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Filmes natalinos com representatividade negra para assistir no feriado 

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Foto: Estevam Avellar/Globo

O Natal é uma época de celebração, amor e encontros, e nada melhor do que curtir bons filmes nesta época especial. Pensando nisso, o Mundo Negro listou filmes natalinos com protagonismo negro, trazendo diversidade e representatividade para as suas festas.

Entre as produções selecionadas estão filmes lançados recentemente nos streamings, filmes nacionais, comédias e romances. Aproveite!

Sintonia de Natal 

Layla vive em busca de um romance de contos de fadas e precisa percorrer Nova York com a ajuda de um funcionário simpático para conseguir o ingresso mais disputado da cidade: o show de Natal do Pentatonix. Ela tem esperança de reencontrar o homem dos seus sonhos, que conheceu há um ano e prometeu rever no evento. A comédia romântica é estrelada por Christina Milian, Devale Ellis e Kofi Siriboe. Disponível na Netflix.

O Livro de Clarence 

Estrelado por LaKeith Stanfield, o filme apresenta Clarence, um jovem negro que se esforça para sobreviver, apostando em corridas e se envolvendo com o comércio de alucinógenos. Num certo momento, ele fica impressionado com o poder e a influência que os 12 apóstolos têm e logo decide que quer se juntar a eles, embora não acredite exatamente que Jesus seja o Messias. Disponível na Max.

Um Chamado Natalino 

Para quem se interessa em assistir um filme com o Papai Noel negro, a produção estrelada por Ludacris, Teyonah Parris e Lil Rel Howery, a comédia acompanha Eddie Garrick, um homem de bom coração que deixou de acreditar na maravilha do Natal. Enquanto ele passa um tempo com sua filha Charlotte, de 9 anos, na noite de Natal, ele faz amizade com um homem misterioso de terno vermelho chamado Nick. Disponível na Disney+

O Primeiro Natal do Mundo 

Protagonizado por Lázaro Ramos e Ingrid Guimarães, uma família atrapalhada entra em apuros quando o Natal simplesmente desaparece da noite para o dia, e agora precisa recriar o feriado, seu espírito e suas tradições nem um pouco brasileiras, em um mundo onde ninguém nunca ouviu falar de Natal. Disponível no Prime Video.

O Natal Mágico de Mariah Carey 

Quando o mundo enfrenta uma crise natalina e o espírito da data está ameaçado, o Polo Norte convoca Mariah Carey, a Rainha do Natal, para salvar o dia. Com muita música, performances espetaculares e convidados especiais, Mariah lidera uma missão mágica para reacender a alegria do Natal em todos. O especial combina uma narrativa encantadora com momentos musicais icônicos, incluindo interpretações dos maiores sucessos natalinos da artista. Disponível na Apple TV+.

Juntos a Magia Acontece 

Em meio aos preparativos para o Natal, a família de Jorge enfrenta um momento delicado: é o primeiro Natal após a perda de sua esposa e mãe dos filhos. Enquanto lidam com o luto e tentam resgatar o espírito natalino, conflitos familiares surgem, revelando a importância da união e do afeto para superar desafios. Estrelado por Milton Gonçalves, o especial está disponível no Globoplay.

Maria Bomani é indicada ao Prêmio APCA por atuação no longa “Bandida – A Número 1”

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Foto: Victor Herege

Maria Bomani, protagonista do filme “Bandida – A Número 1”, foi indicada ao Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) na categoria “Melhor Atriz”. O anúncio dos vencedores está marcado para o próximo dia 13 de janeiro.

Em sua estreia no cinema, a atriz interpreta Rebeca, uma traficante que assume a liderança na favela da Rocinha nos anos 1980. A atuação reafirma a posição de Bomani como um dos principais nomes de sua geração no cenário artístico brasileiro.

“Eu fico muito feliz de ter esse reconhecimento, principalmente em uma premiação tão relevante como o Prêmio APCA. ‘Bandida’ é meu primeiro trabalho no cinema e já ser indicada ao lado de outras grandes atrizes do Brasil é muito gratificante, fruto de um trabalho coletivo. Então eu quero agradecer a toda a equipe que tornou possível contarmos a história de Rebeca”, declarou Bomani.

A APCA, fundada em 1956, é uma das premiações mais tradicionais das artes no Brasil, com foco inicial em televisão e teatro. A edição de 2024 marca a estreia de categorias voltadas ao cinema, incluindo “Melhor Filme”, “Melhor Documentário”, “Melhor Direção”, “Melhor Roteiro”, “Melhor Ator” e “Melhor Atriz”.

Além da indicação ao APCA, Maria Bomani foi reconhecida como Atriz do Ano no Prêmio Potências 2024, destacando-se em uma temporada marcada por prêmios e elogios à sua performance.

Arroz jollof: um toque de ancestralidade para a sua ceia de Natal

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Arroz jollof: ancestralidade e sabor para sua ceia

Quer inovar na ceia de Natal sem perder o sabor e o calor das festas? O arroz jollof é uma escolha perfeita. Originário da África Ocidental, esse prato combina aromas e texturas que encantam o paladar, além de trazer um toque de ancestralidade e representatividade para a sua mesa.

Tradicionalmente preparado com uma base rica de vegetais, especiarias e arroz, o jollof é conhecido por sua cor vibrante e sabor marcante. Nesta versão especial, a chef Ignez Beatriz Lemos, especialista em cozinha da diáspora africana, incorpora camarões e banana-da-terra, criando uma fusão irresistível entre tradição africana e sabores brasileiros.

Receita de arroz jollof com camarões e banana-da-terra

Ingredientes:

  • 3 pimentões vermelhos grandes picados
  • 3 cebolas roxas grandes (2 em cubos médios, 1 em rodelas)
  • 6 dentes de alho roxo
  • 2 pimentas dedo-de-moça
  • 3 tomates grandes sem sementes, cortados em cubos
  • Gengibre ralado a gosto
  • 2 bananas-da-terra
  • Azeite de dendê e de oliva
  • Especiarias: páprica defumada, cúrcuma, noz-moscada ralada, pimenta-branca moída
  • 2 colheres de sopa de extrato de tomate
  • 2 xícaras de arroz agulhinha ou basmati
  • 350 ml de caldo de camarão (feito com cascas e cabeças de camarão)
  • 500 g de camarões limpos (reserve 8 inteiros para decorar)
  • Ervas frescas: coentro, salsa, tomilho, louro
  • Sal a gosto

Modo de preparo:

  1. Bata no liquidificador: cebolas (2), tomates, pimentões, gengibre, alho e pimentas sem sementes.
  2. Aqueça azeite em uma panela grande, refogue a pasta de vegetais até reduzir pela metade.
  3. Adicione o arroz, caldo de camarão, extrato de tomate, ervas e especiarias. Misture bem, cubra com papel alumínio e leve ao forno pré-aquecido a 180°C por 25 minutos.
  4. Enquanto isso, tempere os camarões com sal e pimenta. Salteie em azeite com alho até dourar. Reserve.
  5. Salteie as rodelas de banana-da-terra no dendê até ficarem douradas.
  6. Retire o arroz do forno, misture os camarões limpos e decore com os camarões inteiros, as rodelas de banana e as ervas frescas.

Dica especial: Sirva com uma salada de folhas verdes e finalize com pimenta-biquinho para um toque de frescor e equilíbrio.

Leve ancestralidade e sabor à sua ceia com o arroz jollof e surpreenda sua família e amigos. É a oportunidade perfeita para celebrar com representatividade!

Filme de Jonathan Majors, “Magazine Dreams”, ganha data de estreia

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Foto: Michael Rowe/Getty Images

Após um período conturbado marcado por acusações legais e mudanças de estúdio, o filme Magazine Dreams, estrelado por Jonathan Majors, tem lançamento marcado para 21 de março de 2025. A produção, que aborda a jornada de um fisiculturista em busca de reconhecimento, será distribuída pela Briarcliff Entertainment, que adquiriu os direitos do longa após a saída da Spotlight Pictures no início deste ano.

Escrito e dirigido por Elijah Bynum, Magazine Dreams acompanha Killian Maddox (Majors), um atleta amador cuja obsessão pela grandeza revela um retrato complexo e perturbador. O elenco também inclui Haley Bennett, Taylour Paige, Mike O’Hearn, Harrison Page e Harriet Sansom Harris.

O projeto enfrentou incertezas após Jonathan Majors enfrentar acusações de abuso doméstico que levaram à sua condenação, bem como ao afastamento do ator de papéis de destaque, como Kang, o Conquistador, no universo Marvel, e de sua participação no filme 48 Hours in Vegas, da Lionsgate. Desde então, Majors estrelou apenas o filme independente Merciless.

A Briarcliff Entertainment contará com a Zeus Network para liderar os esforços de marketing do filme, que é produzido por Jennifer Fox, Dan Gilroy, Jeffrey Soros e Simon Horsman. Majors também assume o papel de produtor executivo por meio de sua empresa, a Tall Street Productions, ao lado de Luke Rodgers, Andrew Blau (Los Angeles Media Fund), Lemuel Plummer, Jason Tolbert e LJ Plummer, CEO da Zeus.

O poder da união para impulsionar os talentos negros do mercado financeiro no Brasil

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Foto: Divulgação

Texto: Viviane Elias Moreira

A união de forças entre grupos de profissionais pretos tem o poder de transformar realidades, especialmente quando voltada para amplificar vozes. Um dos nossos mestres, Milton Santos, nos referenciou com a seguinte frase: “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”. E foi justamente a partir desta certeza do poder que temos quando nos unimos que a parceria entre a Conta Black e o Black Swan se consolidou em 2024 com o exemplo inspirador, reunindo esforços para alavancar a presença de profissionais negros no mercado financeiro.

O evento Black Hour, em sua quarta edição, não é apenas um encontro de profissionais dos mais diversos níveis e áreas do mercado financeiro, mas se tornou um movimento estratégico para criar conexões, compartilhar conhecimento e abrir portas para talentos negros. A estratégia foi construída de forma proposital, via uma programação inspirada em eventos similares do mercado financeiro americano, que inclui masterclasses, painéis com lideranças negras e momentos de networking.

A colaboração entre atores do mercado financeiro — de fintechs a grandes investidores — reforça o papel do networking como motor de transformação. Laiz Barbosa, fundadora do Black Swan, resumiu esta edição como um evento não diferente, mas um evento especial: “Ocupar já não nos é o suficiente, queremos segurar as portas e trazer mais e mais gente conosco para este mercado”. Já Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black reforça a intencionalidade deste evento: “Cansei de ouvir que não se encontra com facilidade profissionais pretos para atuar no mercado financeiro. Só nesta quarta edição, temos mais de 200 pessoas e temos uma base de talentos que é gigante e, posso garantir, que isso é só o começo.”

Mais do que uma iniciativa pontual, o Black Hour também reflete um compromisso contínuo em não apenas promover diálogos transformadores, mas também gerar mudanças reais no mercado financeiro. Outra ação celebrada durante o evento foi o lançamento do Instituto Conta Black, antigo Afrobusiness, que forma profissionais negros para o setor e já nasce com uma estrutura de arrecadação estruturada nos princípios de governança para sustentabilidade e longevidade do modelo de atuação.

Conectar, apoiar e empoderar profissionais negros não é apenas uma questão de justiça social, mas também de estratégia para inovação e crescimento financeiro e os parceiros que fizeram este evento ocorrer sabem e contribuem para a intencionalidade destas ações. O Black hour nesta edição contou com parceiros estratégicos como Jessica Sadin, Selma Moreira, Benevides Chissanga, Talita Caputo, United Airlines, Genial investimentos, Grupo Heineken BR, K2 audiovisual, Hutu casting, Buffet Duas Irmãs,Brookfield Properties Brasil, Tudo o que vejo video e Monica Almeida fotografia

O futuro do mercado financeiro, assim como de outros setores, será tanto mais promissor quanto mais diverso e o Black Hour transformou a união de forças que tinham o mesmo objetivo, mas estavam separadas, em ações diretivas e propositivas, provando de forma concreta de que o progresso coletivo só é alcançado quando existe um propósito maior: construir um futuro com mais oportunidade para todos e que sim, que juntos, somos mais fortes não é só uma frase de efeito, mas um chamado para a evolução coletiva que queremos.

Trabalhadora negra é resgatada após viver 28 anos em situação de escravidão na casa de vereadora em Minas Gerais

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Foto: SRTE/MG

Uma operação realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal, resgatou uma trabalhadora doméstica de 61 anos que vivia há 28 anos em situação análoga à escravidão na casa da vereadora Simone Rezende Rodrigues da Silva (União Brasil), de Além Paraíba (MG).

De acordo com reportagem publicada pelo jornalista Leonardo Sakamoto, a vítima, uma mulher negra e analfabeta, vinha de uma origem humilde na zona rural de Leopoldina (MG). Segundo os fiscais, ela trabalhava sem descanso, não recebia salários regularmente e não tinha acesso a lazer ou vida social.

Em depoimento, a vereadora negou as acusações e afirmou que a trabalhadora era tratada como “pessoa da família”. No entanto, relatos e documentos analisados pela fiscalização indicaram um cenário de exploração e controle, que incluía a ausência de registro formal e irregularidades no histórico previdenciário, com apenas 3 anos e 9 meses de contribuições ao INSS em quase três décadas de serviço.

Além das tarefas domésticas, a vítima também atuava como cuidadora noturna do marido da vereadora, que tem graves problemas de saúde. Sem direito a folgas e com poucas roupas — todas feitas pelos patrões —, ela dependia da boa vontade da família para alimentação e necessidades básicas.

“Nas poucas vezes em que visitava parentes, a empregadora dava algum dinheiro, criando a ilusão de que sua vida era adequada. A denúncia só ocorreu quando as sobrinhas perceberam que ela deveria ter direito à aposentadoria, mas não havia documentação suficiente para isso”, explicou Luciano Pereira de Rezende, auditor fiscal e coordenador da operação.

A operação, iniciada em 2 de dezembro de 2024, resultou em uma multa à família empregadora por 11 infrações trabalhistas, incluindo a manutenção de pessoa em condições análogas à escravidão. Os direitos trabalhistas devidos somam mais de R$ 640 mil. Além disso, um acordo com o MPT definiu o pagamento de R$ 400 mil por danos morais individuais à trabalhadora.

A vereadora, que está em seu terceiro mandato e já foi secretária de saúde do município, também será investigada criminalmente. O caso evidencia uma das faces mais insidiosas da exploração, em que os laços de dependência emocional dificultam o rompimento da relação abusiva.

A trabalhadora resgatada em Além Paraíba foi acolhida por serviços de assistência social e agora busca reconstruir sua vida longe do ciclo de exploração.

Como os negócios podem ajudar a combater o racismo ambiental?

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Foto: Mauro Pimentel/AFP

Por Juliane Sousa (*)

O racismo ambiental é uma forma de discriminação que afeta desproporcionalmente populações historicamente marginalizadas, especialmente negras, periféricas, indígenas, quilombolas e ribeirinhas. O termo surgiu na década de 1970, nos Estados Unidos, quando Benjamin Franklin Chavis, assistente de Martin Luther King, o utilizou para descrever a injustiça racial na escolha deliberada de comunidades negras para a instalação de indústrias poluidoras e descarte de dejetos tóxicos. Desde então, o conceito evoluiu para abranger a distribuição desigual dos impactos climáticos e ambientais entre a população, atingindo de forma mais severa os mais vulneráveis.

No Brasil, o racismo ambiental reflete um longo histórico de desigualdades raciais e socioeconômicas. Comunidades periféricas e tradicionais frequentemente habitam áreas expostas a enchentes, deslizamentos, poluição e contaminações químicas. Foi que vimos, por exemplo, na recente catástrofe no Rio Grande do Sul, onde as áreas mais empobrecidas, ocupadas majoritariamente por negros, sofreram os maiores impactos. Esse cenário confirma a perpetuação desta injustiça no País. 

Na COP 27, em 2022, no Egito, o Racismo Ambiental foi tema oficial da conferência da ONU pela primeira vez. O acordo criou um fundo indenizatório por perdas e danos aos países mais empobrecidos e vulnerabilizados aos efeitos das mudanças climáticas. Também decidiu  que seria instalado um comitê para definir os critérios de distribuição ainda neste ano, tendendo a repercutir mundialmente ainda em 2024.

Mesmo sendo o segundo país com a maior população negra no mundo, o Brasil ainda possui grandes barreiras para reconhecer seus problemas raciais. Se continuarmos a negar essas injustiças, dificilmente solucionaremos os desafios ambientais, sociais e econômicos. Precisamos nos entender e, para isso, é necessário reconhecer nossos problemas e responsabilidades, dialogar sobre nossas questões e, principalmente, como podemos resolvê-las juntos.

No Sistema B Brasil, temos priorizado a justiça social em nossas ações. Em 2023, fortalecemos o coletivo Pretas B, firmamos parceria com o Pacto Global pela Equidade Racial e lançamos o Fundo B, um projeto que apoia empresas pretas e periféricas em suas jornadas de impacto. Exercemos, com isso, o papel também de influenciar e inspirar a Rede B, atualmente, com mais de 300 empresas, para buscarem soluções no tocante à questão racial e climática, com evento como o Café B, quando debatemos essa temática, além de iniciativas como a Amazônia Viva em parceria com a Economia de Comunhão. Essas iniciativas são exemplos de como o setor privado pode contribuir para combater o racismo ambiental, promovendo inclusão e reparação nos territórios onde atua.

Para enfrentar o racismo ambiental, também é fundamental visibilizar – ou contribuir para visibilização – das vozes das mulheres negras e povos tradicionais nos debates climáticos. Essas populações desempenham um papel central na preservação das comunidades tradicionais, mas muitas vezes não estão nos espaços que tomam decisões políticas sejam no âmbito público ou privado. 

Outra questão primordial para a proteção da floresta, é o incentivo da permanência dos jovens quilombolas rurais em suas comunidades, com oportunidades de trabalho e renda. Para isso, é necessário conhecer essas comunidades e suas necessidades, além de mapear o           os impactos que os negócios podem gerar nesses territórios, sejam positivos ou negativos. Pois, quando discutimos sobre a questão do racismo ambiental e impactos climáticos no país, estamos falando de cuidar da vida das pessoas, todas! Mas principalmente os que foram historicamente vulnerabilizados.               
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(*) Juliane Sousa é jornalista quilombola e gerente de Comunicação e Marketing do Sistema B Brasil 

FOTO 3X4: HUD BURK – Cantora

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Foto: DIvulgação

Texto: Rodrigo França

Nesta coluna, pessoas que inspiram pela coragem de existir e transformam passos comuns em revoluções.

No coração do Rio de Janeiro, entre os morros e vielas do Complexo do Andaraí, nasceu uma voz que, aos poucos, vem moldando o futuro da música popular brasileira. HUD, filha de Aline Oliveira, cresceu sob os ritmos intensos da cidade e as canções de sua mãe, que, sem saber, foi sua primeira grande referência musical. Ainda menina, aprendeu a transformar o cotidiano em melodia, os desafios em acordes, a vida em arte.

HUD canta samba. Não qualquer samba, mas aquele que reverbera histórias de luta e reinvenção, que honra nomes como Dona Ivone Lara e Alcione, mulheres que moldaram os alicerces do gênero. E agora, com três anos de carreira profissional, HUD começa a ocupar o lugar que já lhe parece predestinado: a de ser a próxima sensação da música popular brasileira. Sua presença no palco não apenas canta, mas narra uma história – a de uma mulher negra retinta, trans, artista, cujos passos ecoam a caminhada de outras vozes, como Liniker e Majur, que desbravaram caminhos para que ela e tantas outras florescessem.

Foto: Divulgação

Mais do que uma intérprete, HUD é uma contadora de histórias. Sua trajetória é de um renascer constante, como ela mesma assume, enfrentando bloqueios internos, traumas e dores que, por muito tempo, tentaram silenciar sua voz. “Eu renasci, mais forte e capaz de resolver situações, capaz de lidar com meus problemas e tornar minha vida mais leve”, escreve com a força de quem venceu medos, olhando para o passado sem deixar que ele a impeça de seguir. HUD supera para existir. Não com leveza ingênua, mas com a firmeza de quem sabe que o amor-próprio é o caminho mais certo para a liberdade.

“Sou ela!”, afirma HUD, com uma voz que afugenta a transfobia e afirma a plenitude de ser quem é. Uma mulher trans feliz, negra, sambista, cuja identidade não é menor nem menos legítima. Suas palavras são um afrontamento à estrutura excludente que tenta apagar as múltiplas realidades das mulheres negras, mas também um abraço generoso a todas as pessoas que compartilham histórias de resistência.

HUD está em construção, como seus próprios projetos. Não há pressa, pois o que se constrói agora é alicerce, base para algo que transcende sua voz. Para HUD, ser inspiração não é apenas ser vista; é compartilhar experiências, observações, emoções. É fazer com que a vida de quem a escuta se transforme, nem que seja por uma única nota. Em suas palavras, há uma força que ultrapassa o individual, tornando-se coletiva, como se cada ouvinte carregasse consigo uma parte do Complexo do Andaraí, uma fração de sua infância, uma sombra de sua liberdade.

Foto: Divulgação

HUD canta sobre o que muitos não ousam dizer. Ela é, ao mesmo tempo, herdeira e renovadora do samba. Como as matriarcas que a inspiram, sua música é sagrada – mas com a irreverência de quem sabe que, para dialogar com o futuro, é preciso subverter as regras do presente.

HUD é o reflexo de uma geração que insiste em existir plenamente, mesmo diante dos desafios. Vozes como a dela nos lembram que renascer é um processo, que se vive uma, duas, infinitas vezes.

Uma estrela ascende.

‘O Auto da Compadecida 2’: Um presente de Natal para os fãs, com a essência do clássico nos cinemas 

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Fotos: Laura Campanella

A gente poderia não saber, mas ‘O Auto da Compadecida 2’ é o presente de Natal que os fãs precisavam. A sequência do clássico nacional estreia na próxima quarta-feira, 25 de dezembro, após 25 anos da realização do primeiro filme e está imperdível. Continua uma comédia leve, com críticas sociais e muita nostalgia. 

Vinte anos se passaram desde a primeira história, e agora marca o retorno emocionante da dupla João Grilo e Chicó, interpretados por Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Chicó perdeu contato com João Grilo e pensava que ele estava morto, mas quando se reencontram, perceberam que a amizade continuava a mesma e ambos os personagens não mudaram em nada.

João Grilo ainda é um rapaz ligeiro com muita criatividade para pequenas trapaças, tentando sobreviver à pobreza, e Chicó arrumou outra dor de cabeça ao começar a se envolver com Clarabela (Fabiula Nascimento), filha do Coronel Ernani (Humberto Martins), um fazendeiro importante na cidade de Taperoá, no sertão nordestino.

Foto: Laura Campanella

Apesar desse envolvimento, seu coração sempre pertenceu a Rosinha (Virgínia Cavendish), de quem também acabou se desencontrando durante muitos anos. Mas sua busca incansável ainda trará a sua amada de volta. Ela é a única personagem que evoluiu desde o primeiro filme. Antes uma menina meiga, aos cuidados do pai, agora uma caminhoneira e mulher independente. 

O cangaceiro Joaquim Brejeiro (Enrique Díaz), também retorna ao elenco, a princípio pouco evoluído, pela experiência de ver João Grilo ressuscitar no primeiro filme, acreditando no milagre da vida, e agora trabalha nas terras do Coronel, mas ainda é preciso tomar cuidado com suas atitudes violentas quando se irrita com algo. 

A eleição na pequena cidade de Taperoá é o que vai movimentar o roteiro da trama, já que João Grilo vai tentar enganar dois candidatos a prefeito, o Coronel Ernani e o Arlindo (Eduardo Sterblitch), dono da única rádio da cidade. Como seus planos quase nunca dão certo, desta vez ele contará com a ajuda de um novo amigo, o Antônio do Amor, interpretado por Luis Miranda.

Foto: Laura Campanella

O ator, que já é excepcional para transformações cômicas, viverá um personagem que adora se passar por outras pessoas para tirar vantagens e usará esse talento para tentar ajudar João Grilo e Chicó a sair de mais uma furada. Seu papel fundamental e envolvente lhe faz parecer fazer parte dessa turma há muito tempo. 

Apesar da ajuda de Antônio do Amor, isso ainda não será o suficiente, e novamente, Grilo precisará da Compadecida, desta vez vivida por Taís Araujo. A aparição de Nossa Senhora sem dúvidas é um dos momentos mais aguardados do filme e a cena faz jus ao que o público aguardava. Taís surge deslumbrante, serena e iluminada. Uma breve cena, assim como no primeiro filme, mas com magia o bastante para encantar o público e se destacar entre as mais lindas cenas do cinema nacional. 

Para a comunidade negra, este momento pode ser ainda mais emocionante, pois toca em um ponto sensível de representatividade, além de ser com uma atriz esplêndida, que por muito tempo, era a única negra que assumia papéis relevantes na televisão. 

Foto: Laura Campanella

Taís, no seu papel de Nossa Senhora, em uma visão materna, seja como uma figura religiosa a quem recorremos ajuda em momentos de necessidade, ou seja essa mãe negra que protege e acolhe seus filhos. Para ambas as ocasiões, bem contempladas com um diálogo profundo sobre erros, acertos, recomeços e fé. 

Levando em consideração que se passaram 25 anos desde o primeiro filme, os efeitos visuais de agora estão mais avançados, mas sem perder a essência do clássico. A trilha sonora, que também será lançada para o público no dia 25 de dezembro, é o encaixe perfeito para a comédia, especialmente a música “Como Vai Você” na voz do cantor Chico César, que representa o amor de Chicó e Rosinha, e nos deixa envolvidos com a cena. 

Fazer a sequência de um filme tão amado pelos brasileiros é um grande desafio, mas o roteirista João Falcão e os diretores Guel Arraes e Flávia Lacerda, novamente trouxeram o orgulho nordestino para as telas do cinema, acertando com o retorno do elenco, na inclusão dos novos personagens, a cultura popular, além de abordar os “novos velhos” desafios da pobreza que assola o sertão ao falar sobre a fome e o analfabetismo, sem perder a leveza da trama. ‘O Auto da Compadecida 2’ vale todas as salas de cinema lotadas! 

Leci Brandão celebra 80 anos e cinco décadas de samba em programa especial da TV Brasil

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Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

A trajetória artística e pessoal de Leci Brandão será celebrada em grande estilo no próximo domingo (22), às 13h, no programa Samba na Gamboa, da TV Brasil. Comandada por Teresa Cristina, a edição inédita homenageia os 80 anos de vida e as cinco décadas de carreira de uma das vozes mais emblemáticas do samba brasileiro.

Durante a atração, as duas sambistas compartilham memórias, interpretações marcantes e reflexões sobre a música e o legado de Leci. Teresa Cristina ressalta a convivência da homenageada, ainda jovem, com ícones como Cartola e Dona Ivone Lara. Primeira mulher a integrar a ala de compositores da Mangueira, Leci também se destacou por gravar suas próprias composições, muitas delas com forte teor social.

“Procurei fazer da arte uma forma de defender as pessoas, independente da pauta que fosse”, afirma Leci durante o programa. A sambista relembra que enfrentou desafios ao abordar temas como negritude, desigualdade social, intolerância religiosa e diversidade sexual em suas letras, especialmente durante o período da ditadura militar. “Mesmo tendo ficado alguns anos fora de gravadoras e da mídia por causa disso, nasci pra cumprir essa missão com verdade”, completa.

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

No repertório da homenagem, Leci interpreta sucessos que marcaram sua carreira, como “Zé do Caroço”, “Isso é Fundo de Quintal” e “Antes que eu volte a ser nada”. Juntas, ela e Teresa Cristina também cantam clássicos do samba, como “Corra e Olhe o Céu”, de Cartola e Dalmo Castello, e “Papai vadiou”, de Rody e Gaspar do Jacarezinho.

A edição celebra não apenas a música, mas também o papel de Leci como defensora das causas sociais e voz de resistência. “Samba é mais que música, é história e luta”, resume Teresa Cristina durante o programa.

O Samba na Gamboa faz parte da programação especial da TV Brasil em homenagem à cultura popular e reforça o protagonismo de artistas que, como Leci, transformaram o samba em instrumento de transformação social.

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