O rapper Mano Brown deu entrevista a jornalistas para falar sobre o lançamento de “Mano a Mano”, seu podcast de entrevistas e o Site Mundo Negro estava lá para ouvir o líder dos Racionais MCs. Os 16 episódios que estarão disponíveis toda quinta-feira vão trazer o compositor dialogando com personalidades diversas em várias áreas como a cantora Karol Conká, o médico Drauzio Varella, o pastor Henrique Vieira, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo e o político Fernando Holiday são alguns dos nomes confirmados.
“Sou um contador de histórias nato, todo rapper é! Isso vem do compositor, de estar ali contando sua história e visão sobre o mundo”, conta o músico que revela ter tido o incentivo dos amigos para o nascimento do ‘Mano a Mano’ e da da produtora Boogie Naipe para potencializar sua capacidade de trocar ideias com públicos diversos. “O podcast me tirou da zona de conforto. Não tenho experiência com esse tipo de trabalho. Fazendo você vê como é difícil para um jornalista, um repórter, para uma pessoa que tem que vincular a notícia abordar um convidado e tirar dele a verdade. Tirar o que você quer que as pessoas. Isso é uma ciência também. Não é simples”, disse Brown.
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Descrevendo a si mesmo como “brasileiro médio de mentalidade média” e “a cara da massa”, o compositor entende que com advento da internet teve de se adaptar à novas formas de comunicação, como é o formato de podcast, usando como ferramenta para alcançar o público. Com esse critério o rapper escolheu os entrevistados de acordo com o que pensa ser relevante, ainda que controversos como Konka e Holiday. ”Por incrível que pareça, essas pessoas, por mais que exerçam funções diferentes, estão dentro do meu universo. O pastor Henrique como ativista, como negro, como autoridade religiosa, o Vanderlei Luxemburgo por ser esportista, conversa com a massa, o Drauzio Varella que tem larga experiência no sitema prisional cuidando da saúde dos presos, como o Fernando Holiday que é um cara poêmico, que eu discordo das coisas que ele pensa, mas na entrevista vão ver que ele também mudou a forma de pensar conversando com a gente. Era um cara que ninguém queria ouvir. Mas um cara que ninguém queria ouvir eu quero ouvir por mais que eu discorde dele”, reflete o rapper.
“Ele é uma inteligência negra, emergente. Não concordo com o que ele pensa, mas ele é uma inteligência negra em evidência que discorda do que eu penso e falava coisas erradas por não saber do que se tratava também. Expressou opiniões a respeito de Emicida e tal pessoas que eu não concordo e provavelmente, hoje em dia, ele também não concorde mais”, disse.
Firme em suas falas e posicionamentos, no início do ano alguns internautas cobraram de Brown algum parecer sobre a participação dos participantes negros do Big Brother Brasil. O alvo de maior rejeição na casa foi Karol Conka. “As pessoas não queriam ouvi-la. Uma rejeição de 99% me interessa, talvez eu teria uma rejeição maior que a dela”, disse. A compositora será a entrevistada do episódio de estreia do podcast. “Ter uma mulher negra de frente pra mim, num momento de fragilidade, foi marcante (…) Uma mulher como minha mãe, de opinião forte. Em alguns momentos eu comparava ela com a minha mãe, esse olhar fez o diálogo fluir melhor”, explicou.
O rapper de 51 anos conheceu a transição do vinil para o cd e depois para o MP3 e streaming e acredita no poder do formato que vai entregar: “Quando você faz um clipe você direciona a pessoa a pensar aquilo que você pensa. A importância do áudio está nisso. Não há distração com banalidade. Com marca de roupa, com marca de cabelo. Isso faz parte do movimento, mas tem pessoas que não estão focadas só na estética”.
“A gente vive uma vida de renúncia (..) renunciei muita coisa para poder viver isso e alcançar o que eu tenho. Agora mais velho eu renuncio muita coisa da fama, eu renuncio muita coisa do status para poder ter uma vida mais discreta, para ter mais espaço para pensar, para ficar mais próximo da família, dos meus amigos (…) nem sempre eu estive perto dos meus filhos, nem sempre eu estive perto da mãe dos meus filhos, da minha mãe, que não está mais aqui. Como eu queria ter ela hoje para estar mais perto”, conta o rapper em um momento de reflexão sobre a trajetória de sucesso e o atual momento da vida. Mano Brown continua uma figura atraente “como um blues antigo”.
O primeiro episódio do podcast “Mano a Mano” já está disponível no Spotify.
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