*O projeto Entreviste um negro é uma parceria entre a jornalista Helaine Martins, criadora do projeto e o site Mundo Negro que apoia projetos criativos de inclusão racial)
Dizem que o menino jornalismo está agonizando, respirando por aparelhos, quase morto.
Notícias Relacionadas
Outubro Rosa: Estudo do INCA revela que mortalidade por câncer de mama é 67% maior entre mulheres negras
Premiada pela ONU, Juliana Souza é uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo
É inegável que ele já teve dias melhores. Mas, nós, do Entreviste um Negro, não acreditamos em últimos suspiros. Acreditamos em mudanças – de modelos de negócios, de habilidades, de interesses.
Acreditamos que o pleno exercício da democracia, e por consequência a superação dos problemas raciais, perpassa estratégica e fundamentalmente pela prática de um jornalismo transformador. De pessoas e realidades. E para isso o jornalismo precisa, antes de tudo, ser menos concentrado, mais plural e inclusivo. Por dentro e por fora. Do contrário, ele se torna arma de intolerância.
Em um país com 53% da população autodeclarada parda e negra, é de se espantar que apenas 23% dos jornalistas brasileiros sejam negros. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), essa é uma das profissões com a menor proporção de negros no país. E se a pluralidade não começa dentro do processo jornalístico não há como encontrá-la no produto final.
Até entre as fontes jornalísticas, ou seja, personagens e profissionais qualificados para entrevistas – como psicólogos, antropólogas, médicas ou engenheiros, por exemplo – o negro também é minoria e aparece quase sempre em papel secundário, mesmo quando questões raciais estão em pauta. Essa ausência de fala torna o debate – seja sobre economia, política, esporte ou cultura – inconsistente e tendencioso. Por vezes, desonesto.
O resultado dessa estrutura excludente é a difusão de um discurso fortemente racista e naturalizado na imprensa; a invisibilidade do negro; o desinteresse por pautas que contemplem suas causas e ações; o reforço de estereótipos dos quais se tenta tanto fugir; e a publicação recorrente de equívocos grosseiros, demonstrando total desconhecimento da temática étnico racial dentro das redações.
Inspirada pela proposta do Entreviste uma Mulher, da Think Olga, a jornalista Helaine Martins criou este projeto, o Entreviste um Negro, um banco de fontes colaborativo que busca aproximar mulheres e homens negros, especialistas nas mais diversas áreas ou que têm experiências para contar, a jornalistas e produtores de conteúdo que procuram fontes especializadas, seja para pautas com recorte étnico racial ou não.
Nosso objetivo é ser uma ferramenta na luta por um jornalismo mais plural e que busque um equilíbrio em seus pontos de vista. Um jornalismo que reconheça seu compromisso de ser uma plataforma que nos dê voz, não mais dentro dos padrões racistas e estereotipados que há anos ocupamos involuntariamente, mas como fontes jornalísticas, protagonizando nossas histórias e lutas, compartilhando ideias e opiniões.
Que o Entreviste Um Negro seja um passo nesse sentido.
Como participar
O funcionamento é básico. Se você é jornalista, é só acessar o banco de fontes e procurar pelo profissional que melhor se encaixa na sua pauta a partir das palavras-chaves e entrar em contato diretamente com ele. http://bit.ly/1PPkcAt
Se você quer ser fonte ou indicar uma, é só mandar para e-mail entrevisteumnegro@gmail.com o nome, uma mini biografia, as áreas de expertise (os assuntos que você pode abordar numa entrevista em formato de palavra-chave), contato (site, portfólio, telefone e/ou e-mail), e cidade onde a entrevista será realizada, caso seja feita pessoalmente. Ou, ainda, se cadastrar pela fanpage https://www.facebook.com/entrevisteumnegro
Notícias Recentes
Abordada sobre festas de Diddy, Rihanna responde: 'Isso é loucura'
"Time Next 100" tem Anielle Franco, Aaron Pierre, Crystal Asige e Shaboozey