Moda é muito mais sobre gente do que sobre roupa e durante muitos anos a indústria da moda foi majoritariamente branca.
As mudanças e movimentos ainda tímidos e impulsionados pelos acontecimentos recentes trouxeram discussões importantes sobre a representação de corpos negros em todos os espaços da moda.
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O setor é um dos mais lucrativos do mundo movimentando US$ 2,5 trilhões em receitas anuais globais por ano antes da pandemia e registrando uma alta de 44,2% nos seus volumes de produção em julho de 2020. Segundo levantamento feito em 2017 pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, a Abit, cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e 8 milhões de postos de trabalho indiretos são gerados pela indústria da moda no Brasil.
Apesar de movimentar muito dinheiro e empregar muitas pessoas, alguns espaços na moda ainda estão restritos a pessoas brancas, em sua maioria homens e héteros. É um desafio ver pessoas pretas ocupando posições de direção e liderança em grandes publicações, editoriais, desfiles e campanhas de moda.
Indo na contramão dessa falta de diversidade, existem pessoas criativas pretas que trazem um frescor para a moda por meio da representação e ocupação de espaços que há pouco tempo não eram ocupados por pessoas pretas. Conheça esses profissionais que revoluciona a fotografia na moda:
1. Bruno Gomes (@brunogomesph)
O fotógrafo carioca Bruno Gomes é um dos nomes mais recorrentes na fotografia de moda na atualidade. Bruno que também é diretor criativo tem 23 anos e mora em São Paulo. Seu processo criativo se baseia na pesquisa e com foco em pessoas pretas através de múltiplas informações visuais, o que resulta em fotos impactantes e de cores deslumbrantes. O fotógrafo já assinou projetos para marcas como Avon, Google, Samsung, Adidas dentre outras, além de assinar editoriais de moda para publicações como Vogue e Elle.
2. Caroline Lima (@carolinelima.co)
Apesar de ser de Salvador, Caroline Lima de 28 anos mora em São Paulo. Formada em arquitetura, Caroline sempre se encantou com a fotografia ainda aos 13 anos. Assinando projetos autorais e comerciais, o diferencial de Caroline está na incorporação da sua ancestralidade em cada fotografia. Já foram fotografadas por Caroline os artistas Emicida, Xênia França, Luedji Luna, Liniker, Anitta, dentre outros. A fotógrafa baiana já assinou capas para Glamour Brasil, Marie Claire e GQ Brasil.
3. Edgar Azevedo (@edgarazevedo)
Também é da Bahia que vem o fotógrafo Edgar Azevedo, de 26 anos. Com processos criativos sempre pautado na construção da representatividade positiva da pele negra nos campos visuais, Edgar coleciona trabalhos memoráveis, como a capa da edição impressa da Elle Brasil com Djamila Ribeiro. Baseado em Salvador, Edgar também já deixou sua marca registrada em publicações como Glamour Brasil, Quatro Cinco Um e Vogue Brasil.
4. Lilo Oliveira (@lilo.oliveira_)
A fotógrafa de Niterói Lilo Oliveira, é o nome que assina as fotos apaixonantes do projeto Proteja Seus Sonhos, lançado em 2020. Com uma estética única e processos criativos com foco em valorizar o que há de melhor na população preta, Lilo também integra o @coletivo.asmarias, coletivo de fotógrafas negras cujo objetivo é registrar narrativas, corpos e subjetivação de pessoas pretas. Também é de Lilo Oliveira a direção de arte dos últimos singles da cantora e atriz Késia Estácio, Clima de Prazer e Tua Hora.
5. Lucas Silvestre (@_silvestrelucas)
Lucas Silvestre de 24 anos se divide entre a carreira de fotógrafo, modelo e criador de conteúdo. Lucas tem como grande característica em sua estética fotográfica o realce das cores seja por meio dos destaques de figurinos e maquiagem. A valorização das formas e proporções também são um diferencial em seu trabalho, stills e editoriais autorais. Lucas já assinou fotos na Harper’s Bazaar Brasil e já fotografou artistas como Yuri Marçal, Kiara Filippe, Jeniffer Dias e o grupo de performance vocal Cristinas Cantam, composto por Lilith Cristina, Elen Cristina, Thaís Cristina.
6. Mylena Saza (@mylenasaza)
A Maranhense Mylena Saza de 22 anos apesar de nova, já colhe os frutos de seu trabalho focado em fotografia de moda desde que se mudou para São Paulo em 2019. Mylena assinou no ano passado sua primeira capa para a revista Glamour, e teve passagens pelas editorias de moda da GQ Brasil, Marie Claire e Claudia. Também já colaborou para a Vogue Brasil além de ter seu trabalho apresentado na versão digital da Vogue Itália.
7. Rafael Freire (@rafaelfreiiire)
O fotógrafo mineiro Rafael Freire acumula milhares de seguidores em suas redes sociais em função do impacto de suas fotos cuja essência é valorizar a beleza e estética negra. Rafael também é o criador dos projetos @euvireimodelo e @aflorfavela que visam oportunizar editoriais autorais a crianças e adolescentes do aglomerado da Serra, a maior favela de Minas Gerais. Rafael também já assinou capas dos álbuns das rappers Iza Sabino e Mayí.
8. Rafael Pavarotti (@rafaelpavarotti_)
É de Belém do Pará, que vem Rafael Pavarotti, um dos principais nomes da fotografia de moda brasileira que atua neste mercado há mais de 15 anos. Fugindo das narrativas estereotipias muita vezes associadas a população preta, Rafael tem a representação positiva do corpo negro como foco do seu trabalho. Considerado um dos 100 criativos mais inovadores do mundo em 2019 pela New Wave: Creatives, lista anual do British Fashion Council, Pavarotti já assinou fotos de tirar o fôlego para Dior e publicações internacionais como Vogue e iD Maganize.
De norte a sul do Brasil, uma nova geração de fotógrafos entregam em seus trabalhos muito mais do que qualidade técnica, mas também um novo olhar para como pessoas pretas devem ser entregues e valorizadas através de seu potencial criativo. Um olhar que vai para além da estética e dos padrões de beleza que foram estabelecidos no mundo da moda e que hoje já não fazem sentido algum. São eles que estão ditando o presente e ditarão o futuro da moda.
Que esse legado continue e seja algo normal nas grandes publicações, agências e desfiles de moda.
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