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Brasil registra o maior número de denúncias de trabalho escravo desde a criação do Disque 100

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Foto: Reuters/Adriano Machado

O Brasil atingiu, em 2024, um recorde de denúncias de trabalho análogo à escravidão, desde que o Disque 100 foi criado, em 2011. Segundo dados fornecidos pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania à GloboNews, foram registradas 3.959 denúncias no período de 12 meses.

De acordo com o governo federal, o país vem batendo recordes consecutivos de denúncias desde 2021. Foram 1.918 denúncias naquele ano, 2.089 em 2022 e 3.430 em 2023.

São Paulo lidera o ranking de denúncias de trabalho análogo à escravidão com 928, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro com 523 e 371. Rio Grande do Sul e Bahia registrou 220 e 211, respectivamente.

Além da maioria das denúncias serem na região Sudeste, o perfil da maioria das vítimas são de homens pretos e pardos, com idade entre 30 e 34 anos. 

O número de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão, no entanto, diminuiu. Ainda segundo o levantamento da GloboNews junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, entre janeiro e novembro de 2024, foram realizados 1.273 resgates, uma queda de 60% em relação ao recorde de 3.240 registrado em 2023.

Até 4 de dezembro de 2024, o montante pago em verbas trabalhistas e rescisórias já ultrapassava R$ 12,6 milhões. Uma parte significativa desses resgates ocorreu em agosto, durante a Operação Resgate, que mobilizou 23 equipes de fiscalização, realizou 125 inspeções em 15 estados e no Distrito Federal, resultando no resgate de 593 trabalhadores e no pagamento de R$ 1,9 milhão em verbas trabalhistas e rescisórias às vítimas.

O artigo 149 do Código Penal define trabalho análogo à escravidão como a “submissão de alguém a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou seu preposto.” As denúncias podem ser realizadas através do Disque 100 ou pelo sistema Ipê.

Meta: Liberdade de expressão ou permissão para o ódio?

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Foto: Anthony Quintano/Wikimedia Commons

Discurso do CEO da Meta confirma apoio a Trump, assume copiar Elon Musk e incentiva discursos racistas.

Um dia muito triste para pessoas negras e demais grupos minorizados que produzem conteúdo para as redes da Meta. Se antes a incompetência na moderação ou remoção de conteúdos de ódio era uma sensação, agora ela foi institucionalizada.

Em um vídeo publicado em seu perfil, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, afirmou que o excesso de moderação de conteúdo virou uma espécie de censura e que, a partir de agora, isso será revisto.

“Estamos mudando a forma como aplicamos nossas políticas para reduzir os erros que representam a maior parte da censura em nossas plataformas. Costumávamos ter filtros que escaneavam qualquer violação de política. Agora, vamos focar esses filtros em lidar com violações ilegais e de alta gravidade. E para violações de menor gravidade, vamos depender de alguém reportar um problema antes de agir. O problema é que os filtros cometem erros e removem muito conteúdo que não deveriam. Então, ao reduzi-los, vamos diminuir drasticamente a quantidade de censura em nossas plataformas. Também vamos ajustar nossos filtros de conteúdo para exigir uma confiança muito maior antes de remover qualquer conteúdo”, disse Zuckerberg.

Em seu discurso, ele indiretamente atacou o Brasil ao citar a América Latina como uma região onde a moderação de conteúdo supostamente fere a democracia. Zuckerberg estava provavelmente se referindo ao caso entre o X (antigo Twitter) e a Justiça brasileira, que ganhou destaque quando Elon Musk criticou publicamente decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou o bloqueio de contas na plataforma por disseminação de desinformação e ataques à democracia. Musk acusou a corte de censura e ameaçou descumprir ordens judiciais, alegando falta de transparência. O episódio gerou debate global sobre liberdade de expressão e o papel das plataformas digitais no cumprimento de determinações judiciais.

“Países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar que empresas removam conteúdos de forma silenciosa”, afirmou o CEO da Meta.

O X, inclusive, foi citado como a plataforma que ele usará como referência para a moderação de conteúdo da Meta, e Zuckerberg ainda mencionou sua parceria com Trump:

“Por fim, vamos trabalhar com o presidente Trump para enfrentar governos ao redor do mundo que estão atacando empresas americanas e promovendo mais censura.”

Toda essa defesa da liberdade de expressão esconde, na verdade, fortes interesses políticos que defendem a ideia de que “tudo pode ser dito”, com o objetivo de agradar eleitores com discursos que atacam grupos minorizados, minorias, juízes e a imprensa — tudo em nome de uma suposta liberdade de expressão, que tem desafiado constituições em diversos países.

Dentro de um recorte racial, é esperado que o número de racistas que veem pessoas negras como inferiores — considerando essa crença apenas como uma “opinião” — se sintam ainda mais encorajados a disseminar conteúdos desse tipo, já que a Meta passou a tratar a moderação como censura e certos discursos como irrelevantes.

A jornalista Luciana Barreto, em sua obra “Discursos de ódio contra negros nas redes sociais”, cita um estudo do professor Luiz Valério Trindade, que revela que 81% dos discursos de ódio racistas no Brasil são direcionados a mulheres negras.

“No discurso de ódio contra negros, palavras que remetem à eliminação e morte aparecem com frequência. Isso é muito grave, pois projeta uma conjuntura não só de ódio, mas também de eliminação”, afirmou Luciana em entrevista ao site Mundo Negro.

Depois do X, agora é a vez da Meta declarar seu apoio a Trump, o que, sem dúvida, impactará a experiência de pessoas negras ao consumir conteúdo nessas plataformas. Sair da Meta parece não ser uma opção viável, já que o Brasil é um dos maiores mercados da empresa. De acordo com o Statista, em janeiro de 2024, o Brasil contava com aproximadamente 134 milhões de usuários no Instagram, posicionando-se como o terceiro maior mercado da plataforma, atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos.

Após exclusão inicial, cotistas negros denunciam novas barreiras no Concurso Nacional Unificado

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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Arquivo

Mais de 600 candidatos negros reintegrados ao Concurso Nacional Unificado (CNU) denunciaram falhas na organização do certame pela Fundação Cesgranrio, banca responsável pelo concurso. Após serem inicialmente excluídos por um erro na correção das provas discursivas, os participantes foram reintegrados por meio de um acordo firmado entre o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). No entanto, os candidatos alegam enfrentar dificuldades para enviar seus títulos, uma etapa essencial para seguir na disputa.

Segundo os participantes, o aviso de reintegração foi divulgado tardiamente, e muitos só tomaram conhecimento de sua inclusão no certame em 23 de dezembro de 2024, por meio de mensagens no WhatsApp. Esse atraso, aliado à falta de clareza no cronograma, prejudicou a organização dos candidatos, que denunciam que no dia 3 de janeiro, data disponibilizada pelo MGI para que os cotistas reintegrados pudessem enviar os títulos, o botão de upload não estava disponível no portal oficial.

O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos afirmou em resposta ao Mundo Negro que no dia 23 de novembro de 2024 foi publicado um edital específico no Diário Oficial da União. De acordo com o MGI, o edital convocava os candidatos reintegrados para o procedimento de heteroidentificação e, em alguns casos, para o envio de títulos. No edital, ficou definido que os candidatos deveriam verificar, na área do candidato no portal do concurso, se estavam habilitados para realizar o upload dos documentos.

De acordo com o MGI, apenas os candidatos notificados pela Cesgranrio estavam aptos para enviar os títulos. O botão de upload de documentos ficou habilitado exclusivamente para esse grupo até o dia 3 de janeiro de 2025. Candidatos não notificados deveriam aguardar as próximas etapas do cronograma publicado no portal do MGI.

Problemas no sistema e comunicação deficiente

Apesar das informações oficiais, candidatos alegam que a comunicação foi falha e que muitos deles, que deveriam estar habilitados para enviar os títulos, não conseguiram acessar o sistema. Segundo um dos participantes, “o botão de envio dos documentos simplesmente não apareceu, e desde então estamos sem respostas concretas.”

O Ministério também destacou que no dia 23 de dezembro de 2024 foi disponibilizada uma área específica no portal do concurso para que os candidatos consultassem sua situação. Aqueles não convocados para o envio de títulos estavam apenas habilitados para participar da etapa de heteroidentificação.

Ainda assim, candidatos cotistas denunciam desassistência e confusão. Para facilitar a mobilização e troca de informações, grupos no WhatsApp e perfis no Instagram, como o @reintegrados.cnu, têm servido como canais de apoio.

Erro inicial e consequências
A confusão começou quando a Cesgranrio não corrigiu as provas discursivas dos cotistas negros de acordo com a regra que previa a análise de nove vezes o número de vagas disponíveis. Esse erro eliminou mais de 28 mil candidatos. Após pressão de movimentos negros e intervenção do MPF, foi firmado um acordo para reintegração, mas os problemas persistem.

Confira a nota completa do MGI:

No dia 23 de novembro, o MGI divulgou a informação de que haveria uma edição extra do Diário Oficial da União, com edital específico de convocação para o procedimento de heteroidentificação de candidatas e candidatos reintegrados que concorrem às vagas reservadas para pessoas negras no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), conforme item 1 do edital (link: https://www.in.gov.br/web/dou/-/edital-especifico-n-1-de-convocacao-para-o-procedimento-de-heteroidentificacao-e-decorrente-envio-de-titulos-603598122). Foram incluídos nesta convocação candidatos a cotas para negros a partir da recomendação do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro.

Já o item 2 do mesmo edital informava que no 23 de dezembro de 2024, os candidatos do CPNU convocados para nova etapa de heteroidentificação deveriam consultar, na área do candidato no endereço eletrônico do Concurso Público Nacional Unificado (cpnu.cesgranrio.org.br/login), se foram habilitados para o envio de títulos.

Importante ressaltar que apenas estavam habilitados a enviar os títulos aqueles candidatos e candidatas que foram notificados pela Cesgranrio para realizar tal procedimento, conforme consta no item 2.1 do edital, de forma que o botão de upload só ficou disponível para este grupo (até 03/01). Os demais candidatos reintegrados receberam o comunicado informando apenas da convocação para realização da banca de heteroidentificação, não estando habilitados para envio de títulos.

Aqueles candidatos que não receberam qualquer notificação referente a este edital específico de 23 de dezembro devem seguir o cronograma publicado no portal do MGI: https://www.gov.br/gestao/pt-br/assuntos/noticias/2024/novembro/mgi-anuncia-novo-cronograma-para-o-cpnu

Vencedor do ‘Que Seja Doce’, Marcos Wandebaster anuncia livro sobre bolos tradicionais brasileiros

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Chef confeiteiro Marcos Wandebaster (Foto: Reprodução/Instagram)

O chef confeiteiro Marcos Wandebaster, de 32 anos, é uma referência na confeitaria brasileira, combinando arte, ciência e tradição em seus doces. Nascido em uma família de mulheres negras cozinheiras, o fundador da CUMBUCA – Doçaria Brasileira, o cearense utiliza insumos locais, técnicas francesas e memórias afetivas para valorizar a confeitaria.

“Depois de ter trabalhado por 10 anos em confeitarias independentes, cafeterias, buffets e confeitarias de restaurantes de alta gastronomia, senti a necessidade de alinhar minhas pesquisas sobre as ciências da confeitaria e sobre culturas alimentares brasileiras, meus estudos criativos e minhas memórias afetivas e direcioná-las para onde pudesse me expressar artisticamente e chamar atenção para o potencial da confeitaria brasileira”, explica o chef confeiteiro em entrevista ao Mundo Negro e Guia Black Chefs. 

Vencedor do título de ‘Confeiteiro Mais Doce’ na 10ª temporada do reality show ‘Que Seja Doce’, exibida no ano passado no GNT e disponível para assinantes do Globoplay, Marcos agora se prepara para lançar um livro que explora as ciências dos bolos tradicionais brasileiros, destacando a diversidade cultural.

Foto: Divulgação

“Essas inquietações, juntas com a paixão por pesquisar e disseminar conhecimentos, me fizeram escrever as 100 primeiras páginas do meu livro que explora, além das nossas culturas alimentares, a química, a biologia, a física e a matemática por trás de cada reação para que os bolos aconteçam”, afirma. 

“Contudo, devido aos custos com as pesquisas e as elaborações editoriais, o livro encontra-se pronto para dar os próximos passos mediante a chegada de patrocínios e apoios”, relata ao destacar os desafios enfrentados por homens negros gays no mercado editorial.

Além de chef confeiteiro e empreendedor, Marcos também é consultor de confeitarias e cafeterias, pesquisador das Ciências da Confeitaria, das Culturas Alimentares brasileiras, artista visual e graduando em Gastronomia.

Foto: Divulgação

Como surgiu a ideia da CUMBUCA e o que ela representa para você no cenário gastronômico brasileiro?

A CUMBUCA – Doçaria Brasileira surgiu a partir de inquietações e inspirações na trajetória percorrida por minhas ancestrais até chegar a mim. Depois de ter trabalhado por 10 anos em confeitarias independentes, cafeterias, buffets e confeitarias de restaurantes de alta gastronomia, senti a necessidade de alinhar minhas pesquisas sobre as ciências da confeitaria e sobre culturas alimentares brasileiras, meus estudos criativos e minhas memórias afetivas e direcioná-las para onde pudesse me expressar artisticamente e chamar atenção para o potencial da confeitaria brasileira.

Utilizando insumos locais da estação, conhecimentos científicos e técnicas francesas clássicas e contemporâneas, a cozinha da CUMBUCA conta parte da história dos sabores brasileiros e mostra novas possibilidades de valorização das nossas memórias e da nossa gastronomia.

Foto: Divulgação

Qual é o diferencial da sua abordagem na criação de doces que une arte, ciência e tradição?

Quando decidi que queria me tornar Chef Confeiteiro percebi muito rapidamente que tudo, absolutamente tudo que acontece numa cozinha é CIÊNCIA! Essa foi a constatação que me fez pesquisar de forma autodidata as mais diversas possibilidades dos alimentos: gastronômica, nutricional, através da engenharia de alimentos, da antropologia, da história, da sociologia, da produção agrícola e das diversas dinâmicas de um serviço de alimentação.

Dessa forma, consigo fazer uma costura de conhecimentos de diversas áreas que se intercruzam nos bastidores da produção de um doce. Até mesmo a camada artística é baseada na ciência, como a formação das cores e as silhuetas das formas. Assim, abordar a confeitaria pensando as tradições das culturas alimentares, como executar os pratos corretamente e inová-los tendo a ciência como base, aconteceu organicamente. 

Hoje traduzo os anos de pesquisas, trabalhos e conhecimentos científicos, técnicos e historiográficos em doces de apresentações contemporâneas com a essência e os sabores que estão nas nossas memórias afetivas. 

Foto: Divulgação

O que você deseja explorar nesse livro sobre os bolos tradicionais brasileiros?

Apesar de termos diversos tipos de bolos feitos por diferentes técnicas para celebrarmos os mais distintos momentos no Brasil, ainda há poucos estudos científicos que esmiúçam as ciências envolvidas nesse ofício. Outra questão pertinente é a pluralidade de culturas alimentares no território brasileiro que favorece o nascimento de inúmeras criações de doces e bolos regionais, e, ainda assim, a população brasileira desconhece a extensão das suas culturas doceiras.

Essas inquietações, juntas com a paixão por pesquisar e disseminar conhecimentos, me fizeram escrever as 100 primeiras páginas do meu livro que explora, além das nossas culturas alimentares, a química, a biologia, a física e a matemática por trás de cada reação para que os bolos aconteçam.

Contudo, devido aos custos com as pesquisas e as elaborações editoriais, o livro encontra-se pronto para dar os próximos passos mediante a chegada de patrocínios e apoios. Essa pergunta também abriu espaço para pontuar uma realidade pouquíssima falada: o não reconhecimento de homens negros gays, principalmente do Nordeste e do Norte brasileiro no mercado editorial. 

Por mais elaborados e exclamativos que sejam nossos projetos intelectuais, o racismo que ampara a homofobia e a xenofobia ainda impede nossos corpos de serem vistos como produtores de intelectualidade, logo, conseguir patrocínio e apoio às produções se torna uma tarefa quase impossível e extremamente frustrante. Aproveito aqui a oportunidade para dizer: Empresas, apoiem nossos projetos! Nós, homens negros gays, produzimos nas mais diversas áreas e somos invisibilizados em todas elas. Já passou da hora da sociedade conhecer e reconhecer nossas narrativas na produção de conhecimento!

Foto: Divulgação

Como foi participar e vencer a 10ª temporada do reality ‘Que Seja Doce’? O que essa experiência trouxe para sua carreira?

Como iniciei minha carreira na cozinha de casa impulsionado pelas histórias de minhas ancestrais e mais velhas, ter a oportunidade de honrá-las num programa de TV, entregando o troféu nas mãos de tia Luciêne, minha sous chef na competição, minha mentora na cozinha, na literatura e na produção de conhecimento, foi uma importante confirmação de que minha gastronomia tem lugar no mercado da confeitaria brasileira.

Do início ao fim da competição (incluindo as etapas preliminares), fui fiel ao que acredito enquanto movimento de confeitaria. 

Pensei, preparamos e servimos doces que carregavam pluralidades dos sabores brasileiros, desde a utilização do Brigadeiro no clássico Bolo Ópera, nas frutas amarelas e na Cajuína (espumante cearense a base de caju) na prova dos Girassóis de Van Gogh e na castanha de caju, na flor de sal e no cumarú na prova do Céu Estrelado de Van Gogh.

Além da experiência de cozinhar numa competição de um famoso e importante programa de TV e de conhecer pessoas incríveis, o ‘Que Seja Doce’ me proporcionou uma vitrine para o meu trabalho e virou chaves na minha carreira. 

Quando ganhamos um Título de ‘Melhor Confeiteiro’ numa renomada competição para o cenário da gastronomia nacional, ganhamos também confiança em dar passos muito mais firmes e ousados. 

De troféus em mãos, fui em busca das próximas conquistas, passando em primeiro lugar numa competição para assumir a vaga de Confeiteiro numa das cozinhas mais disputadas de Fortaleza (CE) e, meses depois, abrindo a CUMBUCA – Doçaria Brasileira. 

Por ter ganhado o Reality e levado o nome da cidade onde nasci, a reconhecimento nacional, fui homenageado em novembro deste ano pela Câmara dos Vereadores de Guaiúba (CE).

No momento estou a todo vapor na cozinha da CUMBUCA, disponível para Consultorias, no processo de escrita do Livro e ansioso pelos desafios que me esperam nesse ano que irá iniciar.

Taís Araujo tem primeiras imagens reveladas no filme ‘Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa’

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Fábio Braga

Fotos oficiais da Taís Araujo como Dona Goiabeira no filme “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa” foram divulgadas, nesta segunda-feira, 6 de janeiro. Com participação especial, sua personagem é uma árvore que tem uma forte ligação com Chico Bento e compartilha sua sabedoria com o protagonista vivido por Isaac Amendoim. O longa estreia nos cinemas na próxima quinta-feira, dia 9.

A personagem, que desde sua primeira aparição no trailer teve sua identidade mantida em segredo, foi revelada durante sessão exclusiva do filme na CCXP, em dezembro do ano passado.

Foto: Fábio Braga

Taís Araujo contou que ficou em êxtase com o convite para participar do filme, principalmente porque o Chico Bento é parte da rotina de sua família. Ela também ressaltou a importância do longa: “A gente pode ter um progresso inteligente, pensando na nossa continuidade, e que uma árvore de pé vale muito mais que uma árvore no chão. Acho a mensagem linda e muito importante”.

O figurino da Dona Goiabeira, que realça sua identidade brasileira, é uma criação do estilista Ronaldo Fraga, conhecido por levar as diversas caras do Brasil para suas peças.

“Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa” foi produzido pela Biônica Filmes, com coprodução da Mauricio de Sousa Produções, Paris Entretenimento e Paramount Pictures.

Montagem contemporânea de Hamlet, com Rodrigo França, chega a São Paulo nesta quinta-feira

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Foto: Marcio Farias

Após temporada no Rio de Janeiro, o monólogo “Eu sou um Hamlet”, protagonizado pelo ator e diretor Rodrigo França, estreia em São Paulo na próxima quinta-feira, 9 de janeiro de 2025, no auditório do Sesc Pinheiros.

Com direção de Fernando Philbert, o espetáculo traz uma releitura contemporânea da obra de Shakespeare, destacando questões sociais e raciais. Com tradução assinada por Aderbal Freire-Filho, Wagner Moura e Barbara Harrington, a peça ficará em cartaz no Sesc até o dia 22 de fevereiro.

Na adaptação, que é fruto de uma colaboração criativa entre Jonathan Raymundo, Philbert e França, as falas do príncipe dinamarquês ganham novos contornos ao serem interpretadas por um ator negro. O espetáculo reflete sobre o impacto da segregação e da violência social, inserindo o dilema da identidade racial em um contexto universal.

“Shakespeare foi popular em sua época ao se comunicar com todos, de nobres aos populares. Não será diferente em nossa montagem. Quero que a tia do Complexo do Alemão saia do teatro contemplada, assim como a madame do Leblon”, afirma França.

A peça aborda temas como o mito da democracia racial, a luta por justiça e a resistência frente a um sistema que oprime negros, LGBTs, pobres e outros grupos marginalizados. “Nosso Hamlet questiona como chegamos a um mundo de tensões e busca respostas nos ancestrais para enfrentar essa batalha”, explica o diretor Fernando Philbert.

Para França, interpretar Hamlet é significativo por desafiar estereótipos de elenco. “O texto reflete o ser humano, mas ganha outra dimensão quando vivenciado por um ator negro. Nossos fantasmas ainda clamam, e os diversos ‘Hamlets’ brasileiros só querem justiça. Não podemos dispersar, pois os meninos estão morrendo lá fora”, conclui o ator.

SERVIÇO

Data: de 9 de janeiro até 22 de fevereiro, às quintas, sextas e sábados.

Horários: às 20h, e feriados, às 18h.

Os ingressos variam de R$15 a R$50.

Endereço: Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros

2025: 7 Tendências em Educação & Tecnologia — O Futuro que Estamos Construindo Hoje

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Foto: Freepik

Piscamos e já estamos em 2025, discutindo futuros possíveis para o mundo. Todos os dias, novas ferramentas, metodologias e plataformas surgem, prometendo revolucionar a forma como aprendemos e ensinamos. Mas em 2025, quais dessas tendências vão transformar nossa visão de mundo, trabalho e sociedade?

Como profissional que acompanha de perto essas mudanças, vejo três forças dominantes que irão moldar o futuro da educação: personalização, acessibilidade e inteligência artificial aplicada.

  1. Personalização como regra, não exceção
  2. Acessibilidade além do acesso
  3. IA aplicada como parceira do educador
  4. Universidades Corporativas como curadoras de conhecimento.
  5. Educação Prospectiva, preparando-se para o desconhecido.
  6. Educação como uma solução sistêmica para crises globais.

A desigualdade social se manifesta de diversas formas, e o acesso à educação e a tecnologia são uma delas. Historicamente, as classes sociais mais altas têm mais facilidade em garantir um ensino de qualidade para seus filhos e conectividade, seja por meio de escolas particulares ou por morarem em regiões com melhores infraestruturas. Essa disparidade se acentua quando consideramos a desigualdade racial, que impede que muitos estudantes negros e pardos tenham as mesmas oportunidades educacionais. A distância entre escolas, especialmente em áreas rurais, e a falta de políticas públicas adequadas agravam ainda mais esse cenário.

Pesquisa recente do Cetic, o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, revela que, apesar dos avanços na conectividade das escolas brasileiras, ainda há um caminho significativo a ser percorrido para garantir que a infraestrutura de Internet e os recursos tecnológicos estejam disponíveis e sejam efetivamente utilizados para fins educacionais. A formação de professores e a elaboração de políticas públicas são fundamentais para superar os desafios existentes e promover uma inclusão digital mais equitativa e eficaz nas escolas do Brasil. A valorização dos professores, já que esta categoria sofre diretamente com o sucateamento da educação, aqui faço uma ressalva que precisamos olhar também estas pessoas na universidade, já que exigimos que eles apliquem diversas orientações para alunos, sem que tenham recebido formações suficientes.

A pesquisa recente do ano de 2023, aponta que 94% das instituições de Ensino Fundamental e Médio estão conectadas à rede, mas apenas 58% contam com computador e Internet para uso dos estudantes.

Precisamos articular políticas públicas para a educação, em especial nos primeiros anos de vida, isso trará uma base melhor para os estudantes. Também garantir que crianças e jovens permaneçam na escola com materiais e alimentação saudável. Além disso, outro ponto fundamental é a criação de canais de escuta, entre comunidade, alunos e professores, fortalecendo assim as redes de ensino, além é claro do aumento de investimentos urgentes na educação pública.

A tecnologia pode ser um caminho de diminuição das desigualdades, levando conteúdos de qualidade para todos.

Primeiro Globo de Ouro: Zoe Saldaña celebra prêmio como Melhor Atriz Coadjuvante em Emilia Pérez

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Foto: David Fisher/Shutterstock

Além de Fernanda Torres, a atriz Zoe Saldaña também fez história ao receber o primeiro Globo de Ouro da carreira. A atriz, que interpretou a personagem Rita Mora Castro, no filme “Emilia Pérez” venceu a premiação na categoria “Melhor Atriz Coadjuvante” e fez um discurso emocionado: “Meu coração está cheio de gratidão”, afirmou.

A atriz não conteve as lágrimas durante seu discurso no Globo de Ouro 2025, destacando: “Meu Deus. Sei que não tenho muito tempo, e tenho dislexia, então tendo a esquecer quando estou realmente ansiosa, e estou cheia de adrenalina, mas meu coração está cheio de gratidão. Muito obrigada ao Globo de Ouro por celebrar nosso filme e homenagear as mulheres de Emilia Pérez . Muito obrigada”.

Zoe Saldña celebra primeiro Globo de Ouro – Foto: Getty Images

Ela também celebrou os colegas de elenco, incluindo Selena Gomez, que concorria na mesma categoria: “Esta é a primeira vez para mim, e estou tão abençoada por estar compartilhando este momento com Selena [Gomez] e Karla [Sofía Gascón] e Jacques [Audiard] e todos os meus colegas indicados. Estou impressionada com vocês, sua força, sua complexidade, seu talento inegável. Sei que é uma competição, mas tudo o que testemunhei foi apenas nós aparecendo um para o outro e celebrando um ao outro, e é tão lindo”, afirmou.

Emilia Pérez foi o filme que recebeu o maior número de indicações, somando 10. O filme venceu em categorias como melhor filme e filme em língua não inglesa e melhor canção original.

Viola Davis celebra “forças da natureza” antes de anunciar vitória histórica de Fernanda Torres

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Foto: Reprodução

O cinema brasileiro começou 2025 com motivos para comemorar. No palco da cerimônia do Globo de Ouro, Viola Davis anunciou o prêmio de “Melhor Atriz em Filme de Drama” para a brasileira Fernanda Torres.

Antes de anunciar o nome de Torres, Viola Davis afirmou que as atrizes que concorriam na categoria eram “forças da natureza”: “É uma grande honra e privilégio estar aqui (…). E celebrar o talento excepcional das mulheres indicadas à atriz em filme de Drama. Não há dúvidas de que todas vocês nos deram atuações estelares. No entanto o que me vem a mente é a palavra icônicas. Nicole, Pamela, Fernanda, Angelina, Tilda e Kate. Continuo impressionada com seu brilhantismo e como se redefinem na tela. Vocês não são apenas atrizes, são forças da natureza moldando a história do cinema”.

Ao receber o prêmio por interpretar Eunice Paiva no longa “Ainda Estou Aqui”, Fernanda Torres lembrou a vitória da mãe, Fernanda Montenegro, em 1999, por seu personagem em “Central do Brasil”: “Quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia… Ela estava aqui há 25 anos. Isso é uma prova de que a arte pode permanecer na vida das pessoas, mesmo em momentos difíceis, como os que Eunice Paiva viveu.”

Zoe Saldaña foi a única atriz negra a vencer em uma categoria na premiação. A atriz venceu na categoria de “Melhor Atriz Coadjuvante em Filme” pela atuação no longa “Emília Pérez”, que também foi reconhecido como “Melhor Filme Musical ou Comédia” e “Melhor Filme em idioma não inglês”.

O potencial preto demanda celebração e proteção em 2025

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Foto: Freepik

Texto: Viviane Elias Moreira

Logo de largada, este texto vem com uma dica para nortear todos os profissionais pretos em 2025, não importa seu cargo ou a sua empresa: nosso valor é intrínseco e inegociável, independentemente de quem tente invisibilizá-lo. Tenha esta frase sempre próximo de você e quando bater aquele sentimento de dúvida, aquela pulga atrás da orelha que o racismo estrutural do dia a dia sabe muito bem como colocar, volte e releia esta dica e se reconecte com você mesmo. Vai por mim comunidade, porque para 2025 será necessário.

Embora a evolução para tempos modernos do racismo estrutural insista em usar nossas mentes para nos diminuir, precisamos urgentemente ressignificar nossas narrativas. “Seu valor não diminui com base na incapacidade de alguém em reconhecer o seu valor.” (autor desconhecido). Esta frase dialoga justamente sobre como, de 2020 para cá, a construção das nossas narrativas sofreu com perspectivas alteradas, de forma drástica, pela temeridade de pessoas não negras se sentirem obrigadas a abrirem mão de seus privilégios e pactos em detrimento do que agora chamamos de anti-woke mas que até 2024 nomeamos como  zona de conforto de pessoas aliadas. 

Nós nos adaptamos a esta zona de conforto no ambiente corporativo, porque finalmente a terra prometida de estratégias inclusivas para além de discursos e adoções de ações antirracistas concretas se tornavam tangíveis para alguns dos nossos. Recursos, liderança e oportunidades reais foram colocados à nossa disposição como se finalmente o espaço necessário para mostrar nossa força, nossa criatividade e a imensa contribuição que trazemos para a empresa seria finalmente valorizada. 

E durante um tempo isso ocorreu e, infelizmente, somente para alguns de nós e não para o coletivo. A síndrome do preto único se tornou estratégia de sobrevivência corporativa para estes alguns, normalizando esta zona de conforto que só o privilégio da branquitude pode vivenciar, apoiando de forma silenciosa uma das únicas coisas que os racistas estruturais sabem que podem “machucar” de verdade um profissional preto: a nossa segurança psicológica.

Cuidar da nossa segurança psicológica é fundamental. A pressão diária, as microagressões e o constante questionamento sobre nossas competências nos desgastam, nos machucam e já temos casos de que nos mataram. A chibata moderna é virtual, usa IA e algoritmos, é silenciosa, tem suas próprias estratégias e não bate mais no lombo e sim na nossa alma.  Precisamos construir pontes entre nós, criando redes de apoio e espaços de celebração. Em tempos de crise, aprendemos com os nossos antepassados que a nossa união é um ato estratégico e necessário para nos reorganizamos e reconectarmos com a nossa essência de resistência. Não importa se você nomear esta reconexão como aquilombamento, Wakanda, pretos e pretas de um segmento de mercado específico, somente se reconecte com os nossos aos quais você tem afinidade. E se a sua primeira tentativa de conexão não houver sucesso, sim, porque pessoas pretas podem servir muito bem como massa de manopla para o sistema, recalcule rota e se conecte novamente. Um dos principais grupos que você deve se conectar são os seus afetos próximos.  

A celebração de nossas vitórias é também um manifesto. Estamos conscientes de nossas dores, mas é imprescindível que nos reconheçamos para além delas. A resistência é importante, mas a celebração nos humaniza e fortalece. Que nossas histórias de sucesso ecoem e que sejamos, cada vez mais, inspiração para futuras gerações. 2025 promete e será o ano em que o campo estará minado e assim como 2024 nosso pensamento é de nos jogar daqui (corporativo), mas também será o ano que precisaremos, de forma coletiva, revistar nossos acordos pessoais para juntos, encontramos para cada uma das nossas verdades corporativas a nossa fórmula mágica da paz. 

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