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ONU pode reconhecer papel das comunidades afrodescendentes na conservação ambiental pela primeira vez

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Foto: Joaquin Sarmiento via AFP

A COP16 de biodiversidade, conferência mundial da ONU em Cali, Colômbia, aproxima-se de um marco histórico: pela primeira vez, o relatório final da reunião poderá citar explicitamente a contribuição das comunidades afrodescendentes, como quilombos, para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.

O primeiro rascunho do documento obtido pelo jornal Folha de S. Paulo, concluído na última segunda-feira, 28, e elaborado pelo grupo de trabalho dedicado ao tema na COP16 prevê que o relatório final inclua a criação de um programa de trabalho específico para os povos indígenas e comunidades locais, além de um órgão subsidiário permanente que trate dessas questões.

A inclusão de comunidades afrodescendentes é uma das bandeiras da Colômbia, país anfitrião, e também conta com apoio do Brasil. Essa mudança marca uma evolução no histórico artigo “8j” da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU, que, após anos de debate, incluiu menções diretas aos povos indígenas. Agora, os afrodescendentes buscam seu espaço formal no documento, indicando uma abertura que pode fortalecer a representatividade e o protagonismo dessas comunidades na governança ambiental global.

Uma das barreiras ao avanço do tema foi a resistência do Congo. No entanto, segundo a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, a posição congolesa evoluiu: “O Congo inicialmente se opôs à proposta. Agora, houve uma flexibilização, e antes de vir para cá, estive em uma reunião com o ministro do Congo, onde ele declarou seu apoio [à menção]”, afirmou Márquez. Ela falou durante o lançamento do Centro de Inovação Baobab, uma organização voltada para estudos de justiça étnico-racial com foco em gênero e meio ambiente, apoiada pela Fundação Ford.

A adesão do Congo, segundo um negociador brasileiro sob condição de anonimato, representa um passo importante e inédito na inclusão de afrodescendentes no escopo da biodiversidade da ONU. Até 1º de novembro, quando se encerra a COP16, o documento ainda poderá sofrer alterações, mas há um otimismo crescente para que o novo posicionamento se efetive na resolução final.

Do Black Power ao ajoelhar: a história repetida da luta antirracista no esporte

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Ontem, ao entardecer, a revolta tomou conta das redes sociais. O jogador brasileiro Vini Jr., que atua no Real Madrid, estava cotadíssimo para conquistar o cobiçado prêmio Bola de Ouro, mas acabou em segundo lugar, para a indignação de uma massa de apaixonados por futebol. E não apenas isso, até mesmo quem não acompanha de perto o esporte admira Vini Jr. pela sua coragem em enfrentar os racistas nos gramados europeus. Nem a habilidade do jogador era abalada pelos xingamentos surgidos nas arquibancadas; muito pelo contrário, o atleta superava todos os limites. 

A injustiça nessa premiação tem a ver com aquilo que ele vem combatendo. Isso é um ponto inquestionável. Os racistas não suportam o confronto e a rebeldia de um jovem negro. Eles querem vociferar o ódio sem serem incomodados. Existem até brancos que têm horror ao racismo, porém, não fazem nada contra e preferem que as vítimas ignorem. Essa omissão não os exime da responsabilidade na manutenção desse sistema que violenta nossa dignidade.

Em 1968, os velocistas Tommie Smith e John Carlos protagonizaram um memorável protesto contra a discriminação racial, nos Jogos da Cidade do México. No pódio, ergueram os punhos cerrados com luvas pretas; o símbolo Black Power nunca mais seria esquecido no mundo. Peter Norman, o único branco, se juntou a eles utilizando um distintivo em prol da luta pela igualdade. 

Colin Kaepernick, jogador de futebol americano, em 2016, se ajoelhou durante a execução do hino nacional: “Não vou me levantar para mostrar orgulho a uma bandeira de um país que oprime negros e negras. Para mim, isso é maior do que o futebol e seria egoísta eu ignorar isso. Há corpos na rua e pessoas recebendo licenças pagas e se safando de assassinatos”, declarou à NFL (National Football League).

Tommie Smith, John Carlos e Colin Kaepernick pagaram um preço alto por tudo isso: banimento do esporte, difamação, quebra de contratos etc. 

Na realidade, seria muita ingenuidade acreditar que os brancos não armariam alguma coisa para Vini Jr.. O racista sempre dá o bote na hora certa. Só espero viver o suficiente para ver nosso atleta virar mais esse jogo sujo, porque coragem, habilidade e inteligência ele tem de sobra.

Tina Knowles anuncia livro de memórias e Beyoncé faz pedido inusitado: “Não revele muito, mãe fofoqueira”

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Foto: Reprodução/Instagram

Beyoncé anunciou o lançamento do livro “Matriarca” de sua mãe, a empresária Tina Knowles, nesta terça-feira (29), com uma publicação no Instagram expressando o seu orgulho junto a um pedido inusitado.

“Mãe, eu não poderia estar mais orgulhosa. Meu amor por você vai além do que posso dizer. Você colocou seu coração neste livro. Estou feliz por você compartilhar algumas das histórias que a moldaram em quem você é. Conhecer você é amar você”, disse a cantora na legenda. “Mas, por favor, não revele muito, mãe fofoqueira”, brincou no final do texto ao pedir este favor.

Tina Knowles celebrou o seu livro autobiográfico nas redes sociais. “Sempre fui uma contadora de histórias e isso aprendi com minha mãe. Quando eu tive minha própria família, acreditava que minhas filhas precisavam saber de onde vinham para saber para onde estavam indo”, escreveu. “Estou agora pronta para partilhar a minha história com todos vocês, para que possamos todos celebrar estes temas de força, maternidade, orgulho negro e identidade”, completou.

“Chamo este livro de Matriarca porque o que me inspira é a sabedoria que as mulheres transmitem umas às outras, de geração em geração – e a sabedoria interior que desejamos descobrir em nós mesmas. Mesmo aos 70 anos, ainda estou aprendendo lições valiosas – revelações que gostaria de ter tido aos 40 ou até mesmo aos 20”, completou.

Para finalizar, a empresária diz que gostaria de compartilhar esse conhecimento “um a um com o leitor, enquanto rimos e às vezes choramos juntos em todas as fases das nossas vidas”, concluiu.

O livro de memórias estará disponível para vendas a partir do dia 22 de abril de 2025, mas já está disponível para reserva no site oficial de Tina.

Estudantes brancos do 9º ano têm desempenho superior em Português e Matemática em relação aos negros

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Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Alunos brancos, meninas e meninos, têm melhor desempenho sobre estudantes negros (pretos e pardos) nos 26 estados pesquisados e também no Distrito Federal, segundo o boletim Desempenho escolar, raça e gênero: o que contam os dados do Saeb 2021, nova publicação do Observatório da Branquitude, lançado nesta terça-feira (29).

O material analisa o desempenho escolar de alunos do 9º ano, último ano do Ensino Fundamental, a partir das médias obtidas nos testes de Língua Portuguesa e Matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos em escolas públicas e particulares de todo o país.

Os dados analisados revelam que meninas brancas são o grupo com o melhor desempenho no teste de Língua Portuguesa da avaliação. As meninas negras obtiveram a segunda maior média em Português, com exceção dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, em que os meninos brancos obtiveram uma média maior do que as das meninas negras. Já os meninos negros ficam com a pontuação mais baixa em relação aos demais grupos estudados em todas as regiões, acima apenas da média geral de cada estado. Com exceção do Distrito Federal, em que meninos negros ficaram abaixo da média distrital.

Em Matemática, os meninos brancos assumem a dianteira com as melhores médias em quase todo o país, somente em Alagoas meninos negros assumem a maior pontuação. No geral, meninos brancos se sobressaem aos meninos negros, às meninas brancas e às meninas negras, nesta sequência. Já o segundo melhor desempenho em Matemática é dos meninos negros, seguidos por meninas brancas e meninas negras, nesta ordem. Apenas em Roraima e Tocantins meninas brancas tiveram o segundo maior desempenho, seguidas de meninos negros e meninas negras.    

Os dados são públicos e servem para que as redes de ensino possam monitorar a qualidade da educação oferecida e nortear políticas públicas educacionais. A avaliação em Língua Portuguesa é feita com ênfase em leitura, e em Matemática, concentrando-se na resolução de problemas.

“Nossa publicação faz um convite à reflexão sobre as dinâmicas entre marcadores de raça, gênero e desempenho escolar entre os grupos em questão com base nas informações do Saeb 2021, por meio do qual o país realiza um diagnóstico fundamental da qualidade da educação. Acreditamos que esta contribuição possa servir de insumo a interessados no tema, bem como à gestão pública, sobretudo às esferas municipais recém-eleitas em todo o país, responsáveis pela oferta do Ensino Fundamental, no sentido de informar políticas focalizadas”, revela a coordenadora de pesquisa do Observatório da Branquitude, Carol Canegal.

Nayara Melo, pesquisadora do Observatório da Branquitude, aponta destaques que podem explicar as diferenças de desempenho entre meninos e meninas: “É importante observar que tanto o gênero quanto a raça configuram variáveis de peso na distribuição destas médias. Perceber que há disciplinas que são mais mobilizadas para determinados gêneros mostra desigualdades de ocupação em determinadas áreas, o que se reflete também na ocupação por raça/cor. Pensar sob a ótica da interseccionalidade aponta para essas desigualdades que aparecem na pesquisa e que são somadas nestes estudantes”, finaliza.

O Estudo é um dos materiais produzidos pela organização como parte de uma agenda de enfrentamento ao racismo a partir da educação, com foco nas desigualdades presentes na educação básica brasileira. Veja dados completos no site da entidade aqui!

7ª Virada da Consciência celebra Troféu Raça Negra e estreia do feriado nacional da Consciência Negra

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Foto: Romeo Campos

Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, que pela primeira vez será feriado em todo o Brasil neste 20 de novembro, a 7ª Virada da Consciência promove cinco dias de atividades em São Paulo. Organizado pela Universidade Zumbi dos Palmares, o evento homenageia o herói quilombola e marca o aniversário de 20 anos da instituição, com eventos culturais, esportivos e educacionais.

A celebração contará com atrações diversificadas, incluindo o FlinkSampa – festa literária que exalta a cultura negra, o Troféu Raça Negra, e a Corrida e Caminhada da Consciência. O reitor da Universidade, José Vicente, destacou o simbolismo do evento: “Este 20 de novembro será um marco. Zumbi dos Palmares nos inspira a construir um país mais justo e unido, e o feriado nacional da Consciência Negra representa essa união em um momento de reflexão coletiva sobre nossa história.”

A programação, que ocorrerá de 16 a 20 de novembro, inclui debates no Congresso Internacional de Educação Antirracista e o Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial, além de torneios esportivos e apresentações de samba e dança afro.

Entre os destaques, o Troféu Raça Negra ocorrerá no Espaço Unimed, e o concurso de samba e desfile afro trarão ao palco expressões da cultura afro-brasileira em celebrações públicas e gratuitas. A Virada da Consciência foi criada em 2018 para ampliar as ações pela igualdade racial e, em 2024, reforça seu papel ao unir a história e a atualidade da luta antirracista.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DA 7ª VIRADA DA CONSCIÊNCIA

Dias 15, 16, 17 e 20.11.2024

TORNEIO DE BASQUETE
Horários: a definir
Local: a definir
Dia 16.11.2024

ABERTURA OFICIAL DA 7ª VIRADA DA CONSCIÊNCIA
Horário: 14h
Local: Sesc Pompéia
Dias 16 e 17.11.2024

FLINKSAMPA – FESTA LITERÁRIA DO CONHECIMENTO LITERATURA E CULTURA NEGRA
Curadoria: Guiomar de Grammont
Horário: das 14h às 18h30
Local: Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93 – Água Branca – SP)
Dia 17.11.2024

II DESFILE AFRO
Curadoria: Edson Beauty
Horário: 13h.
Local: Universidade Zumbi dos Palmares/ Auditório Unibela (Av. Santos Dumont, 843 – Bom Retiro – SP)
Dia 18.11.2024

FESTIVAL AFRO MINUTO
Horário: 11h.
Local: Universidade Zumbi dos Palmares (Av. Santos Dumont, 843 – Bom Retiro – SP)
Dias 18 e 19.11.2024

XIII CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA
Curadoria: Guiomar de Grammont
Horário: 19h às 22h
Local: Universidade Zumbi dos Palmares (Av. Santos Dumont, 843 – Bom Retiro – SP)

II CONGRESSO DO SAMBA
Curadoria: Claudia Alexandre
Horário: 18h30 às 22h
Local: Universidade Zumbi dos Palmares (Av. Santos Dumont, 843 – Bom Retiro – SP)

FÓRUM INTERNACIONAL DE EQUIDADE RACIAL EMPRESARIAL 2024
Tema central: Mudanças climáticas, neoindustrialização, inclusão e diversidade.
Horário: 09h às 17h
Local: FIESP Paulista (Av. Paulista, 1313 – Jardim Paulista)
Dia 20.11.2024

CORRIDA E CAMINHADA DA CONSCIÊNCIA
Local: Praça Charles Miller – em frente ao Estádio do Pacaembu
Horário: 7h largada
III CONCURSO SAMBA NO PÉ
Horário: 15h
Local: Universidade Zumbi dos Palmares /Teatro Unibela (Av. Santos Dumont, 843 – Bom Retiro – SP)

TROFÉU RAÇA NEGRA
Horário: 19h
Local: Espaço Unimed (Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda – SP).

Sessenta anos depois, justiça anula registro de prisões de manifestantes dos Direitos Civis na Carolina do Sul, nos EUA

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Foto: AP/Jeffrey Collins

Sessenta e quatro anos após serem presos em um protesto histórico na Carolina do Sul, Simon Bouie e outros seis jovens negros do Benedict College tiveram seus registros de prisão oficialmente apagados em uma cerimônia realizada na última sexta-feira, 27, em Columbia. De acordo com a Associated Press, presidido pelo juiz Robert Hood, contou com a presença de Bouie e Charles Barr, únicos sobreviventes do grupo, além de familiares e apoiadores dos direitos civis.

O episódio remonta a 1960, quando Bouie, então estudante universitário, desafiou as leis de segregação racial ao sentar-se em um balcão de lanchonete exclusivo para brancos, contrariando as ameaças do governador contra os “agitadores cabeça quente” que insistiam na igualdade racial. Ao recordar o evento, Bouie afirmou que ele e seus amigos estavam determinados: “Tínhamos um desejo de lutar pelo que era certo e ninguém conseguia nos fazer mudar de ideia.”

O ato simbólico de “sit-in”, que teve origem em Greensboro, Carolina do Norte, inspirou jovens ativistas negros a desafiarem as leis segregacionistas pelo sul dos EUA, promovendo uma série de protestos pacíficos que tornaram a segregação uma questão central nos direitos civis. Columbia não foi exceção. Na época, as detenções eram seguidas de recusa em pagar fiança, levando ao abarrotamento das prisões e pressão crescente para mudanças nas leis.

Com cerca de 150 pessoas no tribunal, o advogado Byron Gipson entregou a documentação ao juiz Hood, que assinou a ordem de anulação sob aplausos. “Esses homens se posicionaram bravamente — sentaram-se bravamente, francamente — diante da adversidade, diante das ameaças, diante da morte”, declarou Gipson. Já o juiz Hood ressaltou a importância do gesto dos manifestantes, classificando-os como “heróis contra a opressão”.

A trajetória dos sete homens passou pela Suprema Corte dos EUA, que anulou suas condenações dias antes da promulgação do Civil Rights Act de 1964. No entanto, as prisões permaneceram em seus registros até o evento de sexta-feira. O professor Bobby Donaldson, da Universidade da Carolina do Sul, falou em nome dos cinco manifestantes já falecidos, enfatizando o compromisso dos jovens com a igualdade constitucional, acima da liberdade pessoal. “Em 1960, foram vitimizados. Hoje, são inocentados”, afirmou.

A cerimônia de sexta-feira marca um novo capítulo para aqueles que, desafiando leis racistas, pavimentaram o caminho para a geração seguinte, simbolizando uma vitória tardia, mas celebrada, na luta por igualdade e justiça nos Estados Unidos.

Até quando a vitória será do racismo? A injustiça cometida contra Vini Jr.

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Foto: reprodução/Facebook

Texto: Luciano Ramos – Especialista em Masculinidades Negras e Diretor do Instituto Mapear

Ainda não consigo acreditar que Vini Jr. não levou a ‘Bola de Ouro’ como o melhor jogador da temporada europeia. Me soa como um soco no estômago. Vini Jr. é o grande vencedor dessa temporada no futebol europeu. Ele ganhou no campo várias batalhas e vários jogos. O racismo nos maltrata de muitas formas. O que mais me vem à cabeça hoje é a frase de Conceição Evaristo: “Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer.”. O psicólogo maranhense Rômulo Mafra nos diz que a violência racial tira a nossa força e sem ela não é possível se movimentar. Hoje, todos nós somos a força de Vini Jr.

Mais uma vez os europeus tiram algo que é do homem negro. Mais uma vez a branquitude subtrai algo do homem negro. Muitos poderão dizer que ganharemos muito mais, mas não. É dessa forma que, ao longo da história, nos retiram tudo. Nos saqueiam, nos ferem, tiram nossa autoestima e tentam tirar a nossa dignidade. O homem negro é aceitável quando faz o jogo da branquitude. Se ele denuncia, se coloca duramente contra, coloca-se como um igual ele é punido. 

Muitos poderão dizer que é falta de vergonha dos que não deram o prêmio a Vini Jr.. Eu lhes perguntarei: Quando a branquitude teve vergonha? Quantas vezes você se calou com uma piada racista no seu trabalho para não ser demitido? Ou teve que aturar aquele comentário racista do seu chefe? Quantas vezes você foi alvo das micro violências racistas e engoliu seco por depender daquele trabalho Quando Vini Jr. verbaliza a violência sofrida ele dá voz à todas as pessoas que não conseguem falar sobre o racismo diário sofrido. A denúncia do jogador o fez ser retaliado. Que Vini é maior do que tudo isso, nós sabemos! Mas precisamos falar de justiça. Desde sempre o homem negro é injustiçado. Se o jogador tivesse se calado, saído de campo em silêncio e não se manifestado, é possível que tivesse sido premiado pela branquitude.

Os negros escravizados tinham que apanhar, silenciosamente, no pelourinho e depois não podiam criar as revoltas, ao contrário, açoitados, voltavam para a labuta.  “Aceite, meu filho. É assim mesmo!”. Quantas vezes você, enquanto pessoa negra, já ouviu essa frase? Vini Jr. decidiu não aceitar. E ao não aceitar, ele é lido pela branquitude como um “preto insolente” e os insolentes precisam de punição. E a punição é não entregar ao jogador o que é dele. O que o mundo inteiro sabe que é dele. Fomos dormir nessa segunda-feira com o gosto da violência do racismo na boca e a dor do soco no estômago. 

Se esse texto chegar até você, Vini Jr., receba um abraço com muito afeto, meu irmão! Não vamos desistir de lutar! 

“Evangélicos”: Luciana Barreto apresenta reportagem especial sobre os fiéis da religião que mais cresce no Brasil

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Foto: Divulgação

Na década de 1970, cerca de 90% da população do Brasil se declararam católicos, enquanto os evangélicos representavam pouco mais de 5%. Já em 2010, o percentual de católicos caiu para 64,6%, enquanto o de evangélicos subiu para 22,2%. Para especialistas, apesar de ainda não ter sido divulgado dados sobre religião no Censo de 2022, em 2030 há possibilidades para uma inversão. 

Em meio a essa mudança, a jornalista Luciana Barreto percorreu diversas igrejas de diferentes denominações, conversando com homens, mulheres, jovens e idosos que encontraram na fé evangélica uma nova direção para suas vidas. O especial “Evangélicos” será exibido no programa “Caminhos da Reportagem” na TV Brasil, às 23h, nesta segunda-feira (28) e no YouTube

“Estava bastante preocupada com o tom jornalístico do programa. Queria ouvir os evangélicos. Fiz isso durante seis meses. Acho que estamos apresentando um bom resultado. E, em primeira mão: este é só o primeiro episódio. Ainda estamos rodando muitos espaços para dar conta da riqueza e diversidade deste grupo”, disse Luciana Barreto ao Mundo Negro. 

Luciana Barreto conversando com fiéis evangélicos. (Foto: Divulgação)

Na Igreja pentecostal Assembleia de Deus Ministério Monte do Fogo Puro, localizada no município de Queimados, no Rio de Janeiro, Luciana conversou com a pastora Roberta Costa Bernardo, além da missionária Catarine da Costa e da diaconisa Vanessa Rodrigues. Para a jornalista, “não é exagero dizer que muitas vezes essas igrejas fazem o trabalho do poder público. Essas são as igrejas mais próximas das pessoas, resolvendo os problemas sociais da comunidade, muitas vezes, até ajuda econômica”.

O teólogo Ronilso Pacheco explica que “a presença da mulher evangélica no universo evangélico brasileiro é muito forte e muito significativa. Em muitas periferias, por exemplo, elas carregam a comunidade nas costas. É quem faz grande parte do trabalho, desde a cantina, a faxina, às ações sociais da Igreja”. Hoje, Vanessa diz “servir” a Igreja e se emociona ao relembrar do começo: “Eu tinha 19 anos e estava com a minha vida toda desestruturada. Conversei com a pastora Roberta e falei como estava a minha vida e eles me abraçaram”.

O universo pentecostal representa 60% dos evangélicos, de acordo com o Censo de 2010. Já a neopentecostal não entra na classificação por ser considerada “uma categoria sociológica que foi apreendida por pesquisadores, sendo somente suma forma de explicar as diversas fases do pentecostalismo no Brasil”, como explica Ronilso Pacheco. Das outras denominações, 18,5% são evangélicos de missão e 21,8 %, não determinados. As igrejas evangélicos de missão são as protestantes históricas, como as Luteranas, Batistas, Presbiterianas, Metodistas e Episcopais.

Luciana Barreto no especial “Evangélicos” (Foto: Divulgação)

Ivan é pastor e o único negro a ocupar o posto na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro: “É uma alegria fazer parte dessa história e sei que muitas pessoas ficam felizes por essa inclusão que a Igreja faz de aceitação e percepção de que há pessoas de valor e com capacidade de conduzir em todas as raças”.

Marco Davi está à frente da Nossa Igreja Brasileira, que faz parte do movimento progressista dentro da religião evangélica. Para ele, “a fé ela tem que se manifestar na história. Ela não é algo etéreo, abstrato. A fé tem que produzir transformação social e justiça social”. Ronilso explica que essas são igrejas que “se aproximam de uma perspectiva mais democrática, mais em defesa de direitos humanos, em respeito às liberdades individuais, à diversidade e à pluralidade da sociedade”.

O grupo Novas Narrativas é formado, em sua maioria, por jovens cristãos que também se conectam com essa vertente progressista. Somos “um movimento que quer construir espiritualidades plurais pra gerar transformação social”, explica Luciana Petersen, uma das integrantes.

Número de jovens evangélicos também aumenta nos últimos anos (Foto: Divulgação)

Entre os jovens evangélicos, a maioria faz parte das classes mais baixas e é filiada às igrejas pentecostais. Em uma pesquisa realizada em 2020, aproximadamente, 12,4 milhões de pessoas entre 16 a 24 anos se declararam evangélicos. E 13,7 milhões católicos. Os dados chamam a atenção. Como a proporção de católicos é maior que a de evangélicos, em poucas décadas poderemos também ter uma maioria evangélica entre os jovens brasileiros.

Sem a pretensão de trazer respostas, o programa levanta reflexões sobre o crescimento da religião evangélica no Brasil, que vem ganhando cada vez mais espaço e avançando em número de fiéis em um país historicamente católico.

Real Madrid vence como melhor equipe masculina e técnico na Bola de Ouro, mas Vini Jr. não é eleito o melhor jogador do mundo

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Foto: Reprodução/Real Madrid

Após uma série de polêmicas ao longo do dia, Vinicius Jr. ficou em segundo lugar entre os melhores jogadores do mundo na Bola de Ouro, em cerimônia realizada nesta segunda-feira (28), organizada pela France Football, em Paris. O atacante do Real Madrid era o favorito ao troféu do primeiro lugar, mas o vencedor deste ano é o meio-campista Rodri, do Manchester City e da seleção espanhola.

Um levantamento feito pelo ge.globo, revela que na temporada de 2023/2024, em 49 jogos, Vini Jr. fez 26 gols e 11 assistências, enquanto Rodri, em 63 jogos, fez 12 gols e 14 assistências. Neste mesmo período, o brasileiro venceu o prêmio de melhor jogador da Champions League, e o espanhol venceu como melhor jogador da Eurocopa.

Em conquistas coletivas, Vini venceu a Champions League, o Campeonato Espanhol e a Supercopa da Espanha, enquanto o Rodri levou a Eurocopa, o Campeonato Inglês, a Supercopa da Europa e o Mundial de Clubes.

Durante o evento, o Real Madrid venceu o prêmio de melhor equipe masculina do ano e de melhor técnico de equipe masculina, com o Carlo Ancelotti. No entanto, ninguém compareceu para receber os troféus. 

Nesta manhã, o jogador e o time espanhol optaram por não ir ao evento como forma de protesto em relação à não nomeação como melhor jogador do mundo, depois de uma temporada muito expressiva.

Para parte da imprensa internacional, o jogador Vini Jr. teria sido penalizado por suas manifestações públicas e seu enfrentamento direto a episódios de racismo, o que poderia ter influenciado negativamente sua avaliação junto aos votantes.

Lamine Yamal é eleito o melhor jogador sub-21 do mundo pela Bola de Ouro

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Foto: Getty

Lamine Yamal, 17, atacante do Barcelona e atual camisa 10 da seleção espanhola, foi eleito o melhor jogador sub-21 da temporada 2023/24, durante a premiação da Bola de Ouro, promovida pela France Football, nesta segunda-feira (28), em Paris. Ele se tornou o primeiro atleta a receber o Troféu Kopa com menos de 18 anos. A categoria premia jogadores de até 21 anos. 

Na última temporada, somando os jogos pelo Barcelona e pela Espanha, o jovem de 17 anos atuou em 38 jogos, marcou 10 gols e 11 assistências.

O desempenho com a camisa da seleção espanhola, campeã da Eurocopa, foi decisivo para a premiação de Yamal. Ele também foi eleito o melhor jogador jovem do torneio e integrou a seleção da competição.

Outros novo jogadores também concorriam ao prêmio, entre eles, apenas um brasileiro, o atacante Savinho, que hoje joga pelo Manchester City, mas foi indicado pela sua temporada no Girona.

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