Empresária criadora da Feira Preta diz que não obteve retorno após tentativas de diálogo com a Prefeitura
Dias depois de ter denunciado as “semelhanças” entre a Feira Preta, realizada há 20 anos, e a Expo Internacional da Consciência Negra, realizada pela Prefeitura de São Paulo, a empresária Adriana Barbosa, criadora da Feira Preta, segue sem respostas diretas da Prefeitura. Em nota enviada ao Site Mundo Negro, a prefeitura informou que a Feira Preta “poderá participar de chamamentos” da II Expo Internacional Dia da Consciência Negra.
Notícias Relacionadas
Câmara aprova a inclusão da escritora Carolina Maria de Jesus no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria
Experiência Negra em Espaço de Luxo: 52% dos clientes negros desistem da compra por conta do racismo
No dia 24 de junho, Adriana usou suas redes sociais para chamar a atenção do público para o que chamou de um “desabafo”. “No ano passado a @feirapretaoficial completou 20 anos. São duas décadas de muitas histórias e muita luta para conseguirmos conquistar não só um espaço como também o reconhecimento e o desejo de pertencimento da população negra”, iniciou Adriana.
Em seguida, a criadora da Feira Preta chamou a atenção para uma possível confusão do público, que estaria sendo causada pela criação de um evento da prefeitura, com moldes similares e na mesma data e local onde geralmente era realizada a Feira Preta. “Também no ano passado, aconteceu a Expo Internacional da Consciência Negra, realizado pela Prefeitura de São Paulo, nas mesmas datas e no mesmo local onde o Festival Feira Preta aconteceu por anos, o que também confundiu muitos empreendedores e o público em geral”.
Mas as semelhanças com o Festival Feira Preta não pararam por aí. Este ano, a Prefeitura de São Paulo também contratou a mesma empresa que produz a Feira Preta para realizar o seu evento. “A dúvida que fica é: Qual a necessidade de criar um evento tão parecido e realizado na mesma data que a Feira Preta? E por que ir atrás da mesma equipe técnica que realiza a Feira Preta para realizar outro evento? É pra enfraquecer o nosso Festival?”, indagou Adriana, que também solicitou uma conversa com o prefeito da cidade, Ricardo Nunes e com a secretária de Relações Internacionais da cidade de São Paulo.
Em nota enviada ao MUNDO NEGRO, a Prefeitura disse que “O evento, que deverá ocorrer em novembro em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SME), conta também com redes e organismos internacionais, como a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). A SMRI esclarece, ainda, que a Feira Preta poderá participar de chamamentos do evento”.
Confira a nota na íntegra:
A Prefeitura de São Paulo informa que a empresária citada não procurou a Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI) neste ano para se informar sobre a realização da II Expo Internacional Dia da Consciência Negra.
O evento, que deverá ocorrer em novembro em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SME), conta também com redes e organismos internacionais, como a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). A SMRI esclarece, ainda, que a Feira Preta poderá participar de chamamentos do evento.
A Expo é uma parte visível da política pública “São Paulo, Farol de Combate ao Racismo Estrutural”. Trata-se de uma ação educativa da Prefeitura e em consonância com a legislação antirracista vigente no país. O evento visa a propiciar uma formação antirracista nas escolas municipais.
A Feira Preta também se pronunciou por meio de nota oficial e reforçou que tentativas de diálogo têm sido feitas desde 2021, sem sucesso. Confira a nota:
A Feira Preta e a PretaHub reforçam que além do vídeo publicado em 24 de junho, nas redes socias da nossa CEO e fundadora Adriana Barbosa, foram feitas outras tentativas de contato com a prefeitura por diferentes canais, todas sem retorno. Desde 2021, quando ocorreu a primeira edição da Expo Internacional da Consciência Negra, tentamos diálogo com a organização do evento.
Chegamos a ser procurados e nos mostramos disponíveis para conversar com os responsáveis, visando um trabalho em conjunto para que o evento em questão não canibalizasse outras ações já existentes com foco na economia criativa da população negra.No entanto, o único contato da Prefeitura com a organização da Feira Preta sobre a Expo, foi para um convite como palestrante para Adriana Barbosa.
Recusado com a contraposta de que a PretaHub/Feira Preta cuidasse da área de empreendedorismo e fizesse a curadoria e operação de empreendedores no evento. Sugestão que não foi aceita por eles e, desde então, não tivemos mais retorno a qualquer tentativa de diálogo. Apenas recebendo um convite para comparecer à abertura do evento no dia 19/11/21.Lembrando que também, em 2021, foi preciso que Adriana Barbosa, viesse a público esclarecer que Feira Preta e Expo 2021 não eram o mesmo evento, embora o segundo estivesse sendo realizado no mesmo lugar e em dias que a Feira tradicionalmente acontece nesses 20 anos, no mês de novembro e no complexo do Anhembi, em São Paulo.
Entendemos que, como órgão público, a prefeitura deveria estar aberta ao diálogo e somar para a expansão de iniciativas que já promovem ações de impacto não só para a sociedade, mas também para o município.
Notícias Recentes
A violência de Estado e a barbárie cotidiana no Brasil
Deputado Pastor Henrique Vieira critica onda de violência policial no Brasil: "Fracasso ético civilizatório"