Foto: Antonio Villalba/Real Madrid via Getty Images
Mais que merecido! Vinicius Júnior foi eleito o melhor jogador do mundo no Fifa The Best, em cerimônia realizada em Doha, no Catar, na tarde desta terça-feira (17), no horário de Brasília.
Vini Jr. era o único representante do Brasil de outros dez candidatos na principal categoria da premiação e recebeu 48 pontos. A última vez que um brasileiro havia sido premiado foi o jogador Kaká, em 2007.
O grande reconhecimento veio após quase dois meses do considerado “roubo” na Bola de Ouro, em que o atacante do Real Madrid e da Seleção Brasileira perdeu o prêmio para o Rodri, do Manchester City, ficando em segundo lugar. No Fifa The Best, Rodri ficou em segundo lugar, somando 43 pontos.
O excelente discurso do Vini Jr na premiação The Best da FIFA.
Com uma temporada impressionante, Vini Jr. fez 49 partidas, 26 gols (24 pelo Real Madrid) e contribuiu com 11 assistências (9 pelo Real), considerando as atuações na Supercopa da UEFA, La Liga, Supercopa da Espanha e da Liga dos Campeões da Europa.
Durante o discurso, Vini agradeceu aos colegas do Real Madrid e Seleção Brasileira, familiares e o Flamengo, clube que o revelou no esporte.
“Não sei por onde começar. Parecia tão distante chegar até aqui. Era uma criança que jogava bola descalço nas ruas de São Gonçalo, perto da pobreza e do crime. Poder chegar aqui é muito importante para mim. Estou fazendo por muitas crianças, que acham que tudo é impossível, que não podem chegar até aqui”, comemorou.
Durante uma apresentação, Claudia Leitte substituiu a frase “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu Rei Yeshua”, referência a Jesus em hebraico. A mudança gerou críticas, com pessoas apontando a atitude da cantora como um ato de intolerância religiosa e criticando a postura da artista que canta Axé Music.
O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, se posicionou sobre o caso em suas redes sociais. Embora sem citar diretamente o nome da cantora, Tourinho escreveu: “Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome dos Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”.
Tourinho ainda destacou a importância de preservar as raízes do Axé Music e sugeriu que o episódio é reflexo de um problema mais amplo. “A celebração dos 40 anos do Axé-Music é muito bem-vinda, é necessária e pertinente. Contudo, ela não pode vir sem trazer também algum pensamento crítico. Temos a oportunidade de seguir em frente, corrigir percursos, fazendo o melhor e o justo. Viva o Axé”, disse.
A postagem recebeu apoio público de artistas, incluindo Ivete Sangalo, que curtiu e comentou a publicação de Tourinho. Entretanto, após a repercussão, o secretário desativou os comentários de seu post. “A discussão estava indo na direção errada. Não é para alimentar ódio contra ninguém, mas para discutir a necessidade de reconhecer a história do Axé”, afirmou.
Claudia Leitte ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas.
Nas redes sociais, internautas apontaram que a cantora estava praticando intolerância religiosa ao substituir o nome de uma divindade de religiões de matriz africana:
E não é que Claudia Leitte nunca falha com sua intolerância religiosa. De novo, trocou a letra de um hit dela. De novo, mudou “saudando a rainha Iemanjá” por “eu canto meu rei Yeshua”, que significa Jesus em hebraico. Tirou na cara dura uma referência religiosa de matriz… pic.twitter.com/ObF6rZGqBb
Adriana Arcebispo, co-fundadora do perfil ‘Família Quilombo’ - Foto: Divulgação
Estratégias inclusivas e histórias de superação brilham chamam a atenção do público que participou do evento
A inclusão em diferentes esferas sociais guiou as conversas entre líderes de grandes organizações, influenciadores, jornalistas e o público durante todo o dia 29 de novembro, durante o Fórum Inclusão em Foco, promovido pela Arcos Dorados, operadora da marca McDonald’s na América Latina e Caribe. Em sua terceira edição, a marca promoveu o debate em um evento gratuito e aberto ao público, trazendo sempre uma programação com foco em discutir o valor da diversidade no mercado de trabalho e também amplificar novos caminhos e oportunidades para ampliá-la, quebrando preconceitos e vieses limitantes.
Painel “Inclusão na Prática” – Foto: Divulgação
“Especialmente nessa edição, pensamos o conteúdo de uma maneira muito especial, trazendo os painéis para discussões, trazendo talks e palestras para que a gente pudesse ampliar esse conhecimento, provocar discussões e pensamentos sobre como podemos transformar e evoluir o mercado de trabalho para avançar coletivamente na sociedade, para melhorar posições e olhar para o futuro de uma maneira transformadora”, ressalta Mariana Scalzo, Diretora de Comunicação da Arcos Dorados.
Entre os compromissos da marca, está o desejo de impactar positivamente as comunidades onde atua e ser uma parte ativa da solução dos desafios da sociedade. E isso pode ser visto durante todo o evento, ao dar voz para as histórias e partilhar as perspectivas de tantos líderes e gestores de empresas como Mattel, Grupo HEINEKEN e L’Oréal além, é claro, da própria Arcos Dorados. “A realização desse fórum está relacionada a essa estratégia, de compartilhar as nossas práticas com outras empresas, aprender com outras pessoas e também com organizações como contribuir ainda mais para o desenvolvimento de um mundo em que as pessoas possam acessar as oportunidades, possam se desenvolver e gerar resultados juntamente dos negócios”, explica gerente de D&I da Arcos Dorados, Leandro Corrêa.
Participante do painel 1, que abordou a diversidade e inclusão desde a infância, Valeria Gonzalez, Country Manager da Mattel, contou um pouco sobre a preocupação da marca em criar brinquedos que sejam reflexo do mundo de cada criança. “Para a Mattel sabemos a relevância que tem os brinquedos para as crianças e o seu entendimento do mundo. Afinal, o brinquedo não é apenas a brincadeira, mas sim a similaridade com a realidade. Por isso, o desenvolvimento de um produtos envolve sempre muitas pesquisas com pais, sociedade e educadores, por exemplo, para termos a certeza de que o que vamos criar representa o mundo real”, explica Valeria Gonzalez, Country Manager da Mattel. Ela cita ainda o projeto Role Models, ou Mulheres Inspiradoras, lançado em 2018 que traz bonecas que representam mulheres que rompem barreiras no seu dia-a-dia e ajudam as meninas a desafiar estereótipos e desfazer preconceitos que as impedem de atingirem o seu pleno potencial.
Já Vetusa Pereira, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão do Grupo HEINEKEN, durante sua apresentação no painel que falava sobre a inclusão na prática, mostrou o desafio da marca em criar ações positivas em um mercado predominantemente masculino. “De 2018 para cá, quando nosso portfólio aumentou rapidamente, revisitamos nosso posicionamento em relação a equidade de gênero. E o consumidor pode notar isso nas nossas comunicações e anúncios, pois se queremos chegar em cada coração e copo brasileiro, precisamos respeitar a todos. E internamente, foi também necessário espelhar esse respeito e equidade na nossa estrutura. Assim, em 2021 firmamos um compromisso de transformar, em um prazo de cinco anos, a nossa liderança em 50% feminina. E isso passa por atrair e também desenvolver o mercado de trabalho para as mulheres ”, conta Vetusa.
Quem dividiu a mesa com ela foi Márcia Silveira, Head de Diversidade, Equidade e Inclusão e Advocacy da L’Oréal, que citou como foi a trajetória da marca em um mercado que foi, durante muito tempo, excludente para muitos segmentos da sociedade. “Quando a gente abraça a bandeira da diversidade é um movimento muito forte de olhar e entender que uma empresa como a nossa, no mercado brasileiro há mais de 60 anos, tem que entender a diversidade do país. E nesse sentido a empresa começa a criar políticas de dentro para fora. E o primeiro passo foi ver quem são as pessoas que estão envolvidas na criação dos produtos e se há de fato uma diversidade. Outro caminho foi olhar para os produtos e entender se de fato eles estão sendo inclusivos”, analisa Márcia.
Fábio Sant’Anna, Diretor de Gente, D&I da Arcos Dorados – Foto: Divulgação
Diretor de Gente, D&I da Arcos Dorados, Fábio Sant’Anna acompanhou o Fórum e, em entrevista com o Mundo Negro, enalteceu a educação como ferramenta para promoção da equidade racial dentro das organizações: “A jornada de diversidade e equidade e inclusão na Arcos Dourados começa com um princípio estratégico. Temos um comitê de diversidade e inclusão que é Latam e Caribe, que foi criado em 2018, revela o executivo. “Falando de equidade racial, que é um dos focos que a gente vem trabalhando especificamente aqui no Brasil, a gente procura se organizar em relação a essa jornada de inclusão de pessoas negras no país, oferecendo acesso a estudo, oportunidades e aproveitando a parceria com o Mover”, detalha.
Influência de peso
Além de trazer o debate para o mundo empresarial, o Fórum convidou influenciadores digitais como forma de entender como o assunto também é tratado nas redes sociais. “A gente precisa entender que existem pessoas pretas produzindo conhecimento sobre diversos assuntos. Inclusive, pessoas pretas que não estão produzindo sobre raça, têm pessoas pretas escrevendo romance, poesia. E a gente precisa ter na nossa estante essa poesia, precisa ter livros que não falam só sobre raça e que falem só sobre crianças brincando. Precisa ir nas escolas onde nossos filhos estudam e cobrar a aplicação da lei 10.639/03”, afirmou Adriana Arcebispo, cofundadora da Família Quilombo que compôs o painel 1, que teve como tema “A diversidade e a inclusão desde a infância”, mediado por Patrícia Salvatori, criadora da Rede Mães Atípicas.
Adriana Arcebispo, co-fundadora do perfil ‘Família Quilombo’ – Foto: Divulgação
Giovanna Heliodoro, Historiadora, Comunicadora e Pesquisadora, participou do painel que falou sobre comunicação inclusiva e tecnologia e durante sua fala explicou o que chama de ser o seu propósito na internet. “Acredito que seja fazer com que cada um reconheça a sua própria história. E é nesse momento que a tecnologia entra como grande aliado pois, de alguma forma, ela gerou uma democratização da informação. E será nesse espaço das redes sociais que as pessoas, sobretudo os grupos que integram às diversidades, podem criar as suas próprias histórias e narrativas”.
Camila Coutinho, influenciadora e empresária brasileira, também fez parte do painel sobre comunicação inclusiva e tecnologia e faz coro com Giovanna. “Tudo que a gente vive é sobre contar histórias e a internet é uma ferramenta em que podemos experimentar narrativas e conversas diversas. E acredito que esse seja o momento para unirmos as comunidades e entender que movimentos podemos fazer que possam causar impactos positivos”.
Histórias que inspiram transformação
Priscila Nogueira, conhecida como Pepita – Foto: Divulgação
Ao longo do dia, talks com a medalhista paralímpica, Verônica Hipólito, com a comunicadora Priscila Nogueira, conhecida como Pepita, e com o cineasta, Valter Rege, emocionaram o público ao apresentarem jornadas de superação em um mundo cheio de desafios relacionados a gênero e raça. No encerramento, a atriz Rafaela Azevedo trouxe uma leitura do espetáculo ‘King Kong Fran’, que faz uma crítica reflexiva sobre comportamentos que objetificam a mulher.
O evento foi encerrado pela atriz Rafaela Azevedo que falou sobre seu espetáculo ‘King Kong Fran’ e apresentou ao público um olhar crítico sobre comportamentos sociais que objetificam a mulher. Esse é o tipo de evento que serve como ponto de partida para mais e mais conversas e a Arcos Dorados, ao abrir para esse debate, mostra cada vez mais que está comprometida com a criação de ambientes que estimulem o respeito, a participação de todas as pessoas, impulsionando o desenvolvimento a partir das individualidades de cada um, favorecendo a inclusão e a igualdade de oportunidades.
Um estudo da Fundação Tide Setubal revelou que somente 3% das ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial implementadas por governos estaduais e prefeituras no Brasil possuem orçamento próprio. O levantamento, divulgado neste ano, analisou 933 iniciativas em todo o país e destacou a dificuldade de financiamento para essas políticas públicas.
Segundo o relatório, 79% das ações mapeadas estão concentradas nas áreas de educação e cultura. Outras áreas, como saúde, representam apenas 4,7% das iniciativas. “O racismo afeta todas as áreas”, afirma o coordenador do estudo, Delton Felipe, professor de história da Universidade Estadual de Maringá. Ele destaca que a população negra tem a menor expectativa de vida no Brasil e que a ausência de ações em saúde reflete uma desigualdade estrutural.
Além disso, a pesquisa apontou que muitas dessas ações dependem de parcerias com instituições externas ou de recursos remanejados de outras áreas do governo. Em alguns casos, os profissionais, majoritariamente negros, atuam sem remuneração, o que, segundo Felipe, é um exemplo do racismo dentro das instituições.
A região Nordeste concentra mais de um terço das iniciativas mapeadas, enquanto a região Sul apresenta o menor número de programas. Ainda assim, a ausência de garantias de financiamento a longo prazo é uma realidade em todas as regiões.
O estudo também avalia que a pauta racial tem ganhado maior visibilidade nos últimos anos, impulsionada por movimentos negros e por políticas públicas, como as cotas raciais no ensino superior e em concursos públicos. “A presença de pessoas negras em cargos de decisão está ampliando o espaço para ações contra a discriminação”, avalia Felipe.
O estudo mapeou ações realizadas em 2023 pelos governos dos 26 Estados e, entre 2021 e 2023, pelas prefeituras das cinco maiores cidades de cada Estado. Juntas, essas cidades concentram 36% da população brasileira e 62% da população negra. Programas federais e do Distrito Federal não foram incluídos na análise.
O acervo da filósofa, ativista e antropóloga mineira Lélia Gonzalez (1935-1994) permanecerá no Ilê da Oxum Apará, em Itaguaí (RJ). A decisão é do juiz Edison Ponte Burlamaqui, que rejeitou a ação movida por dois sobrinhos da escritora, Eliane de Almeida e Rubens de Lima. Os familiares buscavam transferir o material, guardado pela comunidade religiosa há 29 anos, para a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A decisão, publicada nesta segunda-feira (16), reconheceu a prescrição do pedido de herança feito pelos familiares e destacou que o acervo foi doado ao terreiro pouco depois da morte de Lélia pela própria sobrinha Eliane. O juiz também ressaltou a importância histórica do material e determinou que os sobrinhos tenham acesso ao acervo para fins de consulta, desde que isso não cause danos ao patrimônio.
O acervo é composto por itens como fotografias, imagens de manifestações e viagens, revistas, jornais, diários pessoais, uma máquina de datilografia, esculturas e coleções de vinis. O material tem sido utilizado para pesquisas acadêmicas, biografias e movimentos sociais que se inspiram na trajetória de Lélia, uma das intelectuais mais relevantes do movimento negro no Brasil. O advogado do terreiro, Hédio Silva Júnior, argumentou que os familiares estão motivados por interesses financeiros e apontou que Rubens registrou a marca “Lélia Gonzalez” no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) antes de ingressar com a ação.
Em sua decisão, o juiz ainda determinou que: “Diante da importância da obra produzida por Lélia Gonzalez, não se impede que o centro religioso permita o acesso ao acervo, a fim de garantir a preservação de sua memória e o desenvolvimento de pesquisas históricas e científicas”.
Os sobrinhos alegam que o acervo pertence à família e contestam a doação feita ao Ilê da Oxum Apará. “Ela [Lélia] tem família. Então eu errei”, disse Eliane em entrevista ao UOL em março deste ano. Procurado, Rubens afirmou: “Quero de volta o que é da família, o que é meu, só isso”. A FGV, citada no processo, reforçou que o acervo seria higienizado, preservado e digitalizado caso fosse transferido à fundação. A entidade vem ampliando a aquisição de arquivos de mulheres que atuaram no campo político e cultural.
Figura central do movimento negro no Brasil, Lélia Gonzalez foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado e do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN). A filósofa, que enfrentou o racismo estrutural desde cedo, se destacou ao trazer conceitos que conectaram as lutas antirracistas e feministas no país.
Sua importância foi destacada pela ativista norte-americana Angela Davis em 2019, durante uma visita ao Brasil. “Eu aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês poderiam aprender comigo”, afirmou Davis. Nos anos 1970, Lélia foi monitorada pela ditadura militar, que a classificou como “subversiva”. Sua produção intelectual, marcada pela crítica ao racismo e pela valorização das culturas negras, continua sendo referência para acadêmicos e movimentos sociais no Brasil e no mundo.
Juliana Carvalho, Diretora do Marketing de Cuidados para a Casa para as Américas da Unilever (Crédito: Divulgação)
Assumir uma posição de liderança corporativa, significa dedicar energia à construção do futuro de uma organização, com responsabilidade para transformar a estrutura e a cultura, visando entre os compromissos, a promoção da diversidade racial. É deste modo que Juliana Carvalho, Diretora do Marketing de Cuidados para a Casa para as Américas da Unilever, tem trabalhado na empresa.
Em novembro, Juliana integrou o squad da Escola de Marketing Antirracista (EMA), criado pela Unilever. Cerca de 350 pessoas funcionárias de Marketing frequentaram cerca de 40 horas de formação. O programa da escola foi desenhado com um currículo robusto, incluindo, módulos teóricos e práticos, mentorias e momentos de imersão presencial.
“Aprendi muito durante essa formação. Não somente como aluna da Escola, mas, principalmente como co-criadora das temáticas que precisaríamos abordar com mais profundidade para o combate ao racismo estrutural. Temos que ser mais do que aliados na causa. Me vejo com a responsabilidade de liderar essa mudança tão necessária ao negócio da empresa, pois estamos falando de conexões mais potentes com 56% da população brasileira”, disse Juliana em entrevista ao Mundo Negro.
Leia a entrevista completa abaixo:
Parte do squad de EMA se reuniu, na última aula, no escritório da Unilever. Da esquerda para direita, em pé, Daniele Mattos (Indique), Juliana Carvalho (Unilever), Cleyvianne Campos (Unilever), Aretha Teodoro (Indique), Bianca Flores (Indique), Paula Weinberg (Oliver Press), Patricia Hidaka (Oliver Press), Lilian Santos (Unilever), Verônica Dudiman (Indique), Marina Sá (Oliver Press) e Tamara Oliveira (Unilever). Da esquerda para direita, sentados: Vinicius Araujo (Unilever), Isabela Gripp (Unilever), Ana Paula Franzoti (Unilever), Luana Pereira (Unilever), Juliana Oliveira (Oliver Press) e Ana Carolina Valentim (Unilever). (Crédito: Arthur Nobre/MM)
1. Como você atribui sua posição de liderança corporativa com a responsabilidade de fomentar mudanças estruturais em prol da equidade racial? Quais têm sido os maiores desafios?
Um líder precisa ter uma parte muito significativa da sua energia dedicada à construção do futuro da organização e, principalmente, no desenvolvimento dos times. Nesse sentido, me vejo numa grande responsabilidade na geração desse senso de urgência para transformação da nossa estrutura e cultura, para que elas sejam cada vez mais diversas e inclusivas. Isso vai nos propiciar oferecer soluções ainda melhores a um mercado de mais de 110 milhões de pessoas negras. Segundo dados do Movimento Black Money, isso é mais do que toda a classe A movimenta em nosso país. A equidade racial se faz necessária como reparação histórica, mas também como grande oportunidade de crescimento para o nosso negócio.
Dentro dessa jornada contínua pela equidade racial, estamos evoluindo na composição de uma liderança mais diversa, mas há ainda muito a ser feito. Atualmente, na Unilever Brasil, um dos nossos maiores desafios está em reconhecer os vieses inconscientes da estrutura e, assim, mobilizá-la para ações e decisões em conjunto, de forma afirmativa, acelerando essa transformação.
2. A partir de sua experiência na Unilever, que estratégias têm sido implantadas para criar um ambiente corporativo mais inclusivo e diverso?
Uma das principais estratégias têm sido intencionalmente dedicar à diversidade racial em todos os programas de recrutamento para posições de entrada na Unilever, que há 4 anos consecutivos tem 60% ou mais das posições ocupadas por pessoas autodeclaradas negras. Isso tem contribuído na formação de times mais diversos, mas ainda temos uma jornada até a transformação que consideramos necessária. Nossa ambição é acelerar essa mudança nas posições de liderança. Acreditamos que o impacto da diversidade será assim, ainda maior no nosso negócio.
Parte do squad durante a realização da Escola de Marketing Antirracista. (Crédito: Divulgação)
3. Como o conceito de interseccionalidade tem guiado suas iniciativas de inclusão e diversidade, especialmente ao considerar a situação de mulheres negras no ambiente corporativo?
A agenda de diversidade e inclusão é uma jornada constante na Unilever. Há mais de quinze anos, a companhia deu início à jornada de imersão nos desafios e oportunidades para alavancar essa agenda, construindo repertório de conhecimento e reconhecimento sobre onde estavam as lacunas e como podemos superá-las. Desde então, temos alcançado resultados significativos. Exemplo disso é o nosso percentual de mulheres em cargos de liderança: em 2018, a Unilever Brasil superou a meta global da companhia de ter 50% de mulheres em cargos de liderança, alcançando 53% naquele ano. Hoje, esse índice corresponde a 54%.
Vale ressaltar ainda que seguimos em um caminho progressivo, trabalhando não só a dimensão de gênero, mas também a interseccionalidade, pois este fator nos ajuda a avançar em todas as dimensões da diversidade, equidade e inclusão simultaneamente.
4. Quais recursos ou ferramentas você indicaria para líderes corporativos interessados em se educar sobre questões raciais e, ao mesmo tempo, atuar como aliados eficazes na luta antirracista?
Desde o início da sua jornada na luta antirracista em 2017, a Unilever aliou-se a parceiros como a Faculdade Zumbi dos Palmares, a Afrobras, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e ao Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), entre outros. Portanto, acredito que este é um passo fundamental: contar com aliados certos e que tenham essa maior profundidade para nos guiar, quebrando nossos vieses inconscientes. Posso dizer que fui, por muitas vezes, aluna em encontros com essas organizações, promovidos para a Unilever. Tentei aproveitar, ao máximo, as sensibilizações, letramentos ou capacitações conduzidas pelas entidades que citei.
Nesse compromisso contínuo com a agenda racial, a Unilever mais uma vez contou com parceiros externos, a Indique uma Preta e a Oliver Press, para criar um grande programa afirmativo na formação de todos os times de Marketing da Unilever Brasil. Lançamos a EMA: Escola de Marketing Antirracista. Durante oito meses, entre março e novembro deste ano, 350 pessoas funcionárias de Marketing – dos níveis de estágio à coordenação – frequentaram a EMA. Foram ministradas cerca de 40 horas de formação na modalidade híbrida.
Mais de 30 profissionais atuaram como professores da escola com uma abordagem inédita, em que seu programa revisa toda a cadeia do marketing sob a ótica antirracista, abrangendo desde a valorização das negritudes, antropologia do consumo, semiótica, pesquisa e desenvolvimento de produtos, relacionamento com comunidades até a comunicação nos pontos de venda. Ao longo da jornada, 15 projetos das nossas marcas foram acelerados a partir das mentorias com Felipe Silva, Founder e CCO da agência GANA. Tudo isso com uma curadoria feita por nossos parceiros de professores e profissionais do mercado que estão atuando como agentes dessa transformação. Por meio da EMA, a Unilever tem o propósito de promover uma transformação significativa nas práticas internas da empresa, com ações cada vez mais afirmativas, ao mesmo tempo em que busca impactar de forma positiva o mercado e a sociedade.
5. Enquanto uma mulher branca, como você avalia a sua experiência na squad da Escola de Marketing Antirracista?
Aprendi muito durante essa formação. Não somente como aluna da Escola, mas, principalmente como co-criadora das temáticas que precisaríamos abordar com mais profundidade para o combate ao racismo estrutural. Temos que ser mais do que aliados na causa. Me vejo com a responsabilidade de liderar essa mudança tão necessária ao negócio da empresa, pois estamos falando de conexões mais potentes com 56% da população brasileira. Acredito que tudo nasce da consciência das pessoas sobre essa oportunidade e responsabilidade. A Escola de Marketing Antirracista é sobre isso. Como conscientizar, capacitar e mobilizar para ação toda a nossa comunidade de Marketing que tanto impacto pode promover em nossa sociedade através de inovações e engajamento com as várias comunidades do nosso Brasil tão diverso.
Esse é um conteúdo pago por meio de uma parceria entre a Unilever e o site Mundo Negro.
Os atores Harold Perrineau, Morris Chestnut e Taye Diggs, ao lado do diretor Malcolm D. Lee, uniram forças para lançar o bourbon Sable, uma bebida que celebra a maturidade, a amizade e a representatividade dos homens negros em um mercado ainda pouco ocupado por eles. A marca surge como uma extensão natural da irmandade construída dentro e fora das telas desde o lançamento do filme “Amigos Indiscretos” (The Best Man, 1999), um marco do cinema afro-americano que conquistou o público brasileiro ao retratar laços de amizade e amor com leveza e profundidade.
Foi durante as gravações da série “The Best Man: The Final Chapters” (2022), sequência que encerra a franquia, que Harold Perrineau teve a ideia de criar um negócio conjunto. Inspirado pelo trabalho sustentável da empresa Bespoken, especializada em bebidas alcoólicas, o ator apresentou o projeto ao grupo, que abraçou a proposta como uma oportunidade de homenagear a trajetória de anos compartilhada.
Cena do filme Best Man – O melhor amigo da noite – De 1999
“Sable” é um nome carregado de significado. Além de remeter à cor preta em inglês, carrega uma conotação de elegância, sofisticação e classe, valores que guiaram o processo criativo. O bourbon combina milho, centeio e cevada maltada, apresentando notas de açúcar queimado, mocha, chocolate amargo e especiarias de carvalho, que resultam em um sabor sofisticado e encorpado.
Para Malcolm D. Lee, o conceito de acessível, mas aspiracional, conecta a bebida ao mesmo espírito da franquia The Best Man. “Sable traz essa sensação de algo refinado, mas próximo, como a história que contamos nos filmes”, destacou o diretor.
O bourbon foi lançado nos Estados Unidos em setembro deste ano, com preço sugerido de US$ 59 – aproximadamente R$ 290. Embora não esteja à venda no Brasil, a bebida se destaca pelo simbolismo: um produto que representa homens negros maduros em uma indústria ainda com pouca representatividade.
Imagem: Divulgação
Para Taye Diggs, que inicialmente relutou em participar, a irmandade entre eles fez toda a diferença. “Nunca pensei em sair da minha zona de conforto e começar um negócio, mas tudo fez sentido. Nós construímos algo muito bonito como homens negros maduros que compartilham uma história”, afirmou o ator.
Além de ser um presente perfeito para a temporada de festas, Sable é um marco importante na abertura de caminhos para a representatividade negra no mercado de bebidas. Harold Perrineau reforça o compromisso do grupo: “Escolhemos um produto incrível. A bebida é ótima, a garrafa é sexy e a conexão entre nós é real. Queremos que as pessoas sintam isso a cada gole”.
Lançado há 24 anos, “O Melhor Amigo da Noiva” permanece até hoje como referência importante no cinema negro ao celebrar a amizade e os desafios das relações com leveza e humor.
Fotos: Shareif Ziyadat/Getty Images e Reprodução/CNN
Sean “Diddy” Combs não conseguiu provar que promotores vazaram o polêmico vídeo de vigilância de 2016, no qual ele aparece agredindo sua ex-namorada, Cassie, diz um juíz federal. A decisão, emitida nesta segunda-feira (16) também negou o pedido do músico para uma investigação formal com audiência probatória sobre a alegação de que o governo estaria conduzindo uma “campanha” de vazamentos contra ele.
Combs argumentou que os promotores estavam utilizando a mídia para influenciar a opinião pública e prejudicar sua defesa, comprometendo seu direito a um julgamento justo. No entanto, o juiz Arun Subramanian afirmou que o empresário “não aponta nenhuma base sólida para essa conclusão”, destacando que outras pessoas além de agentes do governo poderiam ter tido acesso às imagens.
Entre essas, Subramanian mencionou a própria equipe de Combs, que teria pago US$ 100 mil a seguranças do Hotel Intercontinental para destruir o vídeo, além de funcionários e contratados do hotel.
A decisão reforça os desafios enfrentados por Combs em sua defesa, especialmente diante das acusações de manipulação de provas e tentativa de obstrução de justiça. O caso segue sem previsão de desfecho.
“O tribunal está atento à preocupação de Combs sobre a publicação de histórias que alegam revelar informações privilegiadas sobre este caso de ‘fontes policiais federais não identificadas que estão envolvidas na investigação’. O tribunal já tomou medidas a esse respeito e está aberto a pedidos personalizados de alívio enquanto este caso continua”, diz o juiz. “O tribunal mais uma vez lembra ao governo e seus agentes que, se informações específicas vierem à tona mostrando que eles vazaram informações proibidas, medidas serão tomadas”, completa.
O juiz federal marcou o início do julgamento para 5 de maio de 2025. Diddy está preso desde setembro por acusações que incluem conspiração para extorsão, tráfico sexual e transporte para prostituição. Se condenado por todas as acusações, ele pode pegar uma sentença de prisão perpétua.
Após meses de diversas tentativas frustradas para soltar o magnata sob fiança até o início do julgamento, a equipe jurídica retirou o recurso na última sexta-feira (13). O rapper permanecerá preso até iniciar o julgamento.
Em maio deste ano, imagens chocantes mostram Diddy socando e chutando sua ex-namorada Cassie no corredor de um hotel em 2016. A filmagem, capturada de vários ângulos e obtida pela CNN, mostra o rapper perseguindo a cantora. Próximo aos elevadores, ele a ataca e, em seguida, tenta arrastá-la de volta pelo corredor.
A Justiça do Rio de Janeiro determinou que a música Million Years Ago, da cantora britânica Adele, não poderá ser reproduzida ou comercializada no Brasil ou no exterior sem a autorização do compositor brasileiro Toninho Geraes que acusa a cantora de plagiar a canção Mulheres, composta por Geraes e que ficou conhecida na voz de Martinho da Vila. A decisão, que ainda cabe recurso, estipula multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento.
A canção foi popularizada por Martinho da Vila em 1996, e aponta semelhanças entre sua obra e a faixa de Adele, lançada em 2015. Segundo a sentença do juiz Victor Agustin Cunha, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, há “quase integral consonância melódica” entre as composições. A análise foi embasada por especialistas e comparações técnicas que identificaram o que o magistrado chamou de “indisfarçável simetria”.
A decisão judicial determina ainda que plataformas digitais removam a faixa de seus catálogos, mas essa medida só será efetivada após a notificação oficial dos serviços, cuja data ainda não foi definida. Até o momento, a gravadora Sony Music, responsável por Adele, não se manifestou. Em entrevista para o portal Splash Uol, o advogado de Geraes, Fredímio Trotta, reforçou que trata-se de “uma vitória histórica não só para o caso, como para a música brasileira”. “A decisão é histórica, dado o seu alcance, porque foi tomada no início do processo”, afirma o advogado. “Ela foi fundamentada, em grande parte, na prova que produzimos [em vídeo que compara as músicas; veja abaixo], citada pela decisão do juiz.”, contou ele.
Toninho Geraes tornou o caso público em 2020, mas só em fevereiro de 2024 a denúncia chegou à justiça do Rio de Janeiro. O compositor pediu indenização de R$ 1 milhão e o reconhecimento de seus direitos autorais sobre a música. O cálculo dos valores a serem pagos ao compositor depende de dados confidenciais sobre vendas e audiência, que poderão ser obtidos mediante autorização judicial. Adele, o produtor Greg Kurstin e as empresas Sony, Universal e Beggars Group, que registraram a música da cantora podem recorrer da decisão que impede reprodução.
Ao jornal O Globo, o advogado de Toninho, afirmou que buscou um acordo extrajudicial antes de acionar a Justiça, mas não obteve retorno de Adele. As gravadoras envolvidas argumentaram que apenas distribuem as obras e não têm responsabilidade sobre sua composição. Trotta contesta, afirmando que essas empresas lucraram com o suposto plágio e, portanto, devem ser responsabilizadas.
A exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História chega ao fim na próxima quarta-feira, 18, no saguão da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS, em Porto Alegre. O evento rememora a trajetória de uma das publicações pioneiras na defesa de pautas negras no estado.
O Tição circulou entre 1978 e 1980, um período marcado pela abertura política do regime militar. Embora tenha publicado apenas três edições, o jornal se destacou por abordar demandas da população negra em um estado de maioria branca, confrontando narrativas oficiais da ditadura, que propagavam a ideia de um Brasil racialmente igualitário.
“Nosso objetivo era garantir visibilidade às questões negras em um estado ainda percebido como exclusivamente europeu”, explica Deivison Campos, curador da exposição e coordenador do curso de jornalismo da PUCRS. Segundo ele, o Tição dialogava com outras iniciativas do movimento negro no Brasil, como o Sinba (RJ) e o Jornegro (SP).
A publicação também enfrentou censura. A atriz Vera Lopes, integrante do movimento negro e colaboradora do jornal, relembra idas à Polícia Federal para a aprovação de matérias. “Eles editavam o que queríamos publicar. Era audacioso fazer uma revista negra em pleno regime militar”, afirma.
A equipe do Tição contava com nomes como o poeta Oliveira Silveira e jornalistas como Vera Daisy Barcellos, além de jovens estudantes e ativistas. Segundo Jeanice Dias Ramos, que hoje atua no Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros, o objetivo era ir além do estigma midiático: “O negro só aparecia na página policial. Queríamos muito mais que isso.”
Retorno em 2025
Após mais de quatro décadas, o Tição será relançado em 2025, com três edições dedicadas à mulher negra, juventude e questões como segurança pública e racismo. As novas publicações terão 52 páginas e serão distribuídas gratuitamente em escolas, bibliotecas e museus.
Segundo Emílio Chagas, membro da equipe original, o objetivo é revisitar os temas históricos da revista e avançar na luta antirracista. “A agenda do Tição continua atual. Racismo, violência policial e exclusão do mercado de trabalho são questões que ainda persistem”, diz.
A exposição pode ser visitada até o dia 18 de dezembro, das 8h30 às 22h, no prédio 7 do campus da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681).
Serviço Exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História Quando: até 18 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 22h Onde: Famecos – Prédio 7, PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681, Porto Alegre)