Spike Lee foi direto na coletiva de imprensa do júri do Festival de Cinema de Cannes ocorrida hoje, na França. O primeiro presidente negro do júri do Festival em 74 anos, não poupou antigos desafetos e nem chefes de Estado da extrema-direita, incluindo o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
Voltar à Cannes como presidente do júri é o retorno histórico do diretor que, em 1989, foi esnobado no festival com sua obra-prima “Faça A Coisa Certa”. Na época, o então presidente do júri, Win Wenders (diretor de ‘Asas do Desejo’) disse que não premiaria o filme de Lee pois o filme incitava revanche violenta de negros contra rancos. Desde então, Spike Lee carrega um taco de beisebol com o nome de Wenders.
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Lee reflete sobre como o filme continua relevante,mesmo 32 anos após sua estreia e como ele conversa com os tempos atuais. “Eu o escrevi em 1988. Quando você vê o irmão Eric Garner, quando você vê o rei George Floyd assassinado, linchado (…) você pensa e espera que 30 malditos anos depois, os negros parariam de ser caçados como animais. Portanto, estou feliz por estar aqui”, desabafou lembrando de dois casos em que homens negros foram mortos pela polícia.
Depois que uma jornalista usou sua pergunta para expressar seus temores sobre a opressão russa na Geórgia, Lee respondeu chamando Donald Trump (“Agente Laranja”), o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e Vladimir Putin “gangsters”. “O mundo está sendo governado por gângsteres. O Agente Laranja (em referência a Trump), o cara do Brasil (em referência a Bolsonaro) e Putin. São gângsteres e vão fazer o que quiserem. Não têm moral ou escrúpulos, e esse é o mundo em que vivemos, e precisamos levantar a voz contra gângsteres como esses”, declarou o lendário diretor.
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