Em novo desdobramento, um homem que afirma ter participado do espancamento e morte do congolês Moïse Kabamgabe se entregou à polícia nesta tarde de desta terça-feira (1). O suspeito se apresentou na 34ª DP, em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios do Rio. Ele disse a policiais que “não era intenção tirar a vida de ninguém”.
O suspeito informou ao SBT Rio que Moïse teria tentado agredir um senhor dentro do quiosque e três homens tentaram evitar, iniciando uma sessão violenta de agressões. A versão apresentada pelo homem é diferente do que diz a família do congolês, que afirma ter visto nas imagens de segurança Moïse cobrando o valor de duas diárias de trabalho e sendo atacado, em seguida, por cinco homens.
Notícias Relacionadas
“Você é definido pelos seus erros, especialmente se você é negro”, reflete Daniel Kaluuya sobre desafios na indústria do cinema
Zezé Motta recebe título de doutora honoris causa da Fiocruz por contribuição à cultura brasileira
“Ninguém devia nada a ele. Foi um fato que, no impulso, a gente (agiu). (A gente) viu ele com a cadeira na mão e foi tentar ajudar o senhor”, afirmou o suspeito. “A gente não queria tirar a vida de ninguém, nada disso que era porque ele era negro ou de outro país”, relatou o homem.
Kabagambe foi encontrado morto no último dia 24, após ir ao quiosque Tropicália, na praia da Barra da Tijuca. De acordo com familiares, o congolês teria ido ao estabelecimento para cobrar R$ 200 por duas diárias de trabalho não pagas no quiosque. Moïse vivia no Brasil como refugiado. Segundo testemunhas, agressores usaram pedaços de madeira e um taco de beisebol contra Kabamgabe. Horas depois, ele foi encontrado em uma escada, amarrado e já sem vida.
Nas redes sociais, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), declarou que o crime envolvendo Moïse não ficará impune. “Vamos prender esses criminosos e dar uma resposta à família e à sociedade“, escreveu Castro.
O assassinato do congolês Moïse Kabamgabe não ficará impune. A @PCERJ está identificando os autores dessa barbárie. Vamos prender esses criminosos e dar uma resposta à família e à sociedade. A Secretaria de Assistência à Vítima vai procurar os parentes para dar o apoio necessário
— Cláudio Castro (@claudiocastroRJ) February 1, 2022
Após crime tomar grandes proporções em todo o país, a comunidade congolesa no Brasil compartilhou uma carta de repúdio na qual pede justiça. Documento cita um crime que demonstra o racismo estrutural e a xenofobia do país:
“Esse ato brutal não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas contra os estrangeiros. Por isso exigimos a justiça para Moise e que os autores do crime junto ao dono do estabelecimento respondam na justiça! Combater com firmeza e vencer o racismo, a xenofobia, é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática“, diz a carta.
De acordo com a polícia, investigação segue em sigilo.
Notícias Recentes
Universidade Federal de Sergipe assume fraude em cotas raciais em 30 Concursos
Aaron Pierre é escalado como Lanterna Verde John Stewart em nova série da DC Studios