Aos 32 anos, a atriz Indira Nascimento se prepara para estrear a personagem Laís Monteiro na nova novela das 21h, “Travessia”, que deve estrear na próxima segunda-feira (10), na TV Globo. A atriz já conhece o horário nobre das novelas brasileiras, em “Um Lugar ao Sol”, ela viveu Janine, uma jovem escritora que teve a autoria de seus textos roubada pela personagem de Aline Moraes.
Agora, ela fará parte do núcleo que traz uma família negra, de classe média, como destaque, formado por Ailton Graça, Duda Santos e Ricardo Silva. Conversamos com a atriz e jornalista sobre sua nova personagem e o que podemos esperar da advogada Laís, na novela de Glória Perez.
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“Essa personagem se chama Laís Monteiro, ela é sócia de um escritório de advocacia, direito criminal, no Rio de Janeiro. Ela é sócia do Stenio, que é o personagem do Alexandre Nero. Ela é uma mulher jovem para tal cargo, então ela é uma mulher que ascendeu socialmente e ascendeu profissionalmente muito por conta da sua competência. Os pontos fortes da Laís são sua inteligência, seu tino profissional, ambição, sua competência, sua capacidade com as palavras e de negociar. O ponto fraco, sem dúvida, é a relação dela com a família, com os filhos adolescentes, a culpa que ela sente por não estar tão presente, por não conseguir se dedicar tanto aos filhos e à família porque está se dedicando ao trabalho. Porque o trabalho ocupa grande parte da vida dela. Então ela tem esse conflito, que é um conflito bastante atual das mulheres que estão se dedicando às suas carreiras e fazendo seu trabalho acontecer e que precisam 100% de energia e de atenção, especialmente, as mulheres negras, para romper todas as barreiras que são impostas e por conta disso acabam pagando um preço de não conseguir dar tanto suporte ou tanta atenção quanto gostariam para suas famílias, seus relacionamentos”, conta.
Para interpretar a advogada, Indira se inspirou na aclamada personagem de Viola Davis em How to Get Away with Morder, Annalise Keating, e também buscou conversar com advogadas negras da vida real para entender a realidade do trabalho desenvolvido por essas mulheres. “Assim que recebi o convite para fazer a Laís, eu voltei a assistir alguns filmes e algumas séries, especialmente, sobre esse universo do direito e advocacia e, com certeza, para Glória e para gente também, a maior referência é a Viola Davis, a Annalise Keating de How To Get Away With Morder, e eu voltei a assistir, quis ver de novo para entender dessa mentalidade dos profissionais da área, claro, entendendo que aquilo ali era uma perspectiva através da ficção. Em seguida eu quis conversar com pessoas reais, e comecei a marcar alguns encontros online com algumas mulheres, especialmente com mulheres negras que são advogadas, para que eu pudesse ouvir um pouquinho mais do que elas experimentam nesses ambientes. A gente sabe que o direito é uma área ainda machista e muito elitista também. Uma área onde os profissionais são homens brancos. Então eu queria entender como que essas mulheres conseguiam se desenvolver dentro desse espaço, conseguiam furar algumas bolhas e aí foi ótimo, as pessoas foram muito generosas comigo. Participei também do Fórum dos Advogados Pretos no Rio de Janeiro, foi maravilhoso. Foi muito importante estar lá com eles. E depois eu passei a frequentar alguns escritórios na Faria Lima. Depois alguns outros escritórios do estilo boutique, que são escritórios menores, mais focados em direito criminal, que é a área em que Stenio e Laís atuam.”, revelou a atriz.
Ao lado de Ailton Graça, Duda Santos e Ricardo Silva, a personagem de Indira Nascimento fará parte da família Monteiro, uma família negra de classe média que deve trazer um novo olhar sob a narrativa de personagens negros em novelas, mesmo em 2022. A atriz falou sobre o que espera da recepção do público aos personagens. “Nossa expectativa de saber qual vai ser o retorno do público é grande. A gente espera que seja a melhor possível. Porque não só o público, mas nós também, como artistas, estávamos desejosos por ver no horário nobre uma família como essa. Uma família estruturada, com muito afeto, com muito amor, com questões que toda família tem, com pensamentos e visões diferentes, mas com desejo comum de se proteger e se cuidar. A gente está animado com isso, é uma realização pessoal e profissional dar vida pra esses personagens, fazer essa outra possibilidade de existência para os nossos corpos. Não quero dar spoiler, mas acho que vocês vão gostar, que as pessoas vão se identificar com as questões dessa mulher, dessa mãe, vão se identificar também com as questões do pai. Vão se identificar com os jovens”, detalha.
Recentemente, a artista, que também é jornalista, viveu Janine, na novela “Um lugar ao sol”, seu primeiro papel de grande expressão na . A história de sua personagem causou indignação por mostrar uma mulher branca se apropriando do trabalho de uma mulher negra. “Acho que o que marcou minha participação em “Um Lugar ao Sol” foi o quanto as pessoas se identificavam com a Janine, se identificavam com os sentimentos dela, com os atravessamentos que ela ia tendo com a vida e com o outro, porque é uma coisa recorrente, esse lugar onde as pessoas pretas, as mulheres pretas muitas vezes são colocadas, onde as pessoas estão sempre tentando tirar vantagem, onde as pessoas estão sempre operando através da ótica do racismo, então a Janine de alguma forma representava muitas injustiças”.
A artista resume sua personagem em “Travessia” como uma mulher empoderada: “A Laís é uma mulher empoderada, uma mulher que reflete o seu tempo, no sentido de pensar o seu tempo e no sentido de expressar o seu tempo. Ela está inserida em um universo extremamente elitista e embranquecido, mas ela também está inserida na sua cultura, ela tem um casamento afrocentrado, ela vive em Vila Isabel, então ela circula por todos esses ambientes e ela circula com liberdade, circula com segurança, circula com poder”, finaliza Indira Nascimento.
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