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A África Lusófona e sua pluralidade linguística

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Crédito: Reprodução/Expedia

A África, um continente exuberante em diversidade histórica e cultural, abriga mais de 2.000 línguas. Entre essa riqueza linguística, está o português em seis dos seus 54 países, os PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial. Com a colonização, o português se tornou a língua oficial desses países, exceto no último. No entanto, as línguas locais resistiram e continuam a ser faladas em comunidades, transmitindo conhecimentos ancestrais e fortalecendo a identidade cultural.

Antes da chegada dos portugueses, diversas línguas africanas já eram faladas nesses territórios. Em Angola, por exemplo, cerca de 40% da população fala Kimbundu, uma língua Bantu que é fundamental para a identidade cultural de muitas comunidades. O Umbundu e o Kikongo também eram amplamente utilizados antes da colonização. Já em Moçambique, a diversidade é ainda maior, com mais de 40 línguas nacionais, sendo Emakhuwa a mais falada.

Em países como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, onde a população antes da colonização era consideravelmente pequena (há relatos de que eram territórios inabitados), o crioulo, uma língua que combina elementos do português e das línguas africanas, emergiu como principal forma de comunicação. Em Cabo Verde, quase toda a população fala o crioulo como língua materna, assim como em São Tomé e Príncipe, onde a língua tem nome de forro ou são-tomense. Guiné-Bissau também possui uma rica variedade linguística, sendo o crioulo guineense sendo a língua franca, com cerca de 70% da população falando diariamente. 

Já Guiné Equatorial, onde mais de 60% da população falam espanhol, fez uma escolha estratégica ao adotar o português como língua co-oficial mais recentemente. Essa decisão visa fortalecer os laços com a comunidade lusófona e impulsionar o desenvolvimento do país, mas o Fang continua sendo uma língua muito mais falada, especialmente nas áreas rurais, já que a introdução do português é gradativa.

Em 1996, os PALOP, Portugal e o Brasil criaram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Essa questão linguística estreita ainda mais os laços entre a África e o Brasil, especialmente para a população afrodescendente brasileira, pois, além de ser mais um elo histórico, através da literatura, oferece à população afrodescendente brasileira a oportunidade de reconectar-se com suas raízes, ampliar o conhecimento sobre a África, fortalecer a identidade negra, além de facilitar o acesso a outros saberes, como História da África, Filosofia e pensamento africano, música e artes visuais.

“Felicidade em representar meu povo”: Marcelo Pereira comanda o ‘Bom Dia Sábado’, novo telejornal da TV Globo

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Foto: Globo/ Bob Paulino

O jornalista Marcelo Pereira está prestes a dar um passo marcante em sua trajetória profissional: ele irá comandar o ‘Bom Dia Sábado’, o novo telejornal da TV Globo, que estreia em 1º de fevereiro. Esta é a primeira vez que ele assume o papel de titular em um jornal de rede nacional, direto de São Paulo, ao lado de Sabina Simonato, com a participação ao vivo de repórteres espalhados por vários pontos do país, trazendo as notícias mais atualizadas e de interesse do público. 

“Chegar ao posto de âncora num telejornal da TV Globo para um homem negro de origem simples e sonhador é a realização de um sonho. Sempre fui apaixonado por comunicação e o telejornalismo foi onde me encontrei. Vi no jornalismo na TV a oportunidade de ser voz para quem quer e precisa ser ouvido pelas autoridades e que grita dentro de uma sociedade que, infelizmente, ainda exclui os mais pobres, que são responsáveis por movimentar a economia do nosso país”, disse Marcelo em entrevista ao Mundo Negro. 

Responsável pela previsão do tempo no ‘Hora 1’ e no ‘Em Ponto’, da GloboNews, Marcelo Pereira passou por outras afiliadas antes de chegar na Globo SP e encara o novo desafio com muito otimismo. “Eu aprendi muito sobre os perfis de público, o que as pessoas gostam e o que elas querem ver num telejornal. E o que sempre ouvi dessas pessoas nas ruas é que queriam um jornal leve, que fale como elas no dia a dia, elas querem ser representadas de alguma forma”, afirma.

O ‘Bom Dia Sábado’ vai ao ar em rede para quase todas as praças do país, as demais seguirão com suas versões locais do jornal e outras ainda com formato híbrido (parte em rede e parte local). 

Marcelo Pereira (Foto: Globo/ Bob Paulino)

Leia a entrevista completa abaixo:

Marcelo, você está prestes a se tornar âncora de um telejornal da TV Globo, um marco bem significativo. O que essa conquista representa para você enquanto homem negro no jornalismo brasileiro?

Marcelo: Chegar ao posto de âncora num telejornal da TV Globo para um homem negro de origem simples e sonhador é a realização de um sonho. Sempre fui apaixonado por comunicação e o telejornalismo foi onde me encontrei. Vi no jornalismo na TV a oportunidade de ser voz para quem quer e precisa ser ouvido pelas autoridades e que grita dentro de uma sociedade que, infelizmente, ainda exclui os mais pobres, que são responsáveis por movimentar a economia do nosso país.

Como está sendo a sua preparação com a Sabina Simonato para criar uma sintonia que conecte com o público?

Marcelo: Eu e a Sabina nos tornamos amigos com o passar do tempo trabalhando juntos nos telejornais da casa, eu na previsão do tempo e ela no radar do Bom Dia São Paulo. Algumas vezes ela ancorando nos plantões de fim de semana e eu com o boletim meteorológico ao lado dela. A afinidade e o jeito de informar e comunicar de forma simples nos uniu ainda mais como profissionais e amigos. Respeitamos o espaço um do outro sem jamais perder o respeito e o carinho. Acredito que isso chega de alguma forma ao telespectador.

Você trabalhou em diversas afiliadas antes de chegar à Globo SP. Como essas experiências moldaram o profissional que você é hoje? Quais as expectativas para essa nova etapa da sua carreira?

Marcelo: Depois de passar por três afiliadas da TV Globo (Rede Amazônica, TV Anhanguera e TV Fronteira), eu aprendi muito sobre os perfis de público, o que as pessoas gostam e o que elas querem ver num telejornal. E o que sempre ouvi dessas pessoas nas ruas é que queriam um jornal leve, que fale como elas no dia a dia, elas querem ser representadas de alguma forma. Um negro ali significa muita coisa para a vida e a história de um povo sofrido, lembrado pelo trabalho escravo e que convive em meio ao racismo que está impregnado de forma estrutural na nossa sociedade. Em alguns lugares, eu fui o primeiro apresentador negro daquele local. E isso é muito gratificante quando você une carinho, competência e representatividade. Me tornar um âncora de rede na TV Globo é um sonho e ao mesmo tempo uma felicidade gigantesca em poder representar meu povo, minha gente, minha raça, podendo ser quem eu sou e voz para todos sem exclusões.

Brasileira pede socorro em live no Instagram e desaparece na África do Sul; polícia local é acionada

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Foto: Freepik

ATUALIZAÇÃO ÀS 7H37

“A Carol foi encontrada, está com ciente e acompanhada do representante da embaixada brasileira, mais a equipe de busca! Eu Beatriz falei com ela no telefone, e ela está emocionalmente abalada, com a perna esquerda imobilizada e com ematomas nas mãos e nos braços. Estamos trabalhando para transferi-la de hospital acionando o seguro e providenciando uma passagem dela para o Brasil o mais urgente possível para que ela esteja com a familia dela. Agradecemos a compreensão e as orações de todos!”, comunicou a Brafrika Viagens.

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A Polícia da África do Sul e o Itamaraty foram mobilizados após Caroline Amanda, fundadora da comunidade Yoni das Pretas, pedir ajuda em uma transmissão ao vivo pelo Instagram na noite deste sábado (26). Caroline está no país desde o início de janeiro, participando de um intercâmbio.

Amigos relataram que Caroline se encontra na região de Joanesburgo, a maior cidade sul-africana. Durante a live, ela apareceu nervosa e afirmou que estava sofrendo violência sexual. A transmissão foi encerrada após cerca de 20 minutos e, até o momento, não houve contato direto com ela.

“Caroline Amanda fez um relato pelo Instagram pedindo socorro. Encontrava-se às 22h (fuso brasileiro) no estacionamento de um shopping no bairro RIVONIA. Caroline Amanda Lopes Borges, brasileira intercambista na Africa do Sul pela empresa Brafrika afirmou durante a live que estava sofrendo violência sexual. Ela deu algumas informações de sua localização, está num estacionamento de um shopping na África do Sul, Joanesburgo e está sendo vítima de abuso sexual”, relatou a amiga e comunicadora Xan Ranvelli em uma publicação no Instagram. “Ela conseguiu dizer ainda que está com a perna esquerda quebrada, está sendo torturada e afirma que vão matar ela”, completou.

O caso rapidamente repercutiu nas redes sociais, e autoridades brasileiras acompanham a situação. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou em publicação no Instagram que está em contato com o Itamaraty e que a Embaixada do Brasil em Pretória já foi informada. A polícia sul-africana foi acionada e realiza buscas pela brasileira.

“Estamos somando esforços e fazendo tudo o que está ao nosso alcance para que se resolva da melhor maneira”, escreveu a ministra.

Agência reguladora dos EUA adia decisão sobre uso de formaldeído em alisantes capilares após ordem executiva assinada por Trump

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Foto: Reprodução

A decisão da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, sobre a proibição do formaldeído em alisantes capilares permanece incerta, com a regulamentação enfrentando atrasos e um cenário político desfavorável. A agência norte-americana havia planejado anunciar uma posição definitiva até abril de 2024, mas a data foi adiada para setembro, segundo o site oficial Unified Agenda.

O formaldeído, substância conhecida por liberar vapores tóxicos quando aquecido, está associado a riscos de câncer e outros problemas de saúde, especialmente entre mulheres negras, que representam uma parcela significativa das usuárias desses produtos. Pesquisas já identificaram uma correlação preocupante entre o uso prolongado de alisantes e a incidência de câncer uterino, além de outras condições graves.

A incerteza regulatória foi agravada por uma ordem executiva assinada pelo ex-presidente Donald Trump, que suspendeu diversas regulamentações federais. Embora a FDA tenha iniciado discussões para restringir o uso do formaldeído em 2016, os avanços foram interrompidos com a chegada do governo Trump. Segundo Melanie Benesh, vice-presidente de assuntos governamentais do Environmental Working Group, a agência estava “pronta para proibir o ingrediente” naquele momento.

Nos EUA, a FDA não exige aprovação prévia para cosméticos e ingredientes – salvo aditivos alimentares –, o que dificulta a fiscalização. Enquanto isso, estados como Califórnia, Maryland e Washington já implementaram legislações locais para banir o formaldeído em produtos capilares, mas uma regulamentação federal ainda é vista como essencial por especialistas.

Além disso, mais de 30 mil mulheres negras, com idades entre 35 e 74 anos, foram estudadas em análises que revelaram maior prevalência de câncer uterino em usuárias regulares de alisantes químicos. Esses dados embasaram uma ação coletiva federal movida por milhares de mulheres contra fabricantes de relaxantes capilares, que alegam danos à saúde causados pelos produtos. O caso está previsto para avançar ainda este ano.

Embora haja pressão por parte de organizações de saúde e pesquisa, a perspectiva de uma proibição federal imediata parece remota, refletindo os desafios políticos e burocráticos em torno do tema.

‘Milton Bituca Nascimento’ ganhará sua primeira exibição pública na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes

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Foto: Marcos Hermes

‘Milton Bituca Nascimento’, aguardado documentário que celebra o legado e a turnê de despedida de um dos grandes ícones da música brasileira, integrará a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Como parte da Mostra Praça, o filme da diretora Flavia Moraes será exibido a céu aberto neste domingo, 26 de janeiro, às 18h, para centenas de espectadores, que poderão conferir a produção quase dois meses antes da estreia oficial nos cinemas brasileiros, em 20 de março.

Tratando-se de um filme sobre Milton Nascimento, conhecido como o mais mineiro dos cariocas, a participação na Mostra de Tiradentes não poderia ser mais apropriada.

O documentário reflete sobre o impacto e o alcance de um artista que, na aparente simplicidade das suas composições, provocou e segue provocando reflexões e emoções profundas em quem quer que as escute. Isso é nítido no alcance global da sua obra, faceta explorada no documentário já na lista de personalidades, nacionais e internacionais, que dão seu depoimento sobre o Bituca: figuras como Quincy Jones, Spike Lee, Gilberto Gil, Mano Brown, Caetano Veloso, Chico Buarque, Djamila Ribeiro e Paul Simon.

Mas, para além do depoimento de amigos e pessoas íntimas de Nascimento, Moraes faz questão de acompanhar a longa e bem-sucedida turnê de despedida do músico e registrar in loco a conexão antiga e potente do artista com seus fãs. 

Assim, ao longo de mais de dois anos de gravações, a diretora reúne no filme um material ímpar, capaz não só de reconhecer a grandiosidade do ídolo, mas também revelar a identificação espiritual que ele criou com suas dezenas de álbuns.

Restaurantes de chefs negros para celebrar o Aniversário de São Paulo

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Foto: Rap Burguer/Divulgação

Hoje, 25 de janeiro, São Paulo celebra seu aniversário de 471 anos! Para homenagear a cidade com sua diversidade gastronômica e cultura, o Mundo Negro e o Guia Black Chefs selecionou restaurantes de chefs negros na capital paulista para você conhecer e celebrar esta data especial.

Confira a lista abaixo:

Rap Burguer (@rapburguer)

Arte urbana e hip hop em uma hamburgueria com pratos inspirados em rappers famosos. Endereço: R. Augusta, 552 – Consolação 

Mama Africa Labonne Bouffe (@mamaafrica_labonnebouffe)

Os sabores dos mais variados pratos típicos africanos na zona leste de São Paulo.

Endereço: R. Cantagalo, 230 – Tatuapé

Casa de Ieda (@casadeieda)

Comida da Chapada Diamantina, em São Paulo.

Endereço: R. Ferreira de Araújo, 841 – Pinheiros

Café Quintal de Casa (@cafequintaldecasa)

Uma experiência de aconchego e alimentação afetiva na periferia de São Paulo. 

Endereço: R. Trem da Juventude, 5 – Ermelino Matarazzo

Ki Mukeka (@kimukeka.sp)

Restaurante com moqueca e outras especialidades da culinária baiana em São Paulo.

Endereço: R. Inácio Pereira da Rocha, 422 – Pinheiros

Filme sobre a vida de Erika Hilton traz Pepita no papel de uma pessoal crucial na trajetória da parlamentar

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Foto: Reprodução/Instagram

‘House of Hilton’, o filme que contará a história da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), contará com a atriz Pepita para dar vida a Jaqueline Bla-bla-bla, personagem inspirada em uma pessoal crucial na história da parlamentar. Dirigido por Chica Andrade, o longa tem previsão de estreia entre o final deste ano e início de 2026.

Em entrevista para a coluna Mônica Bergamo da Folha de São Paulo, Pepita revelou que conheceu a Jaqueline da vida real, uma travesti que começou a se prostituir muito jovem. Após uma período difícil da vida, ela se tornou uma liderança e acolheu Erika, quando ela foi expulsa de casa por ser trans e precisou recorrer à prostituição para sobreviver.

Na época, Jaqueline reconheceu o talento de Erika e a incentivou a buscar uma vida diferente por meio dos estudos. “Eu me emocionei muito com as histórias que ela me contou. E a única coisa que eu falei foi: ‘Prometo que vou recriar você de um jeito muito gostoso e maravilhoso, cercado de amor, que é o que você merece'”, contou.

Para Pepita, ‘House of Hilton’ tem como missão romper preconceitos e dialogar com públicos pouco receptivos, para alcançar “pessoas que não entendem o que são mulheres trans e travestis no Brasil”, disse. “E a gente está falando de uma mulher [Erika] que revolucionou a política, como eu me vejo revolucionando a comunidade LGBTQIA+, como mãe, apresentadora, ao construir uma família.”

As gravações da participação de Pepita estão previstas para o final de janeiro e início de fevereiro. O filme combinará imagens reais com dramatizações.

Meagan Good fala sobre noivado com Jonathan Majors: “Não consigo parar de sorrir”

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Foto: Getty Images

Enquanto a atriz Meagan Good promovia a última temporada da série ‘Harlem’, ela revelou em sua recente entrevista ao Entertainment Tonight, que este é um dos momentos mais felizes da vida dela. Entre os motivos, está o seu relacionamento com o ator Jonathan Majors

“Não consigo parar de sorrir porque Deus é tão interessante. Eu nunca teria previsto o que pode parecer a temporada mais louca para as pessoas ser a mais pacífica, libertadora, alegre, divertida, aventureira, de autodescoberta e todas essas coisas para mim. E então, estou apenas em um lugar de paz e gratidão completa”, declarou. 

O casal ficou noivo em novembro de 2024, após assumirem publicamente o namoro em maio de 2023. O relacionamento começou em meio a um período turbulento para Majors, que enfrentava um julgamento por agressão doméstica movido por sua ex-namorada, Grace Jabbari.

Em abril de 2024, o ator foi sentenciado, recebendo a determinação de participar de 52 semanas de um programa presencial de intervenção para agressores domésticos, além de manter sessões regulares de terapia de saúde mental e cumprir um programa de aconselhamento.

Em outra entrevista, desta vez ao Breakfast Club, Meagan comentou que, apesar dos desafios legais enfrentados por Majors, ela não se sentiu sobrecarregada pela situação.

“Eu estava falando com Deus e sabia que estava exatamente onde deveria estar. Aprendi ao longo do caminho que as coisas não só nem sempre farão sentido para mim, mas às vezes não farão sentido para outras pessoas — e tudo bem. Contanto que você esteja alinhado com Deus e confie no caminho em que está, é isso. E quanto mais eu fiz isso, mais feliz fiquei. Não sei quando fui tão feliz antes. Acho que eu poderia ter sido uma criança quando fui tão feliz antes”, afirmou. 

Trump assina ordem executiva que libera documentos sobre investigação da morte de Martin Luther King Jr.

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Foto MLK: Evening Standard/Arquivo Hulton/Getty | Foto Trump: Reuteurs

Na última quinta-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem determinando a divulgação de documentos secretos relacionados aos assassinatos de três figuras emblemáticas: o presidente John F. Kennedy, seu irmão Robert F. Kennedy e o líder do movimento pelos direitos civis Martin Luther King Jr..

“Muitas pessoas esperam por isso há décadas. Agora, tudo será revelado”, declarou Trump a jornalistas na Casa Branca. A ordem estabelece um prazo de 15 dias para que altos funcionários iniciem a liberação do sistema que permitirá o acesso aos documentos. Apesar disso, há incerteza sobre se o cronograma será cumprido.

Em resposta, a família de Luther King Jr. afirmou em comunicado oficial publicado nas redes sociais que espera ter acesso aos documentos que possuem informações sobre o assassinato do líder negro antes de sua divulgação pública: “Para nós, o assassinato de nosso pai é uma perda familiar profundamente pessoal que suportamos ao longo dos últimos 56 anos. Esperamos ter a oportunidade de rever os arquivos como uma família antes de sua divulgação pública”, afirmou a família em declaração.

Durante um comício realizado no último domingo (19) em Washington, capital dos EUA, um dia antes da cerimônia de posse e do Dia de Marting Luther King Jr., celebrado em 20 de janeiro, Donald Trump havia dito que ia assinar a liberação dos documentos.

Martin Luther King Jr., o mais proeminente ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos, foi assassinado em 1968, em Memphis, Tennessee. Ele dedicou sua vida à luta contra a segregação racial e à igualdade de direitos para os negros no país. Sua morte, atribuída oficialmente a James Earl Ray, ainda suscita questionamentos e teorias sobre o possível envolvimento de outras pessoas ou instituições no crime.

A família de King, ao longo dos anos, tem reiterado que acredita em uma conspiração mais ampla por trás do assassinato. “Há muito mais nessa história do que foi contado ao público”, afirmam parentes e especialistas no caso.

Os documentos a serem revelados também incluem informações sobre o assassinato de John F. Kennedy, em 1963, e de Robert F. Kennedy, em 1968. Embora parte dos arquivos relacionados a esses casos já tenha sido divulgada ao longo das décadas, milhares de páginas permanecem sob sigilo.

A expectativa pela divulgação dos documentos relacionados a Martin Luther King Jr. é especialmente alta entre ativistas e historiadores, já que a luta do líder pelo fim da desigualdade racial ressoa até hoje. King foi um símbolo de resistência e transformação social, e o acesso a novas informações pode aprofundar o entendimento de seu legado e das forças que atuaram contra ele.

Juiz absolve estudante acusada de injúria racial alegando “perturbação mental” por uso de álcool e drogas

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

Uma estudante de administração de 22 anos foi absolvida pela Justiça da acusação de injúria racial contra três seguranças negras durante uma festa universitária no Canindé, em São Paulo, em 2022. A decisão foi proferida pelo juiz Carlos Eduardo Lora Franco, da 3ª Vara Criminal de São Paulo, em 11 de novembro de 2024.

Embora tenha reconhecido as ofensas racistas relatadas pelas vítimas – a ré insultou as seguranças com frases como “preta suja”, “macaca” e “tenho nojo de vocês”, além de morder a mão de uma delas ao ser expulsa da festa – o magistrado justificou a absolvição com base na condição mental da acusada, que estava sob efeito de álcool e maconha no momento do ocorrido.

“De fato, sendo uma vítima estudante universitária de administração de empresas, de uma das melhores faculdades do país, sem dúvida alguma de que a mera existência de uma denúncia criminal por delito desta natureza implicará em enormes e, muito provavelmente, obstáculos intransponíveis à sua carreira, já que é difícil crer que qualquer grande empresa irá contratar alguém que já tenha sido condenado por este delito específico, especialmente nos termos atuais tão rígidos quanto a isso, ante as políticas de ESG”, afirmou o juiz ao defender a ré na sentença.

A acusada negou as ofensas, alegando não se lembrar do episódio e afirmando que não se considera racista por ter amigos negros e caiçaras, praticar skate, além de recentemente ter se tornado bissexual.

Na sentença, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, Franco destacou que o uso de substâncias teria provocado um estado de “perturbação mental” na acusada, o que atenuaria a gravidade do ato. O juiz também criticou a atuação do Ministério Público (MP), que, em sua visão, deveria ter proposto um acordo de não persecução penal, como prestação de serviços comunitários e indenização às vítimas.

O promotor Danilo Keiti Goto, do Gecradi (Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância), recorreu da decisão, classificando-a como um precedente perigoso. “Na prática, [a decisão] autoriza o racismo desde que há consumo de substâncias. A prova nos autos é contundente no sentido de que a acusada estava lúcida no momento dos crimes”, afirmou.

A defesa da ré sustentou que ela sofre de transtornos psicológicos, apresentando laudos que indicam transtorno de personalidade borderline e depressão. Os advogados alegaram ainda que a postura do MP foi “intransigente” e que as consequências jurídicas seriam desproporcionais.

A sentença gerou reação. Críticos afirmam que o caso reforça a ideia de impunidade para pessoas brancas em contextos de privilégio, enquanto o MP argumenta que a decisão pode enfraquecer a luta contra ofensas raciais.

O caso segue em disputa judicial, com recurso em tramitação.

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