Nesta semana, Gaby Amarantos foi indicada ao Grammy Latino, maior prêmio de música mundial. A artista foi reconhecida na categoria de ‘Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa’ com o disco ‘TecnoShow’. Nas redes sociais, Gaby celebrou, fez uma série de publicações e se emocionou com a conquista. Ao MUNDO NEGRO, a artista comentou sobre o impacto desse reconhecimento.
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“A importância dessa indicação pra mim é a valorização de um movimento Tecnobrega/Tecnomelody que é primo do funk, que tem esse estigma dos movimentos que são pretos e periféricos, assim como o samba, como o jazz e o blues, que no início são marginalizados pela burguesia e pelo próprio povo, mas quando tem uma chancela como a do Grammy Latino faz com que as pessoas percebam o quanto esses movimentos são importantes”, diz a cantora.
E quando o assunto é a valorização da música, Gaby mostra que ainda precisa lutar pelo respeito à cultura do norte. Recentemente, ao participar de um programa na rádio Nova Brasil FM, a artista teve que ouvir que suas canções do disco ‘Tecnoshow’ não se “enquadravam aos ouvidos do público. “Na hora eu fiquei tão sem reação que eu falei: ‘Não acredito que eu estou aqui falando sobre um movimento tão importante e essas pessoas não querem tocar a música desse movimento’”, disse Amarantos.
Lançado em dezembro de 2022, o ‘TecnoShow’ celebra a cultura do Tecnobrega no Brasil, com diversas referências à trajetória da cantora nortista. Gaby diz que já se sente vitoriosa com a indicação ao prêmio. “Independente dessa chancela do Grammy, pra mim, é esse movimento que é preto, periférico, pop da Amazônia, que vem ganhando cada vez mais espaço e a partir do TecnoShow as pessoas vão poder se conectar mais a essa Amazônia que não é só floresta mas que é trilha sonora, experiência de vida“, conta a cantora.
Para Gaby, existe uma peculiaridade muito forte na música afro indígena que ela produz. Uma arte que também possui influência da ancestralidade preta.”Eu sinto isso muito presente nas batidas do Tecnobrega, na identidade visual das aparelhagens, na presença da Amazônia, na fauna, na flora, nessa música que é pop e feita na Amazônia”, destaca a artista. “Ela é muito presente no poder, na potência, na vibração, na batida, quando a gente vê os povos indígenas celebrando para guerrear e para defender o bate pé na terra, é o bate pé da aparelhagem, do bumbo do tecnobrega e tem também a malemolência que a gente tem enquanto povo preto desse país”.
Artista independente e reconhecida no Brasil inteiro, Gaby também diz que a indicação ao Grammy Latino mostra que a Academia Latina de Gravação está reconhecendo a força do Tecnomelody. “Me sinto muito vitoriosa porque só a chancela de uma premiação como essa serve para a gente tirar cada vez mais esse estigma que é tão criminalizatório de tudo que a periferia preta brasileira, ainda mais a nossa que é afro indígena faz, e mostrar que o Grammy está reconhecendo isso como um movimento cultural importante, um movimento contra fluxo, fora do eixo, que furou a bolha das gravadoras e fez com que artistas como eu através da internet pudessem produzir seus conteúdos”, conta a cantora. “Eu sou uma artista independente. Eu sou uma artista que me banco, que junto com minha equipe consigo produzir conteúdos maravilhosos sem ninguém investindo além de mim. Eu sou a CEO. Eu acreditei no meu trabalho primeiro.
O Grammy Latino acontece no dia 19 de novembro e Gaby diz que já está se preparando para representar muito bem o Brasil na cerimônia. “Quero preparar um look especial, chegar e causar o impacto visual que também é peculiar do movimento da música pop da Amazônia, que está presente em nossa grandiosidade”, finaliza ela.
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