Por Movimento Black Money
Em um país ainda marcado pelo abismo racial e de renda, entender e desenvolver uma educação antirracista é fundamental para que justiça e sociedade caminhem juntas. Enquanto 74% dos jovens brancos concluíram o ensino médio com até 19 anos, essa é a realidade para apenas 53,9% dos negros e 57,8% dos pardos, dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb/Inep) de 2017 tornam ainda mais nítida essa disparidade racial, uma vez que na época, 59,5% dos estudantes brancos cursando o 5º ano tiveram uma aprendizagem em matemática tida como adequada e somente 29,9% dos negros se encaixaram no mesmo quadro.
Ou seja, a educação antirracista vai muito além de aplicar a lei 10.639, que inclui no currículo oficial da educação básica a obrigatoriedade da temática história e cultura afro-brasileira e indígena. A lei é muito importante, mas é preciso reconhecer que o racismo estrutural existe, inclusive, no ambiente escolar.
Há quanto tempo você está esperando a escola oferecer educação antirracista para as crianças?
Se você convive de perto com crianças negras já deve ter ouvido alguma situação de discriminação racial e muito possivelmente, essa situação pode ter acontecido no ambiente escolar. Você já parou para refletir em como as escolas lidam com racismo?
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Partindo do pressuposto de que escolas privadas são empresas, você consegue se lembrar de instituições de ensino que tenham programas de recrutamento e seleção com recorte racial? Pois é, se um dos primeiros passos para tornar uma empresa diversa e inclusiva não estiver sendo executado, isso por si só já é um ponto de atenção bastante importante.
Se a educação de uma criança negra está sendo confiada a uma instituição que não toma ações concretas no combate ao racismo, você realmente acredita que a escola tem a preocupação de ser um ambiente inclusivo?
O que seria uma Educação Antirracista?
“É uma educação que entende que nosso país adotou sistematicamente o projeto de calar e omitir do grande público as discussões sobre relações raciais que foram cunhadas no campo das ciências humanas, políticas e no seio do movimento negro. É tentar instruir sujeitos sobre relações raciais, não para que individualizem a questão, mas para que consigam perceber o quanto o racismo faz parte de nossa estrutura social e tenham a capacidade crítica para se colocar contra esse sistema”. disse Suzane Jardim, historiadora e mestranda em Ciências Humanas e Sociais
Isso envolve olhar para além da folclorização da produção de conhecimento da população negra, restrita a comidas, samba e capoeira.
“A história brasileira contada a partir da perspectiva da população que foi escravizada, da resistência e reexistência, é uma narrativa que não está nos livros didáticos ainda.”
E quando isso não acontece, as consequências são perversas. As crianças deixam de querer ir à escola, o que pode levar à evasão. Ou quando continuam a frequentá-la, seguem submetidas a sucessivas violências e, portanto, têm mais dificuldades para aprender.
Já que as crianças da sua família não recebem educação antirracista na escola, é em casa, no seio familiar onde ela vai aprender a se orgulhar de sua origem, se amar e ter relações de afeto com crianças negras.
As ferramentas já não são tão difíceis de encontrar: livros infantis de autores negros, brinquedos educativos afrorreferenciados, bonecas e bonecos negros, roupas, acessórios…e para aqueles que procuram praticidade podem confiar no Kit infantil do Clubinho Preto.
Qual a importância de falar sobre isso neste momento?
Oficialmente, o dia das crianças é comemorado em 12 de outubro no Brasil, uma data marcada com muitos presentes e diversão para os pequenos.
Para os afroempreendedores, essa é uma excelente oportunidade para vender mais e se colocar como uma marca que promove o antirracismo, pronta para construir um futuro melhor para nossa comunidade. Já para os consumidores é momento de levantar a bandeira do #BlackMoney e dar preferência por comprar de empresas de proprietários negros.
E você vai oferecer autoamor para seus filhos ou vai continuar esperando a escola? Aliás, há quanto tempo você está esperando, mesmo?Fontes:
https://revistaeducacao.com.br/2020/06/23/educacao-antirracista/
https://educacaointegral.org.br/metodologias/como-pensar-uma-educacao-antirracista/
https://novaescola.org.br/conteudo/19855/o-que-e-educacao-antirracista
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