Professor de filosofia afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que as cotas mascaram o problema de origem, o ensino básico
Ao completar dez anos, a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012) está levantando discussões sobre as mudanças no perfil dos alunos nas universidades federais e a necessidade de novas medidas que incentivem a permanência de pretos e pardos no ensino superior. Pela manhã, o Senado Federal realizou uma sessão para celebrar a data e muitos relatos sobre a efetividade da lei no ensino superior têm sido compartilhados, assim como críticas em torno da dela.
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No último domingo (28), a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com o professor de filosofia Paulo Cruz, conhecido por se opor às cotas raciais nas universidades. O educador acredita que “Não foram só as cotas que melhoraram o acesso”, para ele, existem outras questões que também influenciaram o aumento no número de alunos negros nas universidades. “São dez anos de mudanças sociais, de aumento na autodeclaração, de mais vagas disponíveis. Há um apagão estatístico no Brasil que torna complicado dizer que só a cota foi responsável por mudanças”, afirma.
Cruz acredita que o foco deve ser o ensino básico e que as cotas mascaram esse problema. “O problema de origem, o problema real, é o ensino básico. A cota mascara isso. Não vejo movimentos organizados brigando pelo ensino básico. Comemora-se dez anos de cotas, dizem que é um sistema efetivo, mas quando se olha para o ensino público, a tragédia é absoluta”, explica.
Durante a entrevista, o professor diz que comemorar as cotas é sadismo, “Estão comemorando algo às custas do abandono do ensino básico. Isso é sadismo. Como professor, vejo o que está acontecendo, não vou comemorar. Cada vez há menos crianças com condições de pensar em chegar a uma universidade e acessar uma cota. Talvez tenhamos um passo, mas ainda é pouco para dizer que funciona. Não há nenhum ganho real para o país”.
Dados mostram que o número de alunos negros no ensino superior cresceu 400%, somando mais de 38% dos estudantes universitários.
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