela quer ser quando crescer? O receio de não ter respostas encontra uma mãe acolhedora e cheia de referências inspiradoras. É esta a trama que recebeu uns toques a mais de emoção em sua adaptação para uma linguagem que ressalta ainda mais a beleza das ilustrações e os sentimentos que o leitor conheceu no livro original.

“A Aurorinha vem se firmando como uma personagem para além da história que ela está inserida. Ela é como a visão ingênua de uma criança preta, tentando entender as incoerências do mundo de uma forma leve. É uma história não só para crianças, mas também para as crianças que habitam dentro do adulto”, conta Lucas Baumgratz, produtor do filme e do livro. “Lembro de lermos a história para vários adultos, com um público bem afrocentrado, e de terminar a leitura emocionados, cada um compartilhando sua história, afinal, só quem já passou por isso sabe o quanto é difícil a ascensão em carreiras para uma pessoa preta” , completa.

Aurorinha (Crédito: Divulgação)

A autora Lari Salles também fala sobre suas expectativas. “Com esta obra, quero falar também da possibilidade de sonhar e ocupar os espaços que são de nosso direito. Permitir que uma criança negra possa sonhar com o futuro e ser o que ela quiser ser, construir um caminho de afeto e representatividade para que ela tenha esse apoio na construção de uma autoestima saudável.”

Assim como no livro, o filme também convida vozes da região do Vale da Paraíba para participarem do filme. Shiva Carolina, artista educadora, faz a voz da mãe da Aurorinha e Ivani de Melo, também educadora, faz a voz da professora da Aurorinha, e seus filhos dão vozes às crianças da turma de Aurorinha. Os convites especiais também se estendem para as responsáveis pela acessibilidade do curta: Anne Magalhães, tradutora e intérprete da janela de LIBRAS, e para Carol Wintter, criadora da audiodescrição ao lado do editor Alex Fróes e da consultora Michelle Belatto.

Gravação de vozes do curta ‘Quando eu crescer’ (Foto: Divulgação)

As exibições do curta-metragem também ocorrerão em escolas e projetos sociais como forma de complementar um material de educação antirracista e compartilhar grandes nomes atuantes da arte e da cultura no Brasil. Considerando o Vale do Paraíba, são ainda poucas as produções audiovisuais criadas com temática afrocentrada, o que destaca ainda mais a relevância de personagens e histórias como a de Aurorinha. “Quando eu crescer” inicia, assim, novos caminhos para além das páginas. Trilhas que já estão sendo planejadas para levar este projeto por diversas possibilidades, como adaptação em série, novos livros e como Aurorinha diz, até quem sabe o céu. 

O projeto é uma realização através da Lei Paulo Gustavo, que incentiva o audiovisual no Brasil.

Exposição celebra os 50 anos de carreira de Lita Cerqueira, a primeira fotógrafa negra do Brasil

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Lita Cerqueira e uma de suas obras (Foto: Vivi Mädchen)

Para celebrar os 50 anos do trabalho da Lita Cerqueira, a primeira fotógrafa negra profissional do Brasil, a CAIXA Cultural Salvador inaugurou, nesta semana, uma exposição que reúne as principais obras da artista que retrata a cultura e a vida do povo negro no país. A visitação é gratuita e ocorre até o dia 20 de dezembro.

A mostra “O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 Anos de Fotografia”, organizada em sete núcleos curatoriais, destaca temas como ancestralidade e pertencimento, refletindo a perspectiva única de Lita como uma mulher negra e sua profunda conexão com o cotidiano e as histórias que eterniza através de suas lentes. Com um acervo de mais de 50 mil imagens, com obras em preto e branco de uma das mais ecléticas produções fotográficas do fim do século XX e início do XXI.

“Lita não apenas observa o mundo; ela o vive intensamente. Seu trabalho é um reflexo de sua própria história e das histórias daqueles que ela imortaliza através de suas lentes”, destaca Janaína Damaceno, curadora da mostra. Para Lu Araújo, que assina a coordenação geral, as fotos são manifestações de alma. “Ela consegue capturar a essência de cada pessoa, cada momento, com uma sensibilidade única. Lita é uma guardiã da memória do nosso povo”, afirma.

Procissão de Santo Amaro 1999 é uma das imagens da fotógrafa que integram a exposição (Foto: Lita Cerqueira)

Em “O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 anos de fotografia”, a artista compartilha com o público não apenas imagens, mas uma narrativa visual que resgata a ancestralidade e celebra a cultura negra. A exposição é um convite para reconhecer e valorizar a beleza e a força de um povo que, através das lentes de Lita, ganha visibilidade e respeito, além de pertencimento e resistência.

Eixos da Exposição:

O primeiro eixo da exposição é “Andar com fé”, que retrata o sagrado afro-brasileiro. No segundo, “Para o mundo ficar Odara”, o destaque é a beleza negra. Em “Zum zum zum”, as fotos são das rodas de copeira, enquanto em “Vou fazer minha folia”, o tema é o carnaval. 

No quinto eixo, “Filhas de Oxum”, Lia captura a espiritualidade e ancestralidade das festas populares. Já em “Doces Bárbaros” e “Atraca que o Naná vem chegando”, estão os momentos intimistas em que a fotógrafa acompanhou grandes nomes da música popular brasileira, como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa.

Milton Nascimento (Foto: Lita Cerqueira)

OUTRAS EXIBIÇÕES

Atualmente, a artista participa da exposição “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro”, em Inhotim, parte integrante da mostra dedicada a Abdias Nascimento. Também está nas mostras “Lélia em Nós”, no Sesc Vila Mariana em São Paulo, “Encruzilhadas da Arte Afro-brasileira” no CCBB de Belo Horizonte e na exposição itinerante “O que vem de dentro”, de Diógenes Moura.

Serviço:

[Artes Visuais] O Povo Negro é o Meu Povo – mLita Cerqueira, 50 Anos de Fotografia

Local: CAIXA Cultural Salvador

Endereço: Rua Carlos Gomes 57, Centro – Salvador/BA

Visitação: até o dia 20 de dezembro de 2024 

Horário: Terça a domingo, das 9h às 17h30

Entrada gratuita

Classificação indicativa: livre para todos os públicos

Acesso para pessoas com deficiência 

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